quarta-feira, 30 de maio de 2018

O Corpo de Deus, uma festa com sentido?


O corpo de Deus, o meu corpo

Se nada nas religiões faz sentido ou tem sentido, além da emoção de se “ter respostas” para o sofrimento supremo, o Grande Desconhecido e o Além pós-morte, na religião católica, vamos celebrar um non-sense total: o “Corpo de Deus”.  É que, Deus, pela própria definição de Ser Espírito, Infinito e Eterno, não tem corpo. Quando muito deveria dizer-se – aliás é isso que se pretende celebrar – Corpo de Cristo, com base na crença de que Cristo supostamente se actualiza, alma e corpo, na hóstia consagrada em cada missa. Em boa verdade, se Cristo é o Filho de Deus e é Deus com o Pai e o Espírito Santo (no mistério da suposta trindade divina…), dizer Corpo de Cristo será o mesmo que dizer Corpo de Deus. E, assim, temos um Deus humanizado, com um corpo que não se sabe bem o que é mas que se pretende que seja o do seu suposto filho que se humanizou.
No entanto, sejamos claros: 1 – Não merece qualquer credibilidade a afirmação de que Deus seja uno e trino em pessoas. A trindade foi uma invenção dos primeiros padres da Igreja, pegando em algumas afirmações de Jesus e que vêm nos evangelhos, havendo já conhecimento de outras trindades divinas, entre as quais a hindu: Brama, Vixnu e Shiva, esta de características bastante diferentes. 2 – É absurdo considerar que Deus tem/teve um Filho, pela sua própria essência de Ser Único, Infinito e Eterno. 3 – É não menos absurdo pensar que Deus, a um dado momento da História da humanidade, se tenha lembrado de querer salvá-la de um suposto pecado original, pecado que, a não ser remido, a condenaria à morte eterna. 4 – Ainda mais absurdo é Deus ter feito encarnar esse seu Filho e condená-lo depois ao suplício mais atroz do seu tempo, considerando-o acto de sofrimento necessário para a redenção do Homem. 5 – Também é absurdo que Deus só se tenha lembrado de salvar a humanidade, há cerca de dois mil anos, quando o Homem existe há uns quatro milhões… 6 – E absurdo dos absurdos é atribuir sentimentos a este Deus que necessita de actos de redenção, sendo o seu suposto filho chamado de Redentor, cognome que conservará enquanto houver cristandade.
Tudo isto – que, em parte, se repete no Credo católico que se reza nas missas – é sequência dos ensinamentos da Bíblia – Antigo e Novo Testamento – ensinamentos que, como temos vindo a provar ao longo destes anos, aqui no blog, não merecem qualquer credibilidade. É que não houve nem Adão nem Eva, nem Paraíso nem serpente, nem Maçã proibida, nem pecado original nenhum, sendo tudo fantasiado pelos judeus escritores ou colectores de histórias orais da cultura da sua época. Pois o que sabemos, com bastante certeza científica, é que o primata Homem veio por evolução duma estirpe dos da sua espécie. Mais nada!
Ora, sendo pura fantasia o que a Bíblia narra e baseando-se as religiões cristãs na mesma Bíblia, teremos de concluir, com a honestidade intelectual que é nosso timbre, que toda a construção religiosa não passa também ela de fantasia. Infelizmente, fantasia imposta aos crentes como a Verdade Absoluta.
E aí temos a Festa do Corpo de Deus!
E o meu corpo? – Esse, sim, esse é real! E é por ele que eu vivo, é ele que me permite pensar, amar, emocionar-me. É ele que me dá tudo o que tenho, numa inseparável dicotomia com a alma ou o espírito que não é mais do que o cérebro, onde todas as prerrogativas da alma ou do espírito se localizam: vontade, inteligência, raciocínio, consciência, capacidades cognitivas e de linguagem, sentimentos de amor ou ódio, de inveja ou egoísmo.
Assim sendo, no dia do Corpo de Deus, esqueçamo-nos desse corpo inexistente e cuidemos do nosso, pois, cuidando dele, cuidamos da Vida a que tivemos o privilégio de aceder, nesta saga misteriosa que contempla o Universo onde nos integramos, donde viemos e para onde voltaremos, após o termo dos nossos dias, no eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso. Lindo, não é?!
Então, viva o SORRISO!

domingo, 27 de maio de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 174/?


À procura da VERDADE no livro de DANIEL
3/4


A deliciosa história da “Casta Susana”:
- “(…) Joaquim (…) tinha casado com uma mulher de nome Susana 
(…) que era muito bonita (…). Joaquim era muito rico e tinha um 
grande jardim ao lado da sua casa. Os judeus costumavam reunir-se 
ali (…). Nesse ano, tinham sido nomeados dois juízes, chefes de 
família conselheiros do povo (…). Eles frequentavam a casa de 
Joaquim. 
(…) Depois de o povo se ter ido embora (…), Susana saía para 
passear no jardim (…). Os dois anciãos (…) começaram a 
cobiçá-la. (…) Estavam totalmente apaixonados por ela (…) 
(com) desejos de manter relações sexuais com ela. (…) Ambos 
esperavam uma ocasião oportuna, quando um dia ela (…) teve 
vontade de tomar banho no jardim (…) Não havia mais ninguém 
a não ser os dois anciãos que estavam escondidos, a observar Susana. 
(…) As empregadas fecharam os portões do jardim e saíram (…) 
Os dois homens (…) foram ao encontro de Susana e disseram-lhe: 
(…) Nós desejamos-te. Aceita e entrega-te a nós. Se não aceitares, 
vamos acusar-te, dizendo que um jovem estava aqui contigo e que foi 
por isso que mandaste embora as empregadas. Susana deu um 
suspiro e disse: A coisa está complicada para mim de todos os 
lados: se eu fizer isso, estou condenada à morte; se o não fizer, sei 
que não conseguirei escapar das vossas mãos. Mas eu prefiro 
dizer “Não!” (...) Então, os dois anciãos contaram a sua história. (…) 
No outro dia, quando o povo se reuniu na casa de Joaquim, (…) 
disseram: Chamai Susana (…). Aqueles malvados mandaram 
tirar-lhe o véu (…) só para poderem inebriar-se com a sua beleza 
(…), puseram as mãos sobre a cabeça de Susana (…) e disseram: Nós 
andávamos a sós pelo jardim, quando chegou Susana com duas 
empregadas. Depois ela fechou os portões do jardim e mandou as 
empregadas embora. Então um jovem foi ao seu encontro e 
deitou-se com ela. (…) Ao ver essa imoralidade, corremos para junto 
deles. Vimos os dois agarrados um ao outro, mas não pudemos 
segurar o jovem, que (…) fugiu. Segurámos Susana e perguntámos-lhe 
quem era o jovem mas ela não quis dizer-nos. (…) A assembleia 
(…) condenou Susana à morte. Então Susana disse em alta voz: Deus 
eterno, (…) Tu sabes muito bem que eles deram falso testemunho contra 
mim (…) Ao ser conduzida para a morte, o Senhor despertou o santo 
espírito de um jovem de nome Daniel. Ele gritou forte: Eu não tenho 
nada a ver com a morte dessa mulher. Estou inocente.” (…) Todo o 
povo se apressou a voltar para trás. (…) Daniel disse: Afastai-os um 
do outro que eu vou interrogá-los. (…) (E) disse a um deles: Homem 
envelhecido, (…) se realmente os viste, diz-me: debaixo de que 
árvore os viste abraçados? Ele respondeu: Debaixo de um lentisco. (…) 
Depois de o mandar embora, Daniel pediu para trazerem o outro. (…) 
Diz-me: debaixo de que árvore os viste abraçados? Ele respondeu: 
Debaixo de um carvalho. (…) Depois, todos se ergueram contra os 
dois anciãos, pois pelas suas próprias bocas, Daniel tinha provado que 
eles estavam a mentir. (…) E foi assim que (…) os condenaram à 
morte e salvaram uma pessoa inocente. (…)” (Dn 13)
- O conto é… perfeito! O relato é sóbrio de meios, sem artifícios, claro. 
Uma pequeníssima novela com intriga bastante, que valeu a pena ler 
na íntegra. E comenta-se: “O objectivo da narrativa é mostrar que 
Deus não abandona os inocentes que clamam por Ele.” (ibidem). 
De acordo, claro. Mas… que fazemos com esta bela história exemplar 
da suposta protecção divina? Aliás, porque apelar para uma protecção 
divina e não referir apenas um Daniel inspirado que soube usar uma 
artimanha para condenar quem deveria ser condenado, fazendo-se 
justiça? Tal interpretação é muito mais humana e muito mais credível.  

sábado, 19 de maio de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 173/?


À procura da VERDADE no livro de DANIEL
2/4

- “(…) Eu, Daniel, tive uma visão (…): Ouvi dois santos que conversavam 
(…) ouvi uma voz que gritava: Gabriel, explica-lhe a visão. (…) Ele disse: 
Homem, fica a saber que esta visão se refere ao tempo final (…) Eu vou 
explicar-te o que acontecerá no tempo final da ira (…)” (Dn 8)
- Comenta-se: “Mais uma visão simbólica da História (vv 2-14) explicada 
por um anjo…” (ibidem)
- Estamos perante o fantástico ou a fantasia: visão, santos, anjo, tempo 
final da ira… que, obviamente, não merece qualquer credibilidade, pois 
tudo fazendo parte do imaginário religioso, desde a antiguidade.
- “Não obedecemos a Javé, nosso Deus (…) Então, caíram sobre nós as 
maldições (…) Ouve, Senhor! Perdoa, Senhor! (…) Eu ainda estava a 
fazer a minha súplica, quando Gabriel, o homem que eu tinha visto no 
começo da visão, veio em voo rápido para perto de mim.” (Dn 9)
- A fantasia continua… E que dizer desta trilogia sempre presente em 
toda a Bíblia: pecado-castigo-súplica? Aparatoso é o voo rápido do anjo 
Gabriel! Aliás, voou donde? Veio de que céu?… É o imaginário do 
autor, na sua plenitude. Aliás, inventar anjos é como inventar uma 
qualquer personagem para um qualquer romance.
- “(…) Certa mensagem foi revelada a Daniel (…). Levantei os olhos e 
vi: era um homem vestido de linho e que tinha à cintura um cinturão de 
ouro puro; o seu corpo era como uma pedra preciosa e o seu rosto como 
um relâmpago; os seus olhos eram como lâmpadas acesas e os seus 
braços e pernas tinham o brilho do bronze polido; a sua voz parecia o 
clamor de grande multidão. (…) Ele disse-me: Daniel, homem querido, 
(…) fica de pé pois foi Deus que me enviou a ti.” (Dn 10)
- A fantasia não tem limites: tudo pode ser inventado. A designação de 
“homem querido” um tanto comprometedora... E, obviamente, é do 
puro imaginário que faz parte este anjo enviado por Deus.
- “Agora, vou contar-te a verdade (…) Então, chegará o fim. Naquele 
tempo, (…) muitos que dormem no pó despertarão: uns para a vida 
eterna, outros para a vergonha e infâmia eternas.” (Dn 11 e 12,1-5)
- Ora, aí temos a… eternidade! E, com ela, a ressurreição dos mortos e 
um céu ou um inferno… eternos! Diz-se, em comentário: “Este é um 
dos grandes textos do Antigo Testamento sobre a esperança na 
ressurreição da carne.” (ibidem) No entanto, vemos apenas afirmações, 
apenas palavras, apenas a expressão de um desejo final de justiça com 
um céu para os bons e um inferno para os maus. Provas concretas, 
nenhumas. Por isso, nada valem! E será intelectualmente desonesto 
afirmar tal como verdade ou a VERDADE do nosso fim último. 
Resta-nos alimentar o desejo de nos prolongarmos para além da 
morte…
Mas, regressando ao real humano, debruçar-nos-emos, na próxima 
dissertação, sobre uma das mais belas histórias da Bíblia, 
deliciosamente edificante, a da casta Susana.

sábado, 12 de maio de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 172/?


À procura da VERDADE no livro de DANIEL
1/4

- Diz-se na Introdução. “O livro de Daniel é um escrito apocalíptico
Surge no século segundo a.C., quando a comunidade está a ser 
perseguida e em crise. Nesta luta sem esmorecimentos, há uma 
profunda convicção de fé: o único poder é o de Deus e só Ele é 
o dono da História. (…) E para aqueles que morrem nesta luta, 
sabendo escolher o caminho da justiça, descortina-se a esperança 
maior: a ressurreição (Dn 12,1-3)” (ibidem)
- Mais uma vez, o tema da ressurreição… Conta-se em 1Reis, 17.17-24, 
a ressurreição do filho da viúva; em 2Reis, 4.32-37, a ressurreição da 
mulher Sunamita; e, em 2Reis, 13.20-21, a ressurreição do homem que 
caiu na sepultura de Eliseu. Analisámos tais narrativas, ao abordarmos 
esses livros. Vamos, agora, analisar o que nos diz Daniel acerca deste 
assunto que será a força central da futura religião: o cristianismo, 
levando Paulo a dizer: “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa Fé.” 
Simples esperança ou… realidade?

- “Aos quatro jovens Deus concedeu o conhecimento e a compreensão 
de toda a literatura e também sabedoria. A Daniel, especialmente, deu 
dom de interpretar visões e sonhos.” (Dn 1,17)
- E foi assim que Daniel não só conseguiu adivinhar o sonho que 
Nabucodonosor teve, como dar-lhe satisfatória e lisonjeira 
interpretação: Nabucodonosor seria a cabeça de ouro da estátua e o 
rei actual, Antíoco IV, o barro.
A propósito, comenta-se: “É provável que este aparente recuo aos 
tempos do lendário soberano da Babilónia seja mensagem cifrada 
dirigida aos judeus que experimentam a opressão de Antíoco IV, 
no século II a.C.” (ibidem)
A invenção literária tanto do sonho como da sua interpretação é 
sem dúvida magistral para, cifradamente, chegar ao barro que era o rei 
Antíoco. Mas parece ter-se esquecido que foi Nabucodonosor que 
provocou o exílio do povo judeu na Babilónia, exílio que se prolongou 
por uns oitenta anos…
- “Então o rei Nabucodonosor deitou-se com o rosto por terra na 
frente de Daniel, mandando oferecer-lhe sacrifícios e queimar-lhe 
incenso.” (Dn 2,46)
- Não exagerou o autor ao elevar Daniel ao estatuto de divindade, 
perante a qual o rei se prostra?!
- “(…) Todos deveis prostrar-vos para adorar a estátua de ouro erguida 
pelo rei Nabucodonosor. Quem não se prostrar e não adorar será 
imediatamente lançado na fornalha ardente. (…) Alguns caldeus foram 
denunciar os judeus (…) Então amarraram-nos com as suas túnicas 
(…) e atiraram-nos à fornalha ardente. Como (…) o fogo da fornalha 
era extremamente forte, aconteceu que as labaredas de fogo mataram 
aqueles que nela lançaram Sidrac, Misac e Abdénago. (…) O Anjo do 
Senhor, porém, tinha descido à fornalha (…) Os três cantavam hinos:  
Bendito és Tu que sondas os abismos, sentado sobre os querubins (…) 
Anjos do senhor, bendizei o Senhor (…) Dai graças ao Senhor porque 
Ele é bom. Louvai e exaltai o Senhor para sempre. (…) Nabucodonosor 
disse então: Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que 
mandou o seu Anjo libertar os seus servos que nele confiaram.” (Dn 3)
- Voltam a aparecer o Anjo de Javé e os querubins que suportam o trono 
do Altíssimo, ambos, anjos e querubins, obviamente, invenções de 
fantasias celestiais, imitando, na perfeição, reis e príncipes da Terra nos 
seus palácios, rodeados de servos e servas…
- “O meu Deus mandou o seu Anjo para fechar a boca dos leões e eles 
não me incomodaram (…)” (Dn 6,23)
- A história de Daniel na cova dos leões é conhecida. Mas talvez seja 
mais uma fantasia do escritor não tendo havido nem Daniel, nem 
os seus companheiros, nem fornalha, nem cova de leões. E, a ser 
verdade, estaremos perante um milagre, mais um dos muitos que vêm 
narrados na Bíblia, sobretudo no NT. É pena que não tenha havido mais 
milagres desde esses tempos não muito distantes - 2 a 3 mil anos 
apenas! e que os crentes os tenham de aceitar como tal. Terão?! Logo 
a seguir, em Dn 7, Daniel desvenda outro sonho do rei da Babilónia,
não sabemos se por habilidade se por… inspiração divina. Ou será 
mais uma invenção do escritor com intuitos puramente literários, 
usando o religioso como leitmotif...



sexta-feira, 4 de maio de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 171/?


À procura da VERDADE em EZEQUIEL 
13/13

- “Darás aos sacerdotes levitas, aos da família de Sadoc, que se 
aproximam de Mim para Me servirem - oráculo do Senhor Javé - 
um novilho para o sacrifício pelo pecado. (…) Queimá-lo-ás no 
lugar do Templo que foi destinado para isso (…). Oferecerás um 
bode perfeito como oferta pelo pecado (…). Oferecerás um 
novilho perfeito e um carneiro perfeito (…) Durante sete dias, 
diariamente, sacrificarás um bode pelo pecado e, além disso, 
sacrificareis também um novilho e um carneiro do rebanho, 
todos perfeitos (…). Do oitavo dia em diante, os sacerdotes 
oferecerão sobre o altar os seus holocaustos e sacrifícios de 
comunhão e Eu ser-vos-ei favorável (…). Nenhum estrangeiro (…) 
incircunciso (…) entrará no meu santuário (…). Os sacerdotes levitas, 
filhos de Sadoc (…) poderão aproximar-se de Mim para exercer o meu 
ministério e poderão estar de pé na minha presença para Me oferecer 
a gordura e o sangue (…). Os sacerdotes não se casarão com 
nenhuma viúva ou repudiada, mas somente com virgens da 
descendência de Israel. Contudo poderão casar-se com a viúva de 
um sacerdote. (…) Não se aproximarão de um morto para não se 
tornarem impuros. (…) Eles não terão herança em Israel: Eu é que 
serei a sua herança. Eles comerão a oblação, o sacrifício pelo pecado 
e o sacrifício de expiação. A eles pertence tudo o que se consagra (…): 
a primeira porção de todas as primícias, bem como de todas as vossas 
ofertas sejam elas quais forem (…)” (Ez 43-44)
- Tantas ofertas a Javé – melhor, ao Templo e aos sacerdotes! – para 
que Javé fosse favorável, santo Deus! Tantas ofertas para expiar o 
pecado, um pecado inexistente… E que dizer da exclusão dos 
incircuncisos? E onde estava Javé realmente para que os sacerdotes 
estivessem de pé na frente dele para O servirem de gordura e sangue? 
É isto simbólico ou real? Sem dúvida real era o considerarem-se uma 
casta, uma casta à parte! Uma classe que, privando com Deus, não 
poderia “misturar-se” com o povo a quem exigia as oblações. Tudo em 
nome de Javé. E é assim que este Santo Javé é desacreditado pelos 
próprios que O elevam a Deus dos exércitos, ao Senhor dos senhores, 
ao Santo dos Santos…
- “E durante os sete dias da festa, ele oferecerá diariamente sete 
novilhos e sete carneiros perfeitos como holocausto a Javé e também 
um bode como sacrifício pelo pecado. Ele oferecerá também, como 
oblação, quarenta e cinco litros de farinha por cada novilho, quarenta 
e cinco por cada carneiro e sete litros e meio de azeite por cada 
quarenta e cinco litros de farinha.” (Ez 45,23-24)
- Trata-se da festa da Páscoa. Fazendo as contas, isto dará: quarenta e 
nove novilhos, quarenta e nove carneiros, um bode, seiscentos e trinta 
litros de farinha e cento e cinco litros de azeite. Isto não são ofertas, 
são verdadeiros holocaustos, sugando ao povo sangue, suor e lágrimas!
E, não satisfeito, ainda outras ofertas, e todas de animais perfeitos - que 
Javé não se contenta com coxos ou manetas! - são “pretendidas” por 
Javé – melhor, pelos sacerdotes! - nos derradeiros capítulos de 
Ezequiel. Um descrédito total da classe sacerdotal que vivia e se 
alimentava do Templo.
E com todo este aparato de “suaves” odores a gordura e sangue 
dos animais supostamente sacrificados a Javé – enganando-se o povo 
ignorante e crente – chegámos finalmente ao termo da leitura de mais 
um livro bíblico em que procurámos a VERDADE da vida eterna 
prometida pelos que nos dizem que a Bíblia é “Palavra de Deus”. 
Valerá a pena perguntar se a encontrámos?