terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 159/?

À procura da VERDADE no livro de BARUC

02/02

- “Se tivesses andado nos caminhos de Deus, terias sempre vivido em 
paz.” (Br 3,13)
- Tudo depende do que se consideram os caminhos de Deus
- “Mas quem descobriu a morada da sabedoria (…)? Ninguém conhece 
o seu caminho nem descobre as suas veredas.” (Br 3,15 e 31)
- Aqui, comenta-se: “Bem conhecida de Deus, a Sabedoria colabora na 
criação e foi confiada a Israel (…)” (ibidem). Mais uma vez a 
exclusividade de Israel a possuir a Sabedoria, seja qual for o seu 
significado, tem o sabor da arrogância, o que leva à descredibilidade 
total num Javé que tal fizesse!
- “Jerusalém, tem coragem! (…) Malditos os que te fizeram mal ou 
ficaram contentes com a tua derrota! Malditas as cidades onde os teus 
filhos foram escravos! E maldita também aquela que deteve os teus 
filhos. Pois da mesma forma que se alegrou com a tua derrota e festejou 
a tua queda, assim também ela chorará pela sua própria destruição!” 
(Br 4,30-33)
- É o espírito de vingança! Compreensível mas bem pouco divino…
- “ Durante esse tempo, vereis na Babilónia deuses de prata, de ouro e 
de madeira (…) De vez em quando, os sacerdotes roubam o ouro e a 
prata dos seus deuses para seu próprio proveito ou para dar a prostitutas 
de bordéis (...) Um deus fica com o ceptro na mão, mas não é capaz de 
destruir quem o ofende (…) Os sacerdotes fecham os templos com 
portas, trancas e ferrolhos para que os seus deuses não sejam roubados 
pelos ladrões. Acendem-lhes (…) lâmpadas, embora esses deuses não 
sejam capazes de ver nenhuma delas. (…) Sem pés, são levados aos 
ombros, mostrando aos homens a sua falta de valor. (…) Para proveito 
próprio, os sacerdotes vendem o que foi sacrificado a esses deuses; a
outra parte, as mulheres salgam-na, sem darem nada aos pobres e 
necessitados. Até a mulher menstruada ou que acaba de dar à luz toca 
nesses sacrifícios. (…) Como poderiam ser deuses? As mulheres é que 
oferecem sacrifícios a esses deuses de prata, de ouro e de madeira. 
(…) Esses deuses foram fabricados por escultores e ourives e não 
podem ser mais nada do que aquilo que os seus autores queriam que 
fossem. (…) Pelas roupas de púrpura ou linho que vão apodrecendo 
em cima deles, já podeis saber que não são deuses.” (Br 6)
- Alongámo-nos, apesar de se repetirem aqui invectivas já feitas 
contra os ídolos ao longo de toda a Bíblia, sendo aliás o culto dos 
ídolos o maior pecado dos israelitas face a Javé. Mas… as palavras 
são novas e há outras mensagens. Oferece-se-nos perguntar, embora 
repetindo-nos: «Que diferença há, na prática, entre tais imagens de 
ídolos e as imagens dos santos dos nossos altares às quais se presta 
devoto culto e que são levadas em ombros nas nossas procissões de 
hoje? Não são também de ouro, prata ou madeira? Não são feitas 
por escultores ou ourives ou… santeiros? Não são vestidas com 
púrpuras ou linho e até têm - ó abundância da sociedade de 
consumo! - vários vestidos ou mantos para se engalanarem 
conforme as festas? Roxo e violeta em tempos de Paixão, 
branco, doirado e azul quando chega a Ressurreição? Não se lhes 
acendem lâmpadas ou velas que elas não vêem? Onde então a 
diferença? Que cristão poderá indicar-no-la ou definir os seus 
sentimentos para com uma imagem venerada e o culto a Deus? 
Que diferenças na sua oração?…» 
Depois, o profeta manifesta um anti-feminismo primário, 
evidentemente à moda da época e também… bíblica, o que não 
deixa de ser triste e reprovável, lamentando-se que tenha acontecido 
em textos ditos “sagrados” ou “de inspiração” divina! Assim, 
perguntamos: «Estava manchada a mulher na sua menstruação, 
situação tão normal e natural, cumprindo-se nela apenas o que a 
Natureza estabeleceu para o seu corpo? Estava manchada aquela 
que acabava de dar à luz, quando é o acto mais 
essencial que existe e do qual tudo depende: corpo e alma e 
pensamento?» Que curteza de ideias, santo Deus, este teu inspirado! 
De certeza que não foste Tu que o inspiraste, mas tradições aberrantes 
vindas não se sabe de onde!… Aliás, é evidente o desprezo com que 
o profeta diz que “As mulheres é que oferecem sacrifícios a esses 
deuses de prata, ouro e madeira”. Que intolerável machismo!
E que pensar daqueles sacerdotes - dos templos pagãos, é claro! - 
que roubavam para alimentarem os seus prazeres nos bordéis? A 
insinuação é “forte”! E raro é o autor bíblico que não traga à “praça 
pública”, por um ou outro motivo, apelos à imaginária sexual, 
parecendo estar o sexo omnipotentemente presente, na vida do 
Homem. E… não estará?!
- “As mulheres põem uma corda à cintura e sentam-se à beira do 
caminho, queimando farelo como incenso. Quando uma delas é 
levada por algum homem que passa, a fim de dormir com ele, 
começa a desprezar a companheira, que não teve a mesma honra, 
nem lhe foi desatada a corda.” (Br 6,42-43)
- A cena é… visual. Talvez o profeta tenha mesmo “provado” daquele 
incenso… Mas se é natural que fique contente uma prostituta da beira 
da estrada, por ser escolhida para a “função”, não se percebe porque 
haverá de desprezar a outra que fica com a “corda por desatar”.
Porque não desejar-lhe boa sorte com outro que passe e se deleite com 
ela? Enfim, constatações de… profeta, não divina, mas humanamente 
inspirado e que não nos trouxe nada de divino… 

domingo, 17 de dezembro de 2017

É Natal! Alegremo-nos! Sorrindo à VIDA...


Esta época festiva faz-nos pensar, não na história do Natal, que é de todos conhecida, mas na sua autenticidade/veracidade.

Estive numa pequena cidade da Alemanha, Trier, e visitei a única igreja protestante aí existente: um enorme barracão rectangular, construído em tijolo, datando do séc. IV, chamando-se, aliás, de Constantino, imperador romano à época. Nada de imagens; apenas uma enorme cruz, no único altar, muitas cadeiras enfileiradas no vasto espaço e, na lateral direita, perto do altar, cinco bustos: o de Cristo e os dos quatro evangelistas, ladeando-o. Todos com ar sobranceiro ou seráfico, menos Lucas que se apresenta cabisbaixo. Interroguei-me e… cheguei ao Natal.
Confesso que senti um vazio pelo vazio do espaço. Embora percebendo o horror dos protestantes ao culto das imagens tão do agrado do mundo católico e ortodoxo, tantíssimas vezes mais de adoração (latria para Deus) que de veneração (hiperdulia para a Virgem, dulia para os santos), aprecio muito mais a exuberância escultórica e pictórica das igrejas e catedrais católicas e a sua arquitectura multiestilos.
Então, Lucas! Lucas é o inventor do Natal romântico. Tendo certamente lido as histórias do nascimento dos deuses antigos, nomeadamente as dos deuses solares egípcios, e apercebendo-se de que em Marcos nada se dizia a respeito do nascimento e da infância de Jesus e o que dizia Mateus era insuficiente, apesar de essencial (nascimento de uma Virgem, visita dos magos, a estrela que os conduziu ao menino, a fuga para o Egipto, a matança dos inocentes, o regresso a Nazaré), resolveu-se a romantizar e completar o cenário, com o nascimento milagroso de João Baptista, o precursor, o anjo a anunciar a Maria que estava grávida do Espírito Santo, o cântico de Maria, o nascimento de Jesus em Belém, numa manjedoira, os anjos cantando e aparecendo aos pastores, os pastores acorrendo…, (omitindo, certamente por não verídicos, a fuga para o Egipto, a matança dos inocentes ordenada por Herodes e o regresso a Nazaré, “factos” referidos em Mateus), terminando com a insólita aparição de Jesus, aos doze anos, a falar com os doutores do Templo, e com a frase lapidar: “E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça diante de Deus e dos Homens”. Dos tempos de juventude e até ao início da sua pregação, trinta anos, nada foi achado relevante para ocupar a imaginação do evangelista.
Estamos, pois, perante uma bela história. História que cria simpatia e empatia, já que falamos do nascimento de uma criança, de uma mãe, de um mistério rodeando e rodeado por um cenário idílico.
O escultor, certamente protestante – e várias seitas de protestantes não celebram o Natal – quis pôr Lucas a pensar se não teria sido melhor nada ter inventado e ter deixado, para a posteridade, apenas o Jesus adulto com a sua forte mensagem de fraternidade universal, repetindo Marcos e Mateus.
Objectivamente, o escultor terá razão. Mas, analisando a História, quanto de beleza nas artes e na Fé não se teria perdido se não houvesse Natal! As músicas natalícias, os quadros natalícios, as esculturas natalícias, enfim os presépios que proliferam pelo mundo, desde o séc. XIII, em que Francisco de Assis lhe deu vida, corpo e forma…, não teriam feito o sonho das nossas mentes de criança, e não fariam o sonho de todas as crianças do mundo actual, filhas de crentes ou de não crentes.

Por isso, BOM NATAL! Mesmo que a sua mensagem não se cumpra, mesmo que saibamos que continuam a morrer, diariamente, milhares de crianças, por não terem que comer ou não terem medicamentos para se tratar ou, simplesmente, por serem vítimas das guerras desencadeadas pela avidez do lucro e do poder dos adultos que (des)governam o mundo! Mesmo que não haja nem prendas, nem paz, nem fraternidade entre os Homens! Mesmo assim…, BOM NATAL, com um largo SORRISO, emoldurando-nos a face!

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 158/?


À procura da VERDADE no livro de BARUC

01/02

- Diz-se na Introdução: “ O certo é que estes textos não são de
Baruc, o secretário de Jeremias, mas foram escritos provavelmente
no século II a.C. O livro tem o mérito de nos dar uma ideia 
aproximada do sentimento religioso dos israelitas dispersos pelo 
mundo após a ruína de Jerusalém (…) pois acreditam que Deus não 
abandona o seu povo e continua fiel às suas promessas. Se houver 
arrependimento e conversão, poderão confiar no perdão divino: 
serão reunidos de novo em Jerusalém, que é para sempre a cidade 
de Deus.” (ibidem)
- Não se percebe a primeira afirmação porque o livro diz 
expressamente: “Livro escrito por Baruc (…) quando estava na 
Babilónia, no sétimo dia do mês, no quinto ano da época em que os 
caldeus tomaram Jerusalém e a incendiaram (…)” (Br 1,1-2)
Mas também é assunto que não é relevante para a nossa análise, já 
que o que importa é ver se há, por ali, algo de divino, de divinamente 
universal, onde possamos ir buscar respostas para as nossas angústias 
existenciais. Mas, neste início, tudo parece confinado aos judeus e à 
sua cidade, Jerusalém, chamada, com total arbitrariedade, “cidade de 
Deus”; e até aos dias de hoje, “Cidade santa”!
- “Desde o dia em que o Senhor tirou os nossos antepassados do 
Egipto até hoje, nós só desobedecemos (…): cada um de nós seguia 
as más inclinações, prestando culto aos deuses estrangeiros e 
praticando o que é mau (…) Por isso, o Senhor cumpriu as ameaças 
feitas contra (…) todos os cidadãos de Israel e Judá. O Senhor nosso 
Deus é justo (…) Ouve, Senhor, a nossa prece e a nossa súplica (...) é 
uma alma angustiada e um espírito aflito que clama por Ti. Ouve, 
Senhor, tem piedade, pois pecámos contra Ti. Tu reinas para sempre 
e nós morremos para sempre. (…)” (Br 1-3)
- A ideia de pecado é avassaladora. A do castigo de Deus também. 
Mas… que outra coisa poderiam os israelitas fazer senão rezar a Javé 
e dizer que tinham pecado e que mereciam o castigo, já que não 
podiam evitar o poder babilónico que pesava sobre as suas cabeças? 
Tanta é a dependência de Deus, santo Deus! A frase “nós morremos 
para sempre” revelará que o autor não acreditava na vida eterna 
post-mortem?
No entanto, meter Deus, no meio destas vidas tão limitadas, que são 
as nossas, nada esclarece, pelo contrário, tudo se confunde cada vez 
mais... É que há os maus - e ele há tantos! - que não sofrem castigo 
nenhum; e há os bons - e também há um bom número deles! - que 
sofrem até aos limites das suas capacidades de sofrimento!
E podíamos interpelar Deus: «Se realmente existis - e nós quiséramos 
tanto que sim! - porque não Vos manifestais sem subterfúgios, sem
profetas, sem bíblias obscuras, sem mesmo um Jesus Cristo que teve 
tanto de maravilhoso como de mistério, com palavras de vida eterna, 
mas sem nos mostrar o Pai que apregoava, não nos convencendo com 
o seu: “Quem Me vê a Mim, vê o Pai” ou “Ninguém vai ao Pai senão 
através de Mim.”? Porquê não é tudo mais simples, tudo mais fácil se 
este TUDO é o essencial das nossas vidas?»
Mas do inefável Jesus, ocupar-nos-emos mais tarde. 


domingo, 3 de dezembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 157/?

À Procura da VERDADE 
no livro das LAMENTAÇÕES - 02/02

- “Foi pelos erros dos profetas e pelos crimes dos sacerdotes
   que derramaram sangue inocente dentro da cidade.” (Lm 4,13)
- Atribuindo-se o castigo de Javé aos erros dos profetas e aos crimes 
dos sacerdotes, pergunta-se: Que culpa tinha o povo desses erros e 
desses crimes? Porque não apenas eles a receberem o castigo, 
Javé exercendo a verdadeira justiça? Já sabíamos que havia 
falsos profetas; agora, sabemos que há outros que erram. Afinal, 
em quais devemos confiar? Como distingui-los? Quais os inspirados 
com visões de Javé e quais os que se aventuravam a fazer 
prognósticos sem aquele carácter divino? E os sacerdotes que 
derramaram sangue inocente, como puderam chegar e manter-se em
tal cargo “sagrado”?
- “Os nossos pais pecaram e já morreram,
   e nós é que pagamos pelas suas culpas.” (Lm 5,7)
- Também Javé comete tal injustiça? Que culpa têm os filhos dos 
pecados dos pais? Ao menos Deus poderia - deveria! – evitar tal 
injustiça!… 
Mas este é um tema recorrente na Bíblia, desde o início, com a 
humanidade a estar sujeita ao sofrimento e à dor, devido ao pecado 
original cometido pelos nossos supostos primeiros pais Adão e Eva. 
Ora, como todos sabemos, pela Ciência, não houve nem Adão nem 
Eva, e muito menos qualquer pecado original ou outro, tendo o 
Homem aparecido por evolução das espécies, e apenas há uns 
quatro milhões de anos, quando os dinossauros reinaram na Terra mais 
de duzentos milhões de anos e se extinguiram há cerca de sessenta e 
cinco milhões. É tempo de a catequese deixar de ensinar esta 
barbaridade – barbaridade que só descredibiliza a religião! – às nossas 
crianças.
- “Mas Tu, Javé, permaneces para sempre, (…)
   Então porque haverias de esquecer-nos para sempre (…)?
   Faz-nos voltar para Ti, Javé, e voltaremos; (…)
   Ou será que nos rejeitaste de uma vez;
   será que a tua cólera não tem limites?” (Lm 5,19-22)
- A esperança é a última coisa a morrer, não é? Ontem como hoje. Para 
nós também!
No começo e… no fim das lamentações!…

Neste final do livro das Lamentações, concluiríamos, mais uma 
vez, que fazer depender da intervenção de Javé a História do 
Homem, nada abona em favor do mesmo. Torna-se demasiado humano 
para que possa ser Deus…

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 156/?


À Procura da VERDADE 
no livro das LAMENTAÇÕES - 01/02

- Diz-se, na introdução: “As Lamentações provavelmente foram escritas 
na Palestina depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C. (...) Descrevem 
de modo doloroso e poético, a destruição de Jerusalém pelos babilónicos 
e os acontecimentos que sucederam a essa catástrofe nacional: fome, 
sede, matanças, incêndios, saques e exílio forçado. (…) 
As Lamentações (…) ajustadas a circunstâncias locais bem definidas (…) 
encerram ingredientes que desafiam os séculos: (…) o abandono 
arrependido do procedimento pecaminoso que forçou Deus a esmagar o 
seu povo, a esperança no Senhor, guia e mestre da História.” (ibidem)
- É, no mínimo, desesperante, esta análise interpretativa da Bíblia. 
Sem qualquer sentido crítico ou análise racional dos factos, face a um 
livro dito sagrado. Não admira que a inspiração seja muita, muita a
poesia. Momentos de dor, fome, sede, matanças, saques, exílios apelam 
a emoções fortes que fazem brotar a poesia de mentes mais sensíveis 
e… vulneráveis. Aqui, o caso, certamente. Mas…, onde o divino que 
procuramos? Porquê tais poemas, de inspiração divina? Só porque 
apelam para Deus? E que lógica haverá em um Deus esmagar um
povo - um povo dito seu eleito - por um pecado cometido? Porque não 
consideramos tal facto pura invenção dos autores, ditos também eles 
“sagrados”? Não é totalmente gratuita, i. é, sem qualquer fundamento, 
a afirmação de que Deus é guia e mestre da História?
- “Vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede:
   haverá dor semelhante à minha dor? Como me maltrataram!
   Javé castigou-me no dia do furor da sua ira.
   Escutai como estou gemendo, e não há quem me console
   Os inimigos comemoram a minha derrota que Tu mesmo causaste!
   Traz então aquele dia que prometeste
   em que eles passarão o que eu passei.” (Lm 1,12 e 21)
- Uns dos mais dolentes versos das Lamentações. Mas o “estafado” 
tema da ira repete-se. E o do “Olho por olho” também! Logo, nada de 
divino se vislumbra por aqui.
- “O amor de Javé nunca acaba e a sua compaixão não tem fim.
   Pelo contrário, renovam-se cada manhã: 
   Como é grande a tua fidelidade!
   Digo a mim mesmo: Javé é a minha esperança, por isso nele espero.” 
(Lm 2,22-24)
- Ó tu que tão bem falas, terás alternativa? Haverá, para um crente, 
possibilidade de fuga a Javé?!
- “Não é da boca do Altíssimo que vem o mal e o bem?” (Lm 2,38)
- Que mal? Que bem? Como pode o mal vir do Altíssimo sem se negar 
Si próprio, sendo Ele o Bem absoluto, o Supremo Bem? Enfim, mais 
uma das dificuldades em que o autor se enovela ao intrometer Deus 
na História. Que o Homem contém em si maldade, ninguém duvida. 
Saber definir o mal, já é complicação que avassala o nosso espírito e o 
de muitos filósofos e teólogos, neste pequeno lapso de História que são 
os cerca de três mil anos de Bíblia e de cristianismo. Mas que o mal 
venha de Deus é mesmo um total absurdo!
- “O pecado desta cidade foi de certo maior que o de Sodoma,
   pois Sodoma foi destruída de uma vez, sem ninguém a agredir.” 
(Lm 4,6)

- Que pecado? E porque se compara ao suposto pecado da sodomia? 
Aliás… é assim tão grande o “pecado” cometido pelos que decidem 
experimentar os prazeres sexuais de outra forma que os não 
consagrados pela Natureza para a procriação, que mereça a destruição 
de toda uma cidade?…

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 155/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 15/15

- “Espada contra os caldeus (...) contra os habitantes de Babilónia; 
contra os seus chefes e contra os seus sábios. Espada contra os seus 
adivinhos para que enlouqueçam. Espada contra os seus valentes para 
que se amedrontem. Espada contra os seus cavalos e carros, e contra 
a multidão que ali se encontra para que fiquem como as mulheres. 
Espada contra os seus tesouros para que sejam saqueados. Espada 
contra os seus canais para que fiquem secos, porque é um país de 
ídolos que se gloria dos seus espantalhos. Por isso, aí habitarão hienas, 
chacais e avestruzes; nunca mais será habitada nem povoada de 
geração em geração (…) Ninguém mais ali habitará nem Homem 
algum nela residirá. Olhai! Um povo vem do Norte, uma grande nação 
e reis numerosos surgem das extremidades da Terra: armados de arcos 
e dardos, são violentos e sem compaixão. Os seus gritos ressoam como 
o mar, avançam a cavalo, formados em ordem de batalha, como se 
fossem um só Homem contra ti, Babilónia.” (Jr 50,35-42)
- Alongámo-nos… de propósito. Compraz-se o autor em literatura 
retórica, com aprazível fulgor! As guerras seduzem-no e convidam-no 
a afulgorar a escrita… Mas além da total ausência de divino na 
encenação, espanta aquele afirmar categórico - na realidade, totalmente 
falso: “Ninguém mais ali habitará…” Enfim,… contradições!
- “Fugi da Babilónia; salve-se quem puder! Não morrais pelo seu crime, 
porque é a hora da vingança de Javé, é o pagamento que a Babilónia 
merece.” (Jr 51,6)
- Ainda não basta de “vingança de Javé”, Jeremias? Que tristeza, santo 
Deus!
- “Tu, Babilónia, foste o martelo, a minha arma de guerra: contigo 
martelei nações, contigo destruí reinos, contigo martelei o cavalo e 
o cavaleiro, contigo martelei o carro e o cocheiro, contigo martelei 
homens e mulheres, contigo martelei velhos e jovens, contigo martelei 
rapazes e raparigas, contigo martelei pastores e rebanhos, contigo 
martelei lavradores e juntas de bois, contigo martelei governadores 
e prefeitos. Mas retribuirei à Babilónia (…) todo o mal que eles fizeram 
a Sião.” (Jr 51,20-24)
- Para além da fastidiosa repetição do “martelei”, também repetimos 
que não entendemos definitivamente um Javé que se serve de Babilónia 
para castigar e depois a castiga por ela ter “castigado”! E ainda se apela 
para o “Olho por olho, dente por dente”. Que exemplo é este vindo 
de Javé? Não é esta norma “divina” que Israel continua hoje aplicando, 
ao retaliar atentados de que é vítima? Não somos tentados a concluir que 
esta Bíblia teve afinal, mais influência nefasta que benéfica, na conduta 
global dos Homens, apelando continuadamente para a vingança, para a 
retaliação?
A Igreja deveria rever a sua posição quanto a considerar sagrada, por 
divinamente inspirada, esta Bíblia do AT. É que, além de nada ter a ver 
com o evangelho e as ideias de Jesus, não descortinamos, nela, qualquer 
inspiração divina.
- “De Babilónia, saem gritos de socorro (…) porque Javé destrói 
Babilónia (…): os seus guerreiros serão presos e os seus arcos serão 
quebrados, porque Javé é um Deus que retribui e lhes dará o seu 
pagamento. Embriagarei os seus ministros e conselheiros, prefeitos e 
militares; eles dormirão um sono eterno e nunca mais acordarão - oráculo 
do Rei, cujo nome é Javé dos exércitos.” (Jr 51,54-57) “Ele deitou fogo 
ao Templo de Javé (…)” (Jr 52,13)
- Enfim, basta de Javé e a sua amada-odiada Babilónia! Basta!… Mas, 
caro Javé, nem o teu Templo escapou à tua ira? Como é possível?

E assim, terminámos mais um livro da Bíblia. E, se viemos à procura 
da VERDADE, essa VERDADE, com este livro de Jeremias, parece ter 
ficado ainda mais longe… bem mais longe…

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 154/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 14/15

 - “Não tenhas medo, meu servo Jacob - oráculo de Javé - porque 
Eu estou contigo: vou arrasar todas as nações por onde te espalhei. 
Não te vou aniquilar. Vou castigar-te com justiça (…).” (Jr 46,28) 
“Todos gritam e a população do país geme, ouvindo o tropel dos 
cavalos dos guerreiros mais valentes do inimigo, ouvindo o rumor 
dos seus carros, o barulho das suas rodas. (Jr 47,2-3)
- Definitivamente, este é um Javé que gosta de destruir e se “diverte”, 
brincando aos castigos com as nações, a começar pelo povo eleito, 
Israel… Nota-se até um certo comprazimento no sofrimento do 
Homem, por parte de Javé! E o que dizemos não é blasfémia, 
é ao que nos “obriga” o autor “sagrado”!
- “Chegarão dias - oráculo de Javé - em que farei ouvir gritos de guerra 
em Rabat, capital de Amon; a cidade tornar-se-á um montão de ruínas 
e os outros povoados serão destruídos pelo fogo. Então, Israel 
despojará os que o despojaram, diz Javé.” (Jr 49,2)
- Obviamente, não é Javé mas Jeremias quem o diz. Continua o gostinho 
da destruição, evidenciando-se aqui o “Olho por olho dente por dente” 
de cuja justiça não se duvida, embora Jesus venha propor o dar a outra 
face! Ah Israel, como não sei se és eleito de Javé ou… amaldiçoado desde 
sempre e para sempre!
- “Assim diz Javé: Vamos! À luta contra Cedar! Vamos destruir os 
orientais. Tomai as suas tendas e rebanhos, lonas e objectos, carregai 
os seus camelos (…)” (Jr 49,28-29). “Farei com que os elamitas 
tremam diante dos seus inimigos (…) Vou trazer a desgraça sobre eles, 
o furor da minha ira - oráculo de Javé. Mandarei a espada persegui-los 
até acabar com eles.” (Jr 49,37)
- Estamos perante o “Javé dos exércitos”, um Javé que nada tem de 
divino… E o genocídio é total! Afinal, quantos povos não pereceram 
“às mãos de Javé”?…
- “Por causa do furor de Javé, nunca mais será habitada: o país inteiro 
será uma ruína. E quem passar por Babilónia, assobiará, assustado 
com tanta desgraça. Arqueiros todos, estai a postos para atacar 
Babilónia por todos os lados. Atirai contra ela, sem poupar as vossas 
flechas pois ela pecou contra Javé (…) Esta é a vingança de Javé: 
vingai-vos dela. Fazei dela o mesmo que ela fez.” (Jr 50,13-15)
- Furor, ira, pecado… Aliás, que pecado cometeu Babilónia? O ter sido 
o braço de Javé para castigar Isarel dos seus pecados? Que confusão de 
pecados! Mas, a propósito de 50,1-51,64, ainda se comenta: “Jeremias 
sempre considerou a Babilónia como um instrumento de Deus e sabia 
que, cedo ou tarde, ela perderia o seu domínio. (…) Como Babilónia, 
todas as nações opressoras têm os seus dias contados, na História, 
pois o projecto de Deus é libertar todos os explorados e oprimidos.” 
(ibidem)
- E nós perguntamos: O saber de Jeremias vinha-lhe da sua intuição 
política ou… de Javé? E o projecto de Deus é libertar os explorados 
e oprimidos de quem? Dos outros Homens? Não são esses explorados 
e oprimidos que, ao longo da História, se têm levantado do chão e com 
as suas próprias forças das armas ou da palavra - e os seus mártires - 
têm mudado o seu destino? Que Deus os tem vindo libertando? Não se 
acabam tiranias com revoltas populares tantas vezes reprimidas 
com sangrentos massacres e genocídios? Esta infeliz – mas muito 
conveniente! – ideia de meterem Deus na História nada explica 
e deixam-no totalmente desacreditado…

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 153/?


À procura da VERDADE nos livros Proféticos 

JEREMIAS 13/15

- “Assim diz Javé: Eu derrubo o que Eu mesmo construí, arranco 
o que Eu mesmo plantei e isto em toda a Terra.” (Jr 45,4)
- Porquê constrói Javé para derrubar e planta para arrancar? E onde 
é “toda a Terra” para o profeta? Mais umas quantas afirmações sem 
sentido e que, de certeza, não manifestam qualquer inspiração divina…
- “Vamos, cavalos, depressa com os carros; que partam os guerreiros; 
etíopes e líbios armados de escudo e ludianos que retesem o arco. 
É hoje o dia do Senhor Javé dos exércitos: dia de vingança para se 
vingar dos seus inimigos. A espada devora, fica saciada e embriaga-se 
de sangue, porque isto é um sacrifício para o Senhor Javé dos 
exércitos (…)” (Jr 46,9-10) “Palavra que Javé dirigiu ao profeta J
eremias quando Nabucodonosor, rei da Babilónia, veio para derrotar 
o país do Egipto.” (Jr 46,13)
- Até dá um certo gosto a ler este excerto, apesar do demasiado sabor 
a sangue de que tanto a Bíblia “gosta”… Mas será a derrota do Egipto 
um sacrifício a Javé? Para que queria Javé tal sacrifício, tal holocausto? 
Se os sacrifícios de animais já tinham pouco valor para um Deus único 
e verdadeiro - e como tal se apregoa Javé - este é um nonsense completo! 
Depois, fica a pergunta: Foi profecia ou pura constatação/dedução dos
 factos que iam acontecendo? E, a propósito de 46,1-51,64, comenta-se: 
“Na visão profética, Javé, o Deus do povo eleito, é igualmente Rei e Juiz 
de toda a História. Dirige os acontecimentos em vista da realização do seu 
projecto. Para tanto, move as nações como instrumentos e colaboradores 
(…)” (ibidem)
O exegeta repete-se mas nós voltamos a questionar: Que validade tem 
uma História em que Javé é Rei e Juiz? Mesmo para Israel ou o 
auto-proclamado “povo eleito”? E a História universal ou a História 
dos outros povos que o profeta desconhecia? E a História dos mundos 
que desconhecemos? Não se torna Javé, como um pequeno Deus - 
embora maior do que os antigos ídolos de ouro, prata ou madeira - 
ao interferir apenas naquela História local, que nem a Terra toda 
abarca, quanto mais o infindável Universo? E qual o projecto de 
Deus? E o que é isto de considerar as nações como instrumentos de 
Javé para ora castigar ora libertar outras nações, sempre através de 
derramamento de sangue humano? Não é uma visão simplista da 
História em vez da realidade que é o Homem que, pela sua 
maldade e sede de poder é “lobo devorador do outro Homem”?
-“Porque é que Ápis fugiu e o teu touro sagrado não resiste? Foi 
porque Javé o derrubou.” (Gr 46,15)

- Claro que não foi Javé mas… os soldados de Nabucodonosor! 
E… deixemo-nos de linguagens simbólicas que nos afastam da 
realidade nua e crua: Homens, apenas Homens delapidando e 
trucidando outros Homens.!

sábado, 4 de novembro de 2017

Que sentido para a VIDA?


Nesta nossa sociedade plasmada pelo cristianismo, tivemos direito
 a um feriado – o Dia de Todos os Santos – e a um convite, no dia 
seguinte, a nos lembrarmos dos que já partiram. Não vamos falar sobre 
a morte – termo lógico para tudo aquilo que um dia começa, do átomo, 
aos seres vivos, às estrelas – mas do sentido da VIDA.
É evidente que todo o indivíduo, tendo vindo à VIDA, deveria ter um
 papel importante a desempenhar enquanto tal. Aos seus próprios olhos 
e aos olhos da comunidade em que apareceu e, conforme as culturas ou 
civilizações, mais ou menos importante, mais ou menos significativo. 
Numas, nas menos evoluídas ou mais primárias, será apenas mais um 
que foi gerado no ventre de sua mãe e que há-de criar-se bem ou mal e 
andar por aí até morrer. Nas outras, as mais evoluídas, terá um estatuto 
bem mais nobre: aprenderá em escolas, formar-se-á, contribuirá com 
ciência, saber e trabalho para melhorar o mundo que o viu nascer.
Também é evidente que todo o indivíduo nasce com uma certeza – a única 
certeza absoluta: um dia, mais cedo ou mais tarde, dependendo do seu 
ADN e do seu modus vivendi, morrerá!
Então, qual o sentido para a Vida, já que acabará inexoravelmente na morte? 
Ou: por quê e para quê existimos? Perguntado de outra forma: Que 
interesse tem o mundo na nossa existência? Ou ainda: Se não tivéssemos 
existido, viria daí algum mal ao mundo? Ou, de forma mais positiva: Pelo 
facto de termos existido, veio algum bem ao mesmo mundo?
As perguntas levam-nos ao âmago da questão. Houve indivíduos – 
sabemo-lo pela História –  que teria sido bem melhor para a Humanidade 
que nunca tivessem existido: todos os tiranos, todos os corruptos, todos 
os déspotas, todos os escravizadores, todos os algozes, todos os inventores 
de instrumentos de tortura e todos os que os mandaram inventar, todos os 
inventores e construtores de armas, todos os defensores e mandantes da 
guerra, todos os construtores de impérios, regados com o sangue dos 
vencidos, todos os inventores de falsidades afirmando-as como verdades… 
Sem eles, a Humanidade que temos hoje seria muito diferente, obviamente 
para melhor, porque muito mais humana, emocional e racionalmente.
Por outro lado, houve Homens que foram determinantes para o avanço e 
progresso da Humanidade, tendo feito descobertas que catapultaram o 
Homem para o conhecimento de realidades totalmente desconhecidas, 
do átomo, ao genoma, ao Universo. E que fantástica a realidade que nos 
rodeia e da qual fazemos parte! E que fantástico podermos pensar tudo isto 
e sabermos fazer parte de tudo isto!
A tese anterior leva-nos a outra pergunta: afinal, o que ou quem é o Homem?
 – A resposta é simples: um ser vivo, inteligente, ser que tem tanto de bom 
como de mau e que, muitas vezes, evidencia, tanto para si como para o seu 
semelhante, mais a parte malévola que a bondade. Daí a tão imperfeita – a 
todos os níveis – Humanidade actual.
Mas, na verdade, cada um de nós, individualmente, nada interessa ao mundo 
ou à Humanidade, muito menos ao Universo cujas dimensões nos são 
completamente desconhecidas, embora saibamos que são descomunais ou 
mesmo infinitas, apontando para um nunca começo – logo, um nunca fim – 
tendo existido desde sempre e para sempre…

Resta-nos o SABER VIVER e a ALEGRIA perante a inevitabilidade da 
Vida a que tivemos o privilégio de aceder e o SORRISO perante a 
inevitabilidade da morte que é inexoravelmente indissociável da mesma Vida…

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 152/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 12/15

- “Assim diz Javé dos exércitos, o Deus de Israel: Mandarei 
buscar o meu servo Nabucodonosor, rei da Babilónia (…) Ele 
virá para atacar o Egipto: quem está destinado para morrer, morrerá 
(...) Ele deitará fogo aos templos dos deuses do Egipto (…) Castigarei 
os que moram no Egipto como castiguei Jerusalém (…)” (Jr 43-44)
- É espantoso! Nabucodonosor - o assassino, o cruel, o devastador, 
o incendiário que foi o braço de Javé para castigar Judá e destruir 
Jerusalém – ser o “servo de Javé”! Pôr Javé a chamar “seu servo” 
Nabucodonosor, é o resultado de ter a Bíblia feito Javé o motor da 
História que afinal não passa de uma História de Homens feita pelos 
Homens, com os Homens e para os Homens, com os seus momentos 
de glória e, infelizmente, não menos momentos de loucuras, guerras, 
atrocidades de toda a ordem, pondo a sua brilhante inteligência ao 
serviço dos mais baixos e cruéis instintos de destruição e malvadez. 
Nabucodonosor arrasa o Egipto e passa a fio da espada egípcios e 
judeus que ali se haviam refugiado. Ao profeta - ou a Javé?! - apenas 
interessa castigar os judeus que não ouviram o profeta que os 
mandara ficar na sua terra e obedecer ao rei da Babilónia. Mas os 
outros? Os egípcios que morreram? Que mal fizeram eles para 
merecerem tamanho castigo? Por seguirem outros deuses? Por não 
“obedecerem” às leis de Javé? Como obedecer se O não conheciam? 
Aliás, que pecado cometeram os judeus que fugiram para o Egipto 
para escaparem à espada de Nabucodonosor que já matava em Judá?
Acaso estas perguntas são sem sentido? Como quiséramos que fossem! 
Por isso, esperamos que não haja qualquer cristão - realmente 
cristão! – que invoque sobre nós a ira divina, à boa - boa?! - maneira 
bíblica, por tanto questionamos esta Bíblia onde assenta a sua Fé! Sua, 
porque a nossa já a perdemos, logo que começámos a questionar as 
(in)verdades ditas eternas por aqueles que as inventaram…
Por outro lado, questionar nunca foi, é ou será pecado. Talvez seja 
mesmo a única maneira de termos uma Fé esclarecida e não uma 
Fé de “carneiros”, acreditando porque os outros nos dizem que é 
assim, sem… o provarem com argumentos que não deixem dúvidas à 
nossa razão. É que nós somos pessoas e não autómatos ou bonecos 
articulados! Para que a Fé seja válida, tem de abarcar toda a 
pessoa - alma e sentimentos, emoção e razão - e não ser apenas 
uma “obediência cega” a uma tradição javista, bíblica, evangélica, 
eclesiástica ou outra, em que o magister-dixitismo é tudo. 
Não é verdade?
Depois, e ainda, repetimos que não viemos aqui à Bíblia para 
questioná-la de má fé ou por motivos escusos de um ateísmo 
primário, não! Viemos exactamente à procura da VERDADE que 
nos pudesse abrir as portas do céu que tanto desejamos, sem, no 
entanto, conseguirmos vislumbrar como lá chegar. Haverá alguém 
que no-lo possa mostrar sem que para isso tenhamos de 
“enterrar-nos” numa Fé cega e sem razão que lhe valha? – Talvez 
Jesus Cristo. Mas o bom e inefável Jesus, iremos questioná-Lo 
mais tarde…