quinta-feira, 29 de junho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 380/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 74/?

 – Da suposta ressurreição de Jesus, já falámos. Por isso, não nos alonguemos mais. Mas repetiremos que não há nenhum ser vivo que ressuscite porque todo o ser vivo nasce para morrer e se integrar na matéria de onde veio e de que feito. E repetiremos ainda que as narrativas da ressurreição de Jesus não merecem qualquer credibilidade pela mistura caótica do natural e sobrenatural, caos impossível de conciliar com a realidade humana. Por outro lado, isto de apelar para a Fé, quando nada se pode explicar, tem os seus limites. Embora continue válido o princípio de que acredite quem quiser…

– Então, voltemos ao real da História:

Depois de comerem, três vezes Jesus pergunta a Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?» e três vezes Pedro teve de responder: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu Te amo.» (Jo 21,15-17)

– Primeiro, aí temos mais uma vez um suposto ressuscitado a comer, a beber, a falar, com mãos que repartiram o pão e o peixe. Que figura? Que corpo? De carne e osso ou corpo etéreo, corpo que comia mas não comia porque não tinha para onde ir a deglutição, bebia e não bebia, falava e não falava porque não tinha cordas vocais que emitissem sons?!... É um nunca mais acabar de perguntas surreais…

Depois, como se sentiriam os outros discípulos ao ouvirem perguntar se Pedro amava mais Jesus do que eles?… Como se sentiu o próprio João, que se tinha pelo “discípulo que Jesus amava”? Repare-se ainda que Pedro não responde que ama mais Jesus do que os outros o amam.

- E Jesus diz ainda a Pedro: “«Quando eras mais novo, punhas o cinto e ias para onde querias. Quando fores mais velho, estenderás as mãos e outro te apertará o cinto e te levará para onde não queres ir.» Jesus disse isto aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus.” (Jo 21,18-19)

– Quando escreveu o evangelho, João sabia como Pedro tinha morrido: amarrado numa cruz, mas de cabeça para baixo… Considere-se ou não uma alusão ao tipo de morte de Pedro, foi-lhe fácil “inventar” tal interpretação! Não se percebe é porque Jesus ainda ali, despedindo-Se, fala com ele por metáforas! Muito gostava este Jesus de falar por… metáforas, enigmas, parábolas! Não há dúvida de que tal atitude revela incapacidade inata para explicar claramente aquilo que queria apregoar e de que estaria convencido: a vida eterna no Céu para os bons e o Inferno eterno para os maus. Aqui, poderia ter dito simplesmente a Pedro que iria morrer crucificado como ele o foi. Ou então… não dizia nada! No entanto, tudo leva a crer que foi mais uma inventada profecia de João para atingir os seus objectivos apostólicos: vendo nós que se realizou, acreditemos que Jesus é/era/foi o Messias, o Filho de Deus.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Ser ou não ser, eis a questão - To be or not to be that's the question

Os inconvenientes da dúvida metódica cartesiana

 Com a célebre frase “Cogito ergo sum” (Penso, logo existo), Descartes leva-nos ao óbvio: sentir-nos existentes. Mas também à dúvida metódica que, em termos simples, nos diz que só devemos acreditar nisto ou naquilo, depois de termos razões seguras e fundamentadas para o fazer.

Ora, a dúvida metódica não ajuda muito quando se trata das nossas dúvidas existenciais: “o que somos, porque estamos aqui e, sobretudo, para onde vamos”. É a nossa parte racional a reclamar. Para responder a tão magnas questões, as religiões têm apresentado respostas, mas respostas todas baseadas nas emoções, excluindo completamente a razão, razão que, fundamentalmente, é o que nos distingue dos outros seres vivos

Sem respostas racionais mas apenas emocionais, sentimo-nos profundamente frustrados. Na verdade, não aceitamos facilmente que, tendo vindo à VIDA e numa forma racional, depois acabemos para sempre, sem deixar qualquer rasto. Como se nunca tivéssemos existido, sendo absolutamente irrelevante para a Terra, os Céus, o Universo, o Espaço Infinito – DEUS! – que tivéssemos existido ou não! E isto, quer tenhamos sido ou não relevantes para a sociedade, em comandos, inovações, descobertas. Uma vez morto, o EU desaparece para sempre. Então, a pergunta, para a qual não parece haver resposta, é: por que razão temos tanta sede de eternidade?

Por outro lado, os que crêem no transcendente, no espiritual, seja através das religiões, as mais diversas e as mais bizarras ou mais irracionais, seja através de outros movimentos ditos espiritas – obviamente, sem provarem que haja qualquer espírito, qualquer divindade, qualquer transcendente! – os que crêem parecem viver mais felizes, encontrando facilmente explicações para todos os fracassos, todos os sofrimentos da Vida, aceitando-os numa perspectiva transcendental, isto é, esperando uma eternidade onde, enfim, serão felizes para sempre. “For ever!”, diríamos em inglês.

E rezam aos seus deuses ou aos seus espíritos ou aos seus entes que crêem estarem noutra dimensão, no chamado Transcendente, consolando-se com o crerem ser atendidos nas suas preces. Mesmo que o não sejam. Nesse caso, a “culpa” será sempre do que reza, nunca do Transcendente ao qual reza…

Os exemplos são tantos, em todas as “igrejas”, que não vale a pena citar nenhum!

Ora, e EU? O que faço eu com todo este “imbróglio” existencial? Decido-me a acreditar para ser mais feliz nesta vida, que é a certa, ou continuo no meu inveterado racionalismo que não me leva a lado nenhum e não me dá qualquer esperança de eternidade? Melhor, apenas – apenas?! – me leva à talvez única VERDADE absoluta: 

NASCEMOS POR ACASO, VIVEMOS MELHOR OU PIOR, CONFORME A SORTE E AS CAPACIDADES DE INTELIGÊNCIA E EMOÇÃO QUE O NOSSO ADN NOS PROPORCIONOU, E MORREMOS, DESAPARECENDO PARA SEMPRE, SEM DEIXAR QUALQUER RASTO, COMO SE NUNCA TIVÉSSEMOS EXISTIDO.

Eis o dilema: ou creio e tenho alguma esperança numa eternidade com esta identidade que sou, ou não creio e só me resta caminhar, estoicamente, para o desaparecimento eterno, um absoluto NADA.

Perante tal situação, VALERÁ AINDA A PENA SORRIR? – BEM: SEMPRE É MELHOR SORRIR OU RIR DO QUE CHORAR, AH, AH, AH… 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 379/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 73/?

 – Ai o José ou S. José… O velho José, como no-lo pintam para que não tivesse desejos sobre a bela Maria Virgem… Que ingratidão e deturpação da certamente verdadeira história!

José nunca mais foi referido, após ter cumprido a sua missão de criar Jesus e de o levar, fugindo até ao Egipto, aparecendo à procura dele quando, aos doze anos, este não Se importou da aflição em que deixou os pais e Se ficou pelo Templo, ouvindo e discutindo com os doutores, querendo que os Pais, Maria e José, soubessem-adivinhassem que Ele tinha de Se ocupar das coisas do seu Pai e que, nem sequer pedindo desculpas, como qualquer miúdo de doze anos educado faria, disse insolentemente: “Porque Me procuráveis? Não sabíeis que tinha de Me ocupar das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49) Bem-educado, o puto, não acham?!

– A Maria chamaram-na de “Nossa Senhora”. E é a Senhora da Conceição, a Senhora dos aflitos, a Senhora das candeias, a Senhora dos milagres, a Senhora de Fátima, a Senhora de Lourdes, a Senhora do Bonfim, a Senhora da Saúde, a Senhora dos desamparados, a Senhora de e de e de… Um nunca mais acabar de Senhora de tudo e de quanto Lhe quiseram chamar no imaginário devoto dos fiéis que sempre entenderam que sem Maria, o Jesus de palavras de vida eterna não teria existido…

E também há a “Mater dolorosa”, a Pietá… que fazemos chorar pelo Filho que é pregado na cruz, ali em frente dos seus olhos e que, deposto da mesma cruz, Lhe é colocado nos braços, ferindo de dor inaudita o seu amoroso coração… Quem poderá-saberá sentir a dor de mãe, recebendo nos braços o corpo morto de um filho que lhe saiu das entranhas?…

Mas tudo isto e… muito mais que fica por dizer, “simplesmente” porque se disse que Cristo ressuscitou!… Tivera ficado morto, lá no sepulcro, e não passaria de mais um profeta que o povo ou as autoridades mataram, em nome de uma Lei que os judeus escreveram mas parece que nunca souberam interpretar-aceitar com a razão… Aliás, quando se mistura Deus e o Homem, o divino e o humano, o sagrado e o profano, que razão não fica incapaz de pensar para além dos seus limites pouco mais que materiais?

Assim sendo, que pena que não tenhamos quaisquer provas credíveis de que o homem judeu Jesus a quem chamaram de Cristo e Filho de Deus, ressuscitou! É que, assim, todo o homem teria direito a… ressuscitar! Nem que fosse apenas com um corpo glorioso/espiritual, mas sem perder a identidade do que, um dia, foi em vida!

ENFIM, A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER…

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O Corpo de Deus, a Casa de Deus

 

Deus terá corpo e precisará de uma casa?

 Eis duas designações ou expressões que não fazem qualquer sentido. Pronunciá-las, é esquecer deliberadamente – levando os crentes ao engano! – que Deus, por ser infinito e eterno, não pode ter nem corpo, nem casa!

Mas a Igreja católica celebra, com pompa e circunstância, missas, cânticos e procissões, o Dia do Corpo de Deus!

E até é fácil de entender: para quem acredita na tenebrosa – ou simpática? – invenção de que o judeu Jesus é o Cristo, o Filho de Deus Vivo, e numa não menos tenebrosa – ou simpática? – invenção de que, a cada missa, às palavras mágicas do sacerdote “Isto é o meu corpo”, “Isto é o meu sangue”, aquele pedaço de pão e aquelas gotas de vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo – não de Jesus, este já não interessa!... – para os que nisto acreditam, há realmente um corpo que ali fica na hóstia, presa num sacrário, depois de consagrada pelo ministro dito sagrado, sacralidade sem qualquer credibilidade já que lhe foi conferida por um bispo que também não a tem e a este por um papa que de igual modo não a justifica. Ah, que despudorada presunção: pensar que às palavras de um qualquer sacerdote, mesmo pedófilo pecador abominável, o pão se transformava em carne e o vinho em sangue do Cristo!

Enfim, é tudo FÉ!

E o que é da Fé não se discute. Acredita-se e pronto!

Assim, como no campo da Fé, tudo é possível, é inócuo atribuir um corpo a Deus, através do seu Filho que é Deus com Ele – supõe-se, através de outra não menos tenebrosa invenção (cremos que não muito simpática, pois mistério, juntando-se a tantos outros de que a religião lança mão para o que não consegue explicar, quando questionada…) a invenção da Santíssima Trindade.

É realmente interessante que tantos humanos se deixem “levar/conquistar” pela Fé, acreditando em algo que não tem qualquer credibilidade por não ter sido nem provado nem testado, como se exige na boa lógica racional.

E, assim, temos realmente um “Corpo de Deus”! E, claro, podemos fazer-lhe festas e dedicar-lhe um Dia, com pompa e circunstância. Este ano de 2023, é no dia 08/06. E temos feriado! Então, vivam as festas do Corpo de Deus!

Agora, a “Casa de Deus”. Chamam “Casa de Deus” às igrejas. Mais uma expressão nonsense. Se lhes chamassem “casas de oração, casas de recolhimento, casas de meditação, casas do silêncio, etc.”, tudo estaria certo. Agora, “casa de Deus”, não!

Enfim, mais uma vez os crentes, ao ouvirem “Igreja, casa de Deus” pensam que têm ali o corpo de Deus, na forma de hóstia, fechado num sacrário ou relicário e prostram-se perante tal artefacto, e prostram-se perante tantos santos e santas da sua devoção. E vão ali à missa e à reza do terço. Nas mais “modernas”, já se pode ir a um concerto natalício ou pascal, mas clássico. Nada de músicas não “apropriadas”, nem que sejam belas melodias de encantar…

Ai, meu Deus, o que as religiões fizeram de Ti! Como se Tu fosses um joguete nas mãos dos Homens que Te inventaram e que Te deram nomes e que Te construíram santuários! Homens cujos seguidores vivem à tua custa e à custa das crendices que continuam a vender aos seus fiéis. (Salvam-se a s boas acções de caracter social que desenvolvem, com mérito!) E que manifestação de pequenez intelectual, confinando-Te a uma Terra que não é mais do que um pontinho na grandeza do Universo, Universo perdido entre milhares de milhões de outros, no Espaço Infinito que é Deus-Ele-Mesmo, sendo esse, sim, o teu Corpo, esse, sim, a tua Casa! Que tristeza!

É tempo de apresentarmos aqui uma NOVA VERDADEIRA RELIGIÃO. Aparecerá em breve! SURPRESA!...

 


 

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 378/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 72/?

 – O que é certo é que Jesus aí está ressuscitado dos mortos!… - assim o fazem crer as igrejas cristãs aos seus fiéis. Continuando a cumprir as… Escrituras ou… as próprias palavras do mesmo Jesus!

Mas também o que é certo é que não apareceu, ressuscitado, a multidões como nós teríamos feito, para darmos credibilidade urbi et orbi à nossa RESSURREIÇÃO… Ora, se ele não deu credibilidade à sua ressurreição, como e porquê deveremos acreditar nela?!

De qualquer modo, assim foi feita a História que temos e à qual já não podemos fugir e que não podemos alterar, nem o próprio Deus… O que está feito, está feito!… Mas podemos/devemos ir à procura da “verdadeira” Verdade, para não sermos enganados, sejam ou não boas as intenções dos que nos enganam ou tentam enganar!

Como consequência, aí temos um Jesus, consciente ou não do que “Lhe” aconteceria no futuro, nestes dois mil anos após a sua paixão, morte e suposta ressurreição, um Jesus super-star de cinema, pregado nas cruzes das inúmeras igrejas no mundo inteiro, promotor de guerras políticas e religiosas, no seio dos seus próprios crentes, pintado nas duas faces de Deus e Homem, na Terra e no Céu, motor de uma civilização dita de grandes valores, cantado por músicos com as mais belas músicas já alguma vez construídas e inspiradas aos génios musicais da Terra… desde o belo e suave canto gregoriano, aos conjuntos musicais em missas com os kyries, glorias, credos, sanctus, agnus Dei, aos requiems, aos alleluias, aos recitativos e admiráveis corais, em obras sobre a paixão…

… Não falando em representações - pinturas ou estatuária - do Céu e do Inferno, dos Anjos e dos Demónios, dos santos de todos os tempos e lugares e sobretudo da… Virgem Maria que, se durante a vida de Jesus, pouca atenção mereceu da parte dele, não nos dando os evangelhos “boas” notícias a tal respeito, o povo, os crentes, os cristãos todos colmataram tal lacuna de Jesus, dando a Maria um lugar, no coração dos fiéis e nas igrejas muitas vezes parecendo bem mais importante do que é dado ao próprio Jesus que continua quase sempre ali crucificado, doloroso, amachucado, castigado, embora vítima inocente e condenado sem culpa alguma…

Maria aparece em apoteose em anunciação do anjo, grávida de Jesus, parturiente, mãe ali no presépio… Ah, o presépio, como faz as delícias, como fez as delícias dos nossos sonhos de criança!… Que músicas, que festas, que beijinhos naquele pezinho frio da imagem do Menino, tirado da manjedoira, aquecido pelo bafo da vaca e do jumento, aclamado por anjos e pastores, adorado pelos reis Magos, estando discretamente presente o bom do S. José!…

(Continuaremos a falar de José e Maria, no próximo texto)