quinta-feira, 23 de junho de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 352/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 46/?

 (Continuamos ainda a análise crítica ao texto de Jo 14,1-14)

– A dado momento, Jesus garante-nos que, se acreditarmos nele, faremos obras ainda maiores do que as que Ele fez… Garante!… Faz-nos lembrar o ter Fé mesmo do tamanho de um grão de mostarda e sermos capazes de mover montanhas!… Garante!… Só não nos diz o que é realmente ter Fé… o que é realmente acreditar nele… o que é pedir em seu nome… o que é Deus ser glorificado e o Filho ser também glorificado… numa morte de cruz!… Garante! E nós… que fazemos com tal garantia? Que nos adianta para resolver as nossas dúvidas, ou para conseguirmos ter certezas da vida eterna, se a evidência se nos escapa totalmente?! Não continuamos afinal sem respostas? Não ficou Filipe sem… resposta?

Garante! Garante que, se pedirmos qualquer coisa em seu nome, Ele o fará! E o que realmente poderemos pedir em seu nome para que Ele no-lo faça? Pedir saúde, felicidade, dinheiro? Pedir alívio na angústia, no desespero de nada entendermos do que seria fundamental entender, para sabermos com que contar após esta efémera vida terrena? Pedir… Fé?! Pedir que nos fale de modo a que o entendamos e… acreditemos!

– Mas isso, pelas não-respostas que dá a Filipe, parece ser pedido que Cristo-Deus não consegue satisfazer…

Realmente, como quer Jesus que acreditemos nele e em Deus se, em boa verdade, não responde às perguntas que lhe fizeram os discípulos, às perguntas que Lhe fazemos nós? Como? E não estamos nós de coração aberto para abraçar com todo o nosso entendimento a… VERDADE? Afinal, se é isto que Lhe pedimos e em seu nome, porque não no-lo concede? Porque falta à sua palavra?…

– A “saga” das palavras enigmáticas não tem fim na boca de Jesus… “«Se Me amais, obedecereis aos meus mandamentos. Então, Eu pedirei ao Pai e Ele dar-vos-á um outro que vai permanecer convosco para sempre. Ele é o Espírito da Verdade que o mundo não pode acolher, porque não O vê nem O conhece. Vós conhecei-Lo porque Ele mora convosco e estará convosco.»” (Jo 14,15-17)

– Agora, é o Espírito que, apesar de Verdade, só nos vem confundir mais um pouco! Não nos bastava um Pai e um Filho que já não entendemos! Temos agora um Espírito que os discípulos conhecem porque mora neles… Estranho este morar nos discípulos e em mais ninguém… Ou o mundo não são todos os outros? Aliás que discípulo teria compreendido estas palavras? Certamente, não tendo compreendido respostas a perguntas anteriores, também aqui se coibiram de perguntar… Não podemos senão considerar mais um falhanço na comunicação de Jesus.

– No entanto, obstinadamente, continua: “«Não vos deixarei órfãos mas voltarei para vós. Mais um pouco e o mundo não Me verá, mas vós ver-Me-eis porque Eu vivo e vós também vivereis. Nesse dia, conhecereis que Eu estou em meu Pai, vós em Mim e Eu em vós. Quem aceita os meus mandamentos e lhes obedece, esse é que Me ama. E quem me ama será amado por meu Pai. Eu também o amarei e manifestar-me-ei a Ele.»” (Jo 14,18-21)

– Compreenderam? Compreenderam alguma coisa além de que em breve Jesus iria morrer e o mundo já não O veria? Que entenderiam os discípulos de o Pai estar em Jesus e Jesus estar neles?…

Como Jesus Se repete, santo Deus! Quantas vezes fala no Pai e ninguém a entender nada! 

INCOMPREENSÍVEL e… INACEITÁVEL!

quinta-feira, 16 de junho de 2022

A cruz símbolo do amor de Deus pelos Homens

 

Como foi possível, como é possível tão estranho conceito?

 Todos sabemos que a CRUZ era o suplício de morte usado pelo romanos, à época de Cristo, para castigar/matar os que se lhes opunham, incluindo muitos prisioneiros feitos nas terras que iam conquistando para alargar o Império, subjugando os seus povos.

Também sabemos que o judeu Jesus, a quem os discípulos chamaram de Cristo, foi condenado a tal suplício por ordem do governador romano na Judeia, Pilatos, instigado pelas autoridades religiosas judaicas: Fariseus, Escribas e Sacerdotes, que não gostavam do modo como Jesus se lhes opunha, chamando-lhes, por exemplo, “sepulcros branqueados por fora e cheios de podridão por dentro” (Mt 23, 27-28)

Toda a tragédia que rodeia a condenação à morte e morte na cruz de Jesus vem descrita nos evangelhos, acompanhando-a Mateus de vários milagres, concluindo a narrativa de modo magistral, ao colocar na boca do centurião romano e dos soldados que o executaram: “Este era realmente o Filho de Deus”. (Mt 27, 54)

Embora os evangelhos tenham sido escritos uns 40 a 60 anos após os factos narrados, presume-se que algo de insólito tenha ocorrido. Não de tal modo como Mateus descreve, pois o historiador da época Flávio Josefo, não se refere ao facto explicitamente, parecendo as poucas referências a Jesus como interpolações de cristãos na sua obra, no séc. IV, nomeadamente do bispo Eusébio de Cesareia. Ora, se tivessem acontecido todos aqueles milagres, era impossível que um historiador como Josefo, que narra episódios quase sem importância, nas suas “Antiguidades Judaicas”, não se referisse largamente aos insólitos fenómenos.

Pensando nós, então, que Mateus terá inventado aqueles milagres, também terá inventado a frase que colocou na boca dos soldados, algozes de Jesus.

O que é certo é que foi essa narrativa que atravessou os séculos e que todos os crentes aprendem nas catequeses.

Os construtores da religião cristã – logo de início, os discípulos de Jesus e Paulo –começaram a chamar a Jesus o “Cristo”, o “Filho de Deus vivo”, o Redentor, o Salvador, inventando aquela macabra teoria de que Jesus veio redimir o Homem dos seus pecados, proporcionando-lhe a salvação eterna, com o derramamento do seu sangue na cruz.

Daí, a cruz se ter tornado o símbolo dos cristãos, sobrepondo-se ao outro símbolo pelo qual os primeiros cristãos se identificavam: o ICHTHYS (peixe, em grego), letras que são, também em grego, as iniciais de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador".

Foi também nos primórdios que se inventou a Eucaristia ou a comemoração da última Ceia, quando se reuniam para participarem numa refeição comunitária.

Aqui, houve uma invenção mirabolante: que Jesus, ao abençoar o pão e o vinho e dizendo “Isto é o meu corpo / Isto é o meu sangue que vai ser entregue por vós”, criara a eucaristia, tornando-se, para sempre, realmente o corpo e sangue de Jesus, às palavras do sacerdote na missa, sobre o pão e sobre o vinho. INCRÍVEL! Mas é nisso que os crentes têm de acreditar e que, quando comungam, i.é., recebem a hóstia, comungam o corpo e sangue de Jesus realmente presente. Se tal fosse verdade, seria uma revolução: o homem-sacerdote ficava detentor do poder de tornar presente Jesus Cristo sempre que estivesse em modos de missa. Uma espécie de aprisionamento de Deus… Mais uma vez, INCRÍVEL!

E aí está: a CRUZ, de horrendo suplício inventado pela malvadez dos homens para martirizarem o seu semelhante, ficou símbolo do Amor de Deus para com os mesmos Homens, por ter sido Deus que enviou o seu Filho Jesus Cristo – neste caso um judeu com bastante carisma e ideias revolucionárias, nada mais – para, no seu amor infinito, salvar o Homem da perdição eterna, sacrificando-o numa CRUZ.

Podemos realmente dizer: “Que falta de imaginação, santo Deus!” ou: “Meu Deus, que macabra imaginação!”

Mais uma vez, INCRÍVEL!

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 351/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 45/?

 Jesus amava realmente aqueles discípulos! (Já não estava entre eles, o desventurado do Judas!) Voltará para os levar com Ele para estarem todos juntos no mesmo lugar! Nós é que continuamos a não compreender-aceitar que o Pai tenha uma casa, que haja lá muitas moradas, que seja necessário preparar lugares… É tudo visão demasiado humana para que o divino “rasteje” pela mesma nomenclatura! Que crédito nos pode merecer tal descrição do Céu, mesmo vinda de Jesus Cristo?

– É símbolo, dirão alguns! É simbólico! São imagens! Senão, como poderiam entendê-lo os humanos mortais?

– Já nos insurgimos noutros lugares contra a simbologia! Contra as imagens! Contra as parábolas! Pois nunca se sabe onde acaba o símbolo e começa a realidade e - pior! - parece que quando convém, diz-se que é símbolo e logo a seguir afirma-se tudo como real! Tal arbitrariedade não pode, não cabe dentro das nossas mentes que realmente não se alimentam de símbolos mas de realidades!…

– Aliás, a pergunta de Filipe revela querer resposta concreta, clara, real. E Jesus, o que faz? - Dá uma resposta - tão bonita! tão comovente! tão cheia de significado! - mas… evasiva!… Pois, como é que Ele é o Caminho? Como é a Verdade? Como é a Vida? -  Nada! Não diz! Que seja o caminho do bem, da justiça, do amor ao próximo e até ao inimigo, do perdão, da paz, do desapego às riquezas terrenas, segundo o fulcro da sua mensagem… entende-se. Mas, porque não conseguiu fazer a ponte entre este viver humano, terrenal, temporal e a vida eterna, o Céu, Deus? Porque esta limitação de… um Filho de Deus, igual a Deus e, portanto, limitação do próprio Deus? Como entendê-la? – Não se entende! E por isso, o descrédito total na realidade divina que lhe atribuíram e que Ele se atribuiu a si próprio. Tivesse-lo provado sem apelar para a Fé e, então, sim, então acreditaríamos nele!

– E mais uma vez se “refugia” no Pai. E, apesar de tantas vezes ter falado no Pai, Filipe ainda não percebeu aquela relação de Pai igual ao Filho e Filho igual ao Pai! Claro que nós também não! Mas porque é que Jesus fica admirado com a pergunta de Filipe? Ele que sabia tudo, que conhecia o íntimo dos que O rodeavam, não sabia que as suas palavras não eram compreendidas? E, se não eram compreendidas, como queria que eles, os discípulos, e nós as aceitemos… sem mais? Mesmo apoiadas nos seus milagres? É que uma coisa é vermos um milagre, outra coisa é termos de aceitar palavras daquele que tal realizou sem as entendermos!

– A solução estará na… Fé! A misteriosa Fé! Temos de acreditar sempre, quer queiramos quer não, em alguma coisa, não pela força da evidência e da razão, mas pela força das palavras de quem as pronuncia.

– Mas porque é que esse “QUEM”, se tem poder para fazer milagres, não tem poder para fazer a ponte entre o humano e o divino? Porquê? Temos também aqui de ter Fé e esperar para… ver?!

– Aquele apelo de Filipe “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!” merecia melhor resposta de Jesus. Realmente Filipe queria que Jesus fizesse a ponte, queria acreditar com… provas evidentes! E Jesus? - Novamente, foge à questão. Novamente, nos induz na confusão do Pai que está no Filho e do Filho – Ele! – que quem o vê vê o Pai e que só faz aquilo que o Pai Lhe manda realizar. Mais: - custe-nos embora a palavra, por tão forte! - cinicamente pede que Filipe acredite e que nós acreditemos também…