Queiramos ou não, somos forçados a aceitar, à luz dos conhecimentos actuais, que foi realmente o Homem que criou Deus à sua imagem e semelhança. Os argumentos aduzíveis são vários e sem contestação racionalmente possível, embora, sendo este um fórum de discussão, toda a contestação seja admitida! Por crentes e não crentes... Atentemos apenas nos mais importantes:
Argumento 1/5: Os mitos existem pela necessidade humana de tentar explicar o que, no tempo da sua criação, era inexplicável: mistérios, ignorâncias, medos, forças ocultas, etc. Pela Ciência, no entanto, já descobrimos e já desvendámos muitos desses mistérios, muitos segredos, muitos mitos! E a Ciência não pára de nos surpreender com novas descobertas. Newton, Galileu, Darwin, Einstein e tantos outros desmistificaram muitos dos mitos que deram origem às religiões que de certo modo nos governam e nos alienam.
Argumento 2/5: Desde o princípio da História conhecida do Homem que existem deuses, organizados normalmente segundo hierarquias machistas, podendo referir-se as antigas civilizações fenícia, egípcia e, mais tarde, a grega e romana, indo de Baal e Adónis a Oziris, Serapis, Isis e muitos outros, a Zeus para os Gregos e a Júpiter para os Romanos, cada um com o seu séquito de deuses e deusas... Todos inventados e seriados pelos Homens do tempo! Há três mil anos, no entanto, surgiu um Moisés que criou para o seu povo um Deus a quem chamou Javé. E foi este Javé que deu origem ao judaísmo, judaísmo do qual veio a brotar o cristianismo, há c. de 2 mil anos e o islamismo, há apenas c. de 1.300 anos, mais exactamente em 622 d.C. Entretanto, surgiram no Oriente o budismo e o hinduísmo, c. de 500 a.C., nos quais o cristianismo iria beber filosofias de vida como o “Amai-vos uns aos outros” de Jesus Cristo.
Argumento 3/5: As religiões que actualmente dominam o mundo existem apenas há c. de 2 a 3 mil anos, quando o Homem (o hominídeo) existe há 4 a 7 milhões de anos! – curta existência, embora, em relação ao início da Vida, c. de 3.500 milhões de anos, e em relação aos dinossauros que se extinguiram há c. de 65 milhões, tendo dominado a Terra durante mais de 200 milhões de anos!... Então, quem pode aceitar racionalmente que o Deus que elas nos propõem, desde Javé de Moisés, passando pela trilogia hindu: Brama, Vixnu e Shiva, atingindo o Deus-Pai de Jesus Cristo e finalmente Alá de Maomé, quem poderá aceitar que esse Deus seja verdadeiro ou exista realmente e só agora se tenha “lembrado” de se revelar às humanas gentes? Se Deus é justo e inteligente, omnisciente e eterno, porque não se revelou ao homo sapiens sapiens que apareceu há c. de 40 000 anos? Ou, porque andou a manifestar-se a uns quantos iluminados em épocas pouco relevantes para a humanidade quando bastaria esperar dois a três mil anos para ter ao seu dispor toda uma panóplia de meios de comunicação, alcançando com a sua mensagem de salvação toda a humanidade, em apenas 24 horas e sem sair do seu lugar, obviamente o Céu, trazendo esse seu Céu à Terra?...
Argumento 4/5: Os livros ditos sagrados, desde os Vedas, à Bíblia judaico-cristã, ao Corão, como os próprios teólogos afirmam, reportando-se, aliás, ao velho Santo Agostinho, não são livros nem científicos nem históricos mas tão só livros religiosos. Em boa leitura, isso quer dizer que não merecem credibilidade, nem científica nem histórica. Então, como é possível arquitectar toda uma filosofia religiosa baseada em... coisa nenhuma ou apenas em “factos” ou “fenómenos” que supostamente aconteceram? Pior: como é possível dar crédito a tal filosofia? Pior ainda: como é possível que haja tantos milhões – quase metade da humanidade! – que se deixa levar por tal filosofia? E ainda muito pior: como é possível haver tantos mentores religiosos, a começar pelos papas de todas as igrejas, sinagogas ou mesquitas, tenham os nomes que tiverem, desde gurus, a imans, a rabinos, a patriarcas, passando por cardeais, bispos e afins, e acabando nos presbíteros, que vivam cinicamente à custa da ignorância dos milhões que aceitam benevolamente serem enganados e alienados nas suas consciências e... lhes pagam para se manterem no mesmo engano?...
Argumento 5/5: Um exemplo paradigmático são os “milagres” de Mateus. Toda a Bíblia judaico-cristã está repleta de milagres; mas podemos considerar o evangelho de Mateus como o protótipo de tal facto. São tantos os milagres ali narrados, desde os mais inverosímeis – dar de comer, por duas vezes, a mais de 5 000 pessoas com meia dúzia de pães e meia dúzia de peixes – aos mais caricatos – secar a figueira porque, ao passar junto dela, não encontrou figos – aos mais espectaculares aquando da sua morte - mortos que ressuscitam, saem dos túmulos e andam pelas ruas, toda a Terra a escurecer – culminando com a sua ressurreição e subida aos céus..., tantos são os milagres que, a terem sido verdades factuais, todas as gentes do Império Romano, a começar pelo César imperador, teriam acorrido a presenciar in loco fenómenos tão bizarros e tão frequentes, obviamente dignos de serem admirados pelo maior número de pessoas possível, até para convencimento de que estavam perante o “Filho de Deus”. Mas os historiadores credíveis da época nada dizem a tal respeito... Ora, toda a gente culta sabe que os milagres realmente não existem. Simplesmente porque não podem existir. São algo tão improvável, por não fazerem parte da natureza humana, que só por absurdo se podem aceitar, como nos quer convencer a Igreja católica para elevar aos altares beatos e santos. São anti-natura e pertencem ao domínio do que chamam, fantasiosamente, o sagrado, sagrado que, obviamente – se quisermos ser mais precisos e incisivos – não existe para a Ciência. Os milagres de Mateus “existiram” na mente do autor apenas com o objectivo de divinizar a personagem que seria o pilar da nova religião nascente: Jesus, a quem, por isso, chamaram o Cristo, o Messias, o Ungido, o – veja-se só o descaramento! – Filho do Deus verdadeiro. Que Deus verdadeiro, santo Deus de todos os deuses?!!!
Conclusão lógica:
As religiões e as suas igrejas e hierarquias existem “de facto” porque são uma realidade; mas não existem ou não deviam existir “de iure” (de direito) porque são todas uma falácia ou uma grande efabulação, todas baseadas em não-factos ou em não-verdades!
Pela sua relevância, voltaremos mais tarde a estes argumentos.