sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 189/?


À procura da VERDADE no livro de MIQUEIAS – 4/4

- “Como me apresentarei a Javé? Como é que me vou ajoelhar diante 
do Deus das alturas? Irei à sua presença com holocaustos e bezerros 
de um ano? Será que milhares de carneiros ou a oferta de rios de 
azeite agradarão a Javé? Ou devo sacrificar o meu filho mais velho 
para pagar os meus erros, sacrificar o fruto das minhas entranhas 
para cobrir o meu pecado? - Ó homem, já te foi explicado o que é 
bom e o que Javé exige de ti: praticar a justiça, amar a misericórdia, 
caminhar humildemente com o teu Deus.” (Mq 6,6-8)
- É interessante que se faça aqui, em setecentos antes de Cristo, 
implícita condenação dos holocaustos e dádivas em azeite e até 
querer sacrificar o próprio filho, quando a lei de Moisés 
apresenta todo um rol de sacrifícios a cumprir e oferendas a dar 
ao Templo - ai o célebre e fatídico dízimo imposto e apregoado 
pelos sacerdotes gananciosos! - como se pode ler - como lemos - no 
livro do Êxodo 25-40 e em Ezequiel 40-48.
Aliás, comenta-se, a propósito de Ex 25-31: “Estes capítulos, mais 
35-40, obra da escola “sacerdotal”, próxima de Ez 40-48, foram 
redigidos durante ou depois do exílio na Babilónia, época em que o 
culto se tornou elemento determinante para o povo judeu conservar 
as suas tradições e sobreviver sob o império persa. (…) Apresentadas 
aqui como determinações formais de Javé comunicadas a Moisés, 
sugerem o carácter divino das instituições religiosas e são apelo ao 
respeito e à adoração do único Deus libertador.” (ibidem)
- A tentação de se dizerem “coisas” bonitas envolvendo Deus é grande! 
Mas perguntamos, certamente já nos repetindo: São determinações de 
Javé ou dos sacerdotes que precisavam de todas aquelas oferendas para 
alimentarem a sua fome de riqueza e a sua ganância, como o fazem hoje 
elementos de certas igrejas conhecidas do mundo? Não há dúvida: 
pondo-as na boca de Javé, dão-lhe carácter divino e dão-lhe, 
inteligentemente, a força necessária para que todo o incauto e ignorante 
povo se sinta obrigado, em consciência e no temor de Javé, a dar 
sem protestar, contestar ou discutir… E, em tais disfarces “divinos”, 
eram mestres os mentores da Escola sacerdotal, tornando o apregoado 
Deus único não “libertador” mas escravizante do povo. Por isso - e mais 
uma vez - não pode de modo algum ser DEUS!
Mais importante ainda: Parece que praticar a justiça, amar a 
misericórdia são o que Deus exige de cada Homem para ganhar a vida 
eterna, vivendo bem a terrena. Mas - e também mais uma vez - é 
necessário apelar para um Deus para se apregoarem a justiça e a 
misericórdia como elementos-chave da boa convivência humana?
E alguém perceberá o que é isso de “caminhar humildemente com o 
teu Deus”?
- “Escuta o que Javé grita (…): tesouros ganhos injustamente (…) 
medidas falsificadas (…), balanças viciadas (…), exploração (…), 
mentiras (…) Por isso, entregar-te-ei à destruição (…)” 
(Mq 6,10-16)
- Miqueias repete-se. Por nosso lado, chega de comentários.
- “Não há sequer um justo no nosso país, não ficou nenhum Homem 
recto; andam todos à espreita, cada um persegue o seu irmão para o 
matar! (…) O príncipe exige, o juiz deixa-se comprar, o grande mostra 
a sua ambição. (…) E vós, não acrediteis no amigo, não confieis no 
companheiro; conserva a boca fechada mesmo ao lado daquela que 
dorme a teu lado. Pois o filho insulta o próprio pai, a filha revolta-se 
contra a mãe, a nora contra a sogra; e os inimigos são os da própria 
casa.” (Mq 7,2-7)
- Miqueias delicia-se na certamente hiperbólica situação. Aquilo seria 
uma sociedade muito pouco… sociedade, muito pouco comunidade, 
muito pouco humana. Nem amor familiar nem amizade confiante. 
Uma sociedade totalmente fracassada… E isto, num “povo eleito”, 
num “povo escolhido” por Javé, tornar-se-ia-se mais que dramático!
- “Não te alegres por minha causa, ó minha inimiga, pois eu caí mas 
hei-de tornar a levantar-me; moro nas trevas mas Javé é a minha luz. 
Devo suportar a cólera de Javé, porque pequei contra Ele (…)” 
(Mq 7,8-9)
- Comenta-se: “Esta parte parece ter sido acrescentada ao livro de 
Miqueias depois do exílio.” (ibidem) Portanto, cerca de duzentos anos 
mais tarde. Valerá a pena voltar a perguntar que validade em termos 
de revelação divina tem este aditamento?
Enfim, deste simpático Miqueias do séc. VIII a.C., fica-nos a imagem 
de um homem corajoso, capaz de denunciar as injustiças que sentia 
talvez na própria carne e com as quais não quis contemporizar 
como muitos dos seus colegas de profissão. Mais nada!...

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 188/?




À procura da VERDADE no livro de MIQUEIAS – 3/4

- E Miqueias repete-se: “Os vossos chefes (…), suborno; os vossos 
sacerdotes (…), lucro; os vossos profetas (…), dinheiro. E ainda 
ousam apoiar-se em Javé (…). Por isso, (…) Jerusalém tornar-se-á 
um montão de ruínas (…)” (Mq 3,11-12)
- Comenta-se também: “A coligação das nações contra Jerusalém 
evoca talvez a movimentação gerada pelo exército assírio em 701 (…)” 
(ibidem)
Mais um facto histórico interpretado à moda da Bíblia, tudo fazendo 
depender de Javé: vitória-prémio ou derrota-castigo. Tremendas 
continuam as acusações de Miqueias às classes dominantes, quer 
religiosas quer políticas. Há dois mil e setecentos anos… tal como
 hoje!
- “Mas tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades 
de Judá! É de ti que sairá para Mim, Aquele que há-de ser o chefe de 
Israel! (…) Ele nos livrará da Assíria, se ela invadir o nosso 
território e atravessar as nossas fronteiras.” (Mq 5,1 e 5)
- É o texto mais conhecido de Miqueias, pois no Evangelho de Mateus 
entende-se esta profecia como o anúncio do lugar onde o Messias - Jesus 
Cristo - iria nascer (Mt 2,5-6). Mas perguntamos: Profecia ou… 
coincidência? E não queriam todos que aparecesse alguém que livrasse 
Israel da ameaça síria? Não é isso mesmo que se diz em 5,5? Quando, 
no NT, Jesus Cristo falar de Reino, não O entenderão os apóstolos 
como reino terreno, o reino de Israel, libertado do jugo romano? Não 
seguiram os apóstolos Jesus, pensando que teriam um bom lugar 
nesse reino, ficando confusos quando Jesus afirmava que o seu 
Reino não era deste mundo e certamente totalmente decepcionados 
quando O vêem ser condenado à morte? Então, podemos concluir 
que Mateus só referiu Miqueias para justificar a sua tese: Jesus era 
o Salvador, mas sem qualquer base de credibilidade.
- “Destruirei as cidades fortificadas (…), arrancar-te-ei das mãos 
todos os objectos mágicos (…), eliminarei (…), derrubarei (…), 
destruirei (…). Com ira e furor Me vingarei das nações que não Me 
obedeceram.” (Mq 5,10-14)
- Eis o sempre Javé vingador, destruidor, cheio de ira e furor… Que 
Javé é este tão apoucado, tão humanóide para ser o Deus do 
Universo? – voltamos a perguntar, repetindo-nos enfadonhamente…
- “Escutai, montanhas, as acusações de Javé; (…) é contra Israel que Ele 
apresenta a sua queixa: Meu povo, o que é que Eu fiz contra ti? Em que 
te maltratei? Responde-Me!” (Mq 6,2-3)
- Outro trecho - bonito trecho! - bem conhecido, bem doloroso, mas… 
bem humano, de Miqueias. E mais uma vez, teremos de perguntar: 
Que Javé é este tão forte e tão manso, tão irado e tão compassivo, a 
ponto de se queixar, de quase implorar a adoração e o reconhecimento 
do “seu povo”?
E que povo é este que não O reconheceu, não O aceitou nem naquele 
tempo, nem no tempo de Jesus, nem hoje tão pouco? É Israel? Enfim, 
que Javé é este que se “deixou hipotecar” a tal povo? – Não! Não 
pode ser o Deus do Universo, o Deus de todos os tempos, de todos os 
seres vivos e não vivos, visíveis e invisíveis que está para além de 
todos os espaços e de todos os tempos, por ter de ser infinito e eterno!
Sempre que se humaniza Deus - e na Bíblia é uma constante, sendo, 
aliás, o seu maior erro, o seu maior pecado! - deixamos 
simplesmente de O ter, porque Ele é inumanizável!


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo testamento (AT) - 187/?



À procura da VERDADE no livro de MIQUEIAS – 2/4

- “Ai daqueles que deitados na cama planeiam a injustiça e tramam o 
mal! (…) Cobiçam (…) roubam (…), apoderam-se (…), oprimem 
(…) É por isso que assim diz Javé: Eis que planeio contra esta gente 
uma desgraça (…)” (Mq 2,1-3)
- Diz-se em comentário: “Com a implantação da realeza e das cortes, 
a igualdade e fraternidade primitivas foram cedendo lugar à oposição 
(…) entre uma elite ciosa de lucros e a massa dos pequenos. O povo 
trabalhador (…) era reduzido à escravidão, enquanto os senhores 
exploravam os pobres (…) Ora isso opunha-se aos compromissos da 
aliança no seu ideal de comunhão e fraternidade.” (ibidem)
 - E oferece-se-nos perguntar: Quando é que estes ideais, estes 
compromissos de igualdade e fraternidade foram “vida” em Israel? E a 
oposição entre elites e povo explorado não existiu - não existe! - 
desde sempre, em Israel e no mundo? E as ideias - talvez mais ideais 
porque inalcançáveis! - de igualdade e de fraternidade são de Deus ou… 
dos Homens? A “Liberdade, igualdade e fraternidade” da Revolução 
Francesa, os Direitos Universais do Homem, não são criações do 
Homem? Claro que ninguém nos impede de dizer que são ou que
foram de inspiração divina. Mas - e já perguntámos noutro lugar - 
que há de bom na Terra ou entre os Homens que não seja de inspiração 
divina ou que não se atribua a Deus, quer Deus exista quer não?
E mais uma vez, na visão do profeta, tal situação é propícia - exige! - o 
castigo de Javé! É isto que não se entende: Porquê considerar um castigo 
de Javé por esses “pecados” a invasão de Israel e de Judá pelos 
exércitos sírios? Não queriam os sírios a guerra somente para - como 
acontece com todas as guerras! - apoderar-se de mais território, de mais 
riqueza, alargando fronteiras e domínios? Trata-se, pois, apenas de mais 
uma interpretação teológica dos acontecimentos por um visionário, sem 
que fosse necessária qualquer revelação divina.
- “Eu reunir-te-ei todo, ó Jacob, recolherei os teus restos, ó Israel” 
(Mq 2,12)
- Aparece aqui - o que já noutros livros aconteceu - um aditamento. E 
diz-se em comentário: “ (…) aditamento típico do exílio ou do pós-exílio 
(…)” (ibidem)
Ficamos sem saber o que dizer deste e de outros aditamentos. Também 
foram revelados por Deus? A quem e… duzentos anos mais tarde? Uma 
tremenda confusão! Mas Miqueias continua:
- “Ouvi bem, chefes (…) governantes (…)! Inimigos do bem, amantes 
do mal, esfolais o povo e descarnais os seus ossos (…), devorais (…) 
arrancais (…), quebrais (…), despedaçais (…). Depois, invocareis Javé 
mas Ele não vos responderá. (…) Assim diz Javé aos profetas que 
extraviam o meu povo (…)” (Mq 3,1-5)
- Comenta-se: “Estamos num tempo em que os profetas deixaram de ser 
arautos de Deus e defensores da justiça e da verdade para servirem os 
interesses de quem lhes paga melhor.” (ibidem)
Esta afirmação leva-nos à permanente pergunta de saber quem afinal é 
profeta de Deus e quem o não é. E se pregar a justiça e a verdade - que 
verdade? - é, por definição, acto divino ou simplesmente humano, 
simplesmente a parte boa do Homem que não pode ser - não é, santo 
Deus! - apenas maldade e egoísmo mas também compaixão pelos mais 
sofredores e solidariedade para com os mais fracos.
Depois, não houve, não haverá sempre, antigamente como hoje, 
aproveitadores de Deus para com Ele fazerem negócio e ganharem 
melhor a vida terrena que a eterna é da fé naquele Deus que apregoam 
aos outros mas em quem certamente não acreditam?
E que castigo não merecem aqueles que esfolam, devoram, quebram, 
despedaçam os ossos e a carne do povo?
A expressão “meu povo” é que não se entende - aliás nunca se entendeu - 
embora se aceite que sejam os oprimidos, os deserdados, os que não 
têm o poder das armas ou do dinheiro. Mas, porquê hão-de ser esses 
o “povo de Deus”, o “meu povo”? Aliás, esta dicotomia: maus, ricos, 
governantes tiranos, juízes corruptos, profetas e sacerdotes gananciosos 
versus povo escravizado e oprimido, povo pobre e inculto, tem-se 
mantido ao longo da História, não sendo as nações de hoje muito 
diferentes das de então, apesar das apregoadas democracias que 
proliferam pelo mundo…

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 186/?



À procura da VERDADE no livro de MIQUEIAS – 1/4

- Socorrendo-nos da Introdução, sabemos que: “Miqueias (…) exerceu a 
sua acção profética na segunda metade do séc. VIII a.C. (…) Partilha 
a preocupação social dos contemporâneos Amós, Oseias e Isaías, 
articulando uma vigorosa denúncia das injustiças que grassavam no 
seu tempo (…): os ricos açambarcadores, os credores impiedosos e os 
comerciantes fraudulentos (…) os sacerdotes e profetas gananciosos, 
os chefes tirânicos e os juízes venais (…). O livro também encerra 
promessas e esperanças: dentre elas destaca-se o anúncio do 
nascimento do Messias na pequena cidade de Belém. (…)” (ibidem)
- Perguntamos nós, já repetindo-nos: Porquê de inspiração divina 
uma preocupação social, uma vigorosa denúncia das injustiças que 
grassavam na época de há dois mil e setecentos anos, que grassam 
hoje por todo o mundo? Depois, que credibilidade merece a referência, 
ao nascimento de um Messias em Belém, a 800 anos de distância?!
- “Palavra de Javé dirigida a Miqueias (…) em visão a respeito de 
Samaria e de Jerusalém. (…) Olhai! Javé sai do seu lugar e desce 
(…) Debaixo dos seus pés desfazem-se as montanhas, e os vales 
derretem-se. (…) Tudo isto por causa do crime de Jacob, por causa dos 
pecados da casa de Israel. (…) Pois Eu vou reduzir Samaria a uma ruína 
(…). A ferida de Judá não tem remédio e chega até às portas do meu 
povo, até Jerusalém (…). A desgraça desceu de Javé até às portas de 
Jerusalém.” (Mq 1,1-13)
- Estamos perante a Palavra de Javé apresentada em visões, aqui, 
sobre Samaria e Jerusalém, ao tempo, atacadas pelo exército sírio…, 
estamos perante o mesmo terror de Javé que desfaz montanhas e 
derrete vales…, perante o mesmo pecado que Javé vai castigar com 
a ruína e a desgraça…, ítens já antes referenciados. 
Que poderemos concluir de divino, nesta 
inspiração em que o humano é tão natural, em que a realidade 
histórica se projecta para além do Homem, querendo-se fazer 
introduzir Deus na História, que não é a história da Terra e do 
Universo, mas de um simples povo, em permanente conflito consigo 
e com os povos vizinhos? 
É que se toda a História de todos os povos fosse 
atribuída a Javé-Deus, se a Bíblia fizesse depender desse mesmo 
Javé-Deus tudo o que se passa não só à face da Terra mas também 
do Universo visível e invisível, talvez se aceitasse… Mas, não! É só 
para aquele povo e… naquele tempo! Aliás, poderíamos perguntar: 
E antes, onde estava Javé? E depois, nestes nossos dias, onde está 
Javé? Que “motor” da História é Ele neste hoje, neste amanhã, daqui 
a milhares de milhões de anos? Em que espaço? Em que Tempo?

Querer fazer de Javé-Deus o “motor” da História da Terra e, nela, o 
Homem, através de um povo dito eleito, é um total non-sense ou uma 
deturpação completa do que é o próprio Ser-DEUS!


domingo, 2 de setembro de 2018

Despedindo-nos das férias..., um derradeiro pensamento



Da vida e da morte
Tivemos o enorme privilégio – sem que tivéssemos feito qualquer coisa para o merecer! – de ter vindo participar nesta maravilhosa quão misteriosa saga/festa que é a VIDA.
Mas, ao nascer, tudo sendo incertezas, tínhamos uma certeza absoluta: pertencendo ao Tempo e tendo aparecido num dado momento do Tempo, em um outro mais à frente – cedo ou tarde! – iríamos forçosamente desaparecer.
Ora, perante tal certeza, certeza de que tivemos plena consciência ao chegar à idade da razão, não há crença que nos valha! Esse é o caminho – caminho que todos os dias facilmente constatamos – de qualquer ser que teve o mesmo privilégio que nós, seja a libélula que dura um dia, seja a oliveira que chega a viver milénios.
Daí que só tenhamos uma alternativa: tirar da VIDA o melhor partido que pudermos ou soubermos, nos comedidos prazeres do corpo, nos muitos prazeres da alma.
Não repito nenhuma receita para a felicidade. Mas ela passa, de certeza, pela família e amigos, pelos felizes encontros, pelos projectos a que nos propusemos ou, dia a dia, nos propomos e a plena realização deles com o nosso esforço e trabalho.
E depois? – Depois, seremos apenas memória e viveremos enquanto alguém se lembrar de nós! O nosso futuro real é a integração no donde viemos, a Terra, átomos e moléculas fazendo parte dos inúmeros seres vivos, ou apenas de elementos que existirão enquanto a Terra for Terra, nestes mais 4.5 mil milhões de anos que tem de vida.
Aliás, morrer é como se, tendo adormecido num último sono, alguém possante, sem qualquer receio de cairmos, nos pegasse em seus braços e nos atirasse pela janela, desfazendo-nos nós, naquele preciso momento, nos átomos e moléculas que irão integrar os tais outros seres vivos ou elementos. É que fazemos parte da matéria universal energizada, matéria sempre se movendo quer à velocidade da Luz, quer ao ritmo quase imperceptível mas inexorável da transformação das montanhas em planícies, ou das mudanças que ditam o nosso próprio envelhecimento... 
Perante tão crua quão bela realidade, realidade da qual nos apercebemos porque tivemos o privilégio de ter vindo à vida numa forma de ser inteligente, resta-nos o SORRISO. O SORRISO SEMPRE, mesmo perante um qualquer fim…
E, se é humano verter lágrimas de alegria no nascimento de alguém e de tristeza na partida, ficando-nos apenas a memória…, além do sorriso, temos de chegar às gargalhadas, pois a mesma Vida continua e os que partem não quereriam, certamente, que os ainda viventes por mais algum tempo, ficassem para aí tristes a pensar na morte. Vida é alegria que se perpetua nos genes deixados em filhos e netos que têm a sua vida para viver e viver em plenitude. Vamos, pois, ao canto e à dança, vamos ao RISO franco e fraterno, vamos à grande alegria de ainda estarmos vivos! 
Viva a VIDA!