terça-feira, 26 de julho de 2022

Tema de reflexão para férias

 

Quando é que o Homem perderá os seus mitos? – 2/2

 3 – Conclusões:

Enquanto houver gente (papas, imãs, emires, rabinos, gurus, sacerdotes de toda a espécie…) que vê uma oportunidade de “Boa Vida”, física e psicologicamente falando, nas religiões, essa gente tudo fará para ter seguidores – obviamente, mais os incautos, os incultos, os fragilizados – convencendo-os das suas “Verdades imutáveis e eternas”.

Materialmente, terão sempre em apoio, sumptuosas igrejas e catedrais, conventos e mosteiros (embora já despovoados dos seus antigos numerosos ocupantes, enganados por falsos misticismos, infernos ou paraísos que lhes pregaram…), templos, sejam judaicos, hindus ou budistas, mesquitas sumptuosamente ricas, cuja construção tem sido subsidiada pela riqueza petrolífera dos países muçulmanos, e muitos outros locais de culto, mais ricos uns que outros…

E há os Livros! As Sagradas Escrituras: Thora, Bíblia, Vedas, Corão, etc, livros que de sagrado só têm o nome, contendo em si tanto o gérmen da paz e do amor como o da guerra e do ódio e da violência do Homem para com o outro Homem que não segue a mesma “religião”. E guerras e mortandades, tudo em nome de… DEUS! Tanto no passado como no presente!

Tendo locais de culto e… Livros, basta “cozinhar” tudo com rituais e cerimónias de pompa e circunstância, festas de arromba, sermões de arrebatar consciências, sempre apelando para o mistério e o grande poder de Deus… do seu Deus, claro!

Ah, como o Homem está ainda atrasado em relação ao construir uma sociedade verdadeiramente fraterna, inteligente e respeitadora da Natureza, Natureza que lhe dá o Ser e o alimenta nos seus oitenta a cem anos de vida! Que estultícia!

É: o Homem só perderá os seus mitos quando for mais civilizado, mais inteligente, mais sensato, pondo a sabedoria acumulada ao longo de milénios ao serviço da construção da tal sociedade perfeita que já ambicionamos mas que vemos ainda muito, muito longínqua no horizonte. Um horizonte de muitos milénios. Que pena! É que a nossa vida acabará em breve sem termos visto alcançar minimamente tal objectivo.

Resta-nos a esperança de que ainda algum dos nossos descendentes possa contemplar uma mostra dessa tal sociedade e nela viver. A nós fica-nos a consolação de termos lutado por ela!...

Nota: Há que referir os intelectuais e até cientistas que se dizem crentes. Razões? – As mais diversas, mas convergirão todas no mistério que nos ultrapassa a todos do Grande Desconhecido, após esta vida, e da incapacidade que todos temos em aceitarmos acabar como qualquer outro ser vivo à face da Terra, sem deixar qualquer rasto… eterno, já que somos dotados de uma inteligência e de uma consciência da nossa própria e inexorável finitude, além da noção do Bem e do Mal, da Ética e da Moral (não presente, supõe-se, nos outros seres vivos).

No entanto, pensando bem e objectivamente, constatamos que somos partículas vivas de um TODO, TODO que está em perpétuo movimento, em perpétua transformação, do átomo ao Universo: tudo nasce e tudo o que nasce morre, não desaparecendo mas transformando-se em outra coisa qualquer que já não o ser que um dia foi, mas nada se perdendo, parecendo eterna a matéria, eterna a energia que enforma a mesma matéria e a transforma e lhe faz ter tantas formas diferentes, umas de vida outras mais de “pedra”, e até fez da matéria brotar seres vivos inteligentes… NÓS!

Haverá alguma razão para nos querermos excluir desta bela embora tremenda e inexorável engrenagem, em que tudo vai do mesmo ao semelhante ao mesmo através do diverso?

É: tudo está em constante mutação/transformação, nada parando, tanto no infinitamente pequeno como no infinitamente grande: os átomos e moléculas que compõem os seres não param um só momento (se, no ser, parassem, o ser morria e, mesmo no ser já morto, continuam a movimentar-se em direcção a outra coisa qualquer), as estrelas, as galáxias o próprio Universo também não!

Não há dúvida de que só o Movimento gera VIDA, mas assim como a dá assim a tira! Aos seres animados com o “sopro” vital; aos inanimados, sempre mudando-lhes a forma e conteúdo.

Perante tanta Beleza e Perplexidade, que nos inundam corpo e alma, resta-nos o… SORRISO! Um grande SORRISO por estarmos aqui e sermos capazes de pensar tudo isto!

Frustração ou desencanto, porquê e para quê? Foi tão BOM – é tão BOM! –podermos fazer parte do TUDO e desse TUDO termos tão clara CONSCIÊNCIA!

Temos dentro de nós, pelo ADN, o instinto vital que nos faz agarrar à Vida e isso é bom! Mas não há que ter medo de morrer. O ter medo só nos perturba o SORRISO. Embora, quando partirmos, tenhamos a plena consciência de que não fomos mais do que uma partícula que, um dia, veio à luz e que, num outro, se “perdeu” para sempre no Grande, Eterno e sempre Novo Desconhecido… No entanto, sorrimos: é que vamos partilhar-nos, átomos e moléculas, com muitos outros seres que estão prontos para vir à luz, tal como nós, um dia, tivemos a sorte de vir. DRAMÁTICO E ATERRADOR ou… FANTÁSTICO?!

Mas o mais admirável disto tudo é que tudo se passa num minúsculo ponto azul, perdido algures no imensíssimo Universo, que dá pelo nome de Terra, uma bolinha de matéria cheia de energia, movimento e VIDA, mas que não está sozinha e depende também ela da implacável força gravítica que a regula e põe em movimento, tendo a sua grande transformação anunciada para daqui a uns 5 mil milhões de anos quando a sua fonte de energia se apagar para sempre: o gigante mas tão pequeno SOL, apenas uma estrela entre milhares de milhões de biliões de outras que povoam o Universo, Universo que tudo leva a crer que seja eterno e infinito…

Ah, como somos tão pequenos mas também tão grandes porque capazes de pendar tudo isto!

BOAS FÉRIAS! BOAS REFLEXÕES… PARA SORRIR À VIDA!

 

terça-feira, 5 de julho de 2022

TEMA DE REFLEXÃO PARA FÉRIAS

 


Quando é que o Homem perderá os seus mitos? – 1/2

 A resposta é uma total incógnita. É que são múltiplos os factores, quer de natureza subjectiva quer de natureza objectiva, que levam a Humanidade à dependência de mitos, de crenças, de fés, de crendices…

Em certo sentido, até é bom que o Homem não perca os seus mitos, dado o subdesenvolvimento da Humanidade, em questões de ÉTICA e de MORAL, subdesenvolvimento manifestado, por exemplo, no arsenal bélico que todos os países ostentam e do qual se orgulham, dissuadindo de um ataque um seu suposto inimigo qualquer, arsenal representando muitos pontos do PIB desse país, montante que bem poderia ser utilizado, por exemplo, no apoio à Ciência, à Educação, à Saúde. Neste estádio ainda tão primitivo, os mitos contribuirão para tornar as sociedades mais justas e mais fraternas, quer dentro quer fora de fronteiras, fronteiras que, um dia, deixarão de existir para haver apenas a Humanidade povoando inteligentemente a Terra, sua MÃE e seu BERÇO. E serão um freio à tendência do Homem para a violência, a ganância, o egoísmo, a corrupção, o desprezo pelo seu semelhante...

Portanto, só quando o Homem tiver transformado em “rosas” as armas que inventou/inventa para destruir os seus semelhantes, é que também será bom que perca todos os seus mitos, mitos que o degradam como ser humano total, i. é, racional e emocionalmente.

 1 – Factores de natureza subjectiva:

Em primeiro lugar, debatemo-nos com a capacidade de convencimento por parte de alguns profetas da “Verdade”, obviamente, de todos aqueles que não querem pensar ou fazer uma análise crítica do que ouvem como Verdades e – pasme-se! – Verdades absolutas! E aí estão os crentes nas religiões, nas lendas, nas magias, nas fantasias, só porque alguém – alguém que eles, sem fundamento, consideram credível – lhes afirmou serem Verdades. Uma aberração do ponto de vista intelectual e racional, mas totalmente compreensível do ponto de vista subjectivo-emocional.

No entanto, o maior factor de natureza subjectiva é o da ajuda que essas crenças, fés, lendas, fantasias dão às pessoas, sobretudo quando pressionadas pelo sofrimento, mais ou menos atroz, como a perda de um ente querido ou o encarar de uma doença irreversível. É que aí, só Deus “me pode valer” com a esperança de que exista mais alguma coisa para além da dor e do sofrimento ou da sua causa.

Depois, a pessoa não consegue confrontar-se emocionalmente com a morte, morte que, inexoravelmente, nos atingirá mais cedo ou mais tarde.

Para quem tem fé numa vida eterna, uma outra vida – após esta a que muitos chamam de “vale de lágrimas”, numa total injustiça para com o próprio dom da Vida – tudo parece fazer mais sentido: as dores suportam-se mais facilmente, as perdas irremediáveis também e até a própria morte é vista como uma passagem para essoutra vida e não como o acabar de tudo, dizendo-se até de quem partiu: "Foi desta para melhor".

E não é que esta visão é muito mais apelativa e ajuda mais à vida do que o puro racionalismo? Em sociedade, já o referimos, se tirássemos a fé aos Homens, tudo se tornaria mais ingovernável. Durante estes dois milénios de cristianismo, por exemplo, terá sido o medo do Inferno – Inferno eterno! – que tornou as sociedades mais governáveis e controladas nos seus instintos de destruição, apesar das muitas guerras e dos muitos crimes que homens cometeram contra outros homens…

 2 – Factores de natureza objectiva:

As civilizações estão intimamente ligadas às religiões, crenças e mitos. Quer nos tempos dos politeísmos, quer, depois, com as três religiões abraâmicas: judaísmo, cristianismo e maometismo. Isto no Médio Oriente e no Ocidente. No Oriente – Índia, China e os diversos povos e nações da Ásia do Sul – desde há uns três milénios, pontificam duas grandes religiões ou filosofias de vida: o hinduísmo e o budismo. Na África e Américas, é a miscelânea de todas aquelas religiões, sobretudo as abraâmicas, devido à colonização, misturadas com muitas crendices e feitiçarias locais.

E em todas as religiões emergiu uma forte classe sacerdotal, ombreando sempre com o poder político, quando não subjugando-o aos seus interesses. Sempre, claro, em nome e para glória de Deus, melhor, do seu Deus!

Aliás, ao longo da História, são conhecidos os muitos crimes praticados por esta classe sacerdotal, crimes físicos mas sobretudo ao nível das consciências dos Homens.

Agora, poderíamos perguntar o que é, afinal, um ser humano.

– Quando acordo, indo já alta a madrugada, penso comigo e digo: “Aproveita o dia!” É que, em breve – seja este breve 5, 10, 20, …mil anos que fossem! – será a última manhã, a última tarde, a última noite, não havendo nova manhã, nem nunca mais um novo amanhã!

É esse o fado, queira-se ou não, do ser humano, ser que, como qualquer ser vivo, ou mesmo como qualquer ser inanimado mas que tenha começado um dia, pertence ao Tempo. 

Pertencer ao Tempo significa estar completamente dependente dele. E o Tempo passa inexoravelmente, cadenciado, segundo a segundo, não havendo força natural ou sobrenatural (esta inexistente, claro!) que o faça parar ou… atrasar. Ai de TUDO O QUE EXISTE se o Tempo algum dia parasse! Nunca mais haveria vida nem o movimento que a alimenta. Só MORTE! 

Nascemos, crescemos e caminhamos para o desaparecimento total, não deixando qualquer rasto para a eternidade. Esta existe – e só existe! – para o TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, MATÉRIA E ENERGIA, DO ÁTOMO AO UNIVERSO, MELHOR, AOS PLURIVERSOS, existindo desde sempre e para sempre, sendo esse TODO, por isso, o PRÓPRIO DEUS ou aquele/aquilo a que, com propriedade, poderemos chamar DEUS.

Tudo o que alguns Homens disseram, ao longo da História, sobre Deus ou deuses, inventando ou não dúzias deles, é FALSO! Sem qualquer dúvida! Nenhum dos deuses inventados pelos Homens tem cabimento na lógica de se ser SER HUMANO.

 (Conclusões no próximo texto)

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 353/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 47/?

 –“Judas, não o Iscariotes, perguntou: «Senhor, porque vais manifestar-Te a nós e não ao mundo?» Jesus respondeu: «Se alguém Me ama, guarda a minha palavra e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras. E a palavra que ouvis não é minha mas é a palavra do Pai que me enviou. Estas são as coisas que tinha para vos dizer, estando ainda convosco. Mas o Espírito Santo que o Pai vai enviar em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e far-vos-á recordar tudo o que Eu vos disse.»” (Jo 14,22-26)

– Acaso Judas ficou esclarecido? Não fugiu Jesus, mais uma vez, à resposta directa, clara, necessária?…

Mas que havia Judas de fazer? Repetir a pergunta? Protestar? Como, se Jesus era o Senhor, o Mestre? Se ele, Judas, não entendia era porque a inteligência não o ajudava para tanto…

Nós também não conseguimos entender! Aliás, que iluminado haverá no mundo que consiga explicar-no-lo sem qualquer sombra de dúvida? Que se apresente!… Mas com certezas e não com muitos “Talvez…”!…

Fácil! Fácil, no entanto, é entender a simbologia do Pai e de Jesus virem morar naquele que cumpre os seus mandamentos… Falta, porém, o resto! E o que resta é tanto ou quase tudo ou… mesmo tudo!

Mais: não contente por deixar Judas sem nada entender, ainda, para mais o confundir, lhe anuncia a vinda de um Espírito, o Santo que o Pai lhes vai enviar em seu nome.

Se Judas fosse rebelde, ter-lhe-ia dito: “Para quê, Senhor, para quê precisamos mais de um Espírito que certamente fará como Vós que nada explicais do que nós perguntamos mas fugis a todas as questões, com palavras enigmáticas?” E, assim, Jesus “escapou-se mais uma vez, por entre os pingos da chuva…”

–“«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. A paz que vos dou não é a paz que o mundo dá. Não fiqueis perturbados nem tenhais medo. Ouvistes o que vos disse: ‘Eu vou mas voltarei para vós.’ Se Me amásseis, alegrar-vos-íeis porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que Eu. Digo-vos isto agora antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis. Já não tenho muito tempo para falar convosco, pois o príncipe deste mundo vai chegar. Ele não tem poder sobre Mim, mas vem para que o mundo reconheça que amo o Pai, e é por isso que faço tudo o que o Pai Me mandou.»” (Jo 14,27-31)

– Eis mais um emaranhado de ideias: a sua paz que não é deste mundo; o alegrar-nos porque ele vai para o Pai; a aproximação da morte; ele amar o Pai porque vai... morrer. Infelizmente, ideias confusas e sem nexo entre si.

(Análise no próximo texto)