sexta-feira, 17 de maio de 2024

O vazio que deixaremos quando nos formos

Relevante ou irrelevante?

 Que vamos partir quando chegar a nossa hora, não há qualquer dúvida. Inexoravelmente, também ninguém duvida.

E para sempre? – Aqui, intrometem-se as religiões e os seus apaniguados, afirmando crenças que, por demasiado apelativas que sejam, não passam de fantasias e ingénuas invenções de Céus lindos, infernos monstruosos, numa eternidade pelo Homem inexplicavelmente sempre desejada, após a inexorável partida, mas nunca provada como existente ou possível. Os humanos racionais só acreditarão que a eternidade com Céus e Infernos existe quando pelo menos um que morrer venha cá dizer ao mundo que ele está vivo. Mas não a um par de amigos, como dizem que fez Jesus a quem chamaram de Cristo. Sim, nas televisões de todo o mundo ou nas redes sociais de todo o mundo. Aliás, esse foi o grande erro de Jesus: não se apresentar ao mundo de então como ressuscitado. É que não foi erro. A VERDADE é que ele não poderia fazer tal manifesto simplesmente porque não (NÃO!) ressuscitou!!!

Ora, olhando o que se passa com próximos que desaparecem ou com os nossos familiares se já partiram, pais ou avós, constata-se o mesmo: a tendência, por muito dolorosa que seja a dor da partida, é a mesma: o Tempo tudo apaga, tudo faz esquecer, pois a Vida continua para os que cá ficam e as lágrimas não podem ser o que reste dessa vida.

Portanto, o vazio por nós deixado rapidamente será colmatado, se não física pelo menos psicologicamente. Irrelevante, pois!

E, na hora da partida (para não empregar a palavra-tabu “morte”), estaremos completamente sós face ao nosso fim e ao nosso dizer adeus à vida. Aliás, nesse momento final, só nos resta deixar-nos levar, oxalá sem dor, pois nada adianta nem ao Céu – que não existe – nem à Terra que já nos alimentou durante toda a vida, qualquer sofrimento, caso ainda tenhamos cérebro para o vivenciar, activo que esteja o sistema nervoso central.

Então, voltamos à pergunta que, desde o início da nossa existência consciente nunca nos deixou de azucrinar os neurónios: “Afinal, para quê existimos?”

– Já demos várias vezes resposta a tão tremenda pergunta. Contudo, não sabemos porque é que a resposta, por muito elucidativa que seja, não nos satisfaz.

É que os humanos são mesmo um caso à parte, no reino animal: têm consciência de que nascem, crescem, vivem e morrem…, coisa que muito tenuamente acontecerá com os outros animais onde prevalece o instinto vital e de sobrevivência a qualquer custo. Então, porque sermos tratados Pelo Criador de igual modo?

Mas… não! Não podemos ter ilusões! A verdade, por muito que nos desiluda o Criador que nos deu consciência disto tudo, é que Ele não nos deu aquilo que ambicionamos: a eternidade sob uma qualquer forma, sem perder a nossa identidade, o nosso Self, como diríamos à inglesa.

E concluímos como temos feito em outras abordagens de cariz existencial: Divertamo-nos e sejamos elemento de diversão para o mundo que nos rodeia! Vivamos cada dia como se fosse o último, sendo realmente cada dia o primeiro do resto da nossa vida! Demos valor ao BOM e ao BELO que há nas pessoas e nas coisas e desprezemos com um grande SORRISO o que de mal ou mau nos acontece, mesmo que seja por nossa culpa! (Olha, não conseguimos fazer melhor? – Paciência!)

Só assim, poderemos dizer de plena consciência quando nos formos: VALEU A PENA TERMOS VINDO À VIDA! Melhor ainda: EU VALI A PENA!!! 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 403/?

 À procura da Verdade nas Cartas de Paulo – 403/?

Segunda Carta aos Coríntios – 1/1

 Esta segunda carta aos Coríntios, exarada como tal no NT, parece ser a aglutinação de mais umas duas ou três. Mas isso é facto pouco relevante. O que importam são as ideias. Ora Paulo continua com afirmações que não prova:

– “Sabemos que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos colocará ao lado d’Ele.”, “Não procuramos as coisas visíveis mas as invisíveis, porque as visíveis duram apenas um momento e as invisíveis duram para sempre.”, “Nós sabemos que quando a nossa morada terrestre for desfeita, receberemos de Deus uma habitação no Céu, uma casa eterna…” (4, 14 e 18, /5, 1)

– De seguida, depois do delírio que foi o seu suposto encontro na estrada para Damasco com o Jesus ressuscitado (“Salo, Salo, porque me persegues?”), descreve Paulo mais uma visão da Transcendência:

– “Embora não convenha, vou mencionar as visões e revelações do Senhor. Conheço um homem (ele) que foi arrebatado ao terceiro céu. Se estava no seu corpo ou não, não sei… Sei que foi arrebatado até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que não são permitidas ao homem repetir.” (12, 2-4)

– Tais visões – visões que de qualquer modo mudaram a sua vida – terão sido fruto da sua propensão para ataques de epilepsia, doença de que, ao que se diz, sofria.

A ideia da vida eterna e da ressurreição veio dar ao Humano uma visão completamente diferente da anterior hedonista/materialista: nascer, viver o melhor possível e morrer, desaparecendo para sempre – tal era o que se constatava no dia-a-dia da cidade e da família.

E se trouxe imensos benefícios, levando as pessoas a cometer menos crimes e menos “pecados” para não irem eternamente para o inferno, não evitou tremendas atrocidades de uns contra os outros, egoísmos e sadismos sobrepondo-se ao amor, à misericórdia, à solidariedade/caridade. 

E foi a separação do papado dos ortodoxos, e foram as cruzadas contra os muçulmanos, e foi o cisma com papas em Roma e Avignon, e foram os escândalos quer com a venda das indulgências – o que levou Lutero a criar o protestantismo – quer com os desmandos na Cúria com papas devassos e eleitos por compadrio, e foi a guerra dos cem anos, e foi a “santa” Inquisição, com invenção de torturas que só um cérebro extraordinariamente perverso consegue criar e, pior, pôr em prática, e foi o não acabar com a escravatura que vinha dos séculos passados, e foi a ida forçada para os conventos de homens mas sobretudo mulheres, etc. etc. etc. Neste contexto, há que louvar o judeu Jesus, a quem chamaram de Cristo, por ter tido a coragem de dizer que todos os homens eram iguais porque todos filhos do mesmo Pai que está nos Céus. E, se por um lado, isto contribuiu para a sua morte, por outro, levou à aceitação por muitos populares da nova religião nascente, apontando para um Céu idílico, por toda a eternidade, a quem acreditasse na sua mensagem…

Ora, sabemos que não há vida eterna nenhuma; sabemos que a ressurreição não é possível a qualquer ser vivo que tenha completado o seu ciclo. Então, porque continuam as igrejas a apregoar todas estas falsidades? – A resposta nem é difícil; “No dia em que deixarem de o pregar, acabam!” Mais: e a pregar aquilo – porque os consideramos inteligentes e com capacidade crítica/analítica – de que não estarão convencidos… Incapacidade ou hipocrisia?!

Mas, claro, não nos podemos esquecer das obras sociais das Igrejas, a elas devendo muitas pessoas a sobrevivência em tempos de crise, de fome e de falta de conforto no corpo e na alma. E, aqui, infelizmente, também temos de lembrar os abusos cometidos por responsáveis dessas obras sobre os seus beneficiários, sendo escandalosos os abusos sexuais sobre crianças indefesas física e psicologicamente.

 

sábado, 4 de maio de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 402/?

 À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

Primeira Carta aos Coríntios - 10/10

 – “Nem todos morremos, mas todos seremos transformados, num instante, ao som da trombeta final. A trombeta tocará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis. De facto é necessário que este ser corruptível seja revestido de incorruptibilidade e que este corpo mortal seja revestido de imortalidade…” (15,51-53)

– Paulo acerta ao dizer que seremos transformados, pois os átomos e moléculas que nos compõem irão integrar-se na Natureza, donde afinal vieram, para integrar novos seres, sejam animados sejam inanimados. A trombeta, com franqueza, não é precisa aqui para nada…

Depois, perde toda a razão ao afirmar coisas que não têm qualquer suporte na realidade, nem gozam de qualquer veracidade. Por isso, nada valem. Afirmações sem provas não passam de palavras lançadas ao vento e acredita nelas quem quiser. Nós, de certeza, que não! Aliás, onde sustenta que nos são necessárias a incorruptibilidade e a imortalidade? Só no seu pensamento delirante…

Não esqueçamos que Paulo, como cidadão romano, teria certamente cultura helénica onde se aprendia a dicotomia do ser humano: corpo (corruptível porque matéria) e alma (incorruptível porque espiritual). Esta dicotomia foi assimilada pelo Cristianismo, levando a frases de santos como a de S. Francisco Xavier: “Que importa ao Homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?” E continua a ser ensinada nas Igrejas e pelas religiões.

Ora, a Ciência já desmentiu tal asserção e conceito. A alma do humano – como a de qualquer ser vivo, com sistema nervoso central – não é mais que o cérebro, cérebro que, com os seus milhares de milhões de neurónios e sinapses, é a sede de todos os atributos que os helénicos colocavam na alma ou espírito: emoções e sentimentos, inteligência e aptidões, vontades e desejos, amor e ódio, bondade e perversidade, as IDEIAS, os CONCEITOS, os RACIOCÍNIOS. E – drama dos dramas para as religiões que apregoam uma eternidade para o ser humano-alma após a morte – o cérebro (alma) nasce com o corpo que o vai sustentar e alimentar durante a vida, num viver totalmente interdependente, e morre no mesmo instante em que aquele, já “cansado” de viver, “decide” acabar com a vida. (E foi uma forma suave de dizer “morrer”!) Melhor: o cérebro vai-se desenvolvendo e formando ou formatando conforme o desenvolvimento do corpo no ventre da mãe. Isto, embora já contenha em si toda a carga do ADN dos seus progenitores, passada no momento da concepção.

Conclusão: as teorias de Paulo tal como as do ensino de todas as igrejas que apregoam a vida eterna depois da morte estão erradas porque partem de princípios errados. Tão simples quanto isso!

E mais uma vez Paulo tenta sustentar as suas afirmações nas Escrituras. No caso, umas tiradas completamente delirantes de algum sacerdote com veia oratória, da época de 600 A.C., época da sua redacção, aquando no cativeiro de Babilónia que se prolongou por 80 anos: “A morte foi engolida pela vitória! Onde está a tua vitória, ó morte?”, concluindo: “Graças sejam dadas a Deus que nos deu a vitória por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (15,55-57)

Ora já sabemos que as Escrituras não têm qualquer valor, poder ou saber para que com elas se possa provar/sustentar seja o que for.

Neste sentido, cremos que serão de repudiar esses pregadores (voluntários) da divindade da Bíblia. Mas cada um é livre de acreditar no que quiser (ou, de alguma forma, lhe der jeito para ser mais feliz…) e de pregar o que quiser…