sexta-feira, 27 de maio de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 350/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos – 350/?

Evangelho segundo S. JOÃO – 44/?

 – «Meus filhos, vou ficar convosco só mais um pouco…» É ternurento aquele chamar de “meus filhos” ou “filhinhos”, noutras versões, aos discípulos. É o humano de Jesus a manifestar-Se em toda a sua plenitude, sabendo que os iria deixar e fazer sofrer…

Mas já não sabemos o que havemos de dizer! É que Jesus bem se esforça por nos explicar o que Ele é, o que é o Pai, o que veio fazer à Terra…

O que é certo é que continuamos sem entender… E os discípulos também não… Nem com as obras de Jesus que foram todos os seus inúmeros milagres!

– “«Não fiqueis perturbados. Acreditai em Deus e acreditai também em Mim. Existem muitas moradas na casa de meu Pai. Se não fosse assim, Eu ter-vo-lo-ia dito, porque vou preparar-vos um lugar. E quando Eu for e vos tiver preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo, para que onde Eu estiver, vós estejais também. E para onde Eu vou, vós já conheceis o caminho.» Tomé disse a Jesus: «Senhor, não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho?» Jesus respondeu: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conheceis, conhecereis também Meu Pai. Desde agora O conheceis e já O vistes.» Filipe disse a Jesus: «Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.» Jesus respondeu: «Há tanto tempo que estou no meio de vós e ainda não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu o Pai. Como é que dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? Ele é que realiza as suas obras. Acreditai em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Acreditai nisto, ao menos pelas minhas obras. Eu vos garanto: quem acreditar em Mim fará as obras que Eu faço e fará ainda maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai. O que pedirdes em meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes qualquer coisa em meu nome, Eu o farei.»” (Jo 14,1-14)

– Realmente, que esforço, o de Jesus! E que pena a nossa de continuarmos sem nada entender! Acaso Tomé, acaso Filipe entenderam? – NÃO!... Acaso as obras de Jesus foram suficientes para eles, que as viram, acreditar? – NÃO!... Então, como poderão ser suficientes para nós, que as não vimos, acreditarmos? É que ninguém pode entender que vendo-se o Filho, se vê o Pai, assim como não se pode entender que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai! Puro jogo de palavras…

Mas, comecemos pelo princípio desta explanação de Jesus. O que são realmente as muitas moradas na casa do Pai? Onde é a casa do Pai? Que lugar vai Jesus preparar para os discípulos? Então, diz-lhes que lhes vai preparar um lugar na casa do Pai e não lhes diz nem quando, nem como, nem onde… Aliás, contradiz-se com o que dissera anteriormente: “para onde Eu vou vós não podeis ir.” (Jo 13,33-35)

E como é que Jesus não percebeu que os discípulos ali presentes não só não entendiam o que Ele estava dizendo, como não acreditavam – por obviamente impossível – que quem o via via o Pai e que ele e o Pai eram um só? Como? Que inteligência divina era a sua se apenas consegue apelar para a Fé: “Acreditai em mim”, nada de perceptível conseguindo explicar?

(Continuação da análise no próximo texto)

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 349/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 43/?

 – “«Agora, o Filho do Homem vai ser glorificado e também Deus será nele glorificado. E se a glória de Deus vai aparecer no Filho, também aparecerá no Pai. Tudo isto vai acontecer sem demora.»” (Jo 13,31-32)

– Perceberam? Perceberam alguma coisa além de que aquilo que não perceberam vai acontecer sem demora?

Estranho! Estranhíssimo! Como é que João acaba esta ceia sem se referir à instituição da Eucaristia com a partilha do pão e do vinho, dando a comer dele e a beber a todos os discípulos? Os três outros evangelistas referem-no. A igreja considera este momento o ponto alto da vida de Jesus, celebrando na missa este partilhar do pão e do vinho, cumprindo a ordem-desejo de Jesus: “Fazei isto em memória de Mim.” E João nada refere?

É! Há momentos importantes a que uns parecem dar importância, outros não. Mas, nos anos que se seguiram à morte de Jesus, e enquanto João foi vivo, certamente comemorava-se a sua morte e ressurreição com a partilha do pão. Era este o gesto que de algum modo identificava os cristãos.

– Poderíamos ainda perguntar: “Como é que aquele pão e aquele vinho, já corpo e sangue de Jesus, segundo a Fé (e é preciso ter muita fé para acreditar numa invenção destas!), não “redimiram” o desgraçado do Judas que também os saboreou… e não alterou o rumo dos acontecimentos?” (Lc 22,21) Teríamos de repetir, cinicamente, que tal seria impossível pois era preciso que as Escrituras se… cumprissem!

–“«Meus filhos, vou ficar convosco só mais um pouco. Ireis procurar-Me e Eu digo-vos agora o que já disse aos judeus: para onde Eu vou vós não podeis ir. Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros. Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros. Se tiverdes amor uns para com os outros, todos reconhecerão que sois meus discípulos.»” (Jo 13,33-35)

– O “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” é sem dúvida um grande mandamento! Um mandamento novo! Um mandamento que anula a omnipotente Escritura! Que pena que a Escritura não tivesse podido ser toda anulada, para que Jesus não tivesse que morrer tão cedo e… de tal modo! Mas certamente, se um de nós lá estivesse e dissesse tal coisa a Jesus, não sei se não ouviria, em voz agastada: “Vade retro, Satanás, que Me estás tentando a não cumprir a vontade de meu Pai!” E era pena! Muita pena! É que aquele de nós que o fizesse só quereria ser simpático! Só quereria que nada daquela violência nonsense acontecesse. Só quereria que Jesus ficasse mais tempo connosco para esclarecer todas as nossas dúvidas. Só quereria… Tantas coisas, meu Deus! Tudo menos a incompreensível morte de Jesus para obedecer a umas Escrituras, seguindo-se a complicada ressurreição cuja (in)veracidade em breve atormentará o nosso espírito…

Mas, mais uma vez, Jesus não respondeu a uma pergunta-chave! Não nos diz para onde vai. Apenas que não podemos ir para onde Ele vai…

Ou então, dir-nos-á que vai para o Pai e… ficamos na mesma… ignorância! É pena, não é?!

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Da possível hipótese de um Deus-Criador do Universo, da Terra e do Homem, neles

 

Que credibilidade merecerá tal hipótese?

(E voltamos ao eterno dilema entre criacionistas e evolucionistas)

 É, sem dúvida, aliciante admitir um Deus-Criador do Universo, da Terra e do Homem, neles. Muitos dos mistérios da vida ficariam explicados.

Mas que tal seja a VERDADE da Vida e de tudo o que a rodeia estará longe de qualquer consenso porque sem qualquer base científica que a sustente.

E será possível admitir um geocentrismo e um antropocentrismo, baseados no facto de a Terra estar plena de VIDA, todo o ser vivo tendo um ADN próprio e o Homem ter um ADN tão específico, em que uma pequeníssima diferença dos outros seres vivos faz toda a diferença, dando o grande salto para a inteligência abstracta, a consciência e o livre arbítrio?

Vejamos:

1 – A matéria e energia que constituem o Universo que nos é dado perceber e que a Ciência tem vindo a desvendar, são de tal dimensão e dispersão em aglomerados de astros, desde as estrelas com seus planetas às galáxias, às nebulosas, à matéria escura, que não temos qualquer hipótese de saber se a Terra e o Homem nela serão uma singularidade. Afirmá-lo seria de uma total insensatez. Será muito mais sensato inferir do muito (que é tão pouco, santo Deus!) que conhecemos deste Universo visível que haverá muitas “Terras” e muitos seres vivos nelas, com ADNs semelhantes ou com ainda mais capacidades que as que conhecemos nos seres vivos, no topo dos quais está, por enquanto, o Homem. (Não esqueçamos que a evolução continua e tudo está em contínua mudança/transformação, incluindo obviamente a espécie humana, integrada que está no Tempo universal e na contínua evolução da qual, aliás, foi resultante).

2 – Admitir um Deus-Criador do Universo e também criador de uma singularidade, nesse Universo, da Terra e do Homem, seria totalmente redutor, apoucando-se tal personagem, como se fosse um humanóide superior que se divertia (e já falamos de emoções ao modo humano) a experimentar ADNs de diversos tipos nos seres vivos que, directa ou indirectamente (por evolução das capacidades energéticas da matéria) iria criando. Mas incapaz de controlar o todo-poderoso livre arbítrio com que brindara o Homem… Ora, tal personagem nunca poderia ser Deus cuja definição engloba o ser ETERNO E INFINITO, OMNISCIENTE E OMNIPOTENTE, logo, TODO-PODEROSO.

3 – É perfeitamente compreensível e aceitável intelectualmente que o Homem tenha vindo por evolução de um ramo dos primatas e que o seu ADN tenha adquirido especificidades como a inteligência capaz de abstrações e de construções inventivas, bem como a consciência moral e da sua própria finitude, por pertencer ao Tempo, e ainda o seu livre arbítrio (cuja liberdade nem sempre é total porque condicionada por imensos factores endógenos e exógenos).

Uma comparação/explicação estará no nosso próprio cérebro. Ele não é senão matéria e, no entanto, produz ideias, tem emoções, controla o livre arbítrio e a consciência, estando nele sediadas todas as capacidades do ser vivo. A experiência desta realidade é fácil de confirmar: basta qualquer parte do cérebro ser afectada, para que as funções que lhe estão atribuídas – cálculo, raciocínio, emoções, vontade, linguagem, etc. – deixem de existir.

(A razão pela qual não houve mais evoluções do tipo da do Homem, em primatas, talvez um dia venhamos a encontrá-la).

4 – Desconhecemos totalmente a dimensão deste Universo, em matéria e energia. Só sabemos já medir distâncias em anos-luz de milhões e de milhares de milhões. Mas algum dia conseguiremos saber onde acaba e para onde vai, já que está em contínua expansão, por efeitos do Big Bang? E são colossais as dimensões de matéria e energia e as distâncias impossíveis de percepcionar pela nossa limitadíssima inteligência…

5 – Sabemos também que tudo está em perpétuo movimento, em contínua transformação, desde os átomos às galáxias, seres vivos e não vivos, nada sendo hoje o que foi ontem nem o que será amanhã. Assim, talvez pudéssemos admitir um Deus-Criador que deu à matéria a energia necessária para desabrochar em vida, quando os movimentos tectónicos, telúricos ou astrais para tal tivessem capacidade ou oportunidade. Mas teria de ser realmente um SER INFINITO E ETERNO, OMNIPOTENTE E OMNISCIENTE, a própria matéria e a mesma energia que tudo enformam e movimentam fazendo parte d’Ele, podendo definir-se como O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, sendo Ele o ESPAÇO INFINITO onde esse tudo actua, desde sempre e para sempre. ETERNAMENTE!

6 – E, sendo Deus o Espaço infinito, pode nele existir não apenas este Universo – que já é colossal! – mas milhares de milhões de milhões de outros, sendo inesgotáveis a matéria e a energia que os informam e formam, embora mensuráveis e sujeitas ao Tempo, nas suas diversíssimas formas de seres, vivos ou não vivos, sejam átomos sejam estrelas...

7 – Forçados que somos – pelos factos – a admitir que tudo está em contínuo movimento e contínua transformação, não sabemos como será/estará a Terra e, nela, o Homem, por exemplo, daqui a mil milhões de anos. E poderíamos fazer n perguntas sobre o assunto. Apenas uma, para exemplo: “Como será o cérebro e como se comportará ele naquele tão longínquo tempo?”

CONCLUSÃO – Adoramos viver neste tempo tão fantástico, apesar de todos os horrores que o Homem continua a praticar contra o seu semelhante e contra a sua Mãe-Terra. Mas que felicidade o poder pensar tudo isto, tentando descobrir a VERDADE da VIDA, desta nossa Vida tão curta mas tão cheia de magia!

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 348/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 42/?

 – Jesus lavando os pés aos seus discípulos é bela lição de humildade. “«Compreendestes o que acabei de fazer? Vós dizeis que Eu sou o Mestre e o Senhor. E tendes razão porque o sou. Pois bem: Eu que sou o Mestre e o Senhor, lavei-vos os pés; por isso, vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo: vós deveis fazer a mesma coisa que Eu fiz. Garanto-vos: o servo não é maior que o senhor nem o mensageiro maior do que aquele que o enviou. Se compreendestes isto, sereis felizes se o puserdes em prática.»” (Jo 13,12-17)

– A mensagem é bonita! Servir… Mas… quem não preferirá ser servido a servir?!…

No entanto, parece que o Céu é muito mais para os que servem do que para os que são servidos…

Só não se percebe porque é que Jesus refere que o servo não é maior que o senhor. Parece óbvio. Divino seria dizer: “Perante Deus, o senhor não é maior que o servo e aquele que envia não é maior que o mensageiro.” A lógica humana ficaria, assim, abalada pela lógica… divina!

– E voltamos de novo, às palavras enigmáticas: “«Eu conheço aqueles que escolhi mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: ‘Aquele que come o pão comigo é o primeiro a trair-me!’ Digo isto agora antes que aconteça para que, quando acontecer, acrediteis que Eu Sou. Garanto-vos: quem recebe aquele que Eu envio, recebe-Me a Mim e quem Me recebe recebe aquele que Me enviou.» Depois de dizer estas coisas, Jesus ficou profundamente comovido e disse com toda a clareza: «Garanto-vos que um de vós vai trair-Me.» (…) É aquele a quem Eu vou dar o pedaço de pão que estou ensopando no molho.» Então pegou no pedaço de pão ensopado e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que Judas comeu o pedaço de pão, Satanás apoderou-se dele. E Jesus disse-lhe: «Faz depressa o que pretendes fazer.»” (Jo,13,18-27)

– Judas, a julgar pelos Evangelhos e pelas palavras do próprio Jesus Cristo, teve um destino de azar: “escolhido” desde todo o sempre para ser discípulo de Jesus e “poder” assim ser o seu traidor, “ajudando” Deus-Pai ao cumprimento das Escrituras. A pergunta é sempre incontornável: “Se Judas não tivesse existido, acaso as Escrituras se teriam cumprido? Ou, dito de outro modo, não foram as Escrituras que “obrigaram” Judas a existir e a atraiçoar?” Ou ainda, mais perfidamente e mais cinicamente: “Se Jesus já sabia que Judas o iria trair, porque o escolheu como discípulo?” Não o tivesse escolhido e tudo ficaria na paz do Senhor! Ou teria de haver sempre um Judas qualquer?!…”

Mais uma vez, Jesus evoca a Escritura. Que respeito! Que obediência! Mas a frase poderia aplicar-se a qualquer tipo de traição: de um amigo, de um filho, de um parente, de um sócio… que partilhasse o mesmo pão e depois… Nunca saberemos porque é que Jesus, evocando o Pai, se deixa fazer vítima da Escritura! Nunca!…

Estranho! Estranho que Jesus ainda evoque, perante os discípulos, este seu milagre-profecia de indicar previamente quem o iria trair, para que, quando se realizasse, eles acreditassem que Ele era Deus! Então, todos os outros milagres muito mais espectaculares não foram suficientemente convincentes? Como poderemos deixar de perguntar: “Se não foram totalmente convincentes para quem viu, como quer Jesus que nós, sem vermos nem um deles, acreditemos nele?”

E novamente, receber o Filho será a mesma coisa que receber o Pai!… Alguém entendeu? Alguém entende?…

E ainda apressa Judas a fazer aquilo que tem de fazer… a mando das Escrituras!… Pobre Judas! Porque não sentiu Jesus compaixão por ele? Porque não o ajudou a ultrapassar a sua vontade de ter umas trinta moedas de prata… ali brilhando nas suas mãos gulosas de dinheiro?…

Não! Não voltemos à “heresia” de dizer que assim não se cumpririam as “malfadadas” Sagradas Escrituras!…