domingo, 26 de dezembro de 2010

Natal: O Menino Jesus existiu? (2/3)

 “Melodias, presépios, histórias de Natal..., tudo muito bonito, mas tudo poesia!”, diz-se no texto anterior. Ouçamos, hoje, o que Jesus nos conta, na primeira pessoa, segundo o ainda inédito livro “Quem me chamou Jesus Cristo?”:
    «Fui o “Menino Jesus” mas não fui o “Deus Menino” ou o “Menino Deus” como simpaticamente fiquei conhecido para a História!
    Nasci em Belém de Judá, pelo ano seis antes da era cristã, ou seja, o ano 747 ab urbe condita (a.u.c.) (da fundação de Roma). O monge e matemático Dionísio o Exíguo, do séc. VI, errou em cerca de seis anos os cálculos das datações, ao pretender fazer do meu nascimento o ano um, colocando-o em 753 a.u.c. Ignorando o dia e o mês em que se deu o feliz acontecimento, a tradição começou a celebrá-lo a 25 de Dezembro, data imposta pelo papa Libério nos tempos do filho de Constantino, Constâncio II, decorria o ano 360, para cristianizar o universal culto do Sol Invictus cujos festejos tinham lugar, por todo o Império, após o solstício de Inverno, fazendo de mim o seu substituto e a verdadeira imagem do renascimento do Sol. Meus pais: José, o carpinteiro, e Maria de Nazaré.
    No meu nascimento, que não aconteceu naquela romântica gruta que Lucas inventou, não houve animais a aquecerem-me a nudez, nem anjos a cantar, pastores a adorar, magos a visitarem-me. Tais românticos acontecimentos foram piedosas invenções do evangelista para, desde pequenino, me tornarem um Krishna ao modo dos deuses solares orientais em cujos nascimentos, segundo a lenda, tais estranhos fenómenos aconteciam.
    Situando-se Belém perto de Jerusalém, aos oito dias, levaram-me ao Templo para ser circuncidado, como mandava a tradição. Aí, encontrava-se o velho Simeão que me augurou, inspirado, uma vida cheia de ideais e de sonhos para mudar o mundo, mudando o Homem. Mas certamente não fui o único a quem tais augúrios o simpático velho formulou... O nome que me deram: Jesus. Cumprida a tradição, os meus pais instalaram-se definitivamente em Nazaré, terra de minha mãe.»
Então – perguntarão muitos – sendo tudo fantasia, perdemos o nosso querido Natal?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Natal: O Menino Jesus existiu? (1/3)

    «É linda de encantar a história do Menino Jesus! E lindos são os presépios com a Senhora e o seu Menino, o S. José de barbas e bengala florida por ter sido o “escolhido” olhando embevecido a cena, os anjos esvoaçando por cima da gruta transformada em sala de acolhimento, a manjedoura servindo de berço ao Menino, os pastores apressando-se a chegar, as ovelhinhas balindo nos arredores verdejantes, os animais do estábulo aquecendo com o seu bafo o frio enregelado que entorpece o caminhar das gentes, a estrela encimando o todo, já se lobrigando ao longe os magos que a seguiram para encontrarem o Salvador da Humanidade! Lindas são ainda as melodias que autores inspirados, comovidos pelo bucólico da cena, ao longo de séculos, compuseram, e também versículos, canções de exuberante alegria e de louvor ao Divino que se dignou descer dos Céus e vir até à Terra para salvar o desterrado Homem, encarnando em modesta criança: “Cantem, cantem os anjos a Deus um hino / Cantem, cantem os Homens ao Deus Menino.”, “Adeste fideles, laeti triumphantes / Venite in Bethlehem. / Natum videte Regem Angelorum.”, “Douce nuit, Sainte nuit!”; e são melodias que, em épocas de Natal, se ouvem por toda a parte, se cantam em todo o Mundo, coros e orquestras primando por lhes darem a alma e a voz. Tudo muito bonito, tudo – melodias, presépios, histórias, poemas – a fazer as delícias dos Natais da nossa infância; mas... tudo poesia!»
Este é o início do meu livro inédito “Quem me chamou Jesus Cristo?”. Realmente, durante estes dois milénios que o Natal leva de história, todas as artes, mormente a música, a pintura e a escultura, foram buscar inspiração a tão comovente e tão poético “acontecimento”. Pois quem não se comove e inclina perante um Deus que, descendo dos Céus, se faz menino e nasce despojado de tudo menos dos afectos de alguns humanos e animais?
No entanto, talvez chocando-nos a alma, outras perspectivas se levantam sobre os acontecimentos que remontam a estes dois milénios...

domingo, 12 de dezembro de 2010

“Sou o homem mais religioso do mundo...” (3/3)

    Ao decidir-se pelos caminhos da Razão e da Ciência, o Homem deixa de acreditar em Paraísos e Infernos inexistentes e em eternidades fruto da fantasia de alguns que se disseram – e outros o disseram, e continuam a dizer, por escusos interesses! – iluminados e provindos de Deus, sendo mesmo filhos do próprio Deus! Ora Filhos ou partículas de Deus qualquer ser o é: animado ou inanimado. Cada um partilhando desse Deus da melhor maneira que lhe coube em sorte, nesta fantástica aventura da existência do Universo e, nele, um Sol em cujo sistema planetário apareceu uma Terra, Terra onde há c. de 3500 milhões de anos brotou da matéria inerte a Vida a qual viria a desembocar neste ser magnífico que é o Homem – apenas há c. de 5 milhões de anos, que é um “ontem” em relação ao tempo universal! (Para perceber melhor como brotou a vida da matéria inerte, veja-se a experiência laboratorial de Stanley Miller, anos 50 do séc. XX, na qual recriou as condições primitivas que permitiram tão milagroso fenómeno). Mas tal como o Sol, tal como as estrelas, o Homem, cada Homem começa um dia e noutro acaba inexoravelmente, não podendo pretender ser excepção da “Criação” ou do sistema que um dia lhe outorgou a vida e vida racional... Também como o Universo? – Ninguém sabe. E não sabemos se algum dia a Ciência conseguirá desvendar o mistério!
    Este tipo de pensamento, liberto que seja dos mitos e fantasias criados pelas religiões e impostos ao Homem, sobretudo ao ignorante, levará o mesmo Homem à necessidade de construir uma Sociedade justa e fraterna e a pautar a sua vida por dois grandes pensamentos de carácter filosófico-existencial: “Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida; tenho de o viver o melhor possível!” e: “Cada momento de vida desperdiçado é momento de vida desperdiçado para sempre pois tudo passa e nada se repete!” Aliás, na linha dos poetas e filósofos latinos: “Vita brevis! Carpe diem!” (A vida é breve! Aproveita bem cada dia!) Ou ainda seguindo a Bíblia, no seu livro da Sabedoria: “Não te prives de um só prazer legítimo... Tudo quanto possuis vais deixar para os outros que vierem depois de ti.”
A conclusão só pode ser uma: em cada dia que se levanta, em cada noite que cai, a cada raio de Sol que nos ilumina a face ou brisa que nos acaricia a mente, a cada sentido que se nos inebria de prazer..., deveremos bendizer, em agradecimento, o inefável e sempiterno Deus da Harmonia Universal que, não tendo forma humana, ao modo dos deuses das religiões conhecidas, é o mais credível porque n’Ele somos desde o nosso início até ao nosso fim, como n’Ele são todos os seres que um dia tiveram o privilégio de receber esta dádiva fantástica - e gratuita! - que é a VIDA!... Então, digamos permanentemente: “Muito obrigado, Muito obrigada, meu Deus!” Até que a vida se nos acabe! E, sem mágoa – pelo contrário, felizes por termos participado na saga da Vida – dizermos adeus e um “Até sempre!” seja qual for a sorte que couber aos átomos e moléculas que um dia formaram este belo ser da criação que fomos NÓS! Sorrindo!...
(Repetimos: sobre o tema, veja-se o final do livro, disponível na Net e livrarias, “Um Mundo Liderado por Mulheres”)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

“Sou o homem mais religioso do mundo...” (2/3)

Três são as ordens de razões para se poder afirmar que a Religião baseada na Ciência e no Conhecimento satisfaz, simultaneamente, a espiritualidade e a racionalidade humanas:
– Primeiro, o Homem toma consciência da sua Verdade, da sua Realidade enquanto ser racional que não escapa à condição de ser vivente que afecta qualquer um: começar no tempo e acabar-se no tempo, vindo do Nada, pelo milagre da Vida, e reintegrando-se com a morte na matéria de onde veio para, transformado novamente em moléculas e átomos, fazer parte, quiçá, de outro ser vivo ou simplesmente ficando matéria inerte. E, aqui, é oportuno citar a Bíblia na célebre frase que a Igreja repete ao longo dos séculos, no início da Quaresma, quarta-feira de cinzas, não tirando depois as devidas ilações ao apregoar uma vida eterna num Inferno com o Diabo ou no Paraíso com Deus e os seus anjos: “Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris” (Lembra-te, ó homem, que és pó e para o pó voltarás.)
– Segundo, toma consciência da sua Verdade enquanto ser do Universo, pequeno elemento do Planeta Terra, Terra que é pequeno astro no Sistema Solar, sistema que é apenas um dos mais de duzentos mil milhões que compõem a nossa Galáxia, a Via Láctea, galáxia que é apenas uma entre milhões de outras perdidas no imenso, incomensurável – apesar de as distâncias se medirem em anos-luz – Universo cujos limites continuam a ser um total mistério para a Ciência.
– Terceiro, aceita que a sua característica principal, a racionalidade – mais um milagre da evolução da Vida! – deve ser utilizada para se realizar plenamente como indivíduo, sendo componente bem localizada, pela Ciência, no cérebro com os seus mais de cem mil milhões de neurónios, mas a que filósofos e religiosos insistem em chamar ALMA, deduzindo daí a imprescindível espiritualidade humana e a sua imortalidade pelo carácter metafísico que revela. No entanto, lendo, por exemplo, os livros de António Damásio, “O Erro de Descartes” e “O Sentimento de Si”, facilmente nos apercebemos da tremenda realidade: a alma com todas as suas prerrogativas e funções – capacidade de raciocinar, de se emocionar, de linguagem articulada e conceptual, etc. – não passa do resultado das conexões ou sinapses entre aqueles mais de cem mil milhões de neurónios que compõem o nosso cérebro. (Este é um dos mais fortes argumentos para se afirmar que a alma não pode ser imortal, pese-nos embora toda a pena do mundo. Ah, como gostaríamos de ser imortais! Como gostaríamos de viver para sempre em algum lugar!...).
Na próxima mensagem, retiraremos as conclusões destes dados da todo-poderosa Ciência.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

“Sou o homem mais religioso do mundo...” (1/3)

Que homem ou mulher poderá afirmar-se de tal modo? – Aquele ou aquela que optar por uma Religião capaz de satisfazer a sua espiritualidade, respeitando ao mesmo tempo a sua racionalidade, capaz, pois, de dar resposta racionalmente credível às carismáticas perguntas que englobam toda a sua angústia existencial: "De onde venho, o que faço aqui e para onde vou?". E essa só pode ser uma Religião que tenha por base a Ciência e o Conhecimento, e não o mito e a fantasia que são apanágio das religiões – todas as religiões! – antigas ou actuais, apregoando deuses ou um Deus impossível de existir. O seu Deus será o Deus da Harmonia Universal, infinito e eterno, contendo, por isso, tudo o existente no espaço e em todo o tempo, tempo que só existe para os seres que um dia começam e noutro se acabam, tal como nós! Assim sendo, tudo o que existe, existe nesse Deus, faz parte d’Ele, enquanto se manifesta em vida, para os seres vivos, ou simplesmente enquanto existe com esta ou aquela forma, para os não vivos. Teremos, pois, um moderno panteísmo universal, retomando-se as ideias dos racionalistas do séc.s XVII e XVIII, tais como Hobbes, Descartes, Pascal, Spinoza, Leibniz, opondo-o ao panteísmo antigo sempre eivado de politeísmo.
    Veremos, na próxima mensagem, como satisfaz essa religião a espiritualidade e, ao mesmo tempo, a racionalidade do Homem.
(Uma proposta resumidamente estruturada desta singular Religião encontra-se no final do livro, disponível na Net e livrarias, “Um Mundo Liderado por Mulheres”)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Madre Teresa de Calcutá, uma santa! (2/2)

Madre Teresa dizia que “A maior força do mundo é a Fé”, mas também que “O maior mistério é a morte”. Realmente um crente não diz que a morte é mistério, diz, sim que é libertação, libertação da vida terrena para ir ao encontro da Pátria Celeste! E Madre Teresa representa um problema para a Igreja: as Cartas publicadas com o título “Come Be My Light”. Nelas, revela as suas profundas dúvidas sobre a Fé em Deus, assumindo uma posição agnóstica, ao não sentir as respostas de Deus para as suas angústias existenciais. É a denominada “noite escura”. Eis algumas frases emblemáticas de tal agnosticismo:
“Na minha própria alma, sinto a terrível dor da Sua perda. Sinto que Deus não me quer, que Deus não é Deus e que Ele não existe realmente”.
“Quanto a mim, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não oiço”.
“Falo como se o meu coração estivesse apaixonado por Deus. Se estivesses lá, dirias: Que hipocrisia!”.
“Se não houver Deus, não pode haver alma; se não houver alma, então, Jesus, Tu também não és real!”
“O sorriso é uma máscara ou um manto que cobre uma multitude de dores”.
Basta! Madre Teresa é santa pela sua vida, aos olhos dos Homens. Os de Deus não vêem nada. É que este Deus que as religiões, mormente a religião católica, apregoam não existe! Simplesmente porque não pode existir.
(Prová-lo-emos em próximas mensagens. Leia-se, entretanto, o final do cap. II do meu livro “Um Mundo Liderado por Mulheres”, onde o assunto é clarificado.)
Não posso “despedir-me” de Madre Teresa sem referir uma das suas frases mais realistas: “Vou passar pela vida uma só vez; por isso, qualquer coisa boa que eu possa fazer, ou alguma amabilidade que eu possa ter com um ser humano, devo fazê-lo agora porque não passarei de novo por aqui.”
Esta, a única VERDADE insofismável e inexorável de que temos a absoluta certeza. Tudo o mais é... fantasia! Obrigado, Madre Teresa! Viverás para sempre na memória dos que não te esquecem. Depois, serás nada, pois, depois da morte, só somos enquanto de nós houver memória. Faremos parte do Todo Universal que é TUDO para todos os seres que tiveram o privilégio de ter vindo participar na saga da Vida – nós, obviamente, também! – mas que é NADA para quem já teve tal divino, fantástico privilégio. Privilégio irrepetível, não se esqueçam: “não passarei de novo por aqui”!...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Madre Teresa de Calcutá, uma santa! (1/2)

Falemos ainda de santos e milagres!
Que Madre Teresa é uma santa, toda a gente concordará, olhando a sua vida e a sua obra. Toda a gente? – Não! A Igreja não concorda! É que qualquer ser humano, mesmo que se tenha destacado pela sua solidariedade social, tentando criar a verdadeira fraternidade entre os Homens – sendo, portanto, santo, pois seguiu a mensagem genuína de Jesus Cristo! – tem de passar pelo crivo dos milagres exigidos pela Igreja, milagres que comprovem “sem qualquer sombra de dúvida” que esse ser humano está no Céu, face a face com Deus do qual obtém as graças pedidas pelos devotos: normalmente, curas ditas “impossíveis, incríveis ou inexplicáveis”. E são necessários milagres para a beatificação e novamente milagres para a canonização. Sem isso, não há santo nenhum! Ora, para Madre Teresa, já se encontrou um: uma indiana que, tendo invocado a “santa”, ficou curada inexplicavelmente de um tumor no estômago. Este “milagre” deu-lhe direito à beatificação em 19 de Outubro de 2003. Para a canonização, certamente encontrar-se-ão rapidamente mais milagres do mesmo jaez, pois curas ainda não explicáveis há muitas, estando a Ciência em contínuo processo de descoberta. Mas..., quando é que a Igreja deixa de se agarrar a esta farsa que são os milagres para valorizar a pessoa humana? Quando é que deixa de apregoar, de forma totalmente desonesta, para não dizer hipócrita, que um facto por ser ainda inexplicável tem de ser de origem divina? Não lhe bastam as vezes em que a Ciência já desmentiu “verdades inquestionáveis” como, por exemplo, a teoria geocêntrica? Que fraude, Santo Deus, que fraude! E é uma fraude que todos os fiéis pagam, submissamente, ao contribuírem, quantas vezes tirando do que lhes faz falta, para alimentar o rico Vaticano onde todas as normas a utilizar na “Causa dos Santos” são inteligentemente "cozinhadas"...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Se milagres desejais...

Este, o início de uma devota litania a Santo António que, em crianças, rezávamos para recuperarmos algo que houvéramos perdido:
“Se milagres desejais, recorrei a Santo António,
Vereis fugir o demónio e as tentações infernais.
Recupera-se o perdido, rompe-se a dura prisão,
E, no auge do furacão, cede o mar embravecido.”
Miagres! Milagres, há-os todos os dias no suplantar provações, na força de vontade em vencê-las, na fé que o doente coloca na sua cura, seja pela determinação, seja pela coragem em enfrentar a doença, com a ajuda obviamente de medicamentos naturais ou químicos. Os crentes recorrem aos santos. E, se a cura acontece, até dizem ter sido milagre do santo da sua devoção. Se não acontece, sobretudo se se "fiaram" apenas no santo e desprezaram os medicamentos “auxiliares” da fé, tendo como desfecho a morte, a razão é porque não seria do agrado de Deus que a cura acontecesse! Esta, a pregação da Igreja, esta a crença dos fiéis! Mas... não é um logro, um engano, um embuste? Não seria muito mais honesto da parte da Igreja deixar esta capa de hipocrisia, abusando da ingenuidade dos crentes, normalmente pobres e ignorantes e dar um passo em ordem a humanizar o que é humano, deixando o divino para a fantasia? "A fé é que nos salva!", afirma-se. Ora do muito de verdade que esta máxima encerra, não se pode inferir que não seja uma fé esclarecida, uma fé que não leve os crentes a arrastarem-se perante santos e altares mas a creditarem nas suas próprias forças e nas próprias capacidades de, em caso de doença, vencerem a morte, adiando a sua vinda, para que esta fantástica saga da vida, para cada um de nós única e irrepetível, se encerre o mais tarde possível!...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os santos existem?

 
“Claro!” – dirão todos. “Basta entrar numa qualquer igreja, ermida ou santuário para vermos, deles cheios, nichos e altares!” Depois, há o 1 de Novembro, Dia de todos os Santos, logo seguido, em 2, do Dia de finados, dos mortos ou dos fiéis defuntos! E, mais do que comemorar os santos, os cemitérios enchem-se de crentes a chorar os entes queridos que se foram, cobrindo de flores as campas e as cruzes que as encimam, quando não acendendo velas em invocação do patrocínio do Além desconhecido para melhor se aguentarem nas agruras da vida.
Ora, os santos! Realmente, as igrejas católicas estão cheias de imagens deles, forjadas quase todas pela imaginação dos artesãos que as moldaram, geralmente, em pedra, madeira ou barro, desde a Virgem, sob inúmeros nomes, inúmeros rostos, passando pelos apóstolos, até ao mais humilde deles (pois, em santos, também há os mais importantes e os menos, aliás, como nos anjos com as suas hierarquias!...), talvez um S. Francisco de Assis ou um S. Pancrácio, cuja desbeleza de nome não cativará muitos devotos... E, pelo menos no "seu" dia, reza-se, nas igrejas, a “Litania Sanctorum”, ladainha de todos os santos: “Sancta Maria, ora pro nobis!”, invocando, no entanto, apenas os mais notáveis...
No Vaticano, dito “Santa Sé”, há a Congregação Para a Causa dos Santos, dirigida por um cardeal, congregação que deve ocupar inúmeros eclesiásticos porque há por aí muitos santos a descobrir, a beatificar, a canonizar, erigindo-lhe um altar com a sua imagem! Contra a Bíblia, claro: “Não prestareis culto a qualquer tipo de imagens mas só a mim, Javé, que sou um Deus ciumento.”(Ex 20,3-5)
Nem a diferença imposta pela Igreja de dulia (veneração dos anjos e santos), hiperdulia (veneração da Virgem) e latria (adoração a Deus), evita que os crentes confundam umas e outra. Em Portugal, veja-se o que se passa com Fátima: veneração ou adoração da Virgem?!
Se o processo de canonização de um santo é longo, tendo de passar pela fase de beatificação, a que acede com um ou dois milagres, para só depois, com mais outros tantos confirmar que, sem qualquer dúvida, está no Céu face a face com Deus, quanto “trabalho” não será necessário para descobrir tais “milagres”! Ora, toda a gente sabe - ou devia saber - que os milagres não existem: simplesmente a Ciência ainda não conseguiu explicação para muitos fenómenos, sobretudo os que se passam ao nível do cérebro humano, e a sua capacidade de influenciar mazelas que atormentem o corpo. De qualquer modo, uma coisa é certa: não há forma alguma de se provar que este ou aquele fenómeno aconteceu por intervenção divina. Tal intervenção só se tornaria credível se actuasse ao nível do físico e do palpável; por exemplo, aparecer uma perna a um coxo que rezasse ou um olho em órbita ocular vazia. Não sendo assim... Facilmente se conclui, pois, que nenhum dos milagres atribuídos aos santos para os canonizar tem fundamento! E, sem fundamento, os santos, "feitos" daquele modo, não podem existir, façam ou não parte do nosso imaginário...
Voltaremos mais vezes a este assunto, já que a não existência de milagres afecta irremediavelmente os fundamentos da Igreja.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Alerta programático

Caríssimos visitantes e seguidores,
Não tendo este blogue um objectivo de análise de factos quotidianos, mas de expressão de ideias mais universais que vão muito para além daquilo que absorve o mundo dia a dia, o meu compromisso será de apresentar uma "mensagem", semanalmente, à segunda-feira. Passado o bulício do fim-de-semana, poderão os interessados nestas "coisas", em qualquer momento da semana que se inicia, dar o seu contributo, comentando com críticas, sejam de concordância ou de total desacordo, propondo outras ideias, quiçá, bem mais válidas e pertinentes...
Deste modo, ninguém virá aqui em vão, vendo goradas as suas expectativas por não encontrar "coisas" novas. Não esquecer, no entanto, que todos os textos anteriores continuam a poder merecer da vossa parte a atenção necessária à reflexão e análise. Se os comentarem, dêem notícia, aqui, no último texto publicado, referenciando-o, para que não lhe falte a prometida amável resposta...
Obrigado!

“A caminho da Pátria Celeste”


Esta uma frase que cala fundo no coração dos crentes. “A vida é uma passagem para a outra margem.”... E este é um problema a que os racionalistas têm dificuldade em dar resposta: a Fé a propiciar aos crentes uma muito maior capacidade de encarar e aceitar as agruras da vida, facto que se nota mais prementemente nos doentes terminais. Nos seus olhos, já sem brilho, parece ainda ler-se: “E agora?!” O crente dir-lhe-á sem hesitar: “Estás mais perto da entrada na Pátria Celeste!” E ele sorri! E conforta-se! E até é capaz de dizer adeus à vida com um sorriso nos lábios! Ou, enfrentando a morte, de dizer: “Bendita, ó morte, que me libertas deste corpo que me impede de ver Deus face a face, com os seus anjos e santos, no Céu!...”
Ora os racionalistas nada têm para oferecer, em tal hora, a quem nela se encontra. Que consolo encontrará o doente saber que, como os seus dias chegaram ao fim, se vai integrar na Harmonia Universal, encontrando-se com o Deus preconizado pela Ciência e pelo Conhecimento, sem Céu, sem vida eterna, sem... Deus realmente existente como Ser? E que lhe importa que isso seja realmente a Verdade? Não é muito mais aliciante, reconfortante, excitante a outra versão, mesmo que seja a versão da fantasia dos criadores das religiões e de Deus nelas? Lembram-se do conforto dado pelo inigualável Jesus Cristo ao bom ladrão, ambos morrendo na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso!”?
Cremos que a conclusão só pode ser uma: quem se sente confortável com a sua Fé, não a deve perder, discutindo ideias racionalistas, pois é realmente melhor acreditar em alguma coisa do que não acreditar em coisa nenhuma! Os outros, agarrem-se à sua Verdade e, estoicamente, também com um sorriso nos lábios, digam adeus à vida porque outros estão na calha para dela se apoderarem como nós o fizemos, usando as moléculas de matéria que sempre estarão disponíveis para novas vidas, pelos séculos dos séculos, enquanto houver Terra e Sol que lhe dê calor para que, nela, a vida sempre continue...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Como se fora divertimento...

CRENTES E NÃO CRENTES, DESCANSAI!
Alegremo-nos todos, cantemos e dansemos! Pois, se o Paraíso das religiões com Deus e os seus anjos existe realmente, ele existe tanto para os que crêem como para os que não crêem. E de igual modo o inferno com todos os seus demónios! Aquele, obviamente, para os bons que o foram na Terra, e os explorados, os oprimidos, os que trabalharam para a fraternidade universal; este, para os exploradores, os criadores de crises, os que olharam só para o seu umbigo: esses, nas palavras de J.C., já tiveram a sua recompensa!
Mas... uma grande – grandíssima! – incógnita se nos depara ao espírito crítico: não há prova absolutamente nenhuma de que tal Paraíso ou tal Inferno exista realmente. Nenhum dos que morreram – e foram milhares de milhões nestes quatro milhões de anos que já leva a humanidade – veio cá “abaixo” dizer algo sobre a existência do Além! Nem um sequer! O próprio judeu Jesus, a quem chamaram de Cristo e de Filho de Deus, não conseguiu melhor do que contar a parábola do rico e do pobre, os quais, tendo morrido, foram o primeiro para o inferno e o segundo para o céu. Ora, vendo o rico o pobre no céu, rodeado de bem-aventurança, e tendo pedido a Deus para vir à Terra avisar os seus irmãos do que lhes aconteceria se continuassem a explorar e a oprimir os mais fracos, foi-lhe respondido pelo mesmo bondoso Deus: “Eles que oiçam os sacerdotes e profetas; se os não ouvem, também a ti não darão ouvidos!” Que “grande” argumento para um “Filho de Deus”, santo Deus!
Enfim, façamos o Paraíso que nos for possível aqui na Terra, nesta vida que, para cada um de nós, é a única certa e..., com toda a pena na alma o dizemos, inexoravelmente única e irrepetível!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Grandíssimo erro!

Todos os teólogos cristãos – os muçulmanos, judeus, hindus, budistas sê-lo-ão de igual modo nas suas religiões – cometem um erro, um grandíssimo erro de base: aceitam como válidos os pressupostos que se seguem, sem qualquer contestação e sem ir às raízes da História confrontadas com a análise científica dos documentos disponíveis: 1 – A Revelação divina das chamadas Sagradas Escrituras; 2 – A Tradição como factor determinante para atestar fés e dogmas; 3 – A vinda de Deus à Terra, há c. de 2 000 anos, para intervir na História, através de um filho que encarnou de uma Virgem e a quem chamaram Cristo, de seu nome terrestre Jesus, judeu entre os judeus, com uma mensagem de salvação para o pobre Homem pecador e ainda não liberto do famoso pecado original; 4 – A criação do Homem por Deus, à sua imagem e semelhança, num acto de corte com a evolução – criacionismo contra o evolucionismo – em tempos em que o hominídeo deixou de o ser para ter uma alma “totalmente” racional colocada directamente por Deus no corpo certamente do sapiens sapiens, continuando a Sua obra criadora com cada ser humano que vai nascendo todos os dias, colocando também nele uma alma racional...; 5 – A possibilidade de humanizar Deus, atribuindo-se-lhe sentimentos de pena, compaixão, sofrimento, raiva, ciúmes, bondade, e capacidades como a de se lembrar, a um dado momento do tempo, de que era tempo de enviar ao Homem um Salvador...; 6 – A credibilidade se não científica pelo menos histórica da Bíblia, sobretudo do N.T. e, nele, os evangelhos, mas também as cartas, mormente as de Paulo, o grande estratega do lançamento dos fundamentos do cristianismo.
Grandíssimo erro, não há dúvida! Pois ficam impedidos, à partida, de se abrirem a novos horizontes, os horizontes da Ciência onde realmente reside a Verdade, forçando-se a si próprios a laborarem na mentira e na falsidade, ou em “verdades” totalmente desprovidas de credibilidade. E são milhares os teólogos, e são milhares os doutorados, e são milhares os professores em Universidades de renome – já não falando em papa, bispos e sacerdotes – que continuam ensinando a partir do telhado sem pensar – nem deixarem pensar! – que, afinal, os alicerces da casa que construíram ou os seus fundamentos são de um barro descomunal!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A bondade das religiões


O título mais apropriado talvez fosse: “O bem que as religiões trouxeram ao mundo”. Em boa verdade, e atendendo-nos só às religiões cristãs, e mais concretamente à católica, poderemos afirmar que, sendo a História feita de guerras e mortandades, sem as religiões e os seus entraves à manifestação da parte selvagem que há no Homem, a História estaria ainda mais carregada de sangue humano e de violência... Lembram-se dos Dez Mandamentos mosaicos e dos Mandamentos da Santa Madre Igreja com a missa aos domingos e do pecado original e dos pecados mortais e do inferno e da confissão e da comunhão e do jejum e da quaresma com as suas abstinências e dos dogmas e dos sacramentos?
Por outro lado, há a parte cultural: foi nos conventos que se instalaram copistas de textos que de outra forma se teriam perdido para sempre; foi aí que floresceram as bibliotecas; foi à sua sombra que se ergueram escolas e também a assistência aos pobres e carenciados, ou seja, a parte social da igreja que ainda perdura e que, para os críticos, é a única coisa boa que nela se conserva...
E ainda há os muitos milhares de obras-primas, abarcando todos os estilos de arte, sendo mais notáveis na arquitectura, na pintura e na música. Quem negará a beleza das catedrais, seja de estilo românico, gótico, neo-gótico ou moderno? Quem não apreciará “O Messias” de Haendell, “O Requiem” de Mozart, “A paixão segundo S. Mateus” com os seus coros fantásticos de melodia emotiva de Bach? E o mesmo se diga das pinturas de um El Greco, um Rafaello, um Miguel Ângelo, um Leonardo da Vinci, um Giotto, e tantíssimos outros. E de modo algum poderemos esquecer o notável Canto Gregoriano que enche de paz os silêncios das catedrais...
Não tivesse havido a religião cristã e nenhuma destas magníficas manifestações artísticas, que nos emocionarão pelos séculos dos séculos, teria existido.
Enfim, as religiões deram – e continuam a dar! – a muitos homens e mulheres, a crença numa vida no Além, sendo preparada através do sofrimento aceite nesta em desconto dos pecados... Não é coisa de pouca monta: a parte espiritual do Homem (assunto que abordaremos mais tarde) necessita de respostas e a Ciência é nitidamente insuficiente para colmatar os medos da morte e a incógnita total da “outra vida” que atormentam todo o ser racional, seja crente ou não. As religiões, aceite-se ou não o facto, têm dado uma resposta...
Outras “bondades” haverá. A palavra é do amável leitor.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Obviamente, um livro polémico!



São duas as ordens de polémica mais visíveis:
1 - A proposta de novos modelos económicos para a sustentabilidade social, tendo como objectivo o pleno emprego e a fraternidade universal, e para a sustentabilidade ambiental visando a salvação do Planeta.
2 - A proposta de uma nova religião, aglutinadora de todas as outras, a religião do Futuro, baseada na Ciência e no Conhecimento, preconizando o Deus da Harmonia Universal.
É no final do livro que se aborda esta última questão e é por isso que se lhe faz referência aqui, no "Em nome da Ciência".

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

“Em Nome da Ciência”, um ponto de encontro para discutir o outro lado da vida

Dois são os principais objectivos deste blogue:
1 – Reconhecendo o muito de bom que as religiões – mormente as religiões cristãs – deram ao mundo e à humanidade, demonstrar as inúmeras falsidades que as rodeiam, rondando o absurdo, o que em nada dignifica o ser racional que é o Homem.
2 – Prestar homenagem à VERDADE, seguindo o inigualável Jesus Cristo pela pena de João: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8,32)
Assim, veremos como se construíram deuses e as respectivas religiões para se lhes prestar culto, por necessidades psicológicas, ignorâncias e medos, por um lado, por outro, devido a interesses económico-políticos, normalmente bem camuflados debaixo de uma capa de falsa ajuda à humanidade. No passado, sempre. Actualmente, ainda em larguíssimas partes do Mundo. Cremos que já ninguém duvidará de que as crenças, todas as crenças estão ligadas à ignorância do que é a realidade Homem, a realidade Terra, a realidade Universo. O “nosso” slogan será, pois, glosando a Bíblia: “E o Homem criou deus ou os deuses à sua imagem e semelhança!”
Abordaremos ainda a (in)validade, face à razão, dos muitos mitos que proliferam pelo mundo, obviamente, o mais inculto. A perda de mitos não é previsível como previsíveis são muitos dos fenómenos que afectam a actividade e pensamento humanos. Mas vai de certeza acontecer! É uma questão de tempo! Depende do ritmo com que a humanidade conseguir eliminar as trevas da ignorância que afectam uma grandíssima parte da humanidade, i.é., os iletrados, e para os outros, a tomada de consciência de que não vale a pena viver de efabulações criadas pela imaginação e fantasia de uns quantos ditos iluminados...
E o convite é: “Venham todos participar nesta aventura!” Talvez, depois, consigamos responder mais adequadamente à intrigante pergunta “Donde viemos, o que fazemos aqui e para onde vamos?”, ou, em síntese, ao “Quem somos, afinal?”. Desafiante, não é? Apaixonante, também, obviamente!
Em nome da Ciência! Contra toda a forma de ignorância!
(Nota: De seguida, serão apresentados 8 pequenos textos, publicados de uma só vez pela sequência lógica que os caracteriza. E também para desencadear o debate!)

Contestando a veracidade do Deus das religiões monoteístas

Queiramos ou não, somos forçados a aceitar, à luz dos conhecimentos actuais, que foi realmente o Homem que criou Deus à sua imagem e semelhança. Os argumentos aduzíveis são vários e sem contestação racionalmente possível, embora, sendo este um fórum de discussão, toda a contestação seja admitida! Por crentes e não crentes... Atentemos apenas nos mais importantes:
Argumento 1/5: Os mitos existem pela necessidade humana de tentar explicar o que, no tempo da sua criação, era inexplicável: mistérios, ignorâncias, medos, forças ocultas, etc. Pela Ciência, no entanto, já descobrimos e já desvendámos muitos desses mistérios, muitos segredos, muitos mitos! E a Ciência não pára de nos surpreender com novas descobertas. Newton, Galileu, Darwin, Einstein e tantos outros desmistificaram muitos dos mitos que deram origem às religiões que de certo modo nos governam e nos alienam.
Argumento 2/5: Desde o princípio da História conhecida do Homem que existem deuses, organizados normalmente segundo hierarquias machistas, podendo referir-se as antigas civilizações fenícia, egípcia e, mais tarde, a grega e romana, indo de Baal e Adónis a Oziris, Serapis, Isis e muitos outros, a Zeus para os Gregos e a Júpiter para os Romanos, cada um com o seu séquito de deuses e deusas... Todos inventados e seriados pelos Homens do tempo! Há três mil anos, no entanto, surgiu um Moisés que criou para o seu povo um Deus a quem chamou Javé. E foi este Javé que deu origem ao judaísmo, judaísmo do qual veio a brotar o cristianismo, há c. de 2 mil anos e o islamismo, há apenas c. de 1.300 anos, mais exactamente em 622 d.C. Entretanto, surgiram no Oriente o budismo e o hinduísmo, c. de 500 a.C., nos quais o cristianismo iria beber filosofias de vida como o “Amai-vos uns aos outros” de Jesus Cristo.
Argumento 3/5: As religiões que actualmente dominam o mundo existem apenas há c. de 2 a 3 mil anos, quando o Homem (o hominídeo) existe há 4 a 7 milhões de anos! – curta existência, embora, em relação ao início da Vida, c. de 3.500 milhões de anos, e em relação aos dinossauros que se extinguiram há c. de 65 milhões, tendo dominado a Terra durante mais de 200 milhões de anos!... Então, quem pode aceitar racionalmente que o Deus que elas nos propõem, desde Javé de Moisés, passando pela trilogia hindu: Brama, Vixnu e Shiva, atingindo o Deus-Pai de Jesus Cristo e finalmente Alá de Maomé, quem poderá aceitar que esse Deus seja verdadeiro ou exista realmente e só agora se tenha “lembrado” de se revelar às humanas gentes? Se Deus é justo e inteligente, omnisciente e eterno, porque não se revelou ao homo sapiens sapiens que apareceu há c. de 40 000 anos? Ou, porque andou a manifestar-se a uns quantos iluminados em épocas pouco relevantes para a humanidade quando bastaria esperar dois a três mil anos para ter ao seu dispor toda uma panóplia de meios de comunicação, alcançando com a sua mensagem de salvação toda a humanidade, em apenas 24 horas e sem sair do seu lugar, obviamente o Céu, trazendo esse seu Céu à Terra?...
Argumento 4/5: Os livros ditos sagrados, desde os Vedas, à Bíblia judaico-cristã, ao Corão, como os próprios teólogos afirmam, reportando-se, aliás, ao velho Santo Agostinho, não são livros nem científicos nem históricos mas tão só livros religiosos. Em boa leitura, isso quer dizer que não merecem credibilidade, nem científica nem histórica. Então, como é possível arquitectar toda uma filosofia religiosa baseada em... coisa nenhuma ou apenas em “factos” ou “fenómenos” que supostamente aconteceram? Pior: como é possível dar crédito a tal filosofia? Pior ainda: como é possível que haja tantos milhões – quase metade da humanidade! – que se deixa levar por tal filosofia? E ainda muito pior: como é possível haver tantos mentores religiosos, a começar pelos papas de todas as igrejas, sinagogas ou mesquitas, tenham os nomes que tiverem, desde gurus, a imans, a rabinos, a patriarcas, passando por cardeais, bispos e afins, e acabando nos presbíteros, que vivam cinicamente à custa da ignorância dos milhões que aceitam benevolamente serem enganados e alienados nas suas consciências e... lhes pagam para se manterem no mesmo engano?...
Argumento 5/5: Um exemplo paradigmático são os “milagres” de Mateus. Toda a Bíblia judaico-cristã está repleta de milagres; mas podemos considerar o evangelho de Mateus como o protótipo de tal facto. São tantos os milagres ali narrados, desde os mais inverosímeis – dar de comer, por duas vezes, a mais de 5 000 pessoas com meia dúzia de pães e meia dúzia de peixes – aos mais caricatos – secar a figueira porque, ao passar junto dela, não encontrou figos – aos mais espectaculares aquando da sua morte - mortos que ressuscitam, saem dos túmulos e andam pelas ruas, toda a Terra a escurecer – culminando com a sua ressurreição e subida aos céus..., tantos são os milagres que, a terem sido verdades factuais, todas as gentes do Império Romano, a começar pelo César imperador, teriam acorrido a presenciar in loco fenómenos tão bizarros e tão frequentes, obviamente dignos de serem admirados pelo maior número de pessoas possível, até para convencimento de que estavam perante o “Filho de Deus”. Mas os historiadores credíveis da época nada dizem a tal respeito... Ora, toda a gente culta sabe que os milagres realmente não existem. Simplesmente porque não podem existir. São algo tão improvável, por não fazerem parte da natureza humana, que só por absurdo se podem aceitar, como nos quer convencer a Igreja católica para elevar aos altares beatos e santos. São anti-natura e pertencem ao domínio do que chamam, fantasiosamente, o sagrado, sagrado que, obviamente – se quisermos ser mais precisos e incisivos – não existe para a Ciência. Os milagres de Mateus “existiram” na mente do autor apenas com o objectivo de divinizar a personagem que seria o pilar da nova religião nascente: Jesus, a quem, por isso, chamaram o Cristo, o Messias, o Ungido, o – veja-se só o descaramento! – Filho do Deus verdadeiro. Que Deus verdadeiro, santo Deus de todos os deuses?!!!
Conclusão lógica:
As religiões e as suas igrejas e hierarquias existem “de facto” porque são uma realidade; mas não existem ou não deviam existir “de iure” (de direito) porque são todas uma falácia ou uma grande efabulação, todas baseadas em não-factos ou em não-verdades!
Pela sua relevância, voltaremos mais tarde a estes argumentos.

Desmistificação de mitos e crenças

A Ciência já veio desmistificar praticamente todas as religiões, todas as crenças, todos os mitos criados, inventados ou construídos pelo Homem ao longo da História. Aliás, quanto mais a Ciência evolui e nos desvenda os segredos do Universo e, nele, a Terra e, nesta, o Homem e a Natureza, mais as religiões e seus mitos deixam de ter sentido face a uma razão que é apanágio e a característica mais nobre do Homem. Até parece incrível como é que, tendo havido já um Copérnico, secundado por um Giordano Bruno e um Galileu, que provou o heliocentrismo e um Darwin que nos mostrou o aparecimento do Homem pela evolução natural das espécies, juntamente com todas as descobertas acerca da força e da energia que regem a Terra e as estrelas..., parece incrível que ainda haja tantos e tantos adeptos nas religiões e tantos sacerdotes ou levitas que gravitam à volta delas continuando a apregoá-las como verdade quando – e muitos deles disso estarão convencidos! – são simplesmente puras falsidades, usando e abusando da ignorância das gentes. Mas esta é a realidade que temos. As razões serão essencialmente duas: 1 – Da parte dos crentes, o temor da morte e a total incógnita do Além, não sendo capazes de aceitar nem uma nem outra, senhores de uma razão que é capaz de pensar tudo isto, inclusive almejar a eterna juventude que tem de ser em outro mundo e sob outra realidade já que esta vida tem com a morte implacável o seu fim. 2 – Da parte dos mentores religiosos, o aproveitamento de tais razões para viverem comodamente instalados a venderem aos primeiros os seus sonhos de eternidade – e quem não gostaria que tais sonhos se realizassem? – baseados apenas numa falsa Fé...

O grande Moisés

Tendo já visto que o tempo – 4 a 7 milhões de anos a existência do Homem, 40 000 a existência do sapiens sapiens, 2 a 3 mil o aparecimento das religiões monoteístas – é o grande argumento contra a veracidade do deus que as actuais religiões nos oferecem, analisemos de mais perto o que nestas histórias resta de História.
Moisés – cujo nascimento está adornado da história comum a outras figuras carismáticas conhecidas na época, i.é. o seu salvamento das águas do rio onde fora lançado – excelente político e estratega militar, criou/inventou o seu Deus Javé, vingativo, ciumento e sanguinário, para melhor “domesticar” o povo “de cabeça dura” que liderava. Assim, já não era ele que ditava leis, já não era a ele que o povo tinha de obedecer mas a Javé e às suas leis, ditadas da sua própria boca. Haverá algo de mais convincente e alienador das consciências? É que, se não cumprissem normas e leis, os castigos de Javé, individuais e colectivos, seriam implacáveis. Os sucessores de Moisés aproveitaram a brilhante ideia e consolidaram-na ao longo de c. de mil anos, rodeados de uma forte e influente classe sacerdotal, classe que, de mãos dadas com os políticos, se encheu de privilégios, secundados ainda pelos escribas do tempo que se arvoraram em profetas de Javé, “profetizando” o que já havia acontecido ou o que era facilmente previsível que acontecesse...

O inigualável Jesus Cristo

Jesus, a quem chamaram o Cristo, renegando com toda a certeza o Javé sanguinolento do A.T., pregou um Deus-Pai do qual todos os Homens seriam filhos, defendendo ao mesmo tempo e concomitantemente a fraternidade universal. Desse grande homem, judeu entre os judeus descendentes do grande estratega militar e grande político Moisés e herdeiros de Javé com os seus levitas e sacerdotes, escribas e fariseus, tendo pago com a morte o ter-se insurgido exactamente contra esses levitas e sacerdotes, escribas e fariseus, sobraram três grandes coisas: 1 – dividiu a História em a.C. e d.C.; 2 – defendeu a fraternidade universal dizendo que todos os homens são irmãos, pois todos filhos do único Deus verdadeiro; 3 – foi a origem de uma nova religião - o cristinaimso - tendo sido divinizado e chamado de Cristo, i.é., o Ungido, o Escolhido de Deus, enfim o Messias, o Salvador (para os Judeus, um salvador terrestre, naquele caso, do jugo romano – o que, aliás, não veio a concretizar-se – e para os cristãos um salvador espiritual, sendo Filho do próprio Deus que seria trino em pessoas).
Noutros textos, veremos que, tal como todas as outras religiões, o cristianismo nasceu por interesses os mais diversos, desde os religiosos aos políticos, divinizando-se uma personagem e toda a sua vida, do nascimento à morte, ao modo das muitas divindades conhecidas da época.

Maomé

Maomé, no séc. VII d. C., tentou adaptar o Judaísmo e o Cristianismo às tradições e culturas ancestrais do mundo árabe, escrevendo o Corão onde proclama um “novo” Deus, que dá, em árabe, pelo nome de Alá. É um Deus exclusivo, tal como o Javé de Moisés: “Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta” – faz ele recitar, logo de início, a todos os que veneram o Corão. E todas as suras (capítulos) do Corão começam pelo slogan “Em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso”. O que é certo é que a expansão do Islão se deveu muito mais à espada e à jihiad ou guerra santa, (e continua a sê-lo!), gerando-se os conflitos e as mortandades que se conhecem da História antiga e actual, do que à clemência e à misericórdia de um qualquer Deus... Fantástico, não é?
(Não esqueçamos que a História está cheia de guerras religiosas e de atentados contra a humanidade, indo, no Cristianismo, das Cruzadas, à Inquisição, à chacina não evitada entre os índios e os escravos na época dos Descobrimentos...)

O Cristianismo

Fazendo-se concorrência em número de fiéis (os outros são e sempre foram, para uns e para outros, “os infiéis”!), cristãos e muçulmanos rondam, no total, os 3 a 4 mil milhões. Mais de metade da humanidade!
O Cristianismo já conheceu, na sua curta história de c. de 2 000 anos, cismas e guerras, séculos de negritude e de vilanias, lutas intestinas pelo poder temporal e religioso. Recordemos apenas – apenas?! – o cisma do Oriente que separou Ortodoxos e Católicos, o cisma protestante que criou novas igrejas e inúmeras seitas, o cisma de Avinhão que propiciou a existência de vários papas ao mesmo tempo, os cerca de dois séculos de papas corruptos e escandalosos, as Cruzadas contra os infiéis muçulmanos, enfim, a “Santa” Inquisição que perdurou até meados do séc. XIX.
De qualquer modo, pouco desta agressividade continua nos dias de hoje. E, nas igrejas cristãs, o humanismo parece ser a palavra de ordem, embora continuem a apregoar inverdades, alienando o espírito dos que, por enquanto, se vão dizendo crentes, com o ensino de um catecismo absolutamente retrógrado, embora compreendamos que não poderia ser muito diferente já que se baseia nos pressupostos de uma Igreja dizendo-se detentora da Verdade, facto que tentaremos provar ser totalmente falso ou, se quiserem, totalmente falacioso!
Uma grande virtude: As igrejas cristãs já não perseguem os denunciadores das inverdades que apregoam. De outro modo, nós não poderíamos exprimir-nos, por aqui, tão livremente!...

O judaísmo

Das três religiões monoteístas, são os Judeus que têm a mais longa história: c. de 3 000 anos! E é uma história bem heterogénea! Os Judeus não são só os “pais” do Judaísmo, mas também do Cristianismo e do Islão; como são um povo que lutou, em tempos de Moisés, Josué, David e Salomão, para se apoderarem das ricas terras do Vale do Jordão, a Palestina, ao tempo habitada por filisteus e cananeus, fundando ali Israel; povo ainda que inventou o Deus Javé e criou a Bíblia; e povo donde surgiu um Moisés, um Jesus Cristo, um Einstein, um Karl Marx e tantas outras celebridades, galardoadas com prémios Nobel; povo que actualmente domina o mundo na finança, nos petróleos, nos diamantes e que inventou a usura que faz as “delícias” do sistema financeiro actual...; povo que sempre quis singrar no mundo mas sempre se viu empurrado para guetos nos países onde criava raízes; o único povo da História a sofrer um holocausto em tão vasta escala. Mas um povo com uma religião que não quis impor à humanidade e que vive voltada sobre si mesma, agarrada à sua “Terra Prometida” e ao seu sagrado “Muro das Lamentações”... Hoje, incompreensivelmente, pois a fertilidade da mulher sempre foi – ou era? – sentida como uma bênção de Javé, os Judeus não serão mais de 20 milhões e continuam a sua história de guerras pela posse daquela “Terra Prometida” que a todo o momento parece querer fugir-lhes das mãos, apesar de lhes ter sido prometida por Javé há mais de 3 mil anos... E tudo, após uma atribulada e unilateral declaração de independência em 1947.

O Deus credível

O Deus credível para a razão humana só pode ser o preconizado pela Ciência, ou seja, o que nos é apontado pelas estrelas e a infinitude do firmamento ou do Universo! E isto, por oposição aos “deuses” que as religiões actuais nos apresentam. Aceitar, por exemplo, um Deus como o dos cristãos que não encontrou melhor solução para salvar a humanidade do que apresentar-se na forma de um filho que encarnou numa virgem e, depois, sujeitar esse filho à morte ignominiosa de uma cruz, é a mais dramática mistificação que algum cérebro humano seria capaz de congeminar! Mas ela aí está a “convencer” mais de mil milhões!
No entanto, ninguém tenha dúvidas: um Deus inteligente e omnisciente, conhecendo o futuro, ou ter-se-ia manifestado ao Homem aquando do seu aparecimento na Terra – c. de 4 milhões de anos para o hominídeo, c. de 40 000 anos para o sapiens sapiens – em ordem a salvar todos os humanos, desde o seu início, ou tê-lo-ia feito neste século das comunicações rápidas, atingindo assim, num só dia, toda a população da Terra, não necessitando dos imbróglios em que a fantasia de uns quantos iluminados o meteram, fazendo-o manifestar-se há 2 000 anos... E, infelizmente, continuam a meter!
Será caso para dizer: “Pobre Deus!” Ou que o Deus das religiões se revela como um absurdo, um total Não-Deus! Absolutamente!
(A proposta de uma nova religião, a religião do futuro, baseada na Ciência e no Conhecimento, com este Deus credível, foi apresentada no livro, “Um Mundo Liderado por Mulheres”, Esfera do Caos Editores, disponível na Net.)