Quando é que o Homem perderá os seus mitos? – 2/2
Enquanto houver gente (papas, imãs, emires, rabinos,
gurus, sacerdotes de toda a espécie…) que vê uma oportunidade de “Boa Vida”,
física e psicologicamente falando, nas religiões, essa gente tudo fará para ter
seguidores – obviamente, mais os incautos, os incultos, os fragilizados –
convencendo-os das suas “Verdades imutáveis e eternas”.
Materialmente, terão sempre em apoio, sumptuosas
igrejas e catedrais, conventos e mosteiros (embora já despovoados dos seus
antigos numerosos ocupantes, enganados por falsos misticismos, infernos ou
paraísos que lhes pregaram…), templos, sejam judaicos, hindus ou budistas,
mesquitas sumptuosamente ricas, cuja construção tem sido subsidiada pela
riqueza petrolífera dos países muçulmanos, e muitos outros locais de culto,
mais ricos uns que outros…
E há os Livros! As Sagradas Escrituras: Thora, Bíblia,
Vedas, Corão, etc, livros que de sagrado só têm o nome, contendo em si tanto o
gérmen da paz e do amor como o da guerra e do ódio e da violência do Homem para
com o outro Homem que não segue a mesma “religião”. E guerras e mortandades,
tudo em nome de… DEUS! Tanto no passado como no presente!
Tendo locais de culto e… Livros, basta “cozinhar” tudo
com rituais e cerimónias de pompa e circunstância, festas de arromba, sermões
de arrebatar consciências, sempre apelando para o mistério e o grande poder de
Deus… do seu Deus, claro!
Ah, como o Homem está ainda atrasado em relação ao
construir uma sociedade verdadeiramente fraterna, inteligente e respeitadora da
Natureza, Natureza que lhe dá o Ser e o alimenta nos seus oitenta a cem anos de
vida! Que estultícia!
É: o Homem só perderá os seus mitos quando for mais
civilizado, mais inteligente, mais sensato, pondo a sabedoria acumulada ao
longo de milénios ao serviço da construção da tal sociedade perfeita que já
ambicionamos mas que vemos ainda muito, muito longínqua no horizonte. Um
horizonte de muitos milénios. Que pena! É que a nossa vida acabará em breve sem
termos visto alcançar minimamente tal objectivo.
Resta-nos a esperança de que ainda algum dos nossos
descendentes possa contemplar uma mostra dessa tal sociedade e nela viver. A
nós fica-nos a consolação de termos lutado por ela!...
Nota: Há que
referir os intelectuais e até cientistas que se dizem crentes. Razões? – As
mais diversas, mas convergirão todas no mistério que nos ultrapassa a todos do
Grande Desconhecido, após esta vida, e da incapacidade que todos temos em
aceitarmos acabar como qualquer outro ser vivo à face da Terra, sem deixar
qualquer rasto… eterno, já que somos dotados de uma inteligência e de uma
consciência da nossa própria e inexorável finitude, além da noção do Bem e do
Mal, da Ética e da Moral (não presente, supõe-se, nos outros seres vivos).
No entanto, pensando bem e
objectivamente, constatamos que somos partículas vivas de um TODO, TODO que
está em perpétuo movimento, em perpétua transformação, do átomo ao Universo:
tudo nasce e tudo o que nasce morre, não desaparecendo mas transformando-se em
outra coisa qualquer que já não o ser que um dia foi, mas nada se perdendo,
parecendo eterna a matéria, eterna a
energia que enforma a mesma matéria e a transforma e lhe faz ter tantas
formas diferentes, umas de vida outras mais de “pedra”, e até fez da matéria brotar
seres vivos inteligentes… NÓS!
Haverá alguma razão para nos
querermos excluir desta bela embora tremenda e inexorável engrenagem, em que
tudo vai do mesmo ao semelhante ao mesmo através do diverso?
É: tudo está em constante mutação/transformação, nada
parando, tanto no infinitamente pequeno como no infinitamente grande: os átomos
e moléculas que compõem os seres não param um só momento (se, no ser, parassem,
o ser morria e, mesmo no ser já morto, continuam a movimentar-se em direcção a
outra coisa qualquer), as estrelas, as galáxias o próprio Universo também não!
Não há dúvida de que só o Movimento gera VIDA, mas assim
como a dá assim a tira! Aos seres animados com o “sopro” vital; aos inanimados,
sempre mudando-lhes a forma e conteúdo.
Perante tanta Beleza e Perplexidade, que nos inundam
corpo e alma, resta-nos o… SORRISO! Um grande SORRISO por estarmos aqui e sermos
capazes de pensar tudo isto!
Frustração ou desencanto, porquê e para quê? Foi tão
BOM – é tão BOM! –podermos fazer parte do TUDO e desse TUDO termos tão clara
CONSCIÊNCIA!
Temos dentro de nós, pelo ADN, o instinto vital que
nos faz agarrar à Vida e isso é bom! Mas não há que ter medo de morrer. O ter
medo só nos perturba o SORRISO. Embora, quando partirmos, tenhamos a plena consciência
de que não fomos mais do que uma partícula que, um dia, veio à luz e que, num
outro, se “perdeu” para sempre no Grande, Eterno e sempre Novo Desconhecido… No
entanto, sorrimos: é que vamos partilhar-nos, átomos e moléculas, com muitos
outros seres que estão prontos para vir à luz, tal como nós, um dia, tivemos a
sorte de vir. DRAMÁTICO E ATERRADOR ou… FANTÁSTICO?!
Mas o mais admirável disto tudo é que tudo se passa
num minúsculo ponto azul, perdido algures no imensíssimo Universo, que dá pelo
nome de Terra, uma bolinha de matéria cheia de energia, movimento e VIDA, mas
que não está sozinha e depende também ela da implacável força gravítica que a
regula e põe em movimento, tendo a sua grande transformação anunciada para
daqui a uns 5 mil milhões de anos quando a sua fonte de energia se apagar para
sempre: o gigante mas tão pequeno SOL, apenas uma estrela entre milhares de
milhões de biliões de outras que povoam o Universo, Universo que tudo leva a
crer que seja eterno e infinito…
Ah, como somos tão pequenos mas também tão grandes
porque capazes de pendar tudo isto!
BOAS FÉRIAS! BOAS REFLEXÕES… PARA SORRIR À VIDA!