sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 253/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 49/?

– Voltemos a falar dos tronos no Céu prometidos por Jesus aos apóstolos:
Doze tronos! E os apóstolos a sentirem-se ali reis, imaginando-se de ceptro na mão e com o poder de julgar as tribos de Israel! E até Judas, o traidor, teve direito! Afinal, não foi direitinho para o inferno pois ainda se arrependeu de ter vendido a Cristo por trinta dinheiros, quando, dependurado na figueira, ainda lhe restavam alguns fulgores de vida!
E Cristo, sabendo antecipadamente disto, não hesitou em falar em doze tronos…
Aliás, caso houvesse problema com o afastamento de Judas, certamente haveria muitos candidatos ao lugar dos que não pertenciam aos doze, como S. Paulo, S. Lucas, S. Marcos… E porque não uma mulher? Se não fosse a Virgem, poderia ser Maria Madalena, a predilecta de JC. Pois, certamente, o machismo não reina no Céu como reinou em toda a Bíblia do A.T., sem ter sido abolido convenientemente no Novo de Jesus Cristo… Ou, à falta de melhor, o Bom Ladrão que de certeza foi para o paraíso, pela afirmação de Cristo na cruz, embora reportada apenas por Lucas: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.” (Lc 23,43) Aqui, não se compreende que o “facto” seja omitido por Mateus e Marcos que apenas dizem: “Até os ladrões que foram crucificados com Ele O insultavam.” (Mt 27,44; Mc 15,32), nada dizendo João...
Só resta perguntar, brincando: “Que “gozo” celestial aquele dos apóstolos em sentar-se num qualquer trono e julgar umas quaisquer tribos?
Mas… deixemos estas imaginações e façamos a pergunta-chave: “O que é isso de «deixar casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, terras por minha causa»”? Esses que tudo abandonarem por causa de Jesus terão, de certeza, a vida eterna? Então, se acreditamos em Cristo, porque não deixamos pai, mãe, irmãos, irmãs, filhos, terras e… partimos?
Lá deixar, até talvez fôssemos capazes de tal feito, embora com a saudade - e talvez remorso, que certamente seria obra do diabo! - doendo no coração. Mas compreenderíamos aquele “por minha causa”? Depois, não se apela, embora que subrepticiamente, aliciantemente e realmente, ao espírito tão natural e tão humano da ganância do Homem? “Há-de receber muito mais!” - afirma-se. Quem, na vida, não quererá dar dez se sabe que vai receber cem?! O nosso grande, grandíssimo problema é não saber como, nem onde, sendo tudo apenas… FÉ!
E voltámos à pergunta-não-menos-chave: “Se é uma questão de Salvação ou Condenação eternas, porque é que a “mezinha” para as alcançar não é clara, simples, evidente para toda a gente, todas as raças, todos os povos, de todos os tempos passados, presentes e futuros? Porquê?…”
Ainda, mais contundente: “Se todos - e todos teriam o direito, não é? - se todos deixassem pai, mãe, irmãos, irmãs… “ - Não! Não pode ser! É completamente inexequível! Cristo pede-nos ou exige-nos o impossível! Então…
Então, temos vontade de gritar mais uma vez: “Como pudeste aconselhar-nos, aconselhar todos os Homens a procederem de tal modo para terem a vida eterna?”
É simbólico! - poderia JC responder-nos. Para não vos agarrardes às coisas deste mundo mas apenas vos interessardes pelas celestiais…
– Problema é que nunca sabemos o que é esse teu Céu… E, por isso, o nosso avassalador descrédito em Ti, Jesus! Nós que queríamos tanto - e Tu que lês nos corações – lerás? - sabe-lo bem! - nós que queríamos tanto confirmar-nos na Fé em Ti, que já nos tentaste convencer do divino que és pelos teus inúmeros milagres…
No entanto, constatamos que foram estas tuas palavras e outras semelhantes que levaram tantos e tantas, ao longo da História, a meterem-se em conventos ou a irem para o deserto, esperando pacientemente que esta vida passasse - não se compreendendo porque não tinham coragem de abreviar os seus dias, ali, com um veneno qualquer - bastava deixarem-se morder por uma cascavel que bem apreciaria tal “petisco” com a fome que por lá andaria… Eles apenas acreditaram na tua palavra! Eles apenas queriam a vida eterna que lhes prometeste! Eles apenas fizeram o que Tu mandaste! E agora, onde estão eles? Poderás dizer-no-lo? Quererás dizer-no-lo? Estão no prometido Céu ou no total… NADA?
– É! Era tão fácil! Era tão fácil acabar com todas as perguntas, sanar todas as dúvidas!… Bastava que cá viessem - deixem-nos repetir! - esses todos que Te seguiram, ó Jesus. Bastava! Eles nos diriam toda a Verdade que ainda não nos disseste, embora andes sempre a falar nela!… E que Te custa mais este milagre? Não seria bem empregue, já que nos serviria de salvação a nós que estamos perdidos… em dúvidas? Não vieste “salvar o que estava perdido”? (Mt 18,11) - repetimos à exaustão. Então, cumpre, por amor de Deus, o que disseste! Cumpre e acreditaremos! Cumpre e salvar-nos-emos!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

A eutanásia ou morte medicamente assistida


Do direito a viver ao dever de partir

Visitei, em solidariedade natalícia, um Lar de idosos. Uns 60 utentes. Metade, em cadeira de rodas. Um quarto deles, completamente dependentes. O outro quarto, ainda se movimentando e até saindo à rua, para ver o movimento e o Sol. Dos dependentes, alguns acamados há vários anos: não morrem, apesar de nada serem nem para eles nem para os outros; apenas corpos onde ainda bate um coração e os pulmões ainda respiram, oxigenando o sangue que corre por aquele corpo com vida, mas sem vida humana. Um desses utentes, uma mulher – os homens morrem mais depressa!, diz-me a Directora – acamada há 11 anos! Uma vida completamente inútil, um enorme fardo para a sociedade!
E eis-nos chegados ao ponto fulcral da questão: “Há o direito a viver a qualquer custo, mesmo sem qualquer dignidade, pois de humano já apenas se tem a forma…, ou o dever de partir e dar lugar a outros – outros que sejam úteis a si próprios e à mesma sociedade – sem mais encargos sociais?” É que esses oitentões, noventões, centenários já deram o seu contributo à comunidade e já usufruíram dela também largo contributo recíproco. Agora, já não são úteis nem para si nem para a comunidade onde se inserem. E o partir é uma questão de dias, meses ou anos já que, como diz o ditado: “À morte ninguém escapa, nem o rei nem o papa!” Então, porque se alimenta um corpo que já nem uma alma sustenta?
Soluções!
(Não vale a pena fazer como fazem esses estudantes que vêm para a rua bradar por medidas contra as alterações climáticas, fazendo greve, em vez de irem estudar soluções que proporiam aos seus governos e a todo o mundo, através das redes sociais para atingirem os objectivos que reclamam do alto do seu bem-estar e da sua apetência para o consumismo: “Como reduzir o uso de plásticos? Como limpar rapidamente os oceanos que deles estão infestados, afectando toda a fauna e flora marinhas, que tanto alimento nos proporcionam? Como reduzir/controlar a população mundial para que não cresça mais, já que é espécie predadora de tudo o que comestível e a grande poluidora do ambiente? Como basear a economia não no consumo desenfreado de coisas não essenciais, produzindo enorme poluição, mas na produção e consumo dos bens essenciais? Como manter, apesar disso – pois uma enormíssima parte do emprego está na produção e venda de produtos não essenciais – o emprego, pois todo o Homem tem o direito/dever de ter um trabalho com que se sinta realizado e útil à sociedade? Etc., Etc., Etc.” - desculpem-me este aparte despropositado!)
Então, soluções, já que morrer é um acto normal da Vida e um “acto” inevitável:
A – Promover, depois, obrigar todas as pessoas, enquanto lúcidas, a declararem:
1 – Como querem/gostariam de morrer. Com ou sem dignidade.
2 – Como querem ser tratadas quando, analisando os vários estádios de velhice, facilmente catalogáveis, se encontrarem num desses estádios: 
2.1 – Corpo saudável mas mente completamente louca; 
2.2 – Corpo com várias limitações e mente completamente sã: 
2.3 – Corpo completamente dependente e mente ainda sã; 
2.4 – Corpo completamente dependente e mente completamente louca (último estádio da degradação de uma vida que já foi humana mas já o não é).
B – Agir em conformidade com a declaração de cada um, sendo esta acção executada por serviços públicos criados para o efeito, sem intervenção de terceiros, sobretudo familiares. Escusado será dizer que as formas de execução são fáceis de aplicar, com os novos fármacos existentes, fármacos que atenuam dores e anestesiam alguma vida que possa existir em seres que já foram humanos mas deixaram de o ser, embora ainda não tenham dado o último suspiro, permitindo-lhes, assim, e satisfazendo a sua vontade, partir em paz, em tranquilidade, sem sofrer, “voando” suavemente para a eternidade que a todos nos espera…
Esses serviços públicos bem poderiam ter um nome simpático, como OS ANJOS DE DEUS...
Sejamos realistas, caramba! 
Que, aqui, a razão comande a emoção! E Viva a VIDA, enquanto num corpo há vida humana digna!

sábado, 11 de janeiro de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 252/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 48/?

– É certamente um apelo ao celibato, quando Jesus diz: “Há homens castrados porque nasceram assim; outros, porque os castraram; outros ainda castraram-se por causa do Reino do Céu. Quem puder entender que entenda!” (Mt 19,12)
– Poderemos deduzir que, para quem não puder entender, também não haverá problema. Basta amar e perdoar ao próximo que alcançará o Reino do Céu, na mesma… Mas… o que é castrar-se por causa do Reino do Céu? É imperdoável que JC não tenha explicado o que queria dizer. Deveria falar claro para que todos o entendessem pois só assim cumpriria a sua missão.
Bem! Renúncia ao sexo ou ao casamento para estarem disponíveis para a comunidade sem compromissos de mulher e filhos, entende-se. Se bem que nem sempre é um mar de rosas, ter mulher e filhos!… Se não houver o tal amor ao próximo, a tal doação sem pensar em receber… o tal perdoar setenta vezes sete…
Enfim, se a salvação é para todos, tem de ser para os que entendem e para os que não entendem. Outra não poderia ser a justiça divina! Por isso, Cristo poderia muito bem ter omitido o “Quem puder entender que entenda!”…
– As crianças também servem de comparação para o reino de Deus: “Deixai vir a Mim as criancinhas (…) porque o Reino de Deus é dos que são como elas.” (Mt 19,14) - repete-se Jesus. E nós, também repetindo-nos: “Ser simples, ser como crianças… que vida nos propões, Jesus, para alcançarmos tal Reino? Que vida?” Mais uma vez palavras bonitas que não passaram de… palavras, metáforas sem sentido prático!
– Mas há mais… palavras! Estas, enigmáticas…: “Jesus disse ao jovem: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me!» Ao ouvir isto, o jovem retirou-se cheio de tristeza porque era muito rico. (…) E Jesus: «É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus.» Os discípulos, espantados, perguntaram: «Então, quem é que pode ser salvo? (…) Olha que nós deixámos tudo (…) Que recompensa teremos?» E Jesus: «Eu vos garanto: no mundo que há-de vir, quando o Filho do Homem Se sentar no trono da sua glória, vós, que Me seguistes, também vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos e irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muito mais e terá como herança a vida eterna.” (Mt 19,21-29)
– Enigmáticas e… dramáticas! Melhor dito: trágicas! E as perguntas novamente caem em catadupa:
Deixando, para já, “cair” o deixar tudo e seguir Jesus, o tesouro no Céu e a história do camelo…, perguntemos: “Então, há de certeza outro mundo? Qual? Onde? Como? Quando? Que provas nos apresentas, ó Jesus Cristo? E onde é que o Filho do Homem tem o seu trono de glória para nele Se sentar? E estará sempre sentado ou dará uns passeiozitos ali pelos paraísos perdidos do Céu?… E com que corpo Se sentará Ele?… E como será o trono? Grande safira como o descreveram os escritores do A.T?…” Meu Deus, como é grande a vontade de brincar com estas coisas, congeminar fantasmagorias e delirantes situações!… Mas logo perco tal vontade, por tudo bulir com o nosso fim último, o fim que realmente interessa a qualquer Homem, pois dele depende uma eternidade, eternamente feliz no Céu ou… infeliz no inferno! Se é que a eternidade existe, apesar das palavras “terá como herança a vida eterna” que não passam disso mesmo: PALAVRAS!

sábado, 4 de janeiro de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 251/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 47/?

– Outra história não menos tocante é aquela de perdoar ao irmão “não até sete vezes mas até setenta vezes sete!” (Mt 18,22)
– Realmente, como o mundo seria diferente se fosse um mundo de perdão! Chegar-se-ia a um ponto tal de perdão que já não haveria a quem perdoar pois todos seriam “irmãos” perdoadores… E, obviamente, não haveria mais guerras de retaliação quer inter-familiares quer internacionais.
Até o trocadilho “sete vezes” e “setenta vezes sete” nos faz sorrir! É a música da palavra a realçar o seu significado…
– Já não se compreende é a nova comparação: “O Reino do Céu é como um rei que resolve acertar as contas com os seus empregados.” E àquele que não perdoou ao seu irmão a dívida como o rei lhe tinha perdoado a sua, o rei “mandou entregá-lo aos torturadores até que pagasse toda a dívida. É assim que procederá convosco o meu Pai que está no Céu, se cada um não perdoar do fundo do coração ao seu irmão.” (Mt 18,23-35)
– JC não diz como o Pai iria torturar os pecadores. É pena, pois seria mais um dado a ter em conta em ordem a prepararmos a vida eterna… Mas quem usar de perdão e de amor para com o seu “irmão” terá o Reino do Céu (reino que não se sabe bem o que é, mas reino que funcionaria bem na Terra, transformando-a num Paraíso...) O Céu é que a nossa mente não consegue alcançar, nem entender, nem aceitar, frustrando-se essa ânsia de certeza na eternidade que, de vez em quando, nos invade…
– Ah, atenção! Atenção! Há mais milagres: “Muita gente O seguiu e ele curou todos os doentes.” (Mt 19,2)
– Que maravilha! Naqueles tempos, e naquela região, não eram necessários médicos nem hospitais: estás doente, vais a Jesus e ele cura-te!... É de se deixar “encantar” por este Jesus que tal poder tem e cura assim todos os doentes! Não seria até bom adoecer, com Jesus ali por perto, para ter o “prazer” e a dádiva divina de ser curado assim, sem se dar por isso? Agora paralítico e, logo ali, a andar? Agora cego e, logo ali, a ver? Agora surdo e começar, de repente, a ouvir todos os sons da Natureza? E tantas outras deficiências ou enfermidades a serem curadas?
Aliás, que sensações terão experimentado tais miraculados? E todos teriam tido a Fé suficiente para que fossem dignos de tais curas?
E afinal, quem os curaria: a Fé deles ou o poder de Jesus Cristo? Ou, novamente: não foram mais uns quantos milagres inventados por Mateus, e que, como os anteriores, simplesmente não aconteceram?
– Também Jesus gosta de citar as Escrituras. Do Génesis, refere: “O Criador, desde o início, os fez homem e mulher. (…) Por isso, o homem deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o Homem não deve separar. (…) Moisés permitiu o divórcio porque sois duros de coração. (…) Quem se divorciar da sua mulher, a não ser em caso de fornicação, e casar com outra, comete adultério.” (Mt 19,4-9)
– O apelo é claro! A mensagem do perdão e do entendimento… presente! Pois quem se divorcia, fa-lo-á certamente porque não sabe ou não é capaz de perdoar as setenta vezes sete vezes. Quanto à fornicação (fora do casamento, claro), pela referência ao divórcio de iniciativa apenas do homem, não se percebe se é proibida só à mulher...
Mas… quem aguentará mulher ou marido a quem é preciso andar sempre a perdoar? E porque há-de ser sempre o mesmo sacrificado ou… crucificada? Porque há-de levar essa cruz toda a vida? Ainda se tivesse a certeza do Céu e que, oferecendo a sua cruz a Deus, isso lhe angariava um lugar nesse Céu! Assim, teria forças para perdoar… sempre! Mas sem um Céu de certezas absolutas à vista, não haverá humano que aguente…
Enfim, JC não respeitou a nossa qualidade de seres racionais, assim feitos pelo Criador divino, ao “vender-nos” o seu Céu e o seu Pai nele, apenas com palavras apoiadas em supostos milagres, milagres que não convenceram os do seu tempo nem nos convencem a nós, por total falta de provas credíveis.