quinta-feira, 28 de abril de 2022

“Novíssima” teoria da REALIDADE ABSOLUTA e OBJECTIVA ou teoria do… TUDO

 

O que a Ciência nos ensinou até ao momento

 Do que sabemos acerca do Universo, onde o Homem veio a aparecer, por evolução das espécies, na saga da VIDA, há apenas uns escassos milésimos de segundo, se considerarmos o Tempo Universal, poderemos concluir com bastante grau de certeza, que:

1 – O ESPAÇO é infinito. Logo, é eterno. É que é impossível ser concebido como algo que tenha princípio e fim ou que tenha começado algum dia, no Tempo.

2 – Se o Espaço é infinito, o Universo de que nos apercebemos poderá não estar sozinho na infinitude do Espaço. Depois, quantos universos houve antes dele? Quantos haverá ao mesmo tempo que ele? Quantos mais se seguirão por toda a eternidade? – Obviamente, perguntas sem resposta…

3 – Este Universo – do qual conhecemos uma pequeníssima parte, a parte visível, que dizem ser apenas cerca de 5%, sendo nos outros 95% invisível por ser constituído de matéria “escura”, isto é, não visível – terá tido início, no Big Bang, há cerca de 14 mil milhões de anos; logo, como qualquer “ser” que começa, terá forçosamente de ter um fim, enquanto o “ser” que agora é.

4 – Como a matéria visível que constitui o Universo é tão colossal que não há qualquer hipótese de o seu volume ser percepcionado por uma mente humana – basta atentar nos milhares de milhões de milhões de biliões de estrelas cuja luz de muitas os telescópios conseguem alcançar e até medir – muito menos se conseguirá percepcionar o volume da restante matéria, a escura invisível, deduzindo-se apenas que é quase incomensurável. Embora, como mensurável, tenha de ter uma medida, não sendo, portanto, infinita!

5 – Como se constata que tudo está em movimento, estando toda a matéria energizada, em potência ou em acto, NADA SE PERDENDO MAS TUDO SE TRANSFORMANDO – movimento mais visível e palpável na evolução dos seres vivos, mas existindo também na matéria inanimada, do átomo ao Universo – deduz-se que o movimento, a matéria e a energia que a enforma serão eternos, actuando, no entanto, sobre entidades finitas mensuráveis, em perpétuo movimento, desde sempre e para sempre. Tudo o que existiu, existe ou existirá fará parte desta engrenagem, ora integrando-se, como entidade própria, ora dela saindo, por ter acabado o seu tempo de energia, mas nada se perdendo, simplesmente se transformando.

 Esta parece-nos ser a REALIDADE, REALIDADE de que fazemos parte e de cuja existência tivemos a sorte e o privilégio de nos aperceber. Não parece que haja qualquer outro ser vivo capaz dessa percepção, por limitados nas suas capacidades de abstracção. Isto, para já; pois, como tudo continua evoluindo, não se sabe como será constituído o mundo dos seres vivos, por exemplo, daqui a mil milhões de anos…

No entanto, para cada um de nós, essa percepção, infelizmente, não se prolongará por muito tempo, pois curtíssimo é o nosso tempo de VIDA!

Mas, pouco ou muito, resta-nos saboreá-lo todos os dias, sempre com um enorme sorriso de FELICIDADE por existirmos e por fazermos parte de tanta Beleza e de tanto… MISTÉRIO!

Há, finalmente, que colocar uma questão: Onde se situa a ideia de Deus nesta REALIDADE? Será ELE a própria REALIDADE ou o TUDO ONDE TUDO SE INTEGRA?


sábado, 23 de abril de 2022

Da impossível ressurreição de Jesus, a quem chamaram o Cristo

 


Os factos que apontam para a sua inequívoca falsidade

 A análise tem de ser feita a partir de dentro, isto é, a partir das narrativas dos evangelhos, começando, no entanto, por advertir que, ontologicamente, não é possível a nenhum ser vivo morrer e ressuscitar, pois cada um cumpre, pelas leis imutáveis da Natureza, o seu ciclo vital: nascer, viver e morrer. Portanto, nunca houve nem haverá nenhuma ressurreição. Só por magia ou na fantasia de alguns que se dizem iluminados...

Em assunto de tão magna importância para o Cristianismo, seria de esperar unanimidade naquelas narrativas. No entanto, constatamos acentuadas divergências, embora sendo constante, nos quatro, o momento do dia “primeiro dia da semana, de madrugada” e a vidente “Maria Madalena”.

Resumamos:

Mateus: Envolve o “acontecimento” de mais dois ou três milagres além de pôr dois anjos a remover a pedra e a mostrar a Maria Madalena e à outra Maria o túmulo vazio, dizendo que Jesus tinha ressuscitado e seguira para a Galiléia onde se encontraria com os discípulos.

Marcos: Mais sóbrio, fala em três mulheres: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé; a pedra já estava removida e dentro do túmulo estava um anjo que lhes disse mais ou menos o que os dois anjos de Mateus disseram.

Lucas: Acrescenta alguns pormenores. Fala em três mulheres específicas: Maria Madalena, Joana e Maria mãe de Tiago, mas também em outras mulheres que estariam presentes na cena; a pedra estava removida e dois homens (não anjos) com vestes brilhantes contaram-lhes mais ou menos o que Mateus e Marcos disseram. Ao anunciarem aos discípulos o acontecido, Pedro não acreditou nelas e foi constatar que o túmulo estava realmente vazio.

João: Mais prolixo e mais confuso. Coloca apenas Maria Madalena (e mais nenhuma mulher) a ir ao sepulcro; ao constatar que a pedra estava removida, Madalena foi avisar Pedro e João; estes correram e, verificando o facto, foram-se embora. Madalena continuou junto ao túmulo a chorar; entretanto, viu dois anjos lá dentro que lhe perguntaram porque chorava. Depois, o próprio Jesus apareceu-lhe como se fosse o jardineiro. Reconhecendo-o, quis abraçá-lo mas Jesus não permitiu e Madalena voltou a anunciar o acontecido aos discípulos.

Estes narradores, lançada que foi a “pedra” falsa da ressurreição, tiveram de alicerçá-la com acontecimentos posteriores: as aparições de Jesus ressuscitado, mas sempre e só aos seus discípulos e a alguns escolhidos, comendo e bebendo com eles, entrando com as portas fechadas, no local onde eles se encontravam, havendo aquela cena – cena apenas narrada por João, cujo evangelho é escrito uns 50 anos após os factos, o que leva por si só a desconfiar da sua veracidade (Jo, 20, 26-27) – do incrédulo Tomé que, para acreditar, foi convidado por Jesus a meter a mão no lado do peito e o dedo no buraco dos pregos das mãos…; finalmente, puseram Jesus a subir aos Céus. Aliás, o Jesus ressuscitado era espírito que entrava em casa, estando tudo fechado, ou de carne e osso, com pés e mãos já cicatrizados dos golpes sofridos, comendo e bebendo e... falando? Não é absurdo?

Mas onde está, além dos já mencionados e outros desencontros que não referimos, o grande problema da ressurreição e a nossa convicção da sua total falta de credibilidade, é a narrativa das aparições de Jesus. Se Ele era a Luz do Mundo, teria de se mostrar, ressuscitado, a toda a gente, pelo menos a todos os daquela região. O facto de só aparecer a alguns eleitos deita por terra todos os objectivos da suposta missão de um suposto filho de Deus vindo à Terra para salvar o Homem e oferecer-lhe a Vida eterna. Só atingiria tais objectivos, se aparecesse a todo o povo, sobretudo aos seus agressores, tanto judeus como romanos. Tão simples quanto isso!

Qualquer inteligência humana era o que faria; não se pode exigir menos de uma inteligência divina…

Nem adianta Paulo, escrevendo uns 30 anos após os factos, dizer que “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa fé.” (1Cor, 15-14). Obviamente, dando o facto como certo, queria convencer disso os crentes na nova religião que ele estava a ajudar a fundar, alicerçando-a exactamente na ressurreição dos mortos. Se lá tivéssemos estado, tê-lo-íamos contestado seguramente…

Então, poderemos concluir que as grandes bases do Cristianismo – a ressurreição e a vida eterna – assentam em fragilíssimas areias movediças…

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 347/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 41/?

 – Resultado das enigmáticas palavras proferidas por Jesus perante a multidão: “Apesar de Jesus ter realizado na presença deles tantos milagres, não acreditaram nele.” (Jo 12,37)

– O próprio João certamente, também como nós, intrigado por tal facto - realmente incompreensível, pois que tão pouca força tinham aqueles milagres para tão poucos convencerem! – refugia-se nas Escrituras: “Assim se cumpriu a palavra dita pelo profeta Isaías: «Senhor, quem acreditou na nossa mensagem? A quem foi revelada a força do senhor?» O próprio Isaías mostrou a razão pela qual eles não podiam acreditar: «Deus cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, a fim de que não se convertam e Eu tenha que curá-los.» Isaías falou assim porque viu a glória de Jesus e falou a respeito dele.” (Jo 12,38-41)

– Não nos parece ter sido feliz João na escolha que fez das Escrituras para explicar a não crença dos judeus em Jesus Cristo. É que as palavras de Isaías são um total nonsense, postas na boca de Javé-Deus. Afinal Javé queria ou não queria que os Homens acreditassem na sua mensagem? Mesmo que acreditemos na inspiração divina dos textos bíblicos, aquelas palavras de Isaías nunca poderiam ter sido inspiradas por Deus pois se voltam contra Si próprio! E quem não estiver de acordo com tal afirmação, que prove o contrário mas… convincentemente! Aliás, já alguém, de bom senso – e imparcial! – percebeu como e porque a Bíblia é de inspiração divina?

– Enfim, que certeza tinha João ao afirmar que Isaías falara assim porque tinha visto a glória de Jesus e falara a respeito dele? Não foi antes mera interpretação da Bíblia que certamente também não entendia mas … tinha de aceitar como revelada?!…

– De novo… o Pai! O Pai com os seus mistérios! O Pai e um Filho a confundirem-nos cada vez mais! E se para Jesus era fácil entender o que dizia de Si e do Pai, para nós - os que deviam interessar Jesus, para os quais Jesus disse que veio! - para nós, só resta a… confusão!

– E confusão total: “«Quem acredita em Mim não é em Mim que acredita mas naquele que Me enviou. Quem Me vê, vê também aquele que Me enviou. Eu vim ao mundo como luz para que todo aquele que acredita em Mim não fique nas trevas. Eu não condeno quem ouve as minhas palavras e não lhes obedece, porque Eu não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem Me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a Palavra que Eu anunciei será o seu juiz no último dia. Porque Eu não falei por Mim mesmo. O Pai que Me enviou é que Me ordenou o que Eu devia dizer e ensinar. Eu sei que aquilo que Me mandou ensinar é a vida eterna. Portanto o que digo, digo-o conforme o Pai mo disse.»” (Jo 12,44-50)

– Perceberam? Nós… nós não vimos Jesus. Mas aqueles que O viram, acaso compreenderam que, vendo-O, viam também o Pai? Que Pai?!

E se Jesus é a luz, porque continuamos nas trevas, sem ver tal luz? Nós e os do seu tempo!

E como é que Jesus quer salvar o mundo? E salvar o mundo de quê?

E o que é rejeitar as palavras de Jesus? Nós, que aqui não as compreendemos, somos considerados no rol dos que as rejeitam?

Aliás, se não as aceitarmos já temos o nosso juiz… no último dia!…

E portanto haverá julgamento e… último dia! Haverá?!

E como é que o Pai deu ordens a Jesus?

Novamente a vida eterna! Tem mesmo de existir esta vida eterna! Só nos resta descobrir como é que conseguimos acreditar que realmente exista!…

Afinal, o que é que Jesus nos ensinou? A rezar? A louvar o Pai? A amar os nossos inimigos? A perdoar não sete vezes mas setenta vezes sete? (Mt 18,22) A amar o próximo? Enfim, a amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos? Bastando isto para termos a vida eterna? Não parece afinal tanto e… tão pouco?

Deixem-nos repetir: “Só nos resta descobrir como é que conseguimos acreditar que a vida eterna realmente exista!…” Mas isso, cremos que ficará para sempre no “segredo dos deuses”… É que Jesus bem diz “Eu sei que aquilo que Me mandou ensinar é a vida eterna.” Mas não apresenta nenhuma prova credível de que realmente exista! Apenas… palavras ocas e sem sentido!

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 346/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 40/?

 – “«Neste momento, estou muito perturbado. E o que vou dizer? Pai, livra-Me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que Eu vim.»” (Jo 12,27)

– Além de não entendermos esta perturbação de um “Filho de Deus” que vem fazer a vontade de seu Pai, como entender aquele “Pai, livra-Me desta hora!”, secundado com o posterior bem sentido apelo “Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice…” do Jardim das Oliveiras? E com o ainda mais contundente lamento na cruz: “Meu Pai, meu Pai, porque me abandonaste?”

Por outro lado, aquele “foi precisamente para esta hora que eu vim” não faz qualquer sentido. Pois, para quê veio Ele morrer? Os teólogos dizem que foi para salvar a Humanidade. Mas salvar a Humanidade de quê? É muito difícil a uma religião explicar de forma entendível o porquê da morte do seu “ídolo”! Mas como esta religião cristã é uma realidade seguida por milhões, os seus teólogos encontram sempre uma explicação mesmo para o inexplicável ou quando se trata de um total non-sense.

– Entretanto, o maravilhoso acontece! Reza Jesus: “«Pai, manifesta a glória do teu Nome!» Então veio uma voz do Céu: «Eu manifestei a glória do meu Nome e vou manifestá-la de novo.» A multidão que ali estava ouviu a voz e dizia que tinha sido um trovão. Outros diziam: «Foi um anjo que falou com Ele.» Jesus disse: «Esta voz não se fez ouvir por causa de Mim, mas por causa de vós. Agora é o julgamento deste mundo. Agora o príncipe deste mundo vai ser expulso e, quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim.» Jesus disse isto para indicar de que morte ia morrer.” (Jo 12,28-33)

– O maravilhoso e… o enigma! Para que precisava o Pai de manifestar a sua glória? Para nos convencer de quê? Para nos levar para a vida eterna, quando nós continuamos, apesar de todas aquelas manifestações divinas, sem saber o que é seguir a Cristo, o que é desprezar a vida neste mundo para conservá-la para a tão desejada vida eterna?!…

Depois, uma voz do… Céu! Quem realmente teria falado? Que tipo de voz? Cavernosa, lenta, pausada, solene, como convinha a Deus-Pai, ou… aflautada, como de… mulher ou… de anjo? Ou foi mais um milagre de Jesus que fez ouvir a cada um dos presentes uma voz que eles identificaram como se tivesse vindo do… Céu?

O que é certo é que uns ouviram-na como se fosse um trovão, outros como se fosse um anjo a falar com Ele… (Isto, caso acreditemos em João… É que é o único evangelista a narrar tal maravilhoso acontecimento e tal resposta de Jesus.)

Contudo, o mais importante é perguntar se alguém percebeu o porquê daquela voz, o que era o Pai manifestar a glória do seu Nome, porque era então a hora do julgamento do mundo, porque o príncipe deste mundo iria ser expulso…

Aliás, que príncipe é este? O Diabo? E como é que ele iria ser expulso? Com a morte de Cristo, cujo significado e finalidade - além do cumprir das Escrituras - ninguém consegue entender plenamente?

Enfim, como é que Jesus iria atrair todos a Si quando fosse levantado da terra, interpretando João este levantamento como o modo “escolhido” por Jesus (ou por Deus-Pai?!) para morrer? Alguém entende?

– Nós não! E a multidão que escutava Jesus também não! “«A Lei diz-nos que o Messias vai permanecer aqui para sempre. Como podes dizer que é preciso que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem?» Jesus respondeu: «A luz ainda está no meio de vós. Por um pouco de tempo. Procurai caminhar enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos surpreendam. Quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, acreditai na luz, para que vos torneis filhos da luz.»” (Jo 12,34-36)

– Mais uma vez, Jesus “escapa” à pergunta, ali, directa… Refugia-Se na metáfora, na palavra que ninguém entende! Para quê queremos a metáfora da luz? O que é realmente tornar-nos filhos da luz?

Estranho! Se ninguém entendeu nem… entende, porquê falou Jesus de tal modo? Não é neste ponto que se joga toda a nossa Fé e toda a nossa… razão? Não é aqui que descremos completamente do… “doce”, do… “inefável” Jesus a quem apelidaram de Cristo?!


sábado, 2 de abril de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 345/?

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 39/?

 (Ainda na senda da suposta ressurreição de Lázaro)

–“Os sumos-sacerdotes decidiram matar também Lázaro porque, por causa dele, muitos judeus deixavam os seus chefes e acreditavam em Jesus.” (Jo 12,10-11)

– Que desespero o destes sumos-sacerdotes! Estranho! Bizarro!…

O cúmulo da arrogância e da cegueira!… Em vez de questionarem Jesus até aos limites das suas dúvidas, decidem matá-Lo e matar também o fruto de um dos seus milagres: Lázaro! Em vez de se aliarem a Jesus na compreensão das Escrituras e na descoberta do Céu, de Deus e da vida eterna, agarraram-se a uma Lei que seguiam fundamentalisticamente… estupidamente…

Não há dúvida! Tudo tem de ser questionado… Nada é imutável ou eterno, no tempo e nas coisas próprias do tempo! Se o tivessem feito, os judeus não teriam cometido o tamanho erro de condenarem à morte Jesus, por ter dito que era o… Messias! Afinal, quem aceitariam eles como Messias?

E Jesus, aqui, não deixa de revelar alguma incoerência. Por um lado, dá o grande salto: ao “olho por olho” manda oferecer a outra face, ao ódio aos inimigos, contrapõe o amor aos mesmos inimigos. Por outro lado, não raras vezes Se fundamenta nas Escrituras para Se “justificar” ou para confirmar o que Lhe vai acontecendo… Ele próprio e, imitando-O, também os evangelistas.

– A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, com todo o povo a gritar “Hossana!”, é narrada pelos quatro evangelistas. Mas só João refere o que os fariseus disseram: “Vedes como não conseguis nada? Toda a gente vai atrás de Jesus!” (Jo 12,19)

E Jesus volta às palavras enigmáticas. Que pena! Está a chegar a hora de nos deixar e… volta a falar por enigmas… Para quê, Jesus? Como perdemos a Fé que quiséramos ter em Ti e acreditar nas tuas palavras se as tivéssemos compreendido, por serem claras para as nossas mentes limitadas! Como não Te apercebeste dessas nossas limitações! Como não podemos aceitar que tal Te tenha acontecido se eras realmente o Filho de Deus ou… Deus! Mas… vamos ouvir:

– “«Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Eu vos garanto: se o grão de trigo não for lançado à terra e não morrer, não dará fruto. Mas se morrer, dará muito fruto. Quem tem apego à sua vida vai perdê-la; quem despreza a sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna. Se alguém quer servir-Me, que Me siga. E onde Eu estiver, aí também estará o meu servo. Se alguém Me serve, o Pai honrá-lo-á. Neste momento, estou muito perturbado. E o que vou dizer? Pai, livra-Me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que Eu vim.»” (Jo 12,23-27)

– Eis um desabafo de Jesus realmente intrigante e que merece ser largamente comentado e analisado:

Quem entenderá que Jesus é glorificado na morte? E morte ignominiosa, a mando das autoridades religiosas judaicas, mas… por vontade do seu Pai e “a mando” das supostamente inspiradas Escrituras? Haverá alguma mente, pensando honestamente, que aceite como seu ídolo religioso um condenado à morte, embora inocentemente, mas com a conivência/exigência do seu suposto Deus-Pai?

E para quê a comparação com o grão de trigo que tem de morrer para frutificar? Se a comparação é para Si que vai morrer, não tinha já dado suficientes frutos? O que é que a morte Lhe iria acrescentar de… fruto?

Também não se entende o que será exactamente ter apego à vida neste mundo, para que a percamos…

Mais intrigante, mais enigmático ainda: “O que é desprezar a vida neste mundo para conservá-la para a vida eterna?”

Sempre a vida eterna! Sempre a verdade que procuramos! Sempre, infelizmente, desesperadamente, apenas palavras enigmáticas!…

E o que é seguir Jesus? O que é ser honrado pelo Pai? Que nos aproveitam, para a tão apregoada vida eterna, estas palavras de Jesus que ninguém entende? Ou… alguém entende, sem qualquer dúvida?

– Inexplicável! Totalmente inexplicável aquele perturbar-Se de Jesus! Realmente o Jesus-homem e o Jesus-Deus definitivamente não se entendem: ficamos com a impressão de que o Jesus-homem, se pudesse, de modo algum aceitaria morrer e morrer de tal modo… E apetece-nos perguntar com os judeus: “Se salvou os outros, porque não consegue salvar-Se a Si mesmo?”!… (Mt 27,42)

(Continua a análise no próxima texto)