quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 327/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 22/?

 – Se pensávamos que as palavras enigmáticas tinham acabado, enganámo-nos! Após narrar dois milagres, o da multiplicação dos pães e o de Jesus ter caminhado por sobre as águas, João volta a surpreender-nos com as palavras de Jesus:

“Vós procurais-Me porque comestes até ficardes satisfeitos e não por compreenderdes o significado dos meus milagres. Trabalhai não pelo alimento que se acaba, mas pelo alimento que dura para a vida eterna. Esse é o alimento que o Filho do Homem vos há-de dar porque Deus, o Pai, Lhe concedeu esse poder. (…) A vontade de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou. (…) Não foi Moisés que vos deu o pão que veio do Céu. Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu, porque o pão de Deus é aquele que desce do Céu e que dá a vida ao mundo. (…) Eu sou o pão da vida. Quem vem a Mim, nunca mais terá fome e quem acredita em Mim, nunca mais terá sede. Eu já vos disse: vós vistes-Me e não acreditastes. Todos aqueles que o Pai me dá virão a Mim. E Eu nunca rejeitarei aquele que vem a Mim, pois Eu desci do Céu, não para fazer a minha própria vontade mas para fazer a vontade daquele que Me enviou. E a vontade daquele que Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele Me deu, mas que Eu os conduza à vida eterna. Esta é a vontade de meu Pai: que todo o Homem que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. (…) Ninguém pode vir a Mim se o Pai que me enviou o não trouxer. E Eu lhe darei a vida eterna. (…) Todo aquele que escuta o Pai e recebe a sua instrução vem a Mim. Não que alguém já tenha visto o Pai. O único que viu o Pai é aquele que vem de Deus. Eu vos garanto: aquele que acredita em Mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e no entanto morreram... Eis aqui o pão descido do Céu. Quem dele comer nunca morrerá. (…) Eu sou esse pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá para sempre. E o pão que Eu dou é o meu próprio corpo, oferecido para que todos tenham vida. (…) Eu vos garanto: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em Mim e Eu nele. E como o Pai, que vive, me enviou e Eu vivo por Ele, assim aquele que Me receber como alimento viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu. Não é como o pão que os vossos pais comeram e depois morreram. Quem come deste pão viverá para sempre.” (Jo 6,26-58

– Mais um longo texto! O nosso pedido de desculpas, mas tinha de ser. Texto fastidiosamente repetitivo. De difícil entendimento. Teríamos de ser Deus para o entender!… E teríamos de escrever várias páginas para tentar desbravá-lo.

É! Que alimento é esse que dura para a vida eterna? Quando é que o Filho do Homem nos vai dar tal alimento, dando-Lhe o Pai tal poder? O que é realmente a vontade de Deus: acreditar num Filho que não sabe dizer senão que temos de acreditar nele porque foi enviado pelo Pai? Mais uma vez, palavras apenas?

E quem entenderá o que é realmente aquele pão descido do Céu? Quem?

E o que é ir a Jesus para nunca mais ter fome nem sede?

E quem é que o Pai vai dar a Jesus, não podendo este rejeitar nenhum deles porque não vem fazer a sua vontade mas a vontade do Pai? Que Filho de Deus é este que não pode ter a mesma vontade do Pai, com o qual tem de fazer uma unidade, senão teríamos dois deuses: um Deus-Pai e um Deus-Filho?!

E como é que Jesus iria perder algum daqueles que o Pai lhe dera? Não sabemos é como Jesus vai ressuscitá-los no último dia – que também não sabemos quando é – e levá-los para a vida eterna…

Enfim, teremos de repetir a pergunta, porque Jesus insiste: O que é realmente o pão descido do Céu? Como poderemos comer dele para nunca mais morrermos, como os nossos antepassados, se não sabemos que pão é? Se Jesus se ficou pelas palavras?…

Depois, como se afirma Filho de Deus, afirma-Se como o único que viu o Pai… Então, como poderemos acreditar neste Jesus que assim Se afirma, com tanta convicção mas apenas por… palavras?

Maior confusão-enigma ainda: o pão que Jesus dá é o seu próprio corpo…

E quem não comer da sua carne e beber do seu sangue, não tem a vida eterna!… O que é realmente comer da carne e beber do sangue de Jesus? Quem no-lo poderá dizer? Porque não falou Ele claramente? Ou… pensou que falava claramente?

– Não! Tal como nós, hoje, também os do seu tempo que O ouviam não entenderam e muitos dos discípulos desacreditaram nele: “O que Ele diz é difícil de aceitar. Quem pode continuar a ouvir tais coisas?” (Jo 6,60)

Enfim, o que é o Céu para Jesus?!

sábado, 23 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 326/?

 

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 21/?

 – Mas o enigma continua ou… repete-se: “Eu não posso fazer nada por Mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto de meu Pai e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas sim a vontade daquele que Me enviou. Se dou testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho não tem qualquer valor. Mas há Outro que dá testemunho de Mim e sei que o testemunho que Ele dá de Mim é verdadeiro. (…) Eu tenho um testemunho ainda maior que o de João Baptista: são as obras que o meu Pai Me encarregou de realizar. As obras que Eu faço dão testemunho de Mim e mostram que o Pai me enviou. (…) Vós nunca ouvistes a voz de Deus nem vistes a sua face. Desse modo, a sua palavra não permanece em vós, porque não acreditais naquele que Ele enviou. Vós estudais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de Mim e, apesar disso, vós não quereis seguir-Me para terdes a vida eterna. Eu não procuro elogios dos Homens. Quanto a vós, sei muito bem que não amais a Deus. Eu vim em nome de meu Pai e vós não quereis receber-Me. Mas se outro vier em seu próprio nome, vós já o recebereis. Como é que podereis acreditar em Mim, se viveis a elogiar-vos uns aos outros e não buscais a glória que vem de Deus-Pai? Não penseis que vos vou acusar diante de meu Pai. Já existe alguém que vos acusa: é o próprio Moisés em quem pondes a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em Mim porque foi a respeito de Mim que Moisés escreveu. Mas se não acreditais naquilo que ele escreveu, como ireis acreditar nas minhas palavras?” (Jo 5,29-47)

– Perdoem-nos ter-nos alongado. O texto é cheio de… desentendimentos. Por isso, perguntamos: “Porque não pode o Filho fazer nada só por Si? O que escuta o Filho do Pai? O que é não fazer a sua vontade e fazer a vontade do Pai? Porque não pode dar testemunho de Si e tem de ser o Pai a dar esse testemunho, nada valendo o que o Filho dá de Si? Que obras dão testemunho de Jesus? Os milagres? Não fez Eliseu também tantos milagres sem no entanto se “arvorar” em Filho de Deus? Ou os milagres de Cristo têm credibilidade e os de Eliseu, não? Como é que se pode acreditar nas palavras de Jesus, dizendo que foi o Pai que O enviou, se Ele próprio nos diz que não ouvimos a sua voz nem vimos a sua face? Como podemos ter a certeza absoluta de que as Escrituras dão testemunho dele? Novamente porque Ele o afirma?”

– E novamente a afirmação da vida eterna tendo de seguir-se Jesus para a alcançar, sem sabermos o que é realmente seguir Jesus…

Depois, o que é buscar a glória que vem de Deus? O que é “acusar diante de meu Pai”? Porque é que Moisés é aqui chamado para condenar os doutores da Lei que parecem desconhecer que alguma vez ele tenha falado deste Filho de Deus?

Realmente, os doutores da Lei não o entenderam e… mataram-no! Nós também não o entendemos… mas não O “matamos” porque continua a ser a nossa única esperança de percebermos se temos ou não uma vida eterna, pelo menos nas suas palavras!...

– Esta longa e enigmática conversa de Jesus com as autoridades judaicas, desencadeada pela cura em dia de sábado, não é referida por nenhum dos outros evangelistas. Certamente a dificuldade de entendimento e de reprodução fiel das palavras e das ideias tê-los-á coibido de fazê-lo. Não sabemos é se João - o velho João - nos teria dado as palavras certas de Jesus Cristo… E somos levados a concluir, com elevadíssima probabilidade de certeza, dado o silêncio dos outros evangelistas, que todo aquele discurso não foi de Jesus mas inventado por João, já se arvorando em teólogo da nova religião ressurgente, baseada em Jesus a quem fizeram de Cristo, o Messias, o Filho de Deus.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 325/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 20/?

 – As palavras que se seguem, postas por João na boca de Jesus, são, infelizmente, enigmáticas, embora pareçam claras como água… Senão, oiçamos: “Ficai sabendo que o Filho nada pode fazer só por si. Faz apenas o que vê fazer ao Pai. O que o Pai faz o Filho também o faz. O Pai ama o Filho e por isso mostra-Lhe tudo quanto faz. E mostrar-Lhe-á obras ainda maiores, que vos deixarão admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, assim também o Filho dá a vida a quem Ele a quiser dar. O Pai não julga ninguém. Ele deu ao Filho todo o poder de julgar, para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho também não honra o Pai que O enviou. Eu vos garanto: quem ouve a minha palavra e acredita naquele que Me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, porque já passou da morte para a vida. Digo-vos mais: chegou a hora em que os próprios mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: aqueles que ouvirem a sua voz terão a vida. Como o Pai é a fonte da vida, concedeu ao Filho o poder de dar a vida. Deu-Lhe ainda o poder de julgar porque é o Filho do Homem. Não fiqueis admirados com isto, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal vão ressuscitar para a condenação. (Jo 5,19-29)

– Longas e… enigmáticas palavras! Espanta é a firmeza-determinação com que Cristo as pronuncia.

Infelizmente, são declarações que não se entendem: o Filho nada poder fazer… fazer apenas o que vê fazer… o Pai mostrar ao Filho tudo quanto faz… e mostrará ainda obras maiores que nos vão deixar admirados…

Depois, o Pai a ressuscitar os mortos e o Filho… também… mas só a quem Ele quiser…

E o Pai a não julgar porque deu ao Filho todo o poder de julgar, contradizendo-se de algum modo com o que atrás dissera do Pai…, para que honrem o Pai e honrem o Filho, não sabendo nós o que será isso de honrar o Pai ou… o Filho.

E para ter a vida eterna, não ser condenado e passar logo da morte para a vida, temos de ouvir a sua palavra e acreditar naquele que O enviou… sem sabermos o que é ouvir a palavra de Jesus nem muito menos o que é acreditar em Deus-Pai que o enviou…

– Tantas palavras enigmáticas, Santo Deus! Para quê precisamos nós de enigmas, ó Jesus Cristo? Para quê? Para quê falares de “vida eterna” se não clarificas os caminhos para a alcançar? Para quê tanta confusão entre um Filho e um Pai que não se sabe onde começa a dimensão de um e acaba a dimensão do outro, ora parecendo que são uma e única pessoa, ora duas com poderes e funções distintos?

E como é que os mortos ouvirão a voz do Filho? Que voz?

E sairão dos túmulos, ressuscitando para a vida ou para a condenação eternas…

Tudo afirmações, tudo palavras, tudo declarações sem… nada que lhes sirva de suporte de validade! Para quê?…

– É! Mais uma vez se fala no essencial da vida: a passagem para o outro lado! Com uma ressurreição, uma vida eterna ou uma condenação eterna… Mas… apenas se diz, apenas se afirma, apenas… palavras. Palavras! É com palavras que Jesus sempre nos abandona…

Que tristeza, santo Jesus Cristo! Que tristeza e que pena, pois ficamos sem nada de credível a que nos agarrarmos, na nossa incessante busca da VIDA ETERNA!

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Fátima, sempre Fátima!

 

“A 13 de Outubro, foi o seu Adeus”

 Canta-se, acrescentando-se: “E a Virgem Maria voou para os Céus”.

Sobre Fátima já foi tudo dito! E o fenómeno, sintetizando, tem de se analisar sob dois prismas: o da emoção e o da razão.

A razão diz-nos que, depois das invenções dos evangelistas sobre os actos de Jesus a quem fizeram de Cristo e Filho de Deus: todos os milagres, desde o nascimento de uma virgem até à sua ressurreição e ascensão aos Céus…, depois destas invenções que deram origem ao cristianismo, as aparições de santos e santas, seus milagres e sobretudo as aparições da Virgem são a invenção que faltava para consolidar o suposto divino em que assenta a religião cristã, baseada nas crenças e crendices dos seres humanos, limitados que estão ao enfrentar as contrariedades da vida, vida que se acaba na indesejada morte.

Mas a emoção comanda a vida de muitos, obviamente a de todos os crentes e de todos os dados a crendices.

E assim se explicam os milhares de peregrinos que se deslocam a Fátima, quase todos para pagar promessas feitas à Virgem, em tempos de aflição.

E compreende-se: perante tamanha dor ou infelicidade, a quem recorrer senão a Deus, à Virgem, aos santinhos da sua devoção para que façam qualquer coisa? É que, ao nível do humano, pouco ou nada já se pode fazer…

E voltamos sempre ao dilema: para viver melhor esta curta vida a que tivemos o privilégio de aceder, por um misterioso destino, será melhor ser crente ou racionalista?

Creio que os racionalistas gostariam, naqueles tempos de aflição e perante a inevitabilidade da morte, de ser crentes. E tudo seria mais fácil… Mas é tão difícil aceitar que ser enganados é bom!...

Fica-se com o desabafo de alguns, depois de terem feito centenas de quilómetros a pé: “É um alívio e um prazer este sentir de paz interior e de dever cumprido, ao chegarmos aqui ao santuário.”

NOTA: Sobre Fátima, leia-se, aqui, a meia-dúzia de textos publicados, de Junho a Setembro de 2012. Uma análise crítica do fenómeno, feita a partir dos documentos que nos são ofertados pelas entidades religiosas. Lê-los ou relê-los, será uma agradável surpresa…

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 324/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 19/?

 – A narrativa da cura do paralítico tem algo de caricato ou… de estranho. Oiçamos: “Existe em Jerusalém (…) uma piscina (…) que tem à volta cinco galerias de colunas. As galerias estavam apinhadas de doentes, cegos, coxos e paralíticos que esperavam o movimento da água. Dizia-se que, de tempos a tempos, um anjo de Deus descia à piscina e agitava a água. O primeiro que entrasse na água depois de agitada pelo anjo, ficaria curado de qualquer doença. Encontrava-se lá um homem que estava doente há trinta e oito anos. Jesus (…) perguntou-lhe: «Queres ficar curado?» O doente respondeu: «Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina quando a água começa a agitar-se. Quando lá chego, já outro entrou na minha frente.» Jesus disse-lhe: «Levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa.” (Jo 5,1-8)

– A situação é realmente estranha e uma avalanche de perguntas nos invade: Porque perguntou Jesus ao doente se queria ficar curado? Não era… evidente? E porque não curou todos os outros se, em outras ocasiões, curara todos os doentes que lhe apresentaram? Porquê só uns e não todos? Onde o… critério? Acaso, se Jesus tivesse feito tal pergunta a todos os outros, algum lhe teria respondido: «Não! Estou aqui para ‘confraternizar’, para ser solidário com estes meus irmãos…»? Afinal, quantos dos que entraram na água, depois de agitada - imaginemos a deprimente correria de coxos, paralíticos, estropiados… - ficaram curados? E deixemos o pormenor dos 38 anos…

– “Ora isto aconteceu em dia de sábado. (…) Os judeus começaram a perseguir Jesus porque Ele curara em dia de sábado. Jesus então disse-lhes: «Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho.» Por isso, as autoridades judaicas tinham cada vez mais vontade de matar Jesus porque, além de violar a lei de sábado, chegava até a dizer que Deus era seu Pai, fazendo-Se assim igual a Deus.” (Jo 5,9 e 16-18)

– Já dissemos tudo acerca deste fundamentalismo judaico quanto ao sábado. No A.T. e agora com Jesus. Claro: inaceitável! Aos olhos de Deus e aos olhos dos Homens! A justificação de Jesus com o Pai que “trabalha continuamente” é que… humaniza tanto o seu Deus-Pai que ficamos sem saber que trabalho anda Deus a fazer ou tem Deus de… fazer! Depois, é muito estranho que os judeus, em vez de se admirarem com o milagre e acreditarem, preocuparam-se com a violação da lei, o que nos leva a pôr em causa a veracidade do acontecimento.

– “Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e disse-lhe: «Ficaste curado. Não tornes a pecar para que não te aconteça ainda pior.»” (Jo 5,14)

– Temos vontade-necessidade de perguntar a Jesus: “É a doença resultado do pecado? Quem não peca não adoece? Então, esses justos todos que andam por aí sofrendo e esses pecadores todos que andam respirando saúde?… De que jeito tal lhes acontece?…”

– Última pergunta: A quem aproveitou este milagre? – Aos judeus, não, porque só acirrou neles a vontade de serem o braço de Javé-Deus para fazerem cumprir em Jesus as Escrituras. Aos outros doentes da piscina, também não porque certamente, se souberam, ficaram com inveja e não sem alguma revolta por não terem sido contemplados com a benesse da cura. Outros que por ali estivessem, parece que nem deram pelo prodígio… Então? Deus anda assim a desperdiçar milagres?...

– Só resta dizer que aquele acreditar “cego” na cura das águas agitadas pelo anjo… é pelo menos lamentável e que Jesus deveria ter desmistificado tal crendice que era, com total certeza, invenção de algum “piedoso” judeu, sacerdote ou levi, sabe-se lá se bem pago pelo dono da piscina que lucraria com tais ajuntamentos…

É que era uma questão de intervenção divina. E não tinha sido dado todo o poder divino a Jesus? Como passa Ele por ali sem… “reivindicar” as suas prerrogativas? Sem pôr ordem na “casa” de… Deus?

sábado, 2 de outubro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 323/?

 À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 18/?

 – As palavras-enigma-mistério… continuam: “«Eu vou-Me embora. Vós haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir. (…) Vós sois cá de baixo. Eu venho lá de cima. Vós sois deste mundo, mas Eu não sou deste mundo. É por isso que Eu digo que vós ireis morrer nos vossos pecados.» Então, as autoridades dos judeus perguntaram-Lhe: «Quem és Tu, afinal?» Respondeu-lhes Jesus: «O que estou a dizer desde o princípio. Eu poderia dizer muitas coisas a vosso respeito e condenar-vos. Mas aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu digo ao mundo as coisas que Lhe ouvi.» (…) Quando levantardes o Filho do Homem, então sabereis quem Eu sou e que não faço nada por Mim mesmo, pois digo apenas aquilo que o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo. Ele não Me deixou sozinho porque faço sempre o que Lhe agrada.»” (Jo 8,21-29)

– Perante tais palavras, muitas delas repetidas, as perguntas saltam-nos da mente como angústias descontroladas!… Pois, quando O havemos de procurar? Porque morreremos no nosso pecado? Que pecado? O de não acreditarmos nele por incapacidade de entendimento dos seus argumentos-sofismas?

Que somos cá de baixo, já nós sabemos. Mas… o que é vir lá de cima? Linguagem popular para indicar o Céu ou desconhecia Jesus que o “lá em cima” simplesmente não existe, pois tudo é apenas espaço interplanetário?

Onde será realmente o Seu mundo, já que não é deste? Como podemos acreditar em tal mundo se apenas sabemos que existe pelas suas afirmações sem provas?

E compreenderam a resposta de Jesus à pergunta “Quem és Tu?”? – Sem dúvida! Desde o princípio, que está dizendo que é o Filho de Deus. Nós é que não entendemos como pode ser o seu testemunho verdadeiro, apesar de todos os seus esforços, de todas as explicações, de todos os seus argumentos do Pai que O enviou e que dá testemunho dele…

E novamente a total dependência do… Pai: “digo as coisas que Lhe ouvi.” Com que ouvidos? Com que olhos Jesus viu ou… vê o Pai? Que coisas Lhe diz o Pai? Afinal, quem é o Pai?

Sempre o mesmo mistério divino de Pai e Filho que ora parecem ser Um ora Dois, obedecendo o Filho cegamente ao Pai, o que ontologicamente não é possível aceitar…

E se é mistério… como exigir-nos que o entendamos? Como?…

Enfim, esta constante obsessão pela dupla Pai-Filho, tantas vezes repetida, leva-nos a descrer que tenha sido Jesus o seu autor mas o próprio João, confuso pela sua senilidade, a construir um Jesus utópico, confuso, misterioso e… ignorante, assentando toda a sua teoria no mistério, retirando-lhe assim qualquer credibilidade que quiséssemos ter nele.

– O milagre da cura do filho do funcionário romano “foi o segundo de Jesus”. (Jo 4,54) Esta precisão “segundo” deixa-nos sérias dúvidas… Não tinha já Nicodemos dito “Ninguém pode fazer os milagres que Tu fazes se Deus não estiver com Ele.”? (Jo 3,2) Então este “segundo” foi lapso histórico ou da memória do velho João…

– “E tanto ele como toda a sua família acreditaram em Jesus.” (Jo 4,53) Embora a facilidade de fazer milagres fosse muita, parece ter sido pouco frutífero uma só família acreditar por ter visto o filho do oficial ficar curado. Imaginemos que Jesus vinha cá de novo à Terra… Se tivesse de fazer um milagre em cada família para que toda a família acreditasse… Inconcebível, não?!…

Aliás, ao ouvir o pedido do oficial “Vem depressa comigo antes que o meu filho morra” Jesus queixou-se: “Vós só acreditais quando vedes prodígios e milagres.” Mas lá lhe fez a vontade: “Podes ir, que o teu filho está vivo.” E naquela mesma hora, o rapaz ficou curado.

É realmente espantosa esta capacidade de fazer milagres, mesmo à distância. Tão espantosa que duvidamos seriamente dela, considerando os milagres como “factos” arquitectados pelos evangelistas para divinizarem, junto dos novos adeptos da nova religião, o seu Jesus misterioso…

Não há dúvida de que, para o crente, o mistério e o milagre são os fundamentos da sua Fé