quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 335/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. JOÃO – 30/?

 – Perante a cura do cego, Jesus não perde a oportunidade para “alfinetar” alguns fariseus que ainda por ali ficaram. Depois de ter obtido a confissão do cego curado de que acreditava no Filho do Homem, diz: “Eu vim a este mundo para julgar: os que são cegos hão-de ver e os que vêem hão-de ficar cegos. (…) Se fôsseis cegos, não teríeis culpa do mal que fazeis. Mas como afirmais que vedes, continuais a ter culpa.” (Jo 9,6-41)

– Só não sabemos qual a dimensão e o número dos que são cegos e irão ver e dos que vêem e irão ficar cegos… É um bonito “jogo” de palavras, mas nós ficamos nitidamente “fora da jogada”!… E é pena! Muita pena que Jesus, que vinha salvar a humanidade, faça tais jogos, sem qualquer clarificação de ideias!…

– Mas… mais um milagre! Cego de nascença que começa a ver… É! Por muito que não consigamos acreditar em Jesus Cristo – embora o quiséssemos veementemente! – estes milagres deixam-nos sem… armas para O “atacar”, dizer-Lhe que nos deixou em total confusão, que as suas palavras de vida eterna não conseguem dar-nos certezas de que tal vida exista…, pois, quando chega o momento da VERDADE, do fazer a ponte entre a Terra e o Céu, entre o humano e o divino, entre o Filho e o Pai… tudo fica envolto no mistério, ou… nas palavras!

No entanto, continuamos na séria dúvida da veracidade de tal facto. É que é muito difícil acreditar que a grande maioria dos judeus que presenciaram o suposto facto não tenham acreditado em Jesus e não tenham tentado entendê-lo.

– Jesus compara-se com o pastor: “Eu sou a porta por onde entram as ovelhas. Todos os que vieram antes de Mim, são ladrões e salteadores mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Quem entra por Mim será salvo. (…) Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. (…) Conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me, assim como o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Tenho de as conduzir também. Elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. O Pai ama-Me porque estou disposto a sacrificar a minha vida para a receber de novo. Ninguém Me tira a vida. Eu dou-a livremente. Tenho poder de a dar e de tornar a tomá-la. Este é o mandamento que recebi de meu Pai.” (Jo 10.7-18)

– A comparação do pastor até é de fácil entendimento. Já não compreendemos é quem são realmente os ladrões e salteadores, como é que entramos por aquela porta, como é a vida que nos é oferecida em abundância, que vida dá Jesus pelas suas ovelhas e realmente quem são essas ovelhas… Acaso estaremos nós incluídos nelas?… Aliás, quando é que haverá um só rebanho? Com que ovelhas?

(A análise a este belo mas confuso texto continua.)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Dezembro: mês da Imaculada Conceição, mês do Natal

 

1 – Da Imaculada Conceição de Maria

Todos sabemos que a Imaculada Conceição (concepção de Maria pelos seus pais, Ana e Joaquim, sem ser atingida pelo pecado original, pecado comum, segundo a teoria cristã, a todos os mortais…) foi um dogma proclamado pelo papa Pio IX, em 1854, arrogando-se daquilo a que os papas chamaram de infalibilidade pontifícia quando falam “Ex-catedra” (da cadeira do saber e poder pontifícios), sendo pecado mortal os crentes não acreditarem em tal proclamação/afirmação.

Ora, não só fora da Igreja, mas sobretudo dentro dela, e por teólogos conceituados e não fundamentalistas, a infalibilidade pontifícia afirma-se como não tendo qualquer base doutrinal e o pecado original simplesmente não existiu, tendo sido uma invenção medieval também fundamentalista. Logo, não houve – por não necessária – nenhuma concepção imaculada de Maria, nem o papa tem qualquer poder sobre as consciências dos fiéis para lhes impor tal nonsense... Este dogma é uma excelente prova da não infalibilidade pontifícia.

Mas… é mais uma festa! É mais um feriado nacional, tendo a Imaculada Conceição (nome pelo qual impropriamente se designa Maria) sido feita padroeira de Portugal, por D. João IV, após a restauração da independência.

E as festas são sempre bem-vindas. É que a VIDA – esta vida que é a única certa! – deve ser vivida em festa!...

 

2 – Do Natal

1.1  – O Natal propriamente dito:

Para nosso gáudio intelectual, lembremos algumas inverdades acerca do NATAL:

2.2.1 – Os evangelhos, (Lc 2.8-22) dizem-nos que havia pastores a pernoitar ao relento; ora, naquela região, isso só acontece a partir dos tempos de Primavera; logo, o nascimento de Jesus deve ter-se dado em Abril ou Maio e não em Dezembro.

2.2.2 – Os evangelhos também referem que José e Maria vinham de Nazaré para Belém (Lc. 2-7) cumprindo ordens de recenseamento do édito do imperador César Augusto. É mais que provável que tal recenseamento não tenha sido marcado para o pico do Inverno.

2.2.3 – Mais provável é que, devido à afluência de pessoas para o recenseamento, não tenha havido lugar nas estalagens e que, devido às dores do parto, tenham improvisado. Uma gruta acolhedora não teria sido má opção.

2.2.4– A data do nascimento de Jesus que marca o início da era cristã pela qual nos regemos hoje, estará errada em 5/6 anos, por erro de cálculo do monge Dionísio que a estabeleceu, no séc. VI, tendo como base a data da fundação de Roma: 753 AC. De acordo com dados evangélicos, Jesus terá nascido cerca de 6 anos antes do que se considera e, por conseguinte, terá morrido com uns 40 anos de idade.

2.2.5 – O Natal foi colocado pela Igreja, nos finais de Dezembro para contrapor às festas pagãs do solstício de Inverno, celebradas por toda a região, agradecendo aos deuses a nova Primavera, o novo ressurgimento da Natureza e da Vida. Jesus seria esse ressurgimento, essa ressurreição para uma vida nova e… a vida eterna!

2.2.6 – Na narrativa de Lucas dos acontecimentos, com anjos, pastores, reis magos, etc., tudo tem a ver com as narrativas conhecidas do nascimento de deuses solares da cultura pagã. Muito provavelmente, nada aconteceu como descrito, nem tão pouco Maria era virgem, nem teve a anunciação do anjo a dizer-lhe que ela seria fecundada pelo Espírito Santo. Muito bonito, claro, mas tudo fantasia, tudo fruto de fértil imaginação, neste caso de Lucas, para se divinizar um simples ser humano, Jesus, que veio a revelar-se carismático ao defender “O Amor ao próximo e a Fraternidade Universal”.

 2.2 – O Natal, festa da família

 Mas é Natal sempre que nasce um ser humano, em qualquer parte do Mundo. E, apesar das dores do parto suportadas pela mãe, é sempre um momento de ternura.

E ternura, amor, dádiva é o que festejamos em cada Natal, a maior parte da humanidade, mesmo se a dita crente esquece completamente de homenagear aquele menino judeu que a ele deu origem, Jesus, bem como sua mãe, Maria.

E fica-se mais solidário, mais fraternal, mais humano, mais generoso, mais tolerante. E isso é bom, muito bom mesmo!

E é festa! E há comidas e bebidas mais sofisticadas, mais gulosas, mais abundantes mesmo para quem passa mal a maior parte do ano.

E há troca de prendas! Numa sociedade de consumo, nada importando o problema da sustentabilidade e diversidade da vida no Planeta, o slogan é consumir. Então, não são uma ou duas prendinhas, mas muitas! E montes de lindos papéis para o lixo…

Enfim, um dia, a humanidade tomará juízo. Oxalá não seja tarde demais para o Homem. A Terra – faça o Homem o que fizer – seguirá o seu percurso até ao desaparecimento com a morte anunciada do Sol, daqui a uns 4,5 mil milhões de anos. Muito tempo, mas inexorável! Para nós também. Então, vivamos alegremente esta FESTA! Enquanto há vida!

sábado, 18 de dezembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) -334/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 29/?

 – Jesus vai curar um cego de nascença: “Mestre, quem foi que pecou para que nascesse cego? Foi ele ou seus pais?” Aqui está uma pergunta bem ao nosso modo humano. Realmente, se o mal vem do pecado, sendo a cegueira um mal, deveria vir do pecado… Mas Jesus não respondeu! Orientou a resposta noutro sentido: “Não foi ele que pecou nem seus pais mas é cego para que nele se manifeste o poder de Deus.” (Jo 9,2-3)

– Que estranho! Alguém já nascer cego para que nele se manifeste o poder de Deus, fazendo Jesus mais um milagre!… Então, também os doentes curados por Jesus adoeceram para que neles se manifestasse o poder de Deus? Mais uma vez, é uma não-resposta de Jesus. Inconcebível!

– E mais palavras de fácil entendimento mas de fundo realmente obscuro: “Nós temos que realizar as obras daquele que Me enviou, enquanto é dia. Vai chegar a noite e ninguém poderá trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.” (Jo 9,4-5)

– É! Se és a luz do mundo, a nós deixas-nos completamente nas trevas do não-entendimento do… Céu! Que pena, Jesus Cristo! Como nos decepcionas! Nem colhem as metáforas de “dia” significar “vida” e “noite” significar “morte”. Apenas algum estilo do narrador João.

E parece que as obras daquele que O enviou - o Pai - são portanto os milagres que confirmariam a sua origem divina. Mas – perguntamos mais uma vez – como podem ter sido verdadeiros os milagres se, com eles, não convenceu os do seu tempo dessa sua suposta divindade? Como?

Também não conseguimos entender como é que Cristo faz a ponte entre a Terra e o Céu, entre Ele e o Pai, entre o corpo perecível e o espírito incorruptível… Acaso no-lo explicou claramente? E acaso não era isso que precisávamos de saber? E acaso, não sabia Ele que, sem sabermos isto, não conseguíamos aceitá-Lo, apesar dos seus milagres? Então?…

– Há todo um ritual na cura deste cego de nascença: “Jesus cuspiu no chão, fez com a saliva um pouco de lama e com a lama ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Agora vai lavar-te à piscina de Siloé.» (…) O homem foi lavar-se e ficou a ver.” (Jo 9,11)

– O povo quase não acreditava, menos ainda os fariseus, que argumentavam estupidamente: “Quem fez isso não é homem de Deus porque não respeitou a lei do sábado.”, pois era sábado, aquele dia.

E, duvidando que o cego fosse realmente cego, foram perguntar aos pais…

E, após confirmação, voltaram a importunar o miraculado que, já farto de tamanha teimosia em não quererem ver o que era evidente, lhes respondeu: “Já vos contei como foi mas vós não acreditais em mim. Porque é que quereis ouvir novamente? Será que também quereis tornar-vos seus discípulos?”

– Aí, os fariseus, feridos na sua “alta dignidade”, não se contiveram e… oiçamos: “«Tu é que és discípulo dele. Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas quanto a este homem, nem sabemos de onde Ele é.» Ele replicou: «Isso é de admirar! Não sabeis de onde Ele é e, no entanto, Ele abriu-me os olhos. Sabemos que Deus não ouve os pecadores mas ouve aqueles que O respeitam e fazem a sua vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença. Se esse homem não viesse de Deus, nada poderia fazer.» Disseram-lhe então os fariseus: «Tu nasceste cheio de pecados e queres ensinar-nos?» E expulsaram-no dali.” (Jo 9,27-34)

E não é que falava bem este miraculado que fora cego!...

(Não referimos todos os pormenores da descrição que João faz deste episódio, por não serem relevantes; a análise crítica continua no próximo texto.)

sábado, 11 de dezembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 333/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 28/?

 – Novamente Jesus se afirma como tendo saído de Deus e ter sido enviado por Ele… E parece grande a convicção com que assim Se afirma. Mas o que é certo é que não conseguimos acreditar, por não apresentar nenhuma prova credível do que afirma: continuamos apenas com palavras e… palavras enigmáticas.

E continuamos a não entender que a vontade de Deus-Pai não seja forçosamente a vontade do Deus-Filho. Aliás, acaso o Filho não teria vindo à Terra, se dependesse da sua vontade? Quem entenderá tal não-coincidência de vontades, sendo eles um Só Deus? Quem?

É que nós até aceitaríamos a sua doutrina se Ele se explicasse claramente. E, assim, aceitamos o seu grande mandamento do amor ao próximo, a sua teoria da fraternidade universal. O que nós não compreendemos são todas estas misteriosas relações entre um Pai que quer e um Filho que obedece e que não faz a sua vontade mas a do Pai que O enviou, lá de cima!…

– Imaginamos a revolta que os judeus sentiriam ao ouvirem Jesus afirmar que o Diabo era o pai deles, e isto por insistirem na mentira. Ora, os judeus simplesmente não entendiam a suposta verdade que Jesus hermeticamente lhes apresentava, nem conseguiam acreditar que Ele era Filho de Deus-Pai já que não lhes apresentava provas claras de tal facto.

– Repetindo-nos, perguntaríamos: “Onde estaria a capacidade de Jesus de ser mais claro, mais convincente perante um povo que certamente O aceitaria se compreendesse as suas palavras, apesar de descendentes dos “de cabeça dura” do A.T., mas que continuam ainda hoje a manifestar não pouca esperteza ao “ dominarem” economicamente o mundo…?”

E Ele sabia, certamente, pois era Deus, que, assim, nada mais conseguiria do que ódios e vontade de extermínio, por parte daqueles que O ouviam e nada entendiam…

Por nossa parte, é a angústia de ficarmos com bonitas palavras sem nada de apoio à razão que tanto precisava de auxílio para suporte da Fé!…

– Depois, fala de ser honrado pelo Pai e não por Si próprio… e novamente a vida eterna para os que aceitarem a sua palavra… Mas, após ter ouvido tais palavras, ninguém conseguirá dizer: “Bem, faço isto e mais aquilo e… tenho a vida eterna!” Não! Temos um Céu, uma vida eterna, um Pai apenas de… palavras!

Nem conseguimos acreditar que Jesus conheça o Pai no qual nos diz para acreditar. E o modo como Ele o conhece será realidade que nos ultrapassa completamente!…

Também nos garante que já existia antes de Abraão, o mesmo é dizer que é eterno. Garante-nos com… palavras e nada mais que… palavras!

– Mas será que Jesus poderia ter agido de outro modo para connosco que somos humanos e, por isso, limitados nas nossas capacidades?… Será que é de algum modo possível, nós, com esta realidade física, conseguirmos vislumbrar as realidades divinas? Não será mesmo para Deus um impossível – o único impossível? (Impossível inadmissível, claro, já que a Deus nada é impossível. Se admitíssemos impossíveis em Deus, negávamos-Lhe a sua própria essência!)

E Cristo era Deus! E sabia dessas nossas limitações para O entender… Porque não Se tornou entendível? Porquê Se frustrou a Si mesmo e os planos de seu Pai a quem diz que obedece e de quem faz a vontade e só o que Lhe agrada?

É! Perante tal rejeição da parte dos que O ouviam, Jesus teria de se sentir forçosamente frustrado, decepcionado, constrangido perante seu Pai, ao ver que as suas palavras não criavam amor mas ódio, nem adeptos e seguidores mas homens desejos de o matarem!

Enfim, não sabemos se é tudo mistério ou tudo falsidade. Ou, como já atrás referimos, discursatas do velho João colocadas na boca de Jesus para tentar dar-lhes credibilidade. Obviamente, sem o conseguir. Lançou foi mais uma acha para a nossa pobre razão desacreditar! Com toda a pena deste mundo e do outro, se é que o outro existe realmente!…

sábado, 4 de dezembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 332/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 27/?

 – Ainda mais palavras enigmáticas que levam os judeus ao desespero do não entendimento, querendo apedrejá-Lo: “Então, pegaram em pedras para Lhas atirar.” (Jo 8,59):

“Se obedecerdes ao que Eu ensino, (…) conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. (…) Quem comete o pecado é escravo do pecado. (…) Eu sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-Me porque não aceitais o que Eu digo. Eu falo do que o Pai Me mostrou; vós também deveis fazer o que ouvistes ao vosso pai Abraão. (…) Se sois filhos de Abraão, procedei como ele. Tudo quanto Eu faço é dizer-vos a verdade que ouvi junto de Deus. Vós, no entanto, quereis matar-Me e Abraão não faria semelhante coisa. (…) Se Deus fosse vosso Pai, amar-Me-íeis porque Eu saí de Deus e fui enviado por Ele. Não vim pela minha própria vontade mas foi Ele que me enviou. Por que é que não compreendeis o que Eu digo? É porque não sois capazes de aceitar a minha doutrina. O vosso pai é o Diabo e quereis realizar o que lhe agrada. Desde o começo, ele foi assassino e nunca esteve com a verdade, porque nele não existe verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que é dele, porque ele é mentiroso e pai da mentira. Eu falo a verdade e por isso não acreditais em Mim. Quem de vós pode acusar-Me de pecado? Se digo a verdade, porque não acreditais em Mim? Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus. Vós porém não ouvis porque não sois de Deus. (…) Eu honro o meu Pai e vós desonrais-Me. Eu não procuro a minha glória. Existe alguém que a procura e julga. Eu garanto-vos: quem obedecer à minha palavra, nunca mais há-de morrer. (…) Se Me glorifico a Mim mesmo, a minha glória não vale nada. Quem Me glorifica é o meu Pai, aquele que dizeis ser o vosso Pai. Vós não O conheceis, mas Eu conheço-O. Se dissesse que não O conheço, seria mentiroso como vós. Mas Eu conheço-O e faço o que Ele diz. Abraão, vosso pai, alegrou-se porque viu o dia da minha vinda. Viu e encheu-se de alegria. (…) Garanto-vos: antes que Abraão existisse, Eu já era aquele que sou.” (Jo 8,31-58

– Mais uma vez nos alongámos… As palavras são difíceis… Quem as entenderá? Foi aqui, e por isso, que os judeus pegaram em pedras para lhas atirar. Aliás, Jesus insulta-os e vangloria-se (embora diga a seguir que não procura a sua glória…) de ser o detentor da Verdade (Verdade que nunca explicou bem o que era…), de ter vindo do Pai, nada explicando como é isso de vir de Deus. Depois, diz que o Pai dos judeus é Abraão para, mais abaixo, dizer que o seu pai é o Diabo. Nem mais! E todos sabemos que o Diabo é uma figura mitológica que nada tem a ver com a Verdade ou a realidade, embora esteja conectado com o Mal, sendo, portanto, o oposto de Deus.

– Mas vamos por partes. Começa por dizer que “Se obedecerdes ao que Eu ensino, (…) conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Grande frase, não há dúvida. Problema é saber onde está a Verdade e o que é a Verdade. E isso Jesus fica-se por palavras que em nada são convincentes. Pois, como é que a verdade liberta, não sabendo nós qual é realmente a verdade deste Jesus Cristo?

Nem o que é realmente o pecado… embora saibamos o que é ser escravo de um vício…

E o que é que realmente Jesus nos mostra que Lhe tenha sido mostrado pelo Pai?

E que verdade é que Jesus nos diz que tenha ouvido junto de Deus?

 (A análise crítica continua no próximo texto)

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 331/?

 À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 26/?

 – As palavras-enigma-mistério… continuam: “«Eu vou-Me embora. Vós haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir. (…) Vós sois cá de baixo. Eu venho lá de cima. Vós sois deste mundo, mas Eu não sou deste mundo. É por isso que Eu digo que vós ireis morrer nos vossos pecados.» Então, as autoridades dos judeus perguntaram-Lhe: «Quem és Tu, afinal?» Respondeu-lhes Jesus: «O que estou a dizer desde o princípio. Eu poderia dizer muitas coisas a vosso respeito e condenar-vos. Mas aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu digo ao mundo as coisas que Lhe ouvi.» (…) Quando levantardes o Filho do Homem, então sabereis quem Eu sou e que não faço nada por Mim mesmo, pois digo apenas aquilo que o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo. Ele não Me deixou sozinho porque faço sempre o que Lhe agrada.»” (Jo 8,21-29)

– Perante tais palavras, as perguntas saltam-nos da mente, em catadupa, como angústias descontroladas!… Pois, quando O havemos de procurar? Porque morreremos no nosso pecado? Que pecado? O de não acreditarmos nele por incapacidade de entendimento dos seus argumentos-sofismas?

Que somos cá de baixo, já nós sabemos. Mas… o que é vir lá de cima? Linguagem popular para indicar o Céu ou desconhecia Jesus que o “lá em cima” não existe realmente, pois tudo é apenas espaço interplanetário?

Onde será realmente o Seu mundo, já que não é deste? Como podemos acreditar em tal mundo se apenas sabemos que existe pelas suas afirmações sem provas?

E compreenderam a resposta de Jesus à pergunta “Quem és Tu?”? – Não! Embora, desde o princípio, esteja sugerindo que é o Filho de Deus-Pai. Aliás, esquiva-se à pergunta, remetendo a resposta para mais tarde: “Quando levantardes o Filho do Homem…”. Obviamente, uma não-resposta, o que já aconteceu em outras ocasiões em que se exigiu que se definisse claramente. E uma não-resposta é de todo inadmissível num Jesus dito o Salvador da Humanidade.

Também não entendemos como pode ser o seu testemunho verdadeiro, apesar de todos os seus argumentos do Pai que O enviou e que dá testemunho dele…

E novamente a total dependência do… Pai: “digo as coisas que Lhe ouvi.” Com que ouvidos? Com que olhos Jesus viu ou… vê o Pai? Que coisas Lhe diz o Pai? Quem é realmente o Pai? Onde está o Pai? Lá em cima, quando o “lá em cima” não existe?

Sempre o mesmo mistério divino de Pai e Filho que ora parecem ser Um ora Dois, obedecendo o Filho cegamente ao Pai, o que metafisicamente não é possível aceitar…

E se é mistério, como exigir-nos que o entendamos? Como?…

Por outro lado, que “teve” Deus-Pai que ensinar ao Deus-Filho? É tão estranho! Tão incongruente! Tão negador da sua suposta essência divina!…

E há pelo menos uma situação em que o Deus-Pai O abandonou, segundo as suas próprias palavras: “Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?!” (Mt 27,46) Então, não fazia Jesus a vontade de Deus-Pai, aquilo que Lhe agradava: morrer na cruz, não sabemos se para cumprir as Escrituras se… para salvar a humanidade, redimindo-a do pecado, também não sabendo nós o que realmente é o pecado, nem o que é redimir?…

Nem o que é realmente a salvação… Uma salvação sem dúvida tardia em relação ao Homem existente há cerca de quatro milhões de anos na Terra…

– Dirão os crentes: Mas temos os milagres!… Os milagres provam que Cristo é divino. Por isso as suas palavras merecem toda a credibilidade… E, então, se não entendemos, temos de procurar entender…

Ora, de milagres, já falámos demasiadamente, tentando provar a sua total falta de credibilidade… No entanto, apesar de estarmos lidando com um Jesus enigmático, continuamos com a boa vontade de o entender!

sábado, 20 de novembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 330/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 25/?

 – A história da mulher adúltera é realmente singular e manifesta a “classe” de Jesus a “lidar” com a malvadez dos fariseus… “«Mestre, esta mulher foi apanhada a cometer adultério. A Lei de Moisés manda apedrejar tais mulheres. E Tu, que dizes?» (…) «Quem de vós não tiver pecado, atire-lhe a primeira pedra.» Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, começando pelos mais velhos. (…) E Jesus ficou sozinho. (…) «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» E Jesus: «Eu também não te condeno. Vai e não voltes a pecar.»” (Jo 8,4-11)

– É… é de ficarmos sem palavras! E não sabemos que mais admirar: se a graciosidade da cena, se aquele passar de acusadores a acusados, se as palavras de não condenação, se o motivo pelo qual aquela mulher cometera adultério…

Enfim, estamos perante uma lei que manda apedrejar uma mulher por se enamorar de outro homem que não o seu marido… Acaso a Lei mandava também apedrejar o homem que tal “perversidade” cometesse?!…

– E voltamos ao enigma das palavras! “Eu sou a luz do mundo. Quem me seguir, deixa de andar nas trevas e possuirá a luz da vida. (…) Embora Eu dê testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho é válido, porque Eu sei de onde venho e para onde vou. Vós julgais como homens, mas Eu não julgo ninguém. Mesmo que Eu julgue, o meu julgamento é válido, porque não estou sozinho, mas o Pai que Me enviou está comigo. Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido. Eu dou testemunho de Mim mesmo e o Pai que Me enviou dá testemunho de Mim.” (Jo 8,12-18)

– Fez-se luz no vosso espírito? – No nosso, não! Porque é válido o testemunho de Jesus pelo facto de Ele saber de onde vem e para onde vai?… O seu testemunho não é para que nós O entendamos ou aceitemos e nós não sabemos nem de onde Ele vem nem para onde Ele vai, a não ser pelas suas próprias palavras?

Por ouro lado, como pode Jesus argumentar que o testemunho dele é válido porque é o de duas pessoas - Ele e o Pai - se continua a não nos mostrar o Pai, obrigando-nos a acreditar na sua palavra?

Jesus incorre no mesmo “erro” de querer provar aquilo que diz com aquilo que diz. Faz-nos lembrar os sofistas gregos, embora acreditemos que não tenha intenção de nos enganar, como é suposto na argumentação dos sofistas…

– “Perguntaram-Lhe: «Onde está o teu Pai?» Jesus respondeu: «Vós não Me conheceis nem a Mim nem ao meu Pai. Se Me conhecêsseis, também conheceríeis o meu Pai.»” (Jo 8,19)

– A resposta não esclareceu as dúvidas dos doutores da Lei - que continuavam à procura de uma boa oportunidade para o prenderem - nem… as nossas!

É! Como queria Jesus que O conhecêssemos para assim conhecer o Pai? E partindo do princípio que nós não conseguimos conhecê-Lo e portanto não conseguiremos conhecer o Pai, como quer que aceitemos o seu testemunho como válido se a validade está alicerçada no testemunho dele e do Pai que afinal não conhecemos? Novamente o sofisma a… atormentar-nos!

Continuamos é a não compreender como é que Jesus, tendo dito que nos vinha salvar, nos diz todas estas coisas que não entendemos nem conseguimos aceitar, parecendo depender de tal compreensão e aceitação a salvação ou condenação eternas. É que se não houver ninguém que compreenda totalmente tais palavras… ninguém se salvará! E a missão de um Filho de Deus e do Pai que O enviou será um logro total.

Infelizmente, logro total para um Deus que logo ali deixou de o ser… Mas, muito mais infelizmente, logro total para nós que ficámos sem nada a que nos agarrarmos como tábua de salvação para alcançar o tal Céu e a tal vida eterna no… Céu!

sábado, 13 de novembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 329/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 24/?

 – Mais palavras de… vida eterna: “A doutrina que Eu ensino não vem de Mim mas daquele que Me enviou. Se alguém está disposto a fazer a vontade de Deus, saberá se a minha doutrina vem de Deus ou se falo por Mim mesmo. Quem fala por si mesmo busca a própria glória, mas aquele que procura a glória de quem O enviou diz a verdade e nele não há falsidade. Não foi Moisés que vos deu a Lei? No entanto, nenhum de vós a cumpre. Então, porque Me quereis matar? (…) Uma pessoa pode receber a circuncisão em dia de sábado sem violar a Lei de Moisés. Então porque é que vos irritais comigo por ter curado um homem ao sábado? (…) Será que de facto Me conheceis e sabeis de onde Eu sou? Eu não vim por Mim mesmo. Quem Me enviou é verdadeiro e vós não O conheceis. Mas Eu conheço-O porque venho de junto dele e foi Ele quem me enviou. (…) Ainda ficarei convosco mais algum tempo. Depois, irei ter com aquele que Me enviou. Ireis procurar-Me mas não Me encontrareis porque não podeis ir para onde Eu vou. (…) Se alguém tem sede, venha ter comigo que Eu lhe darei de beber. Do coração daquele que acredita em Mim, hão-de nascer rios de água viva, como diz a Sagrada Escritura.” (Jo 7,16-38)

– João tenta explicar: “Com estas palavras, Jesus queria dizer que todos os que acreditassem nele, haviam de receber o Espírito Santo. Na verdade, o Espírito Santo ainda não tinha sido enviado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” (Jo 7,39)

– Nós não sabemos o que dizer. Simplesmente, se queria falar no Espírito Santo e não na água, deveria ter sido mais claro, já que não falava para intelectuais e literatos mas para o vulgar povo inculto. Nem sabemos quem é realmente o Espírito Santo… Acaso, já alguém O viu ou ouviu? Ou… sentiu?

– Só pela Fé!… Ora, pela Fé, pode ser muito mas é realmente tão pouco!…

Depois, novamente, o “medo” de Se assumir a Si como portador de uma doutrina. Esta tem de vir do Pai, mantendo-se a mesma confusa relação/dependência de Pai-Filho. Porquê?…

E novamente também, a problemática do sábado, Jesus justificando-Se por ter curado naquele dia, denegrindo o fundamentalismo dos antigos legisladores.

Ainda novamente a sua afirmação, sem titubeações, de ser o Filho de Deus, de vir de junto dele e de voltar para Ele…

É tão convincente este Jesus! Que pena! Que pena não nos tenha aberto as portas da compreensão do Céu… que não nos tenha realmente aberto as portas desse Céu e da tão desejada eternidade!… Que pena! É que nos deixou exactamente à porta! Mais um pouco e teríamos compreendido… Mais um pouco e ter-nos-ia claramente manifestado o Pai que Ele vira porque viera de junto dele e portanto era-Lhe fácil acreditar nele! Mas a nós, quer - exige! - que acreditemos no Pai só porque nos diz que o Pai existe, que o Pai O enviou, que o Pai é verdadeiro, que o Pai quer isto e mais aquilo!… Não é injustiça a deste Jesus? A nós obriga-nos à Fé! Ele acreditava porque vira…

Aonde nos levaria tal raciocínio não de todo falacioso? Aonde?

– Talvez à descrença total… Mas, de certeza, que não é isso que nós queremos. Nós queremos acreditar! Não sabemos bem em quem nem em quê, mas queremos acreditar que há Deus, que há um Céu e que há uma eternidade para ser vivida nele…

Resta dizer que Jesus continua enigmático e que foi o obscurantismo das suas palavras que levou muitos dos que O seguiam a abandoná-lo. Não é tremendamente estranho?!

domingo, 7 de novembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 328/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 23/?

 – Perante a incompreensão por parte dos que o ouviam - “O que Ele diz é difícil de aceitar. Quem pode continuar a ouvir tais coisas?” (Jo 6,60) - Jesus ainda esboçou uma explicação: “Escandalizais-vos com as minhas palavras? Que direis então se virdes o Filho do Homem voltar para o lugar de onde veio? O que dá a vida é o Espírito; a carne não serve para nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas entre vós, há alguns que ainda não acreditam. (…) É por isso que Eu disse: ‘Ninguém pode vir a Mim se isso não lhe é concedido pelo Pai.’” (Jo 6,61-65)

– Perceberam melhor? – Nós, não! Os do seu tempo, também não: “A partir desse momento, muitos discípulos voltaram atrás e já não andavam com Jesus. Então Jesus disse aos doze: «Vós também vos quereis ir embora?» Simão Pedro respondeu: «A quem havemos de seguir, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna. Agora nós acreditamos que Tu és o Messias, o Enviado de Deus. Jesus disse-lhes: «Não sois vós os doze que Eu escolhi? Apesar disso, um de vós é o demónio.» Jesus falava de Judas (…) que O iria atraiçoar.” (Jo 6,60-71)

– É estranho: Jesus parece não se importar com a debandada dos discípulos… Então não vinha Ele para salvar tudo o que estava perdido?… Como é que agora os afasta com o enigma das suas palavras que nem nós, dois mil anos após tantas exegeses, não compreendemos, e não Se importa nem altera a sua forma de falar? Sendo Deus, não sabia que, falando assim, não convencia ninguém, mas afastava toda a gente?… Ficou apenas com os doze, afirmando que um deles era o demónio! Nem mais nem menos: o diabo! Como? Como escolheu o “diabo” para os doze? Há tanto de incongruência nestas afirmações postas por João na boca de Cristo que a nossa já fraca Fé fica ainda mais abalada, definhando… definhando…

– No entanto, apetece-nos gritar como Pedro: «Para quem havemos de ir, Senhor, se só Tu tens palavras de vida eterna?»

– Também não entendemos é como Pedro, depois de ouvir tudo quanto Jesus disse e do qual certamente pouco ou nada percebeu, deduz que Jesus é realmente o Messias, o Enviado de Deus!…

Enfim, como a temática parece cada vez mais difícil, e inadmissível o fracasso de Jesus, ao ver partir os que o acompanhavam, por não o entenderem, voltaríamos a perguntar: Estaria o velho João com a cabeça suficientemente clara e saudável para dar fiel testemunho de tudo quanto coloca na boca de Jesus? Ou foi um dos últimos milagres deste Novo Testamento, a sua clarividência para narrar fielmente difíceis conversas, supostamente tidas por Jesus mais de cinquenta anos antes?…

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Hoje é “Dia de todos os Santos”, amanhã, “Dia dos mortos”

 

Dos santos

Benditos sejais, ó vós, santos e santas do Céu que nos destes mais um feriadozinho!

Mesmo sabendo nós que o Céu não existe e vós também não, mas fostes inventados por uma Igreja necessitada de referentes e de modelos para os fiéis que vão acreditando em fantasias e sonhos de Céus com Deus, os seus anjos e arcanjos, a Virgem e todos os santos que foram guindados aos altares, por, em vida, terem feito obras valerosas e, depois de mortos, terem feito pelo menos dois milagres, sempre curas de difícil explicação pela medicina actual. Obviamente, uma falácia!

E os santos vêm da antiguidade e dos primórdios do cristianismo: todos os mártires (e foi preciso coragem extrema para darem a vida pela Fé!), todos os apóstolos, muitos dos primeiros bispos e padres e muitos outros, ao longo destes dois mil anos.

E há templos, capelas, capelinhas e santuários espalhados por todos os cantos do mundo, normalmente em montes ou colinas para serem bem visíveis pelos mortais que ainda vivem esta vida – a única certa! – mas têm de pensar no Além, na morte, na ressurreição para a vida eterna.

E cada crente e cada aldeia e cada país tem os seus santinhos de devoção, os seus padroeiros, os seus intercessores junto de Deus, lá em cima, no Céu!

E há festas e romarias, festas de arromba, rivalizando aldeia com aldeia para que o seu santo patrono seja o mais bem festejado!

Que lindo! Que conforto para a alma! Mas… como tudo não passa de sonho ou fantasia, meu Santo Deus!

 Da total impotência perante a irreversibilidade da morte

 Olha, morreu o Fulano! Tinha 20, 40, 60, 80 anos? – A idade importa. Morrer aos oitenta, ou depois disso, na actual sociedade ocidental, tem lógica e é facilmente aceitável pelos seus próximos. O morrer antes, não! E quanto mais novo menos aceitável se torna. É que a gente não se despede de uns pais já no fim do seu ciclo de vida, mas de um filho, um irmão, um amigo de farras ou de trabalho.

Imaginemos um de 40. O peso da impotência é enorme. Impotência do não haver nada a fazer. Nem importam muito as causas, normalmente incompreensíveis. Importa o facto, o real de ontem ainda estar vivo e saudável e, hoje, ali encaixotado para a última viagem: o pó da Terra, já apenas átomos e moléculas prontos a voltarem para o donde vieram e foram vindo ao longo da vida.

Os crentes rezam, gemidos daqui, choros dali, lamentos por uma vida que se foi e que ainda tinha tanto para dar a si e aos outros. Mas todos sofrem, crentes e não crentes, partilham dor, comentam causas, fazem promessas de cuidar melhor do corpo que os traz vivos.

No velório, há encontros dos que já não se viam há muito e, após os primeiros momentos de pesar e lamentos, a conversa instala-se, animada, esquecendo-se completamente os mais próximos que continuam de semblante carregadíssimo, olhos marejados de lágrimas, rostos sofridos. Enfim, parece inevitável que estes reencontros também façam parte dos rituais fúnebres.

Mas os próximos, os pais, os irmãos, os amigos mais amigos como suportar a dor da perda?

E lá vem a religião consoladora, apregoando, baseando-se nos evangelhos, a vida eterna e a esperança na ressurreição, já que Cristo ressuscitou dos mortos e foi-nos preparar um lugar na casa do seu Pai, lá no Céu. Lindo, não é? Nestas ocasiões, que bom é ser-se crente! Pronto: ficámos sem ele “cá em baixo”, mas nada está perdido, pois iremos encontrá-lo, mais tarde, quando nos formos, “lá em cima”. E continua-se: “Esta vida é apenas uma passagem para a verdadeira vida, a eterna. Quem acredita em Mim, mesmo que morra, viverá”!

Problema maior é para os que não acreditam, para os que sabem que o que as religiões dizem não é conforme à realidade, nem à lógica, nem à História de qualquer ser vivo: pertencendo ao Tempo, a única certeza absoluta que tem, ao nascer, é que, mais tarde, irá acabar. Inexoravelmente!

Para estes, a perda é muito mais irreparável. A impotência perante o facto consumado é avassaladora, levando a uma dor muito mais profunda. Resta-lhes a consciência de que a vida continua para os que ficam. E que há que apressar o luto, sem esquecer que faz parte da vida, e pensar mais racionalmente do que emocionalmente, privilegiando  a alegria de viver! Assim, a morte será uma lição de vida, apelando, mesmo na dor, ao sempre eterno “Carpe diem!” – Desfruta da vida o melhor que puderes!

Ámen!...

 

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 327/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 22/?

 – Se pensávamos que as palavras enigmáticas tinham acabado, enganámo-nos! Após narrar dois milagres, o da multiplicação dos pães e o de Jesus ter caminhado por sobre as águas, João volta a surpreender-nos com as palavras de Jesus:

“Vós procurais-Me porque comestes até ficardes satisfeitos e não por compreenderdes o significado dos meus milagres. Trabalhai não pelo alimento que se acaba, mas pelo alimento que dura para a vida eterna. Esse é o alimento que o Filho do Homem vos há-de dar porque Deus, o Pai, Lhe concedeu esse poder. (…) A vontade de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou. (…) Não foi Moisés que vos deu o pão que veio do Céu. Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu, porque o pão de Deus é aquele que desce do Céu e que dá a vida ao mundo. (…) Eu sou o pão da vida. Quem vem a Mim, nunca mais terá fome e quem acredita em Mim, nunca mais terá sede. Eu já vos disse: vós vistes-Me e não acreditastes. Todos aqueles que o Pai me dá virão a Mim. E Eu nunca rejeitarei aquele que vem a Mim, pois Eu desci do Céu, não para fazer a minha própria vontade mas para fazer a vontade daquele que Me enviou. E a vontade daquele que Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele Me deu, mas que Eu os conduza à vida eterna. Esta é a vontade de meu Pai: que todo o Homem que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. (…) Ninguém pode vir a Mim se o Pai que me enviou o não trouxer. E Eu lhe darei a vida eterna. (…) Todo aquele que escuta o Pai e recebe a sua instrução vem a Mim. Não que alguém já tenha visto o Pai. O único que viu o Pai é aquele que vem de Deus. Eu vos garanto: aquele que acredita em Mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e no entanto morreram... Eis aqui o pão descido do Céu. Quem dele comer nunca morrerá. (…) Eu sou esse pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá para sempre. E o pão que Eu dou é o meu próprio corpo, oferecido para que todos tenham vida. (…) Eu vos garanto: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em Mim e Eu nele. E como o Pai, que vive, me enviou e Eu vivo por Ele, assim aquele que Me receber como alimento viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu. Não é como o pão que os vossos pais comeram e depois morreram. Quem come deste pão viverá para sempre.” (Jo 6,26-58

– Mais um longo texto! O nosso pedido de desculpas, mas tinha de ser. Texto fastidiosamente repetitivo. De difícil entendimento. Teríamos de ser Deus para o entender!… E teríamos de escrever várias páginas para tentar desbravá-lo.

É! Que alimento é esse que dura para a vida eterna? Quando é que o Filho do Homem nos vai dar tal alimento, dando-Lhe o Pai tal poder? O que é realmente a vontade de Deus: acreditar num Filho que não sabe dizer senão que temos de acreditar nele porque foi enviado pelo Pai? Mais uma vez, palavras apenas?

E quem entenderá o que é realmente aquele pão descido do Céu? Quem?

E o que é ir a Jesus para nunca mais ter fome nem sede?

E quem é que o Pai vai dar a Jesus, não podendo este rejeitar nenhum deles porque não vem fazer a sua vontade mas a vontade do Pai? Que Filho de Deus é este que não pode ter a mesma vontade do Pai, com o qual tem de fazer uma unidade, senão teríamos dois deuses: um Deus-Pai e um Deus-Filho?!

E como é que Jesus iria perder algum daqueles que o Pai lhe dera? Não sabemos é como Jesus vai ressuscitá-los no último dia – que também não sabemos quando é – e levá-los para a vida eterna…

Enfim, teremos de repetir a pergunta, porque Jesus insiste: O que é realmente o pão descido do Céu? Como poderemos comer dele para nunca mais morrermos, como os nossos antepassados, se não sabemos que pão é? Se Jesus se ficou pelas palavras?…

Depois, como se afirma Filho de Deus, afirma-Se como o único que viu o Pai… Então, como poderemos acreditar neste Jesus que assim Se afirma, com tanta convicção mas apenas por… palavras?

Maior confusão-enigma ainda: o pão que Jesus dá é o seu próprio corpo…

E quem não comer da sua carne e beber do seu sangue, não tem a vida eterna!… O que é realmente comer da carne e beber do sangue de Jesus? Quem no-lo poderá dizer? Porque não falou Ele claramente? Ou… pensou que falava claramente?

– Não! Tal como nós, hoje, também os do seu tempo que O ouviam não entenderam e muitos dos discípulos desacreditaram nele: “O que Ele diz é difícil de aceitar. Quem pode continuar a ouvir tais coisas?” (Jo 6,60)

Enfim, o que é o Céu para Jesus?!

sábado, 23 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 326/?

 

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 21/?

 – Mas o enigma continua ou… repete-se: “Eu não posso fazer nada por Mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto de meu Pai e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas sim a vontade daquele que Me enviou. Se dou testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho não tem qualquer valor. Mas há Outro que dá testemunho de Mim e sei que o testemunho que Ele dá de Mim é verdadeiro. (…) Eu tenho um testemunho ainda maior que o de João Baptista: são as obras que o meu Pai Me encarregou de realizar. As obras que Eu faço dão testemunho de Mim e mostram que o Pai me enviou. (…) Vós nunca ouvistes a voz de Deus nem vistes a sua face. Desse modo, a sua palavra não permanece em vós, porque não acreditais naquele que Ele enviou. Vós estudais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de Mim e, apesar disso, vós não quereis seguir-Me para terdes a vida eterna. Eu não procuro elogios dos Homens. Quanto a vós, sei muito bem que não amais a Deus. Eu vim em nome de meu Pai e vós não quereis receber-Me. Mas se outro vier em seu próprio nome, vós já o recebereis. Como é que podereis acreditar em Mim, se viveis a elogiar-vos uns aos outros e não buscais a glória que vem de Deus-Pai? Não penseis que vos vou acusar diante de meu Pai. Já existe alguém que vos acusa: é o próprio Moisés em quem pondes a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em Mim porque foi a respeito de Mim que Moisés escreveu. Mas se não acreditais naquilo que ele escreveu, como ireis acreditar nas minhas palavras?” (Jo 5,29-47)

– Perdoem-nos ter-nos alongado. O texto é cheio de… desentendimentos. Por isso, perguntamos: “Porque não pode o Filho fazer nada só por Si? O que escuta o Filho do Pai? O que é não fazer a sua vontade e fazer a vontade do Pai? Porque não pode dar testemunho de Si e tem de ser o Pai a dar esse testemunho, nada valendo o que o Filho dá de Si? Que obras dão testemunho de Jesus? Os milagres? Não fez Eliseu também tantos milagres sem no entanto se “arvorar” em Filho de Deus? Ou os milagres de Cristo têm credibilidade e os de Eliseu, não? Como é que se pode acreditar nas palavras de Jesus, dizendo que foi o Pai que O enviou, se Ele próprio nos diz que não ouvimos a sua voz nem vimos a sua face? Como podemos ter a certeza absoluta de que as Escrituras dão testemunho dele? Novamente porque Ele o afirma?”

– E novamente a afirmação da vida eterna tendo de seguir-se Jesus para a alcançar, sem sabermos o que é realmente seguir Jesus…

Depois, o que é buscar a glória que vem de Deus? O que é “acusar diante de meu Pai”? Porque é que Moisés é aqui chamado para condenar os doutores da Lei que parecem desconhecer que alguma vez ele tenha falado deste Filho de Deus?

Realmente, os doutores da Lei não o entenderam e… mataram-no! Nós também não o entendemos… mas não O “matamos” porque continua a ser a nossa única esperança de percebermos se temos ou não uma vida eterna, pelo menos nas suas palavras!...

– Esta longa e enigmática conversa de Jesus com as autoridades judaicas, desencadeada pela cura em dia de sábado, não é referida por nenhum dos outros evangelistas. Certamente a dificuldade de entendimento e de reprodução fiel das palavras e das ideias tê-los-á coibido de fazê-lo. Não sabemos é se João - o velho João - nos teria dado as palavras certas de Jesus Cristo… E somos levados a concluir, com elevadíssima probabilidade de certeza, dado o silêncio dos outros evangelistas, que todo aquele discurso não foi de Jesus mas inventado por João, já se arvorando em teólogo da nova religião ressurgente, baseada em Jesus a quem fizeram de Cristo, o Messias, o Filho de Deus.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 325/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 20/?

 – As palavras que se seguem, postas por João na boca de Jesus, são, infelizmente, enigmáticas, embora pareçam claras como água… Senão, oiçamos: “Ficai sabendo que o Filho nada pode fazer só por si. Faz apenas o que vê fazer ao Pai. O que o Pai faz o Filho também o faz. O Pai ama o Filho e por isso mostra-Lhe tudo quanto faz. E mostrar-Lhe-á obras ainda maiores, que vos deixarão admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, assim também o Filho dá a vida a quem Ele a quiser dar. O Pai não julga ninguém. Ele deu ao Filho todo o poder de julgar, para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho também não honra o Pai que O enviou. Eu vos garanto: quem ouve a minha palavra e acredita naquele que Me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, porque já passou da morte para a vida. Digo-vos mais: chegou a hora em que os próprios mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: aqueles que ouvirem a sua voz terão a vida. Como o Pai é a fonte da vida, concedeu ao Filho o poder de dar a vida. Deu-Lhe ainda o poder de julgar porque é o Filho do Homem. Não fiqueis admirados com isto, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal vão ressuscitar para a condenação. (Jo 5,19-29)

– Longas e… enigmáticas palavras! Espanta é a firmeza-determinação com que Cristo as pronuncia.

Infelizmente, são declarações que não se entendem: o Filho nada poder fazer… fazer apenas o que vê fazer… o Pai mostrar ao Filho tudo quanto faz… e mostrará ainda obras maiores que nos vão deixar admirados…

Depois, o Pai a ressuscitar os mortos e o Filho… também… mas só a quem Ele quiser…

E o Pai a não julgar porque deu ao Filho todo o poder de julgar, contradizendo-se de algum modo com o que atrás dissera do Pai…, para que honrem o Pai e honrem o Filho, não sabendo nós o que será isso de honrar o Pai ou… o Filho.

E para ter a vida eterna, não ser condenado e passar logo da morte para a vida, temos de ouvir a sua palavra e acreditar naquele que O enviou… sem sabermos o que é ouvir a palavra de Jesus nem muito menos o que é acreditar em Deus-Pai que o enviou…

– Tantas palavras enigmáticas, Santo Deus! Para quê precisamos nós de enigmas, ó Jesus Cristo? Para quê? Para quê falares de “vida eterna” se não clarificas os caminhos para a alcançar? Para quê tanta confusão entre um Filho e um Pai que não se sabe onde começa a dimensão de um e acaba a dimensão do outro, ora parecendo que são uma e única pessoa, ora duas com poderes e funções distintos?

E como é que os mortos ouvirão a voz do Filho? Que voz?

E sairão dos túmulos, ressuscitando para a vida ou para a condenação eternas…

Tudo afirmações, tudo palavras, tudo declarações sem… nada que lhes sirva de suporte de validade! Para quê?…

– É! Mais uma vez se fala no essencial da vida: a passagem para o outro lado! Com uma ressurreição, uma vida eterna ou uma condenação eterna… Mas… apenas se diz, apenas se afirma, apenas… palavras. Palavras! É com palavras que Jesus sempre nos abandona…

Que tristeza, santo Jesus Cristo! Que tristeza e que pena, pois ficamos sem nada de credível a que nos agarrarmos, na nossa incessante busca da VIDA ETERNA!

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Fátima, sempre Fátima!

 

“A 13 de Outubro, foi o seu Adeus”

 Canta-se, acrescentando-se: “E a Virgem Maria voou para os Céus”.

Sobre Fátima já foi tudo dito! E o fenómeno, sintetizando, tem de se analisar sob dois prismas: o da emoção e o da razão.

A razão diz-nos que, depois das invenções dos evangelistas sobre os actos de Jesus a quem fizeram de Cristo e Filho de Deus: todos os milagres, desde o nascimento de uma virgem até à sua ressurreição e ascensão aos Céus…, depois destas invenções que deram origem ao cristianismo, as aparições de santos e santas, seus milagres e sobretudo as aparições da Virgem são a invenção que faltava para consolidar o suposto divino em que assenta a religião cristã, baseada nas crenças e crendices dos seres humanos, limitados que estão ao enfrentar as contrariedades da vida, vida que se acaba na indesejada morte.

Mas a emoção comanda a vida de muitos, obviamente a de todos os crentes e de todos os dados a crendices.

E assim se explicam os milhares de peregrinos que se deslocam a Fátima, quase todos para pagar promessas feitas à Virgem, em tempos de aflição.

E compreende-se: perante tamanha dor ou infelicidade, a quem recorrer senão a Deus, à Virgem, aos santinhos da sua devoção para que façam qualquer coisa? É que, ao nível do humano, pouco ou nada já se pode fazer…

E voltamos sempre ao dilema: para viver melhor esta curta vida a que tivemos o privilégio de aceder, por um misterioso destino, será melhor ser crente ou racionalista?

Creio que os racionalistas gostariam, naqueles tempos de aflição e perante a inevitabilidade da morte, de ser crentes. E tudo seria mais fácil… Mas é tão difícil aceitar que ser enganados é bom!...

Fica-se com o desabafo de alguns, depois de terem feito centenas de quilómetros a pé: “É um alívio e um prazer este sentir de paz interior e de dever cumprido, ao chegarmos aqui ao santuário.”

NOTA: Sobre Fátima, leia-se, aqui, a meia-dúzia de textos publicados, de Junho a Setembro de 2012. Uma análise crítica do fenómeno, feita a partir dos documentos que nos são ofertados pelas entidades religiosas. Lê-los ou relê-los, será uma agradável surpresa…

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 324/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 19/?

 – A narrativa da cura do paralítico tem algo de caricato ou… de estranho. Oiçamos: “Existe em Jerusalém (…) uma piscina (…) que tem à volta cinco galerias de colunas. As galerias estavam apinhadas de doentes, cegos, coxos e paralíticos que esperavam o movimento da água. Dizia-se que, de tempos a tempos, um anjo de Deus descia à piscina e agitava a água. O primeiro que entrasse na água depois de agitada pelo anjo, ficaria curado de qualquer doença. Encontrava-se lá um homem que estava doente há trinta e oito anos. Jesus (…) perguntou-lhe: «Queres ficar curado?» O doente respondeu: «Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina quando a água começa a agitar-se. Quando lá chego, já outro entrou na minha frente.» Jesus disse-lhe: «Levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa.” (Jo 5,1-8)

– A situação é realmente estranha e uma avalanche de perguntas nos invade: Porque perguntou Jesus ao doente se queria ficar curado? Não era… evidente? E porque não curou todos os outros se, em outras ocasiões, curara todos os doentes que lhe apresentaram? Porquê só uns e não todos? Onde o… critério? Acaso, se Jesus tivesse feito tal pergunta a todos os outros, algum lhe teria respondido: «Não! Estou aqui para ‘confraternizar’, para ser solidário com estes meus irmãos…»? Afinal, quantos dos que entraram na água, depois de agitada - imaginemos a deprimente correria de coxos, paralíticos, estropiados… - ficaram curados? E deixemos o pormenor dos 38 anos…

– “Ora isto aconteceu em dia de sábado. (…) Os judeus começaram a perseguir Jesus porque Ele curara em dia de sábado. Jesus então disse-lhes: «Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho.» Por isso, as autoridades judaicas tinham cada vez mais vontade de matar Jesus porque, além de violar a lei de sábado, chegava até a dizer que Deus era seu Pai, fazendo-Se assim igual a Deus.” (Jo 5,9 e 16-18)

– Já dissemos tudo acerca deste fundamentalismo judaico quanto ao sábado. No A.T. e agora com Jesus. Claro: inaceitável! Aos olhos de Deus e aos olhos dos Homens! A justificação de Jesus com o Pai que “trabalha continuamente” é que… humaniza tanto o seu Deus-Pai que ficamos sem saber que trabalho anda Deus a fazer ou tem Deus de… fazer! Depois, é muito estranho que os judeus, em vez de se admirarem com o milagre e acreditarem, preocuparam-se com a violação da lei, o que nos leva a pôr em causa a veracidade do acontecimento.

– “Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e disse-lhe: «Ficaste curado. Não tornes a pecar para que não te aconteça ainda pior.»” (Jo 5,14)

– Temos vontade-necessidade de perguntar a Jesus: “É a doença resultado do pecado? Quem não peca não adoece? Então, esses justos todos que andam por aí sofrendo e esses pecadores todos que andam respirando saúde?… De que jeito tal lhes acontece?…”

– Última pergunta: A quem aproveitou este milagre? – Aos judeus, não, porque só acirrou neles a vontade de serem o braço de Javé-Deus para fazerem cumprir em Jesus as Escrituras. Aos outros doentes da piscina, também não porque certamente, se souberam, ficaram com inveja e não sem alguma revolta por não terem sido contemplados com a benesse da cura. Outros que por ali estivessem, parece que nem deram pelo prodígio… Então? Deus anda assim a desperdiçar milagres?...

– Só resta dizer que aquele acreditar “cego” na cura das águas agitadas pelo anjo… é pelo menos lamentável e que Jesus deveria ter desmistificado tal crendice que era, com total certeza, invenção de algum “piedoso” judeu, sacerdote ou levi, sabe-se lá se bem pago pelo dono da piscina que lucraria com tais ajuntamentos…

É que era uma questão de intervenção divina. E não tinha sido dado todo o poder divino a Jesus? Como passa Ele por ali sem… “reivindicar” as suas prerrogativas? Sem pôr ordem na “casa” de… Deus?

sábado, 2 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 323/?

 À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 18/?

 – As palavras-enigma-mistério… continuam: “«Eu vou-Me embora. Vós haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir. (…) Vós sois cá de baixo. Eu venho lá de cima. Vós sois deste mundo, mas Eu não sou deste mundo. É por isso que Eu digo que vós ireis morrer nos vossos pecados.» Então, as autoridades dos judeus perguntaram-Lhe: «Quem és Tu, afinal?» Respondeu-lhes Jesus: «O que estou a dizer desde o princípio. Eu poderia dizer muitas coisas a vosso respeito e condenar-vos. Mas aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu digo ao mundo as coisas que Lhe ouvi.» (…) Quando levantardes o Filho do Homem, então sabereis quem Eu sou e que não faço nada por Mim mesmo, pois digo apenas aquilo que o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo. Ele não Me deixou sozinho porque faço sempre o que Lhe agrada.»” (Jo 8,21-29)

– Perante tais palavras, muitas delas repetidas, as perguntas saltam-nos da mente como angústias descontroladas!… Pois, quando O havemos de procurar? Porque morreremos no nosso pecado? Que pecado? O de não acreditarmos nele por incapacidade de entendimento dos seus argumentos-sofismas?

Que somos cá de baixo, já nós sabemos. Mas… o que é vir lá de cima? Linguagem popular para indicar o Céu ou desconhecia Jesus que o “lá em cima” simplesmente não existe, pois tudo é apenas espaço interplanetário?

Onde será realmente o Seu mundo, já que não é deste? Como podemos acreditar em tal mundo se apenas sabemos que existe pelas suas afirmações sem provas?

E compreenderam a resposta de Jesus à pergunta “Quem és Tu?”? – Sem dúvida! Desde o princípio, que está dizendo que é o Filho de Deus. Nós é que não entendemos como pode ser o seu testemunho verdadeiro, apesar de todos os seus esforços, de todas as explicações, de todos os seus argumentos do Pai que O enviou e que dá testemunho dele…

E novamente a total dependência do… Pai: “digo as coisas que Lhe ouvi.” Com que ouvidos? Com que olhos Jesus viu ou… vê o Pai? Que coisas Lhe diz o Pai? Afinal, quem é o Pai?

Sempre o mesmo mistério divino de Pai e Filho que ora parecem ser Um ora Dois, obedecendo o Filho cegamente ao Pai, o que ontologicamente não é possível aceitar…

E se é mistério… como exigir-nos que o entendamos? Como?…

Enfim, esta constante obsessão pela dupla Pai-Filho, tantas vezes repetida, leva-nos a descrer que tenha sido Jesus o seu autor mas o próprio João, confuso pela sua senilidade, a construir um Jesus utópico, confuso, misterioso e… ignorante, assentando toda a sua teoria no mistério, retirando-lhe assim qualquer credibilidade que quiséssemos ter nele.

– O milagre da cura do filho do funcionário romano “foi o segundo de Jesus”. (Jo 4,54) Esta precisão “segundo” deixa-nos sérias dúvidas… Não tinha já Nicodemos dito “Ninguém pode fazer os milagres que Tu fazes se Deus não estiver com Ele.”? (Jo 3,2) Então este “segundo” foi lapso histórico ou da memória do velho João…

– “E tanto ele como toda a sua família acreditaram em Jesus.” (Jo 4,53) Embora a facilidade de fazer milagres fosse muita, parece ter sido pouco frutífero uma só família acreditar por ter visto o filho do oficial ficar curado. Imaginemos que Jesus vinha cá de novo à Terra… Se tivesse de fazer um milagre em cada família para que toda a família acreditasse… Inconcebível, não?!…

Aliás, ao ouvir o pedido do oficial “Vem depressa comigo antes que o meu filho morra” Jesus queixou-se: “Vós só acreditais quando vedes prodígios e milagres.” Mas lá lhe fez a vontade: “Podes ir, que o teu filho está vivo.” E naquela mesma hora, o rapaz ficou curado.

É realmente espantosa esta capacidade de fazer milagres, mesmo à distância. Tão espantosa que duvidamos seriamente dela, considerando os milagres como “factos” arquitectados pelos evangelistas para divinizarem, junto dos novos adeptos da nova religião, o seu Jesus misterioso…

Não há dúvida de que, para o crente, o mistério e o milagre são os fundamentos da sua Fé

sábado, 25 de setembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 322/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 17/?

 – E voltamos ao enigma das palavras! “Eu sou a luz do mundo. Quem me seguir, deixa de andar nas trevas e possuirá a luz da vida. (…) Embora Eu dê testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho é válido, porque Eu sei de onde venho e para onde vou. Vós julgais como homens, mas Eu não julgo ninguém. Mesmo que Eu julgue, o meu julgamento é válido, porque não estou sozinho, mas o Pai que Me enviou está comigo. Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido. Eu dou testemunho de Mim mesmo e o Pai que Me enviou dá testemunho de Mim.” (Jo 8,12-18)

– Fez-se luz no vosso espírito? No nosso, não! Porque é válido o testemunho de Jesus pelo facto de Ele saber de onde vem e para onde vai?… Ora, o seu testemunho deveria ser para que nós O entendêssemos ou aceitássemos e nós não sabemos nem de onde Ele vem nem para onde Ele vai, a não ser pelas suas próprias palavras…

Por outro lado, como pode Jesus argumentar que o testemunho dele é válido porque é o de duas pessoas - Ele e o Pai - se continua a não nos mostrar o Pai, obrigando-nos a acreditar na sua palavra?

Jesus incorre no mesmo “erro” de querer provar aquilo que diz com aquilo que diz. Faz-nos lembrar os sofistas gregos…

– “Perguntaram-Lhe: «Onde está o teu Pai?» Jesus respondeu: «Vós não Me conheceis nem a Mim nem ao meu Pai. Se Me conhecêsseis, também conheceríeis o meu Pai.»” (Jo 8,19)

– A resposta não esclareceu as dúvidas dos doutores da Lei - que continuavam à procura de uma boa oportunidade para o prenderem - nem as nossas! Continua numa espécie de círculo vicioso de Pai desconhecido e Filho e de Filho e o mesmo Pai desconhecido… Aliás, mais à frente, ao pedido de Filipe “Mostra-nos o Pai”, Jesus respondeu “Quem me vê a mim, vê o Pai.” (Jo 14- 8 e 9) Obviamente, uma não-resposta. Inadmissível em alguém que diz possuir a Verdade… Então, ao deixar-nos nas trevas da incompreensão, não se pode arvorar a si mesmo como sendo a Luz do Mundo.

– É! Jesus queria que O conhecêssemos para assim conhecer o Pai. Ora, partindo do princípio que nós não conseguimos conhecê-Lo e portanto não conseguiremos conhecer o Pai, como quer que aceitemos o seu testemunho como válido se a validade está alicerçada no testemunho dele e do Pai que afinal não conhecemos? Novamente o sofisma a… a atormentar-nos!

Continuamos é a não compreender como é que Jesus, tendo dito que nos vinha salvar, nos diz todas estas coisas que não entendemos nem conseguimos aceitar, parecendo depender de tal compreensão-aceitação, a salvação ou condenação eternas. É que se não houver ninguém que compreenda totalmente tais palavras… ninguém se salvará!

E a missão de um Filho de Deus e do Pai que O enviou será um logro total…

Infelizmente, logro total para um Deus que logo ali deixou de o ser, por ser inadmissível atribuir-lhe qualquer falha… Mas muito mais infelizmente para nós, que ficámos sem nada a que nos agarrarmos como tábua de salvação para alcançar o tal Céu e a tal tão desejada eternidade. Vá-se lá saber porque é assim tão desejada!...

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 321/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 16/?

 – Realmente não sabemos quem é o Espírito Santo. Dizê-lo 3ª pessoa da Santíssima Trindade, nada esclarece. Acaso, já alguém O viu ou ouviu? Ou… sentiu?

Só pela Fé em Jesus que o disse e nos seus seguidores que o mencionaram!… Mas só pela Fé, pode ser muito mas é objectivamente muito pouco! Ou… NADA!

Depois, o “medo” de Jesus Se assumir a Si como portador de uma doutrina: esta tem de vir do Pai, não se percebendo a confusa dependência de Pai e Filho e de Filho e Pai…

Depois, a problemática do sábado, imposição bíblica do AT, com Jesus a ter de justificar-Se por ter curado em dia de sábado, pois “o meu Pai trabalha todos os dias…”.

Depois, a sua afirmação sem titubeações de ser o Filho de Deus, de vir de junto dele e de voltar para Ele… Parece tão convincente este Jesus! Que pena que não nos tenha aberto as portas da compreensão do Céu e da tão desejada eternidade!… Que pena! É que nos deixou exactamente à porta! Mais um pouco e teríamos compreendido… Mais um pouco e ter-nos-ia claramente manifestado o Pai que Ele vira porque viera de junto dele e portanto era-Lhe fácil acreditar nele!… Mas a nós, quer - exige! - que acreditemos no Pai só porque nos diz que o Pai existe, que o Pai O enviou, que o Pai é verdadeiro, que o Pai quer isto e mais aquilo!… Não é injustiça a deste Jesus? A nós obriga-nos à Fé! Ele… acreditava porque vira…

Aonde nos levaria tal raciocínio, não de todo falacioso? Aonde?

– Se calhar, à descrença total… Mas, de certeza, que não é isso que nós queremos! Nós queremos acreditar! Não sabemos bem nem em quem nem em quê, mas queremos acreditar que há Deus, que há um Céu, que há uma eternidade, que há mais alguma coisa para além desta vida, objectivamente fadada ao eterno esquecimento…

– A história da mulher adúltera é realmente singular e manifesta a “classe” de Jesus a “lidar” com a malvadez dos fariseus… “«Mestre, esta mulher foi apanhada a cometer adultério. A Lei de Moisés manda apedrejar tais mulheres. E Tu, que dizes?» (…) «Quem de vós não tiver pecado, atire-lhe a primeira pedra.» Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, começando pelos mais velhos. (…) E Jesus ficou sozinho. (…) «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» E Jesus: «Eu também não te condeno. Vai e não voltes a pecar.»” (Jo 8,4-11)

– É… é de ficarmos com um gostoso sorriso nos lábios! E não sabemos que mais admirar: se a graciosidade da cena, se aquele passar de acusadores a… acusados, se as palavras de não condenação, se o motivo pelo qual aquela mulher cometera adultério… E… mulher apedrejada por se enamorar de outro homem que não o seu marido! Acaso a Lei mandava também apedrejar o homem que tal suposta “perversidade” cometesse?!…

 

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 320/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 15/?

 – É estranho: Jesus parece não se importar com a debandada dos discípulos, discípulos que nada entenderam – tal como nós! – do que Ele dissera. Então não vinha Ele para salvar tudo o que estava perdido?… Como é que agora afasta os que o seguiam com o enigma das suas palavras que nem nós, dois mil anos após tantas exegeses, não compreendemos, e não Se importa nem altera a sua forma de falar? Sendo Deus, não sabia que falando assim, não convencia ninguém, mas afastava toda a gente?… Ficou apenas com os doze, afirmando que um deles era o demónio! Nem mais nem menos: o diabo! Como? Como escolheu o “diabo” para os doze? Há tanto de incongruência nestas afirmações postas por João na boca de Cristo que a nossa já fraca Fé fica ainda mais abalada, definhando… definhando… É: se Jesus fosse Filho de Deus e Deus com Ele (como se diz na teologia cristã), nunca agiria de tal forma: um Jesus falhado na sua suposta missão, ao vir à Terra.

– No entanto, apetece-nos, não dizer mas gritar, como Pedro: «Para quem havemos de ir, Senhor, se só Tu tens palavras de vida eterna?», embora pareça que se tenha expressado de tal modo por nada ter entendido do que ouvira…

Também não entendemos é como Pedro, logo a seguir, pouco ou nada tendo entendido de tais palavras, deduz que Jesus é realmente o Messias, o Enviado de Deus!…

E a temática parece cada vez mais difícil! Por isso voltaríamos a perguntar: “Estaria o velho João com a cabeça suficientemente clara e saudável para ser testemunha fiel de tudo quanto coloca na boca de Jesus, palavras supostamente pronunciadas mais de cinquenta anos antes?…”

– Mas há mais palavras de… vida eterna, embora na mesma linha enigmática e já repetitiva: “A doutrina que Eu ensino não vem de Mim mas daquele que Me enviou. Se alguém está disposto a fazer a vontade de Deus, saberá se a minha doutrina vem de Deus ou se falo por Mim mesmo. Quem fala por si mesmo busca a própria glória, mas aquele que procura a glória de quem O enviou diz a verdade e nele não há falsidade. Não foi Moisés que vos deu a Lei? No entanto, nenhum de vós a cumpre. Então, porque Me quereis matar? (…) Uma pessoa pode receber a circuncisão em dia de sábado sem violar a Lei de Moisés. Então porque é que vos irritais comigo por ter curado um homem ao sábado? (…) Será que de facto Me conheceis e sabeis de onde Eu sou? Eu não vim por Mim mesmo. Quem Me enviou é verdadeiro e vós não O conheceis. Mas Eu conheço-O porque venho de junto dele e foi Ele quem me enviou. (…) Ainda ficarei convosco mais algum tempo. Depois, irei ter com aquele que Me enviou. Ireis procurar-Me mas não Me encontrareis porque não podeis ir para onde Eu vou. (…) Se alguém tem sede, venha ter comigo que Eu lhe darei de beber. Do coração daquele que acredita em Mim, hão-de nascer rios de água viva, como diz a Sagrada Escritura.” (Jo 7,16-38)

– João tenta explicar: “Com estas palavras, Jesus queria dizer que todos os que acreditassem nele, haviam de receber o Espírito Santo. Na verdade, o Espírito Santo ainda não tinha sido enviado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” (Jo 7,39)

– Nós não sabemos o que dizer. Simplesmente, se queria falar no Espírito Santo e não na água, porque não foi mais claro? Mas todo o texto anterior é de uma total confusão. É que afirma, afirma, afirma e… provas das suas afirmações, nada! Parece nitidamente que o Jesus de João estava paranoico, pensando ser Filho de Deus e que Deus o tinha enviado à Terra, não se sabe bem para quê: se para salvar o Homem, se para o redimir dos seus pecados, se para lhe prometer a vida eterna… Ora, caro Jesus, nós exigimos provas de que és Filho de Deus, provas de que foste enviado, certezas do objectivo da tua viagem do Céu à Terra, certezas aonde é esse Céu, certezas sobre esse teu Pai. E disso… NADA NOS DÁS! Apenas... PALAVRAS! Logo, não podemos acreditar em TI!

sábado, 28 de agosto de 2021

Divertimento "intelectual" para férias - 2/2

 

Tema de reflexão:

“Da irritante contumácia dos números que arrasam a nossa capacidade de percepção, à inenarrável beleza/mistério do ADN”

 Do ADN

Único para cada ser vivo. E cada ser vivo parece viver com dois objectivos: 1 – sobreviver e viver todo o tempo que o seu ADN lhe determinou à partida; 2 – transmitir esse seu ADN a novas gerações, para que a espécie, uma vez existente, não se extinga. Tudo em perpétuo movimento, em perpétua mutação, em perpétua transformação, diríamos também, em perpétuo aperfeiçoamento, apesar de, por vezes, haver mutações, malformações, desvios desagradáveis da norma-padrão. Tudo dependendo do habitat espácio-temporal, do gelo ao calor extremo, o que exige adaptações, muitas espécies se extinguindo, outras aparecendo por derivação/adaptação e todas elas, na luta pela sobrevivência, criando mecanismos de defesa dos predadores, os mais sofisticados, seja fungo, animal ou planta.

Funcionalismos à parte, a inenarrável beleza/mistério do ADN está na sua complexidade, na sua variedade, na sua capacidade, na sua origem…, levando os dados a crenças a afirmarem que só Deus – ou uma Mente Superior – o poderia ter criado e ofertado às espécies vivas na Terra e no Universo, onde, sem dúvida, haverá inúmeras formas de VIDA iguais ou semelhantes às da Terra. É que, sendo a Terra um minúsculo pontinho azul perdido no Universo, não há nenhuma razão para julgarmos que só ela é detentora de vida. Uma irracionalidade contra todas as leis das probabilidades…

1 – Complexidade

É imaterial, embora seja criado no acto do nascimento, melhor, no acto da concepção, seja animal, seja planta ou outro qualquer ser vivo. E nesse acto vital, em que duas partículas vivas mas de sinal (género) diferente se juntam, é transmitida toda a carga genética própria de cada espécie, havendo, no entanto, ao longo da vida, possibilidade de mutações/aprendizagens que ditam a sua própria evolução.

Um assombro que nos leva a perguntar: “Como surgiu o primeiro ADN? Houve apenas um ADN inicial do qual derivaram todos os outros, diversificando-se espontaneamente, conforme as circunstâncias espácio-temporais onde apareceu? E como é que uma partícula viva transmite, utilizando o suporte matéria, essa mesma vida, ou seja, o seu ADN animado? E – assombro dos assombros! – leva os dois géneros a unirem-se em tal acto, através da atracção sexual para os animais, ou através do chamamento dos insectos a alimentarem-se na corola das flores e fazerem a polinização, ou, nas herbáceas, criando também rizomas para propagarem a sua espécie mais eficazmente? Ah, que beleza, que complexidade e que… inteligência se manifesta em todos estes actos de perpetuidade!

Tudo depende do modo como percepcionamos a realidade em que nos movemos, do átomo ao Universo, aos elementos da Tabela Periódica, questionando a sua origem. O caso do ADN é exemplar para a afirmação/aceitação de uma Mente que o tenha criado. Mas como definimos essa Mente? Como e onde colocamos a criação do ADN em geral e do ADN próprio de cada espécie de ser vivo, a cada concepção?

Eis uma possível explicação sem atropelar qualquer método científico:

Deus – O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, MATÉRIA E ENERGIA (e não esse SER que remonta ao imaginário da nossa infância bíblica, devido à religião em que nascemos: um velho venerando de longas barbas brancas, abraçando um suposto Filho através das asas de uma pomba, um suposto Espírito Santo…) – Deus manifesta-se em cada partícula existente, quer de matéria quer de energia. O ADN será essa parte de Deus que cada ser vivo possui, sendo o ADN Geral energia disponível e o ADN Individual de cada espécie a energia que a move e que aparece no nascimento, é utilizado, aperfeiçoado e transmitido, enquanto vive, desaparecendo com o desaparecimento do seu suporte material: o corpo.

Aí residiria a beleza última do ser vivo: ser partícula divina! Fantástico, absolutamente fantástico!

2 – A variedade – Quantos milhares de milhões de biliões de espécies vivas haverá, na Terra e no Espaço cujo fim não se consegue percepcionar? – Na Terra, presume-se ter-se já contabilizado um terço ou um quarto das existentes. No Espaço sem fim, obviamente, apontar qualquer número seria absolutamente ridículo.

3 – A capacidade – Espantosa! Quer reprodutiva, quer de adaptação ao meio para a sobrevivência. E é nele que residem e é dele que dependem todas as características psicofísicas do ser vivo: diversos tipos de inteligência, emotividades, caracter, vontade, desejo, luxúria, linguagem, o livre arbítrio…, sendo umas apenas específicas do Homem, outras, observáveis em animais, fungos e plantas…

4 – A origem:

Divina? A tal Mente Superior criadora? Ou resultante da complexa junção de certos elementos químicos que, dispostos numa determinada proporção, sujeitos a determinadas temperaturas, calor e humidade, da matéria inerte produziram vida, sendo capazes de se replicar, transformando átomos inertes, embora cheios de energia, em células vivas, estas, sim, já com o seu ADN?

Parece que as duas hipóteses são complementares, admitindo que essa entidade divina, essa Mente Superior ou esse TODO ONDE TUDO SE INTEGRA tenha dado aos elementos químicos aquela capacidade, naquelas circunstâncias. Afinal, qualquer ser vivo é matéria energizada, um conjunto organizado (e que organização!) de elementos químicos em movimento permanente, nunca sendo, desde que nasce, melhor, que é concebido, exactamente igual a cada minuto que passa, até ao desenlace final… Sempre transformando-se…

Lembremos que a energia que tudo move, do átomo ao Universo, passando por todos os seres vivos, integrando-os, é IMATERIAL e está disponível por toda a parte para ser captada por qualquer elemento de matéria que tiver essa capacidade.

É: o ADN é inquestionavelmente IMATERIAL. Aliás, como suposta partícula divina, não poderia ser outra coisa… E se a MENTE SUPERIOR é o TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, ESPAÇO E TEMPO, MATÉRIA E ENERGIA, cada espécie será um conjunto de partículas divinas, umas imateriais outras matéria que será o suporte visível das primeiras. Ambas de suma importância já que uma não pode viver sem a outra, desde o acto concepcional. Assim, no nosso existir, assim, no nosso desaparecimento, nós que pertencemos ao Tempo: com a morte do corpo, todo o conjunto se acaba. E acaba-se para sempre, transformando-se noutra qualquer realidade que já não nós!...

Que pena, não é?! Mas… deixemos que um largo SORRISO nos inunde lábios e rosto. É que termos vindo à VIDA e podermos pensar tudo isto… VALEU, VALEU mesmo A PENA!

Enfim, sabemos que a Terra, se não for apanhada num qualquer cataclismo cósmico que a destrua, ainda viverá os seus 4.5 mil milhões de anos. Ora a espécie humana, aqui chegada por evolução de um ramo dos primatas, existe apenas há 4 ou 5 milhões. Então, como será ela daqui a, por exemplo, mil milhões de anos? Que seres humanos haverá então, se tudo está em contínua evolução, quer fora quer dentro da mesma espécie? Isto se até lá o Homem não se auto-destruir com as suas ambições desmedidas não olhando a meios poluentes que o matam para atingir fins de ganância e de um suposto bem-estar que nunca poderá ser senão a prazo…

O ADN é a anima (alma/vida ou sopro vital) dos latinos, a psyqué (espírito/razão e emoções) dos gregos. Ele é afinal tudo num ser vivo qualquer que ele seja do micróbio ou ervinha ao maior animal ou árvore existentes à face da Terra. É tudo e comanda tudo no ser vivo. Mesmo o querer dos seres humanos e sua capacidade de optar, de decidir.

Semente que caia à Terra ou peixe fêmea que desove no mar, o ADN daquela tudo fará para dar nova planta, flores e frutos com centenas de sementes…, o ADN deste que já “obrigara” à criação das ovas, ”obrigará”, por impulso irresistível, o respectivo macho a estar por perto e fecundar os ovos lançados na água, dando origem a milhares de novos ADN, todos semelhantes e todos diferentes dos seus progenitores. E tudo num ciclo irreprimível de perpetuidade da VIDA. E tudo se passando, no início, a nível microscópico… Seja mosquito, seja elefante! Ah, que inteligência, que força, que energia e … que BELEZA/MISTÉRIO a destes ADN!

Cada palmo de terra fervilha de Vida. Cave-se e vários organismos visíveis aparecem; os apenas detectáveis ao microscópio podem ser milhares. Todos com o seu ADN específico. Donde lhes veio ele? – Desvendar a origem do ADN é como desvendar a origem da matéria e energia que compõem o Universo. Para este, a explicação do Big Bang é um tanto infantil: baseia-se fundamentalmente no facto observável de estar em expansão. Mas… o que havia antes do Big Bang? Como se formou a tal bola gigantesca que explodiu e lhe deu origem? Que tamanho tinha tal bola para conter toda a matéria e energia que o constituem? Enfim, o que havia antes de tudo o que existe no Espaço e no Tempo?

São perguntas a que ninguém sabe – alguma vez saberá? – responder. A Ciência não é ateia, mas agnóstica: não vai em crenças em poderes de qualquer divindade, simplesmente porque nada é provável nesse domínio do dito sagrado; apenas suposições, fantasias, devaneios, invenções, talvez sonhos ou desejos… E à Ciência só importa analisar e explicar o existente partindo do mesmo existente.

Assim, na análise do ADN. Perguntas poderemos fazê-las; respostas não conseguiremos obtê-las. Fica-nos o maravilhamento perante tão enigmática REALIDADE à qual temos o privilégio de assistir e na qual tivemos o privilégio de participar.

No entanto, temos forçosamente de entrar em PORQUÊS: Porquê um ADN se exprimiu em elefante e daquele modo ou figura? Porquê outro deu formiga trabalhadeira, animal simples como a amiba ou complexo como o ser humano? E ainda outro deu micróbio, vírus, bactéria… cada um com uma espécie de finalidade, melhor, de complementaridade de outros seres vivos, dependendo todos uns dos outros? Porquê houve um ADN que resultou em dinossauros, há muitos milhões de anos?

Realmente, parece que o ADN está disponível em toda a parte e se actualiza neste ou naquele ser vivo conforme o habitat que lhe é oferecido. Aqui na Terra e por todo esse Universo onde haja condições de VIDA! Mas resposta àqueles PORQUÊS, e a tantíssimos outros que poderíamos formular, não cremos que o Homem seja capaz de alguma vez a dar. Mesmo que a sua inteligência atinja níveis de análise e conhecimento quase infinitos…

 

BOAS FÉRIAS! BOAS REFLEXÕES!

Nos tempos que correm, precavendo-nos contra esse meio-ser (por só existir acoplado a uma célula alheia) mas cujo ADN é provido de inteligência suficiente para criar mutações e baralhar os dados dos seus predadores que criaram vacinas para o aniquilar (os humanos) e que dá pelo “simpático” nome de… Covid!

Mais um… MISTÉRIO? Ou a BELEZA da VIDA a manifestar-se?!