quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 230/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 26/?

– O Reino dos Céus!… Agora, sim! Agora, Jesus vai explicar-no-lo, “claramente” por meio de parábolas e alegorias… Alegorias, parábolas e comparações certamente facilmente decifráveis, para serem por todos entendidas.
Então, compara-se o Reino dos Céus “ao homem que semeou boa semente no seu campo”, onde também nasceu joio; “ao grão de mostarda que é a mais pequena das sementes mas quando a planta cresce, é a maior das árvores”; “ao fermento que leveda toda a massa”; “ao tesouro escondido no campo” e compra-se o campo para se ficar com o tesouro; “à pérola de grande valor”, vendendo-se tudo para se poder comprar a pérola; “à rede que se lança ao mar e apanha toda a espécie de peixes”, ficando os pescadores só com os bons peixes! (Mt 13,18-48)
– Perceberam? Os discípulos também não: “Explica-nos o que significa a comparação do joio.” (Mt 13,36). E o que são as “pessoas que pertencem ao Reino de Deus”? E “as pessoas que pertencem a Satanás”? O que é realmente o “fim do mundo”? O que realmente quer dizer: “O Filho do Homem mandará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino (…) todos os que praticam o mal, para os lançarem na fornalha acesa. Ali haverá choro e ranger de dentes (…). Os justos de Deus brilharão como o Sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça!” (Mt 13,38-43)?
– Ah quantas perguntas tal intervenção apocalíptica de Jesus nos levanta!… Que fornalha acesa e quem a acenderá ou acendeu para nela castigar os muitos milhões de seres humanos que já morreram? Quem terá olhos para chorar e dentes para ranger? Sobre quem reinará realmente o Pai? Que tipo de Reino? Que anjos? Se tudo isto é realmente o Fim Último do Homem, porque não fala Cristo claramente?…
E onde a justiça divina, se o Céu é só para os… que têm ouvidos para ouvir? Não é Deus que dá tais ouvidos? Porquê a uns dá e a outros não? Condena a uns e a outros salva? Não nos venham dizer que somos nós que não queremos ouvir, que somos nós que, pela nossa vida, rejeitamos a salvação! Não! Nós só queríamos era ter certezas e não enigmas que ninguém sabe desvendar!
É: tudo parece estar tão eivado de humano - como constatámos no A.T. - que a credibilidade divina se esfuma na penumbra do não-claro entendimento. Não se esperaria muito mais de um Deus que vestisse a condição humana? Não é Jesus Cristo este Divino-Humano, este Deus feito Homem, o Filho de Deus ou Filho do Homem, como Ele gosta de se denominar?
As parábolas não deixaram os discípulos indiferentes: “«Porque usas parábolas para falar com eles?» Jesus respondeu: «Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois a quem tem será dado ainda mais, será dado em abundância; mas àquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. É por isso que uso parábolas para falar com eles: assim olham e não vêem, ouvem e não escutam nem compreendem. Deste modo se cumpre para eles a profecia de Isaías: «É certo que ouvireis, porém nada compreendereis. É certo que vereis mas nada percebereis. Porque o coração deste povo tornou-se insensível. São duros de ouvido e fecharam os olhos para não ver com os olhos e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim, não podem ser curados.» Vós porém, sois felizes, porque os vossos olhos vêem e os vossos ouvidos ouvem. Eu vos garanto: muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver e não puderam ver; desejaram ouvir o que estais a ouvir e não puderam ouvir.»” (Mt 13,12-17)
– Quantas perguntas tal longo texto nos põe a bailar na mente e… no coração! Quantas! Como é possível afirmar que o Reino do Céu – Reino que afinal ninguém entendeu! - é só para alguns? Só “para… vós” - eles os discípulos? Como? Pior: como pode JC dizer que fala por parábolas para que, ouvindo, o povo não entenda? Como?!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 229/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 25/?

– Deixemos os muitos espíritos maus, então existentes, entregues aos seus demónios (Mt 12,43-45) e leiamos: “Enquanto Jesus falava à multidão, chegaram sua mãe e seus irmãos. Ficaram do lado de fora e procuravam maneira de Lhe falar.” (Mt12,46)
– Ora aqui está um texto fundamental, embora preterido pelos exegetas. Limitam-se a dizer que os “irmãos” eram os primos ou familiares, pois a palavra bíblica, é a mesma para ambos. Ficamos realmente sem saber. É que, se é a mesma para ambos, a probabilidade de ser é exactamente igual à probabilidade de não ser!… Ora, tendo Cristo outros irmãos, onde a virgindade de Maria? - pergunta de efeitos totalmente catastróficos para o culto mariano…
Mas deixemos ficar tudo como está e continuemos…
– “Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? (…) Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Mt 12,48-49)
– Certamente, não era intenção de Jesus rejeitar a sua família de sangue. Apenas mais uma oportunidade para ensinar: os laços terrenos nada valem comparados com os… celestiais! Mas… que lhe “custaria” dar um abraço em sua mãe? Acaso não poderia dizer, por exemplo: “Estes são a minha mãe e os meus irmãos no sangue, mas realmente minha mãe, minha irmã e meus irmãos são todos aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos Céus.”?
Continuamos é sem saber o que é realmente “fazer a vontade do Pai que está no Céu”!
E, a propósito de família, outra pergunta intrigante: “Onde se teria metido José que nunca mais aparece, nem aqui, nem nas bodas de Caná, nem junto à cruz, no Calvário?…
– “Ensinava muitas coisas por comparações.” (Mt 13,3), deixando também os discípulos perplexos: “Porque é que lhes falas por meio de comparações?” (Mt 13,10)
– A resposta certamente não os satisfez, como também a nós não satisfaz, continuando sem entender o que é a “Boa Nova do reino de Deus”. Nem o que é aceitar “os sofrimentos e as perseguições por causa da Boa Nova” (Mt 13,21)? Mesmo com a “explicação” do semeador…
E se é Boa Nova, porque é rejeitada por tantos e não é logo abraçada por toda a humanidade?
– É: é melhor que Deus se decida vir de novo à Terra para explicar tudo o que o seu suposto Filho deixou na penumbra das comparações que ninguém entendeu nem entende…

domingo, 4 de agosto de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 228/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 24/?

– “Raça de cobras venenosas! (…) Geração má e adúltera!” (Mt 12, 34 e 39) - chama Jesus aos fariseus e doutores da Lei.
É preciso coragem, não é? Mas o que é certo é que isso valeu-Lhe a morte! E – frustração das frustrações! - não os convenceu nem… os converteu!
– “No dia do julgamento, todos devem prestar contas de cada palavra inútil que tiverem dito. (…) Serás justificado ou condenado pelas tuas próprias palavras.” (Mt 12,36-37)
– Que julgamento será este? - voltamos a perguntar, porque é realmente intrigante. Acaso Jesus o explicou claramente? Não se limitou também a afirmá-lo assim sem mais? E nós, o que é que fazemos? Acreditamos também assim sem mais ou questionamos e… duvidamos, embora não saibamos o que fazer com as nossas dúvidas?
Haverá mesmo dia do juízo? Onde? Quando? Como? Com que corpo? Com que alma? Depois, a salvação ou condenação só pelas palavras não se entende e contradiz o próprio Cristo, em, por exemplo, Mt 5,28. É que há as obras…  E há as boas e as más intenções… há os desejos, os pensamentos, os sonhos…
É! Se eu cobiçar a mulher do próximo, mesmo sem dizer palavra… Ou se eu me comover até às lágrimas com o sofrimento alheio e ajudar anonimamente… como aliás aconselha Cristo em Mt 6… Nitidamente, parece ter havido aqui uma falha na inspiração divina de Mateus! Ou “as palavras” têm aqui outro significado, sem que possamos descortiná-lo.

– Para os doutores da Lei e os fariseus, não chegavam ainda todos os inúmeros milagres já realizados por Cristo: “Mestre, queríamos ver-Te fazer um milagre.” (Mt 12,38)
E a resposta foi… evasiva. Jesus chama-lhes “geração má e adúltera” e acrescenta: “Só lhes será dado o sinal de Jonas. Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra.” (Mt 12,40)
No A.T. também há várias histórias de milagres. Um deles é o de Jonas que, lançado ao mar, é engolido por um peixe muito grande que, depois, o coloca na areia, por ordem de Javé, ao fim de três dias e três noites no seu ventre. (Jn 2)
A referência ao que mais tarde vai acontecer a Jesus parece evidente. Se bem que Jesus morre às três horas de sexta-feira, é sepultado nesse dia e é dado como ressuscitado no domingo de manhãzinha. Contas feitas, são apenas duas noites e três dias muito mal contados…
Santo Deus, muitos milagres se faziam naqueles tempos!… Porque é que agora não há notícia de nenhum? Não precisávamos bem deles para nos “convertermos”?
Fica a pergunta para os mais exigentes nestas críticas bíblicas…