segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Do maravilhoso ao trágico!

 

A maravilha do corpo de um ser vivo: uma eloquente apoteose do Criador!

Mas… haverá um Criador?

 Ah, a glória do nascimento de um ser vivo! Que alegria, que espanto, que sonhos o acompanham no seu corpo todo, ali acabadinho de se formar: alma e sentidos, para os animais, ADN específico para plantas e cogumelos!

Foi, no início, apenas a mistura de duas moléculas, uma masculina, outra feminina – fantástica invenção da Natureza Criadora! – que se encontraram devido a um acto de amor, de ternura ou simplesmente se encontraram, voando pelo ar, como as flores que desabrocham num fruto, no ser vivo que é o seu suporte: a árvore.

Depois, é o crescimento, com maior ou menor consciência dele, mais ou menos lento, mais ou menos rápido, conforme o ADN de cada um, de cada espécie, da mais pequena bactéria ou vírus, da mais pequena planta, do mais pequeno cogumelo, aprimorando-se no ser humano, pela sua especificidade de possuir um intelecto capaz de abstracções…, até aos maiores exemplares que já existiram e que ainda existem na Terra, Terra que, banhada pelo calor do Sol, é a mãe de toda a VIDA.

E, seguindo o seu caminho, caminho inexorável porque o Tempo não pára para “respirar” ou “descansar”, vai envelhecendo, com mais ou menos glória, mais ou menos sucesso..., envelhecendo, envelhecendo, envelhecendo… quase disso não se apercebendo, na azáfama dos dias…, até ao momento final que é próprio de todo o ser vivo: integrar-se no donde veio – a Terra.

Mas, no seu início, sabendo-se que a origem da vida esteve num processo imparável ou numa feliz coincidência da junção de átomos e moléculas que, do inanimado passaram ao animado, i.é., a mover-se e a multiplicar-se…, qualquer ser vivo deixa um montão de perguntas para os que conseguem aperceber-se delas, tal o Homem:

- Já houve espécies que se extinguiram devido a factores estranhos. Haverá, enquanto a Terra existir, contínua evolução e renovação de espécies?

- Porquê a luta pela sobrevivência, normalmente à custa de outras espécies?

- Quem criou o poderoso ADN de cada espécie, ADN que determina tudo o que a espécie é, no corpo e na alma? Ah, como “dava jeito” que houvesse um Criador!

- E quem deu a forma e organizou os corpos em toda a sua complexidade de órgãos que têm de funcionar harmonicamente para que o todo viva?

- E porquê esta e mais aquela e mais aqueloutra, aos milhares ou milhões de variedades?

- E porquê estas e não outras?

- E porquê a umas a Natureza destina viver apenas 24 horas – tal a efémera - e outras, dois ou mais milhares de anos, como a oliveira?

- E como o ADN “obriga” a espécie a reproduzir-se, algumas inventando processos complexos e múltiplos para que a espécie não se extinga?

- E porquê cada espécie tenta proliferar sem ter em atenção, egoisticamente, as outras espécies, muitas sendo parasitas de outras?

Tantas perguntas sem resposta deixam-nos frustrados na nossa pequenez por, afinal, não entendermos a Vida à qual tivemos a sorte de aceder, sem nada termos feito para o merecermos. É que nós não somos mais que fruto de um puro acaso da Natureza!

Mas mesmo estas perguntas sem resposta fazem parte da apoteose gloriosa de um Ser que vem à Vida. Haverá lugar ao trágico?

 – Não sabemos se havemos de chamar tragédia ao desaparecimento a que qualquer ser vivo está fadado, nascendo com uma única certeza: desaparecer, tendo completado os dias que o seu ADN – ADN herdado dos antepassados, que não só dos pais directos – lhe determinou. Isto, claro, se não for vítima antecipada de qualquer acidente natural ou doença que se lhe atravesse no caminho. E um desaparecimento para sempre!...

Somos tentados a perguntar: «Então para que veio à vida um ser se era para desaparecer para sempre, depois de existir um pequeno lapso de tempo»? Na verdade, custa morrer! Custa aceitar a morte! Mesmo que não haja sofrimento. E não há dúvida de que todo o ser vivo tem horror à morte, embora, no caso dos humanos, sabendo-a certa! Animais ou plantas, todos lutam pela sobrevivência, fugindo aos perigos que lhes ameaçam a Vida. Então…

Então, fiquemo-nos com a pergunta-mistério:

«O que é realmente a VIDA? É apenas uma força, um impulso, um movimento, uma apetência para realizar coisas, enquanto houver espécies que se repliquem, já que os indivíduos, pertencendo ao Tempo, aparecem e desaparecem com o Tempo..., e enquanto a Terra tiver capacidade para ser o berço da mesma VIDA?»

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 365/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Primeira Carta aos Coríntios - 3

 – “Então vós não sabeis que os cristãos é que vão julgar o mundo? (…) Não sabeis que nós haveremos de julgar os anjos?... Quanto mais as coisas da vida quotidiana.” (6, 2-3)

– Onde é que Paulo terá ido buscar esta inspiração para dizer tal “barbaridade”? – Só para, mais uma vez, afirmar a supremacia dos cristãos em relação ao resto do mundo. Presunção não lhe falta! Embora a realidade seja bem diferente: nem haverá julgamento, nem há anjos. O conceito de julgamento foi inventado pelas Escrituras, referido por Jesus, consolidado pelos primeiros crentes e pregadores que o utilizaram para criarem os medos do inferno e levarem as pessoas para os conventos: era o temor do Juízo Final presidido por Cristo às portas do Paraíso, sob o olhar justiceiro de Deus!...

Nada disto faz qualquer sentido. Nada disto tem o mínimo de fundamento. Tudo inventado por cabeças pensadoras, para darem resposta à inevitável morte e ao inevitável desaparecimento do ser humano, acenando-lhe com a eternidade num Céu inexistente, com um Deus inexistente, um Cristo inexistente, anjos inexistentes… Uma formulação totalmente conceptual sem qualquer base na realidade nua e crua: o Homem nasce do NADA e integra-se no NADA, tendo-se alimentado na Terra que lhe permitiu viver um certo tempo, o tempo determinado pelo ADN. NADA MAIS! O resto é exploração da “razão” emocional humana que realmente não é razão PORQUE NÃO RACIOCINA. Acredita, tem fé, mas não questiona. Aliás, quando começa a questionar, deixa de ser emocional e torna-se racional, levando à perca de fé.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Da necessidade de um Criador - 2

 


Criador da Terra, do Universo e, neles, a VIDA

 (Continuação)

- Sabemos que Deus, a existir, não pode ser concebido como um humanoide superior que, estando fora do sistema, criou o sistema para seu divertimento… Aliás, ao falarmos de um tal Deus, queiramos ou não, atribuímos-Lhe logo características humanas: quer, pensa, diverte-se…

Repetimos: Deus não pode ser um SER! Deus tem de ser o TUDO ONDE TUDO SE INTEGRA: ESPAÇO E TEMPO, MATÉRIA E ENERGIA, tudo evoluindo dentro d’Ele e por Ele, porque ELE é TUDO! Desde sempre e para sempre – sendo ETERNO – tudo contendo e sendo, porque é INFINITO.

Portanto, Deus não precisou de criar nada porque TUDO existiu desde sempre e existirá para sempre, sendo esse TUDO Ele mesmo!

O mesmo se passará com o aparecimento da Vida na Terra. Não foi criada ou, se quisermos, não foi directamente criada. Ela apareceu pela feliz conjugação, num ambiente atmosférico-terreno favorável, de átomos de carbono, com oxigénio e outros elementos químicos, não sendo a Vida mais do que o fruto de reacções químicas dentro do ser vivo. Diríamos que um ser vivo é pura química em movimento… Apelar para um Deus que quis/decidiu/se lembrou, a um dado momento do Tempo da vida da Terra – cerca de mil milhões de anos após a sua existência, tendo a vida aparecido há cerca de 3.5 mil milhões de anos – e andou a brincar a formar seres, desde os vírus, às bactérias, aos seres unicelulares, aos enormes animais, às enormes plantas, numa variedade de espécies que espanta pela sua variedade…, é, no mínimo, desonestidade intelectual. Melhor: não passa o pequeno patamar da Fé!

Assim, os argumentos para defender a existência de um SER Criador têm de ser considerados nitidamente menores, não passando o nível do humano, face a toda esta honesta argumentação baseada em dados científicos!

E nunca será demais lembrar que o Homem, apesar de ser composto por milhares de biliões de átomos, e apesar de ser um ser pensante, é apenas um pontinho na Terra (e durante um limitadíssimo período de tempo), Terra que é um pontinho na Galáxia, Galáxia que é um pontinho no Universo, Universo que será um pontinho no ESPAÇO INFINITO! E tudo isto apelando para dimensões de que o limitadíssimo cérebro humano não consegue minimamente aperceber-se. Pois, se ainda conseguimos percepcionar o que é um ano-luz (cerca de 9 triliões de kms) quem pode perceber ou percepcionar mil, um milhão, biliões de anos-luz, dimensões onde “labora” o “nosso” Universo?

Basta dizer, por exemplo, que a Galáxia Andrómeda – a mais próxima da nossa Via Láctea – se encontra a 2 milhões de anos-luz e que o diâmetro da Via Láctea são 500.000, tal é a sua grandeza, nos mais de 100 mil milhões de estrelas que a compõem…

Verdade/certeza absoluta: a Terra morrerá na agonia do Sol que a engolirá antes de morrer, restando um calhau incandescente disforme e sem vida. Então, a pergunta é inevitável: “O Criador é tão inteligente e tão poderoso para criar tudo o que existe e não consegue controlar as forças que Ele próprio criou e regulou de forma a evitar a destruição da Sua criação?”

Facilmente se conclui que a ideia de um Criador é mais um dos delírios da fantasiosa mente humana…, mente que tende a guiar-se mais pela Fé do que pela CIÊNCIA e pela REALIDADE que nos é dado conhecer!

 

 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Da necessidade ou não de um Criador

 

Da necessidade ou não de um Deus Criador - 1

Criador da Terra, do Universo e, neles, a VIDA

 Os defensores de um Deus Criador, quaisquer que sejam os seus argumentos, esbarram sempre contra o inevitável: a falta de conhecimento do Homem acerca da Realidade universal, realidade que permanece – e presume-se que permanecerá para sempre, dadas as limitações do mesmo Homem, face às inimagináveis colossais dimensões do Universo – um quase total mistério. As perguntas são muitas:

- O que é o Espaço? É finito ou infinito? E é eterno porque infinito?

- O que é a matéria? É também eterna, apesar de finita, porque mensurável?

- O que é a energia?

-O que é a força gravítica sentida na atracção/repulsão dos astros uns pelos outros?

- Há apenas este Universo – do qual desconhecemos quase tudo! – ou há muitos Universos, no Espaço Infinito?

Ora, vamos ver o que sabemos, com maior ou menor certeza, mas sem qualquer certeza absoluta:

- Sabemos que este Universo parece ter começado há 13.5 mil milhões de anos, no Big Bang, uma enorme explosão de uma enorme massa de matéria energizada. A admitir que tal seja a sua origem, há perguntas irresistíveis como: 1 – O que havia antes dele? 2 – Em que parcela do Espaço se encontrava a tal massa que lhe deu origem? 3 – Como se formou tal gigantesca bola de massa? Foi o resultado de um velho Big Crunch? 4 – Para onde caminha e como será o seu fim, pois tudo o que começa no Tempo acaba no Tempo? Caminhará para o tal Big Crunch, o que dará origem a um novo e renovado Universo, utilizando a mesma massa, mas sob formas diferentes, já que da matéria nada se perdeu, tudo se transformou, no perene movimento que a animou?

- Sabemos que o Universo é formado por Nebulosas e Galáxias, sendo numas Matéria e Energia dispersas, nas outras, Matéria e Energia organizadas em estrelas.

- Sabemos a composição das estrelas e que, tendo-se formado um dia pela acumulação de matéria energizada, irão desaparecer um dia mais à frente, quando o seu carburante – o hidrogénio – se acabar: uns bons milhares de milhões de anos- (Para o nosso Sol, dada a sua massa ardente, estimam-se uns dez mil milhões, encontrando-se no meio da sua existência).

- Sabemos que tudo está em movimento, desde o átomo, às estrelas, ao próprio Universo, passando pelos seres vivos e não vivos que habitam/compõem todos os astros do mesmo Universo.

Aliás, é aqui que os defensores de um Criador se fundamentam, já desde o medieval S. Tomás de Aquino: “Se tudo está em movimento, quem, senão o Criador, deu o primeiro impulso?” Ora, a resposta nem é difícil: basta conceber a matéria como eterna, i.é, sempre existente, e sempre em movimento ou em transformação, nada se perdendo porque não tinha/tem para onde perder-se… (Cont.)