segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Homem, esse desconhecido?! (2/2)



O HOMEM actual culto sabe que poderá muito bem não ser – 
e certamente não será, pois tudo evolui e caminha não se sabe para 
onde… – o fim da cadeia evolutiva. É que, embora o homo erectus 
exista há cerca de 4 milhões de anos, o homo sapiens sapiens, de 
quem o actual é descendente directo, existe apenas há uns 
cinquenta mil. 
Então, como pensar que é o fim da cadeia evolutiva? 
Aliás, como será o HOMEM daqui a um milhão de anos? 
E daqui a quatro mil milhões, quando a Terra estiver prestes a 
desaparecer, engolida pelo todo-poderoso Sol, já também em 
espasmos de agonia? – Mistério total! Como mistério é a existência, 
primeiro de vida, depois de seres humanos ou parecidos aos 
humanos, em milhares de milhões de planetas que existirão, por 
esse Universo, rodando em torno de alguma dos milhões de 
milhões de estrelas que compõem os milhões de milhões 
de galáxias e se perdem no mesmo Universo…
Portanto, o Homem, para o humano culto, já não é “esse 
desconhecido” dos anos 30 do século passado. Sabemos muito bem 
quem é. Tanto na alma como no corpo, dicotomia clássico-medieval, 
aliás, já não aceite pela Ciência actual. É que, depois da descoberta 
do genoma humano e da sua série sequencial, depois do estudo 
quase exaustivo do cérebro pelos neurologistas – entre os quais 
pontifica o português António Damásio – sabe-se que todas as 
emoções, sejam de amor sejam de ódio, de alegria ou tristeza, de 
inveja ou altruísmo…, estão no cérebro; bem como todas as 
capacidades inerentes à compreensão ou intelectualidade e à 
linguagem. 
A concepção greco-romana, medieval e religiosa de a alma ser o 
“sopro vital” que animava o corpo, definitivamente se perdeu. 
Todas aquelas manifestações “interpretadas” e realizadas pelo 
corpo são elaboradas e processadas dentro do todo-poderoso 
cérebro, cuja evolução, desde o homo erectus até ao 
sapiens sapiensfoi, sem dúvida, notável, distinguindo o Homem 
nitidamente dos outros animais, pela sua racionalidade 
acentuada que lhe permite toda a espécie de raciocínios e 
abstracções, embora esteja tremendamente limitado quanto 
ao conhecimento do Universo, por habitar um Planeta médio, 
planeta que orbita em volta de uma estrela média, 
estrela que faz parte das mais de 200 mil milhões que compõem 
a Galáxia Via Láctea, galáxia que é uma entre milhões de 
milhões de outras que povoam o mesmo Universo…

Perante tamanha VERDADE, resta-nos usufruir da VIDA, d
nossa vida – esta dádiva “divina” que tivemos a sorte de ter – o 
máximo possível, dando e recebendo, espalhando sorrisos e 
alegria por toda a parte, onde não importará o pensamento do 
inexorável desaparecimento eterno, na voragem do Tempo a que 
pertencemos, importando, sim, o momento presente, cada 
momento como se fosse único e irrepetível, olhando mais 
as estrelas do que o pó debaixo dos nossos pés, tentando 
perscrutar para lá desses milhões de milhões de galáxias, até 
aos confins de um Universo que tudo leva a crer que seja infinito… 
Esta, a realidade científica que as religiões ignoram num total 
nonsens, desumanizando o HOMEM!
Em jeito de post-scriptum, é forçoso dizer que, infelizmente, 
dado o estado actual da humanidade em que 95% é explorado 
pelos outros 5%, num contexto de, por um lado, de egoísmo e 
ganância desenfreados, por outro, de incultura, fome e doença, 
não sabemos quando é que o ser humano poderá aperceber-se 
de tal realidade científica, percepção que lhe dará a noção 
exacta do que deve fazer para ser capaz de construir uma 
humanidade de fraternidade universal e equilibrada no controle 
da sua proliferação para poder conviver com o maior 
número possível de espécies de seres vivos que ainda existem 
e não merecem que o mesmo Homem as leve à extinção, 
tornando a Terra muito mais pobre na sua biodiversidade.

Por tudo isto, viva a CIÊNCIA e… o SORRISO!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O Homem, esse desconhecido?! (1/2)

"O Homem, esse desconhecido"

é o título, sem a interrogação, 
de um livro famoso para a época, anos 30
 do século passado, do biólogo francês, Alexis Carrel. 
Não vamos referir-nos ao livro. Vamos analisar, 
racionalmente, a problemática da nossa existência, não 
sendo já o Homem “esse desconhecido”. Ou, se quisermos, 
responder às perguntas que, mais cedo ou mais tarde, 
todos nos faremos um dia: 
“Donde viemos? O que fazemos aqui? Para onde vamos?”
Para tanto, temos duas concepções diametralmente opostas: 
uma das religiões, outra da Ciência ou, mais prosaicamente, 
da razão.
As religiões, criaram a Fé e convidam o Homem a acreditar 
em respostas, como: “Viemos de Deus Criador, estamos aqui, 
na Terra, de passagem para a outra vida, a vida verdadeira, 
a vida eterna e, quando morrermos, teremos o Céu se tivermos 
sido bons, o Inferno, se tivermos sido maus. 
Por toda a eternidade!” 
Tal perspectiva não deixa de ser interessante e até agradável às 
emoções humanas, sobretudo à ideia de justiça, já que, na Terra, 
justiça é “coisa” que  não existe, sendo os maus compensados 
com benesses e os bons com sofrimentos e privações…
No entanto, o Homem, como ser inteligente e com capacidade 
crítica, olha para esta proposta com as reservas que lhe são 
próprias, não podendo deixar de questionar: “Que fundamento 
têm as religiões? Como apareceram e que credibilidade merecem 
para que possamos ter Fé na Fé para a qual nos convidam?”
Infelizmente, a resposta é completamente decepcionante. 
As religiões, quer as arcaicas politeístas (egípcias, fenícias, 
caldaicas, mesopotâmicas) quer as antigas, também politeístas 
(hindus, gregas e romanas), quer as monoteístas (judaica, cristã, 
muçulmana), aparecem aos olhos dos analistas críticos, como 
tendo sido criadas em dados contextos históricos, por gurus 
político-religiosos que se disseram inspirados por Deus e, como tal, 
impuseram aos povos da época – povos quanto mais ignorantes, 
mais crentes! - essas suas criações. Tal como hoje… 
Depois, a História – uma curtíssima História: cerca de dez mil 
anos para os politeísmos, entre três mil e mil e quatrocentos anos, 
para os monoteísmos - com outros seguidores não menos criativos 
do que os primeiros gurus, encarregou-se de exarar em livros os 
conteúdos da Fé, livros a que chamaram de “sagrados” ou 
“inspirados por Deus”, com alindamentos próprios de outros 
crentes imaginativos. 
E, assim, nasceram virgens, olimpos, deuses disto e daquilo, 
anjos, santos, céus com os deuses em seus tronos, infernos com 
os diabos a divertirem-se com as almas dos condenados, pecados 
e ofensas aos deuses - deuses a quem era preciso orar para 
acalmar a sua ira ou pedir o seu auxílio..., milagres inexplicáveis, 
ressurreições, encarnações e reencarnações, juízes finais, 
aparições por aqui e por ali de seres celestes ou alados, paraísos 
com mil virgens para os mancebos terrestres (sendo omissos 
quanto à compensação para o sexo feminino…), purgatórios 
para as almas penarem até ficarem purificadas... e muitas 
outras fantasias que foram – e têm sido! - bem aproveitadas 
pelos descendentes dos primeiros gurus para explorarem os 
crentes que se deixam levar sem se interrogarem, sem 
questionarem. Enfim, uma farsa que, quer queiramos ou não, 
domina o mundo actual. Incompreensível, mas verdade!
Ora a razão, baseada na Ciência e no Conhecimento, vê 
claramente que nada do que as religiões afirmam ou 
apregoam é ou pode ser verdade, muito menos, A VERDADE! 
A Verdade é tão simples quanto isto:
“O HOMEM é fruto da evolução do aparecimento da VIDA 
na Terra, há cerca de 3.500 milhões de anos, tendo conseguido 
uma inteligência superior à dos outros animais, embora 
superior apenas na capacidade de raciocínios abstractos, o que 
o leva a ter uma noção mais exacta do que qualquer outro 
animal, do sentido da vida e da morte, da compreensão do 
Universo e da realidade que o rodeia, exprimindo-se em 
linguagem articulada. Como tal, cada ser humano não é mais 
do que algo que aparece e desaparece, na quadrilogia do nasce, 
cresce, vive e morre, realidade igual à de qualquer outro ser 
vivo ou não vivo, tal como o micróbio, tal como as estrelas.” 
Assim – e ao contrário do que falsamente dizem todas as 
religiões – o HOMEM, como indivíduo, está condenado ao 
eterno desaparecimento, restando dele apenas átomos e 
moléculas que irão integrar-se na Natureza, para fazerem 
parte de outros seres, seres que seguirão o mesmo ciclo que 
nós seguimos, no eterno retorno do mesmo ao mesmo através 
do diverso.

(Conclusão na próxima semana. Não perca!)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 89/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS

O livro dos SALMOS 6/6

- “Javé, o meu coração não é ambicioso (…) Não ando atrás das 
grandezas (…) (Sl 131,1) Realmente, se o Homem não fosse 
ambicioso… demais…, outro mundo teríamos, pois é a demasiada 
ambição que cria todas as injustiças, ódios e guerras. Mas também 
é a ambição do Conhecimento que faz avançar o mundo. Somos 
mesmo contradição!
- “(…) Como é bom os irmãos viverem juntos!” (Sl 133,1) Claro!
- “Ó devastadora (…) Babilónia, feliz quem te retribui o mal que nos 
fizeste!” (Sl 137,8) O ódio num povo em cativeiro é compreensível. 
Mas rezá-lo é muito pouco… divino!
- “Se subo ao céu, Tu lá estás. Se desço ao abismo, lá Te encontro. (…) 
Aqueles que se rebelam contra Ti, eu odeio-os com ódio implacável!” 
(Sl 139,8-21 e 22) Não é possível tal ódio ser do agrado do Deus 
verdadeiro, pois não?!
- “Bendito seja Javé, o meu rochedo, o meu escudo (…) que me 
submete os povos (…)” (Sl 144,1 e 2) É pertinente perguntar: que oração 
seria a destes povos submetidos?!
- “Grande é Javé! (…) Javé é piedade e compaixão, lento para a cólera 
e cheio de amor, (…) é bom (…), compassivo (…), fiel (…), amoroso 
(…), ampara (...), endireita (…), sacia (…), é justo (…), ouve (…), 
guarda (…), vai destruir todos os injustos (…) (Sl 145,3-20) O final 
contradiz o começo. É pena!
- “Louvai a Deus pelas suas façanhas!” (Sl 150,2) Este Deus de 
façanhas não é o que mais convém a um Deus, pois não?!

- Enfim, acabámos! E… não contentes! É que o Deus dos Salmos é um 
Deus bélico, guerreiro, partidário não dos realmente justos mas de um 
povo auto-intitulado de eleito de Javé. Pois não são as vitórias de Israel, 
vitórias de Javé? Não são as suas derrotas fruto da ira de Javé por desmandos 
em adoração a ídolos ou deuses estrangeiros esquecendo a Javé? 
Os salmos são petições, louvores, classificações de Javé que descem da 
sua imensa sabedoria, bondade, amor, fidelidade… à mais tremenda 
ira, cólera, vingança, ódio, na permanente dicotomia justos-injustos 
ou - que vaidade! - povo de Israel-inimigos de Israel. E… desiludidos, 
frustrados, concluímos: mais uma vez, não encontrámos a VERDADE 
num livro da Bíblia que, de certeza, não é de inspiração divina! 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 88/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS

O livro dos SALMOS 5/6

- “(…) Desde sempre Tu existes (…)” (Sl 93,2) “Javé é o Deus 
das vinganças! Aparece, ó Deus das vinganças!” (Sl 94,1) Que tristeza 
este Deus das vinganças…
- “Cantai a Javé um cântico novo! (…) Porque Javé é grande, (…) 
mais terrível que todos os deuses!” (Sl 96,1-4) Então, há outros 
deuses? E também eles são terríveis como este Javé que de Deus nada 
tem?!…
- “Vou cantar o amor e a justiça.” (Sl 101,1) Finalmente! Que bom!
- “Javé, ouve a minha prece (…) Não me escondas a tua face no 
dia da minha angústia.” (Sl 102,2-3) Realmente, quem não quererá 
banir de si o sofrimento? Quem não quererá a intervenção de Deus, 
quando em aflição? E haverá, muitas vezes na vida, outra coisa a fazer 
senão rezar e… esperar?! A mãe que perde um filho, o náufrago que se 
afunda no mar…
- “Bendiz a Javé, ó minha alma! (…) Os dias do Homem são como a 
erva (…) Passa por ela um vento e já não existe (…) Mas o amor de Javé 
existe desde sempre e para sempre existirá para aqueles que O temem.” 
(Sl 103,1-17) Bendizer a Deus é quase instinto das nossas almas, ao 
maravilharmo-nos com tanta beleza que se nos depara, a cada manhã que 
se levanta, a cada pôr do Sol, a cada olhar o firmamento apinhado de 
estrelas. Que o Homem passa como a erva é a pura realidade. A mais certa 
das verdades! Mas porquê mais uma vez o temor, Santo Deus?!
- “Aleluia!” (Sl 106,1 e 48) - Assim começa este salmo e assim termina, 
recontando a história de Israel, com castigos por adorarem ídolos, louvores a 
Javé pelos seus milagres, pelas “suas” vitórias! “Agradecei a Javé porque 
Ele é bom, porque o seu amor é para sempre!” (Sl 107,1)
- “O Senhor está à tua direita e esmagará os reis no dia da sua ira (…), 
amontoará cadáveres e esmagará cabeças (…)” (Sl 110,5-6) Horroroso, 
simplesmente! O que este salmista fez de Ti, meu Deus!
- “O princípio da Sabedoria é o temor de Javé (…)” (Sl 111,10) Obviamente, 
totalmente falso! A não ser que se pense que só com receio do castigo - de 
preferência eterno! - é que se cumpre a Lei e se é bom…
- “Louvai (…) o Nome de Javé! (…) Ele ergue da poeira o fraco e tira do 
lixo o indigente, fazendo-o sentar-se com os príncipes.” (Sl 113,1-8) 
Uma afirmação totalmente gratuita, embora de consolação para o 
desventurado da sorte, pensando que um dia será… príncipe. O problema 
é como! Então, porquê enganá-lo com falsos sonhos, falsas promessas?
- “Como retribuirei a Javé todo o bem que Ele me fez? (…) Vou 
oferecer-Te um sacrifício de louvor (…)” (Sl 116,12 e 17) Retribuir? - 
Deus não precisa de nada, ó Homens! Muito menos de sacrifícios…
- “Eu grito por Ti: salva-me! Eu guardarei os teus (...) mandamentos. (…)” 
(Sl 119,146-176) É o mais longo e o mais repetitivo dos salmos: muito 
lamento, muita ira e… pouco amor!
- “Para Ti eu levanto os meus olhos (…)” (Sl 123,1) “Paz sobre Israel!” 
(Sl 125,5) O céu é sempre um apelo, não é? Mas, a paz…, a História revela 
que esta oração nunca teve efeito. Porquê?

- “Se Javé não guarda a cidade, em vão vigiam os guardas!” (Sl 127,1) 
Talvez seja o contrário: “Deus ajuda a quem se ajuda”!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AR) - 87/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS

O livro dos SALMOS 4/6

- “Aniquila-os, Javé, pela tua fidelidade! Eu Te oferecerei um sacrifício (…)” 
(Sl 54,7-8). Então, ainda não ouvimos, ainda há pouco, dizer que Javé não 
quer holocaustos nem sacrifícios? (Sl 40, 6-7) É este um Javé mutante?
- “Caia sobre eles a morte (…) Quanto a mim, eu confio em Ti!” 
(Sl 55,16 e 24) “Ó Deus, derruba com a tua ira os povos!” (Sl 56,8) O
 ódio sempre presente…
- “Do céu, Ele me enviará a salvação, confundindo os que me atormentam!” 
(Sl 57,4) “Ó Deus, quebra-lhes os dentes na boca! (…) Que o justo se 
alegre ao ver a vingança e lave os seus pés no sangue do injusto.” 
(Sl 58,7-11) Desta vez, ultrapassaste-te, ó salmista, em… inspiração 
diabólica, não foi?! Que Deus será este que tal súplica ouve? Se é que 
ouve, calro!...
- “(…) A Ti, Senhor, pertence o amor, porque Tu pagas a cada um 
conforme as suas obras.” (Sl 62,13) Obviamente que esta afirmação é 
falsa. Job que o diga!
- “Ó Deus, (…) a minha alma tem sede de Ti, a minha carne 
deseja-Te com ardor (…) Os inimigos serão entregues à espada (…)” 
(Sl 63,2 e 11) Aqui, é o místico, o sensual e… o ódio ao inimigo: bela 
trindade!…
- Agora, três salmos, com cinco toadas: 1 – de Louvor: “Ó Deus, Tu 
mereces (…) Tu és a esperança (…) Acalmas (...), fazes gritar de alegria (…). 
Cuidas da Terra (…)” (Sl 65,2-10) “Aclama a Deus, Terra inteira! (…)” 
2 – de Castigo: (…) “Deixaste que os homens cavalgassem o nosso 
pescoço (…)” 3 – de Holocausto: “Vou oferecer-Te (…) imolar bois e 
cabritos.” 4 – de Atendimento: “A minha boca gritou (…) Deus 
escutou-me.” (Sl 66,2-19) 5 – de Súplica: “Deus tenha piedade de nós (…) 
Que todos os povos Te louvem, ó Deus (…) Que Deus nos abençoe e 
todos (…)” (Sl 67,2-8) Interessante, mas…
- “Salva-me, ó Deus! (…) Mais que os cabelos da minha cabeça são 
aqueles que me odeiam (…), me atacam (…), riem-se de mim (…) 
Liberta-me dos meus inimigos (…) derrama sobre eles o teu furor e o 
ardor da tua ira os atinja (…) Risca-os do livro dos vivos! (…) Que a tua 
salvação, ó Deus, me proteja.” (Sl 69,2-30) Nada de novo: o mesmo 
ódio ao inimigo.
- “Vede! Para eles não há tormentos e o seu corpo é sadio e robusto. 
(…) E dizem: Como pode Deus saber? Existe conhecimento no 
Altíssimo? Aí está! Os injustos são assim e, tranquilos, acumulam 
riquezas! De facto, (…) Tu desprezas a imagem deles” (Sl 73,4-18) 
Uma conclusão totalmente gratuita e contraditória com o antecedente.
- “Tu és terrível! Quem pode resistir à tua frente, quando ficas irado?” 
(Sl 76,8) Mais uma vez – que saturação! – aparece o Deus terrível e… 
irado! Que Deus tão apoucado, este Deus da Bíblia!
- “(…) Javé,…) ficarás irado até ao fim? O teu ciúme vai arder como 
fogo? (…) Aos nossos vizinhos, devolve sete vezes a afronta com que Te 
afrontaram, Senhor!” (Sl 79,5-12) Ira! Ciúme! Vingança! Como, ó 
Javé, Te fizeram tão humano e… vingativo!
- “Ah, se o meu povo me escutasse (…) Eu derrotaria os seus inimigos (…)!” 
(Sl 81,14) Desde sempre que as derrotas de Israel são atribuídas aos seus 
pecados, à sua adoração aos ídolos.
- “Deus levanta-se (…): Até quando julgareis injustamente sustentando a 
causa dos injustos? (…) Embora vós sejais deuses, e todos filhos do 
Altíssimo, morrereis como qualquer homem. Vós, príncipes, caireis 
como qualquer outro.” (Sl 82,1-7) Deuses e filhos do Altíssimo, reis 
e príncipes? Enfim, não dá para entender…
- “Inclina o teu ouvido, Javé, (…) tem piedade (…) és bom (…), perdoas 
(…), és cheio de amor (…), sem igual (…), fazes maravilhas (…) lento 
para a cólera, cheio de amor e fidelidade (…)” (Sl 86,1-15) Bonito, mas 
continua tão humano este Deus que faz maravilhas!
- “E de Sião se dirá: Ela foi fundada pelo Altíssimo em pessoa.” (Sl 87,5) Que 
imodéstia! E… que falsidade!
- “De entre os seres divinos, quem é como Javé? Deus é terrível no conselho 
dos anjos, grande e terrível com toda a sua corte. Javé dos exércitos, quem é 
igual a Ti? (…) Javé, até quando Te esconderás? Até quando arderá o fogo 
da tua cólera?” (Sl 89,7-8 e 47) O mesmo Javé terrível de sempre… 
Que tristeza!

- “Mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que já passou (…) A tua 
ira consumiu-nos e o teu furor transtornou-nos (…) Setenta anos é o tempo 
da nossa vida, oitenta anos se ela for vigorosa (…) Alegra-nos pelos dias em 
que nos castigaste.” (Sl 90,4-15) Já se vivia tanto naquela época?...