À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
– 66/?
– Agora, o momento que se vai perpetuar como o centro do
cerimonial religioso cristão, celebrado no que se convencionou chamar de “missa”:
a Eucaristia dominical, substituindo os cristãos o sagrado sábado dos Judeus
pelo domingo, ou “Dia do Senhor”:
“Durante a ceia, Jesus tomou um pão e, tendo
pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos, dizendo: «Tomai e
comei, isto é o meu corpo.» Em seguida, tomou um cálice, deu graças e deu-lho,
dizendo: «Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança que é
derramado em favor de muitos, para a remissão dos pecados.” (Mt 26,26-29)
– Analisando o texto, a interpretação mais óbvia e correcta
seria: “Este pão simboliza o meu corpo e este vinho simboliza o meu sangue;
lembrai-vos de mim quando comerdes e beberdes em conjunto.” Ora, a
interpretação que lhe foi dada pelos criadores do cristianismo coloca uma
pergunta crucial: “Quem entenderá que este pão seja realmente o corpo de
Cristo, que este vinho seja realmente o seu sangue?” – Ninguém! Ainda se fosse
metaforicamente… Mas não: “é realmente o corpo e sangue de Cristo” – dizem as
igrejas. Uma falácia! Uma falácia intelectualmente aberrante para os crentes
adultos, raiando o crime emocional, tratando-se de crianças de tenra idade ao
serem, na catequese, preparadas para a primeira comunhão!
– Outras perguntas não menos cruciais: “O que é realmente a
remissão dos pecados? E que pecados? Contra quem ou contra que Deus? E redimiu
Jesus, com o seu sangue, todos os pecados da humanidade antes dele, do seu
tempo, depois dele, na Terra e… no Universo? Que efeitos de salvação ou de
condenação teve tal remissão? E onde, quando e como essa salvação ou condenação,
essa… remissão?”
Não há dúvida: uma religião baseada no pecado e no temor do
inferno e da condenação eterna deveria ser banida da cultura da Humanidade.
Infelizmente, continua fortemente implementada. Claro que as outras religiões –
todas inventadas por homens – não são melhores: ou são iguais ou ainda
piores!...
– Também é naquela “Eucaristia” que se baseiam as igrejas
cristãs para ordenar os sacerdotes que – presunção das presunções! – ficam com
o poder de, em cada missa, transformar o pão e o vinho no corpo e no sangue do
Senhor Jesus, ao proferirem sobre eles as poderosas e fantásticas palavras.
Perguntaríamos quantos desses sacerdotes acreditam realmente nesse poder.
Cremos que, honestamente e de um ponto de vista intelectual e racional, nenhum!
Mas não o podem dizer: seria o seu próprio descrédito e o descalabro total do
sistema que alimentam e em que estão inseridos…
– “«Esta noite, ireis ficar desorientados por minha causa
porque a Escritura diz: ‘Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho dispersar-se-ão.’
Mas, depois de ressuscitar, irei à vossa frente para a Galileia.»” (Mt
26,31-32)
– As Escrituras, de que Jesus se mostra profundo conhecedor,
estão sempre presentes… Porquê tamanha importância? Para justificar o quê?
E aí está a ressurreição! Afirmada assim, naturalmente, como
se de total objectividade se tratasse… E agora? Acreditamos nessa ressurreição
e também temos a esperança de um dia ressuscitarmos ou… ficamos sem esperança
nenhuma…, sem nenhuma ressurreição!
Pior: a ressuscitar, ressuscitaremos para o céu ou… para o
inferno! Ora, quem quererá ressuscitar para um inferno eterno?… Mais: se um
ressuscita, todos ressuscitarão no último dia, não é? Não poderá haver escolha
de uns ressuscitarem e outros não… E qual será o último dia?
Tantas perguntas sem resposta, santo Deus!
– “Nisto, começou a ficar triste e angustiado. E então
disse-lhes: «A minha alma está numa tristeza de morte.» (…) E rezou: «Meu Pai,
se é possível, afaste-se de Mim este cálice. Contudo, que não seja feito como
eu quero mas como Tu queres. (…) O espírito está pronto mas a carne é fraca.»
(Mt 26,37-45)
– Três vezes assim rezou, suando sangue…, não sabendo nós se
é o homem ou o Deus que está em Jesus que se angustia, que está numa aflição de
morte!…
E como entender uma vontade de um Pai-Deus diferente da
vontade de um Filho-Deus, Deus também com Ele, segundo os teóricos da SSª
Trindade? Não são ambos o mesmo Deus? Não conseguiu aqui Jesus ser totalmente
divino? Ou sofria enquanto homem, prevendo a morte, com o seu poder divino de
ler o futuro, e aceitava como Deus que aquele seu corpo fosse assim maltratado,
flagelado e crucificado? Enfim… sofria ou não sofria?
Esta magna questão continuará a atormentar-nos na próxima
mensagem, nesta contundente mas intelectualmente honesta crítica da “suposta
palavra de Deus” aos Homens…