À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 39/?
–“Os sumos-sacerdotes
decidiram matar também Lázaro porque, por causa dele, muitos judeus deixavam os
seus chefes e acreditavam em Jesus.” (Jo 12,10-11)
– Que desespero o destes
sumos-sacerdotes! Estranho! Bizarro!…
O cúmulo da arrogância e da
cegueira!… Em vez de questionarem Jesus até aos limites das suas dúvidas,
decidem matá-Lo e matar também o fruto de um dos seus milagres: Lázaro! Em vez
de se aliarem a Jesus na compreensão das Escrituras e na descoberta do Céu, de
Deus e da vida eterna, agarraram-se a uma Lei que seguiam
fundamentalisticamente… estupidamente…
Não há dúvida! Tudo tem de
ser questionado… Nada é imutável ou eterno, no tempo e nas coisas próprias do
tempo! Se o tivessem feito, os judeus não teriam cometido o tamanho erro de
condenarem à morte Jesus, por ter dito que era o… Messias! Afinal, quem
aceitariam eles como Messias?
E Jesus, aqui, não deixa de
revelar alguma incoerência. Por um lado, dá o grande salto:
ao “olho por olho” manda oferecer a outra face, ao ódio aos inimigos, contrapõe
o amor aos mesmos inimigos. Por outro lado, não raras vezes Se fundamenta nas
Escrituras para Se “justificar” ou para confirmar o que Lhe vai acontecendo…
Ele próprio e, imitando-O, também os evangelistas.
– A entrada triunfal de Jesus
em Jerusalém, com todo o povo a gritar “Hossana!”, é narrada pelos quatro
evangelistas. Mas só João refere o que os fariseus disseram: “Vedes como não
conseguis nada? Toda a gente vai atrás de Jesus!” (Jo 12,19)
E Jesus volta às palavras
enigmáticas. Que pena! Está a chegar a hora de nos deixar e… volta a falar por
enigmas… Para quê, Jesus? Como perdemos a Fé que quiséramos ter em Ti e
acreditar nas tuas palavras se as tivéssemos compreendido, por serem claras
para as nossas mentes limitadas! Como não Te apercebeste dessas nossas
limitações! Como não podemos aceitar que tal Te tenha acontecido se eras
realmente o Filho de Deus ou… Deus! Mas… vamos ouvir:
– “«Chegou a hora em que o
Filho do Homem vai ser glorificado. Eu vos garanto: se o grão de trigo não for
lançado à terra e não morrer, não dará fruto. Mas se morrer, dará muito fruto.
Quem tem apego à sua vida vai perdê-la; quem despreza a sua vida neste mundo,
vai conservá-la para a vida eterna. Se alguém quer servir-Me, que Me siga. E
onde Eu estiver, aí também estará o meu servo. Se alguém Me serve, o Pai
honrá-lo-á. Neste momento, estou muito perturbado. E o que vou dizer? Pai,
livra-Me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que Eu vim.»” (Jo
12,23-27)
– Eis um desabafo de Jesus
realmente intrigante e que merece ser largamente comentado e analisado:
Quem entenderá que Jesus é
glorificado na morte? E morte ignominiosa, a mando das autoridades religiosas
judaicas, mas… por vontade do seu Pai e “a mando” das supostamente inspiradas
Escrituras? Haverá alguma mente, pensando honestamente, que aceite como seu ídolo religioso um condenado à morte, embora inocentemente, mas com a conivência/exigência do seu suposto Deus-Pai?
E para quê a comparação com o
grão de trigo que tem de morrer para frutificar? Se a comparação é para Si que
vai morrer, não tinha já dado suficientes frutos? O que é que a morte Lhe iria
acrescentar de… fruto?
Também não se entende o que
será exactamente ter apego à vida neste mundo, para que a percamos…
Mais intrigante, mais enigmático ainda: “O que é
desprezar a vida neste mundo para conservá-la para a vida eterna?”
Sempre a vida eterna! Sempre
a verdade que procuramos! Sempre, infelizmente, desesperadamente, apenas
palavras enigmáticas!…
E o que é seguir Jesus? O que
é ser honrado pelo Pai? Que nos aproveitam, para a tão apregoada vida eterna,
estas palavras de Jesus que ninguém entende? Ou… alguém entende, sem qualquer
dúvida?
– Inexplicável! Totalmente
inexplicável aquele perturbar-Se de Jesus! Realmente o Jesus-homem e o
Jesus-Deus definitivamente não se entendem: ficamos com a impressão de que o Jesus-homem,
se pudesse, de modo algum aceitaria morrer e morrer de tal modo… E apetece-nos
perguntar com os judeus: “Se salvou os outros, porque não consegue salvar-Se a
Si mesmo?”!… (Mt 27,42)
(Continua a análise no próxima texto)
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