quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 390/?

 À procura da Verdade nas Cartas de Paulo – 390/?

 Carta aos Romanos - 3

 Admitindo que o ESPAÇO é infinito e eterno, confundindo-se com as atribuições que se podem/devem fazer a DEUS, e se admitirmos que matéria e energia são eternas mas não infinitas porque mensuráveis, logo, tendo forçosamente limites, não há qualquer razão válida para se acreditar num Criador, por não ser necessário. Admitir um Criador, poderá, à partida, resolver muitos problemas da nossa ignorância acerca do Universo, mas cria o grande problema de saber onde se encontra esse Criador… Dizer que é Deus-Pai infinito e eterno não faz qualquer sentido, embora tal ideia seja do agrado da inteligência emocional humana. Será uma figura simpática criada pelo Homem à sua imagem e semelhança…

Há que dizer que Paulo teria uma noção de Deus à moda de Jesus: o Pai Criador que está nos Céus e que vela pela humanidade por Ele criada. Obviamente, é uma concepção humanizada de Deus! PURA INVENÇÃO! Sem qualquer suporte teológico! Depois, esquecem-se os criadores das religiões e dos seus deuses – deuses que mais não são do que uma espécie de humanóides superiores – que os homens e os seres vivos são pequeníssimos pontos, dentro de um pontinho também pequeníssimo que é a Terra, astro entre os milhares de milhões de milhões de milhões que compõem este Universo conhecido. Aliás, quantas “Terras” com vidas semelhantes às nossas haverá, como planetas, entre os biliões de biliões de estrelas que compõem biliões de galáxias?

Ah, como os Homens fizeram pequenino o Deus Criador do Universo! Um Deus preocupado com sua Excelência o Homem! Ora o Homem não é mais do que um quase-nada de matéria viva, existindo apenas num dado momento do Tempo, perdendo-se no mesmo Tempo sem deixar qualquer rasto digno de nota para o Universo e integrando-se completamente e inexoravelmente no donde veio: a magnífica Terra, esse belo planeta azul, mas planeta que também tem os dias contados: cerca de 4.500 milhões de anos quando for engolida pelo seu astro agora vivificante, o SOL, em fase agonizante também da vida! Este o drama, esta a beleza da nossa existência! Mas a realidade é que, no Universo, nada se acaba: tudo se transforma, tudo evolui, nada se perdendo porque não tem para onde se perder. Crê-se que a Matéria e a Energia que a vivifica continuarão o seu processo de renovação num movimento eterno, nada podendo parar. Aqui, perguntam os crentes: “Se nada pode parar, quem deu o primeiro empurrão?” Voltamos ao Deus Criador. Se tudo é eterno, Matéria, Energia e os seus movimentos também serão eternos, sem precisarmos de Alguém que os pusesse em marcha.

Enfim, se Paulo atribui aos pagãos a invenção de deuses com forma humana ou de animais, esquece-se que todas as religiões acabaram por fazer o mesmo ou quase, concebendo Deus à imagem e semelhança do Homem. A Bíblia está recheada de exemplos: Deus irrita-se, Deus ama, Deus protege uns e deixa matar outros, etc., etc. O que é totalmente incompatível com o que, em outros lugares, afirmam ser Deus Eterno e Infinito.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Imaculada Concepção de Maria Virgem

 Dia 8 de Dez – festa da Imaculada Conceição de Maria

A história verosímil de Maria e o que dela fizeram os criadores do cristianismo
Maria, uma bela rapariga de Nazaré, na Galileia, terá sido violada por algum soldado romano, já que Roma era o ocupante da Palestina, naquele séc. I ac., e os ocupantes tinham os seus direitos sobre a população, incluindo a sua satisfação sexual. (Obviamente, deixou de ser virgem naquele momento, mas Virgem continuaram a chamar-lhe, traduzindo incorrectamente – já Mateus, 1-23, já os exegetas posteriores – o versículo do profeta Isaías, 10, 7-14: “A jovem dará à luz…” por “A virgem dará à luz…”)
Encontrando-se grávida e estando prometida em casamento, o seu noivo de nome José – um cavalheiro, diga-se! – não a quis desrespeitar nem vilipendiar e desposou-a mesmo assim. Nasceu Jesus, judeu esperto e pensando estar destinado a mudar o mundo, passando-o da vilania, da tirania e da exploração dos pobres, em que se encontrava, para a justiça e fraternidade universal, apregoando que todos os homens são irmãos, porque todos filhos do mesmo Deus, não havendo lugar nem a senhores nem a escravos. Pagou tal aventura e coragem com a morte e morte de cruz, suplício normalmente aplicado pelos romanos ocupantes aos revoltosos ou aos que não queriam pagar os impostos exigidos por César.
Infelizmente, Jesus enganou-se: dois mil anos passados, nem justiça nem fraternidade universal! Mas deu origem a uma revolução cultural/temporal e a uma religião, tendo os fundadores – Paulo, alguns discípulos e evangelistas – aproveitado as suas ideias revolucionárias para o divinizarem, lhe chamarem o Messias, o Cristo ou Enviado de Deus, o Salvador, o – que descaramento! – Filho de Deus, passando a chamar-se Jesus Cristo ou JC.
Depois, tendo ela acompanhado apenas discretamente a vida de Jesus, pois ocupava-se em ir tendo outros filhos de José, fizeram-na a Mãe de Deus e Mãe dos Homens, a Mãe da Igreja, a Mãe dando à luz no presépio, já que não houve lugar na estalagem para ela…, a Mãe sofredora junto à cruz. Uma figura sem dúvida simpática, facilmente criando emoções no coração de crentes e não crentes.
Assim, ao longo destes dois milénios, o seu culto foi sempre dos mais acarinhados pelos seguidores dos três credos cristãos (católicos, protestantes e ortodoxos). Cultos, obviamente, acompanhados de toda a espécie de mitos e crendices, chegando-se a afirmar ter ela aparecido a pastores, em grutas ou arbustos, gerando-se uma onda de santuários e de peregrinações, tudo muito bem aproveitado pelo clero local para da crendice fazer negócio e… “salvar as almas, através de Maria”!
Entretanto, os papas católicos (passar-se-á certamente o mesmo com os outros…), sempre atentos aos bons negócios que a religião a que presidem lhes possa proporcionar para encher os cofres do Vaticano, publicaram dois dogmas: o da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma (Pio XII) e o dogma da Imaculada Conceição (Pio IX). Dois dogmas (que, por sê-lo, não podem ser questionados pelos crentes – viva a democracia!) que não fazem qualquer sentido, mas está na linha da crença de que a Bíblia é a "palavra de Deus". Realmente, afirmar que alguém pode subir em corpo e alma para o Céu é tão disparatado como pensar que o Céu é um lugar onde há casas e casinhas e corpos celestes para alimentar com néctares divinos e onde anjos e santos cantam e dançam e servem a Deus, Deus que está sentado no seu magnífico trono, numa parafernália de matizes de luzes e sons todos divinos… (Que bonito! Mas que nonsense!) E para haver uma imaculada concepção, isto é, Maria ter sido concebida sem pecado original, no acto sexual entre Ana e Joaquim, era preciso que tivesse havido tal pecado. Ora, é óbvio que, não merecendo a Bíblia qualquer credibilidade histórica em relação aos ditos primeiros pais da humanidade, Adão e Eva, pelos quais teria vindo o pecado ao mundo – o dito pecado original – não se pode dar qualquer credibilidade a tal invenção agostiniano-medievalesca de pecado.
Hoje, a saga mariana está mais viva que nunca. Digamos que, já por ser mãe, já por ser mãe de Jesus, tem toda a nossa simpatia. Mas que as igrejas cristãs têm ultrapassado tudo o que seria razoável em relação ao seu culto, por consensual e humano, não há dúvida. E em todas as igrejas há, pelo menos, um altar com a imagem da Virgem; e imagens da Virgem, as mais diversas e as mais originais, com os nomes também os mais diversos e originais, há-as por todo o mundo cristão, assim como há muitos santuários a ela dedicados, uns de renome mundial, como Fátima, Lurdes ou Guadalupe, outros – incontáveis! – em muitos recantos, cimos de montes ou campinas, cada aldeia ou aglomerado populacional orgulhando-se do seu, pontos convergentes de festas e romarias…
Tudo muito bonito! Tudo muito comovente! Tudo muito humano, do ponto de vista emocional. Mas… tudo baseado em falsidades, mitos, invenções, efabulações! E até se gosta! E até se reza! E até se canta!
Ah, linda Mãe Maria, o que fizeram de ti!...

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 389/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Carta aos Romanos - 2

 – “Assim como o pecado entrou no mundo através de um só homem e com o pecado veio a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram.” (5,12)

“Assim como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, do mesmo modo, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.” (5,19)

“A morte é o salário do pecado mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Jesus Cristo, nosso Senhor.” (6,23)

– Ora aqui estão três tiradas típicas de Paulo. E que revelam as fraquezas da Bíblia em geral, a começar por acreditar em Adão e na sua desobediência a Deus, no Paraíso, comendo da árvore proibida, cometendo o célebre pecado original... Como sabemos, Adão não existiu, a narrativa bíblica não tem qualquer credibilidade, nem o seu Paraíso, nem a sua Eva feita da costela do Adão, nem o próprio Adão, nem o seu pecado.

Então, como dar credibilidade a Paulo no que ele disser daqui em diante, se ele parte de pressupostos totalmente falsos, fantasiados pelos escritores da época – cerca de uns 500 anos antes de Cristo – sábios judeus que estavam no cativeiro da Babilónia?

Mais: dizer que a morte é devida ao pecado é completamente absurdo. A morte é a derradeira etapa da vida inerente a todo o ser que a inicia no seu nascimento. Nada tem a ver com o que se supõe ser pecado no sentido religioso.

Enfim, dizer que a vida eterna é dom gratuito de Deus é uma afirmação tão válida como o seu contrário. Até porque a vida eterna simplesmente não existe para qualquer ser vivo que apareça em qualquer ponto do Universo: aparece no Tempo, desaparece no Tempo!

O ser vivo tem o seu ciclo: nascer, viver e morrer, integrando-se, átomos e moléculas que compuseram o seu corpo – corpo agora desfeito – no donde veio: a Terra. NÃO HÁ ETERNIDADE NENHUMA! Eternos só o ESPAÇO INFINITO e DEUS, DEUS que, por ser eterno e infinito, se confunde com esse espaço e tudo o que nele existe: MATÉRIA e ENERGIA, distribuídas em incontáveis astros que compõem incontáveis universos, tudo sendo partículas d’ELE.

A matéria e a energia também serão eternas, i.é, terão existido desde sempre, sempre se transformando na sua voragem energética, mas nada se perdendo pois não têm para onde ir perder-se…

ESTA, A VERDADE QUE NOS É DADO CONHECER!

A outra é pura invenção de mentes ditas inspiradas. E – pasme-se! – de inspiração divina…

 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 388/?

 

 À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Carta aos Romanos - 1

 Não sabemos se haverá paciência para analisar criticamente estas cartas. A leitura dos Actos, perante a óbvia falsidade da narrativa de todos aqueles milagres que, obviamente, não aconteceram, abalou muita da paciência necessária para ler criticamente mais textos ditos sagrados.

O autor dos Actos, certamente entusiasmado com a aceitação do povo crente e inculto dos muitos milagres narrados nos evangelhos, sobretudo por Mateus – obviamente também inventados – deliciou-se a inventar e propagandear mais umas dezenas deles supostamente realizados pelos apóstolos.

Mas, mesmo assim, acreditemos que a análise crítica por nós elaborada não terá sido pura perca de tempo, apesar de dar importância a textos que realmente a não têm.

Vamos, então a Paulo ou S. Paulo, o primeiro doutor da Igreja, focando-nos em algumas passagens mais típicas das suas cartas, escritas, segundo os exegetas, antes dos evangelhos.

Escreve bem Paulo, embora, por vezes, de narrativa argumentativa confusa. Revela cultura, sobretudo religiosa, e vontade de construir uma nova religião, afastando-se do tradicional judaísmo que lhe servira de formação. Para tal, “usa” a figura do judeu Jesus a quem os discípulos chamaram de Cristo, o Ungido de Deus, o Messias prometido por Deus, no Antigo Testamento, texto que Paulo revela bem conhecer.

Aos romanos, fala dos pagãos, dos judeus, dos gregos:

– “Pretendendo ser sábios, tornaram-se tolos, trocando a glória de Deus imortal por estátuas de homem mortal, de pássaros, animais e répteis. Foi por isso que Deus os entregou… à impureza com que desonram os seus próprios corpos…:suas mulheres mudaram a relação natural em relação contra a natureza. Os homens fizeram o mesmo: deixaram a relação natural com a mulher e arderam de paixão uns com os outros… Estão cheios de toda a espécie de injustiça, perversidade, avidez e malícia…” (1, 22-29)

– Não se percebe onde Paulo foi buscar este argumento de que foi Deus que entregou os homens a estas perversidades, pelo facto dos mesmos homens serem tolos e maus. Porquê Deus? Não sabia que os homens têm o seu livre arbítrio? Depois, isto de lésbicas e gays, afinal, parece estar dentro dos padrões de excepção nas espécies animais; talvez uns 10% façam parte dessa excepção, não sendo por isso pecado; pelo contrário: têm que viver com a situação hormonal que lhes determina tais tendências, toda a vida, o que nem sempre será fácil numa sociedade que tende, felizmente, para o normal; senão, acabar-se-ia a espécie, coisa que a Natureza não permitiria.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 387/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS 

 Conclusão

 Digamos que os Actos dos Apóstolos referem apenas actividades de alguns poucos dos doze, entre os quais sobressaem Pedro, João e Barnabé, praticamente até ao capítulo 14; de Act 14 até ao fim, Act 28, ocupam-se da intensa actividade e vida de Paulo. E, afinal, é Paulo que vai ser o grande obreiro e criador do Cristianismo, já com aquela actividade até à sua morte, já com as suas cartas, cartas de que nos ocuparemos mais à frente.

Resumindo, os apóstolos e Paulo pregam Jesus ressuscitado e prometem a ressurreição para a vida eterna, no Céu junto de Deus-Pai, a quem acreditar n’Ele, tentando provar a “verdade” do que afirmam às populações com estrondosos milagres.

Ora, nós já denunciámos aqui a falsidade de todos os milagres, já os de Jesus, já estes supostamente realizados pelos apóstolos e também por Paulo. Resta-nos, pois, concluir que os Actos mais não são do que um vender de ilusões a quem queria não acabar com a morte – como é próprio de qualquer ser vivo que aparece no Tempo, seja animal ou planta – mas prolongar-se pela eternidade, de preferência no Céu de todas as delícias.

E tal ilusão é-lhes dada e fundamentada numa falsidade: A RESSURREIÇÃO DO JUDEU JESUS, A QUEM CHAMARAM DE CRISTO, FILHO DE DEUS!

Os judeus sempre foram um povo bom para invenções e de inteligência superior. Vejam-se os prémios Nobel que já ganharam em todos os ramos da Ciência. Em comparação com os seus vizinhos árabes, a percentagem é de 1 para 100!

Souberam interpretar bem a “ganância” (ou estupidez?!) humana: QUERER SER ETERNOS! E criaram a religião a condizer: o CRISTIANISMO. E criaram-na dentro do próprio judaísmo, religião que além do monoteísmo, já apontava nesse sentido.

Louvemos, no entanto, a humanidade da FRATERNIDADE UNIVERSAL, defendida pelo judeu Jesus. Acreditar na vida eterna e na ressurreição dos mortos será tarefa que caberá à inteligência de cada um. E, às vezes, sabe bem acreditar…

Aliás, o próprio Jesus, quando confrontado com perguntas sobre o Céu, o “seu” Pai, o Inferno, a vida eterna, nunca deu qualquer resposta credível. Ou se enleou em parábolas e comparações ou simplesmente não respondeu. E é compreensível: não havia qualquer resposta que pudesse ser convincente…

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 386/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS

 Texto 4/4

 – Vale a pena interromper a narrativa de milagres realizados por Paulo. O comentário que temos a fazer é o mesmo: tudo tem o sabor da falsidade! O sabor da invenção! Tudo parece ter sido construído pelo autor para firmar na fé os novos cristãos. Tal como os evangelhos. Os milagres simplesmente não podem ter acontecido: as leis da Física não o permitem e Deus não andaria a brincar aos milagres para converter uns tantos a uma fé interessante mas que não passa disso mesmo, e baseada toda ela em FALSIDADES!

Lembremos que o autor dos Actos escreve uns 30 anos depois dos supostos acontecimentos, já que Paulo morre em 67 (com 57 anos) e os Actos são datados dos anos 90.

Mas não há dúvida de que o Jesus Cristo de Mateus – dito Filho de Deus! – com os inúmeros milagres que supostamente realizou, foi largamente ultrapassado pelos seus seguidores… O que não deixa de ser estranho de um ponto de vista religioso…

– Um pouco mais atrás, Paulo insiste na ressurreição dos mortos: “Partindo das Escrituras, explicava e demonstrava-lhes que o Messias (Jesus) devia morrer e ressuscitar dos mortos.” (Act 17, 2-3); “Deus estabeleceu um dia em que irá julgar o mundo com justiça por meio do Homem (Jesus) que designou e creditou diante de todos, ressuscitando-o dos mortos. Quando ouviram falar de ressurreição dos mortos, alguns troçavam…” (Act 17 31-32)

– Apenas frisar mais uma vez a incongruência fundamental do Cristianismo e de toda a falta de lógica e bom senso que rodeou a narrativa das aparições de Jesus supostamente ressuscitado. A pergunta é crucial: “Se ressuscitou, porque não se mostrou ressuscitado a todo o povo dentro e fora de fronteiras, para que a sua ressurreição fosse credível?” Mostrando-se apenas aos “seus”, perdeu toda a credibilidade. Ora tal é absolutamente impróprio de uma qualquer inteligência humana, quanto mais da inteligência divina.

– Então, o último milagre de Paulo. Que leva ao riso: “Um jovem estava à janela de um terceiro andar a ouvir Paulo. Adormeceu e caiu. Morreu. Paulo aproximou-se e disse: «Não vos preocupeis porque ele está vivo.» (Act 20, 11-12) Fantástico, não é?!

– “Não prego nada mais do que os profetas e Moisés disseram: que o Messias devia sofrer e que, sendo o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, devia anunciar a luz ao povo e aos pagãos.” (Act 26,22-23).

– Não é verdade: Não foi o primeiro a ressuscitar dos mortos. Já Eliseu havia ressuscitado o morto que estava na sepultura onde depositaram o seu corpo e já Jesus, antes de Ele próprio ressuscitar, havia realizado várias ressurreições, entre os quais a do seu amigo Lázaro que estava morto havia quatro dias…

sábado, 4 de novembro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 385/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS 

 Texto 3/?

 Mas, enfim, continuemos! Com… mais milagres!

“São presos… mas o anjo do Senhor liberta-os…” (Act 5, 17-21)

– Aqui, junta-se mais um discípulo, Estêvão, que, “Cheio de graça e poder, fazia grandes prodígios e sinais entre o povo.” Act 6,8)

 E contava a história do AT. (Act 7). E sofre o martírio, apedrejado, dizendo “Vejo o Céu aberto e o Filho do Homem de pé à direita de Deus.” (Act 7,54-56).

– Depois é a vez de Filipe fazer milagres para converter o povo: “Dando gritos, os espíritos maus saíam dos endemoninhados e numerosos paralíticos e aleijados foram curados. (Act 8, 7), sendo ele próprio objecto de milagre: “O Anjo do Senhor apareceu a Filipe…” (Act 8,26) e, depois, “O Espírito arrebatou-o” (Act 8,39).

– A história da conversão de Paulo, atrás referida, é descrita em Act 9. Recheada de milagres, claro!

– E voltamos à vez de Pedro a fazer mais milagres: “Levanta-te e a arruma a tua cama”, diz ao paralítico (Act 9, 34), “Tabita, levanta-te!” disse ele à morta. (Act 9,40)

– Depois, “Cornélio teve uma visão…” (Act 10,3), “Pedro entrou em êxtase, Viu o Céu aberto…” (Act 10,10)

– Cansam tantos milagres. Até quando teremos paciência para continuar a narrá-los e a fazer parte desta narrativa de falsidades, embora sejam estas as falsidades – a juntar a tantas outras dos evangelhos – que criaram o Cristianismo? Mas divertamo-nos a narrar ainda muitos outros. Paulo também vai entrar em cena…

– “Quando o Espírito Santo desceu sobre todos… eles ouviam-nos falar em línguas estranhas e louvar a grandeza de Deus.” (Act 10,44-46); “Logo que comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles do mesmo modo que desceu sobre nós.” (Act 11,11)

– Pedro foi preso. “De repente, apareceu o Anjo do Senhor… e o portão abriu-se sozinho!” (Act 12, 6-10)

– “E todos os (pagãos) que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé.” (Act 13,48)

– Para quê comentários a este Espírito Santo, a este Anjo do Senhor, a estes destinados à vida eterna? Basta dizer que, como não há nem Espíritos nem anjos, o que se afirma é obviamente inventado e falso! Depois, isto de uns serem destinados à vida eterna, outros não, não deveria caber na economia divina…

– E eis dois milagres de Paulo: “Um paralítico escutava Paulo. Este, fixando nele o olhar e notando que tinha fé para ser curado, disse-lhe: «Levanta-te direito sobre os teus pés». Ele deu um salto e começou a andar.” (Act 14, 8-10); “Apedrejaram Paulo, mas ele levantou-se e entrou na cidade” (Act 14,19)

– Lindo, não é? Ah grande Paulo!

– “Paulo e Timóteo atravessaram a Frísia… uma vez que o Espírito Santo os proibira de pregar na Ásia.” (Act 16,6)

– Convinhamos que, aqui, o Espírito Santo não foi lá muito santo… Então o Céu não era para toda a gente?!

– E mais um milagre de Paulo: “Uma jovem estava possessa… Então, Paulo disse ao espírito: «Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo: sai desta mulher.» E o espírito saiu imediatamente.” (Act 16,16-18)

– E mais outro: “Logo que Paulo lhes impôs as mãos, O Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar várias línguas e a profetizar:” (Act 19,6)

– E ainda inumeráveis outros: “Deus realizava milagres extraordinários pelas mãos de Paulo, a tal ponto que pegavam em lenços e aventais usados por Paulo para os colocar sobre os doentes e estes eram libertados das suas doenças e os espíritos mau eram afastados.” (Act 19,11-12)

–  É demais: não havia morto que não ressuscitasse, doente que não fosse curado. Diríamos que Deus perdeu a cabeça, naquela época, ali na Palestina, fazendo aqueles milagres todos para implementar uma nova religião  A SUA RELIGIÃO, porque só ELE é o DEUS VERDADEIRO. Melhor e... mais verdadeiro: foi tudo inventado por aquela meia-dúzia de judeus para criarem a sua própria religião, contra as várias existentes na zona, dentro do judaísmo: zelotas, essénios, fariseus, saduceus, etc. 

ESTA É A VERDADE!

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 384/?

 


 À procura da Verdade nos "Actos dos Apóstolos"

Texto 2/?

– Ninguém entenderá como é que Jesus não conseguiu convencer totalmente os apóstolos das suas ideias/afirmações acerca do Céu, do Inferno e do Reino de Deus, eles que viram tantos milagres e privaram tão intimamente com Jesus, durante três anos, necessitando ainda de um Espírito Santo para os confirmar na Fé! Se eles, que tudo viram e tanto ouviram, precisaram de um Espírito Santo, de quantos precisaremos nós, já não digo para nos fortalecermos na Fé, mas simplesmente para termos… Fé?! Quantos?…

Lendo os Actos, deparamo-nos com uma frenética actividade dos apóstolos, sobretudo de Pedro, João e Barnabé, aos quais se juntou Paulo, após aquele rocambolesco “milagre”, na sua ida para Damasco para prender cristãos, em que Jesus lhe aparece, dizendo-lhe: “Saulo, Saulo, porque me persegues?”

Ora, durante essas actividades de pregarem a Jesus ressuscitado, o que é que sobressai? – Milagres, muitos milagres! Rivalizando com o próprio Cristo: são curas e ressurreições em catadupa. Por onde eles passavam ressuscitavam mortos e curavam todos os doentes que lhes traziam.

Paulo também se verá inserido em tal contexto de milagres, além de pregar e escrever cartas aos gentios que ia convertendo e às comunidades de cristãos que ia formando e cimentando: romanos, gálatas, efésios, etc.

Vamos então a alguns pormenores mais interessantes.

Depois de mais uma vinda do Espírito Santo, como vimos – e parece que, afinal, bem precisavam dele: “É agora, Senhor, que vais restaurar o Reino de Israel?” (Act 1,6)…, Jesus lá subiu aos Céus (Act 1,9) e houve a substituição do malfadado traidor Judas pelo justo Matias (Act 1,21)

Foi assim a visita do Espírito Santo, no dia de Pentecostes: “Veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval”… “e os apóstolos começaram a falar, entendendo-os o povo, cada um na sua própria língua, invocando Pedro o AT (Joel 3,1-5) (Act 1,2,6 e 17).

– Onde o inculto pescador Pedro terá aprendido Joel não sabemos. Mas como todo o aparato da vinda do Espírito Santo carece de credibilidade, o autor deve ter ido às fontes…

– E começam os milagres: “Não tenho ouro nem prata, mas vou dar-te o que tenho: em nome de Jesus Cristo, levanta-te e caminha”, diz Pedro ao coxo de nascença que estava à porta do Templo, esmolando. (Act 3, 1-9)…

E mais uma vez o Espírito Santo: “Quando terminaram a oração, estremeceu o lugar e todos ficaram cheios do Espírito santo…” (Act 4,31)

– Não sabemos o que dizer. É que tudo o que mete espíritos não merece credibilidade, pois não há como provar a sua veracidade.

– Os milagres continuam em catadupa: “Ananias caiu no chão e morreu… Safira caiu aos pés de Pedro e morreu... Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pela mão dos apóstolos... E todos eram curados…” (Act 5, 5-16).

– Quem pode acreditar em tais histórias e que tudo ou algo daquilo tenha sido real?... Depois – perdoem-me todos os crentes – as duas mortes são de bradar aos Céus por justiça, bondade e sensatez. Pois o pobre do Ananias foi assassinado por Pedro – milagre! – por ter vendido o seu terreno e só ter entregado metade do produto da venda aos apóstolos, mentindo – pasme-se! – a Deus! E a pobre da Safira, mulher de Ananias, sofreu o mesmo castigo pela mesma causa. Isto é: «Ai, mentiste? Então, morres!» Linda religião! Lindo amor de Deus! Lindo perdão! Faz-nos lembrar, 600 anos mais tarde, Maomé que fez o mesmo: “Ou te convertes ao Islão, ou morres!” e os nossos descobridores que, numa mão a cruz e noutra a espada, diziam o mesmo aos índios do Brasil. Mas, actualmente, os muçulmanos continuam com a mesma filosofia: “Todos os que não se convertem ao Islão, devem morrer!”

– Conclusão: o autor dos Actos, para atingir os objectivos de fazer acreditar os iniciantes cristãos, inventou todos aqueles milagres, mesmo os asquerosos e repugnantes como os citados. Mas esqueceu-se que, perante futuros leitores, perderia toda a credibilidade...

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 383/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS

 – O livro dos Actos dos Apóstolos foi escrito provavelmente entre 80 e 90 d.C. O seu autor será o mesmo do terceiro evangelho, Lucas.

Após este dado de cariz histórico, deixemos comentários e interpretações e vamos ao texto.

– Ainda há palavras atribuídas a Jesus, após ressuscitado: “Estando com os apóstolos, numa refeição, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não vos afasteis de Jerusalém. Esperai que se realize a promessa do Pai, da qual ouvistes falar: João baptizou com água; vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.» (Act 1,4-5)

– Ora, aí temos mais uma vez um corpo ressuscitado… comendo, bebendo, deglutindo, falando!... Afinal, com que corpo comia, bebia, falava? Com que cabeça raciocinava? Que metabolismo o daqueles alimentos ingeridos, não sabemos com que boca, saboreados não sabemos com que língua, digeridos não sabemos com que estômago!… Tal problemática não parece interessar aqueles apóstolos que, “anestesiados” pela magia da presença de Jesus que viram morto e bem morto, nem lhes passavam pela cabeça tais “trivialidades”… Mas Jesus comia ou… fingia que comia? Tinha ou não tinha corpo que era preciso ser alimentado?…

É estranhíssimo que nem os evangelistas nem o autor dos Actos se tenham colocado tais prementes questões. O que é certo é que parece terem tido razão. Se nós, os críticos, não aceitamos nenhum daqueles “factos” por impossíveis num corpo supostamente ressuscitado, por isso, forçosamente glorioso, não parece haver nenhum crente que se ponha essas questões. Embora não sejam questões menores e estejam no âmago de todo o imbróglio da suposta ressurreição de Jesus, ressurreição que está na base do cristianismo.

– Aliás, com que individualidade-realidade-essência andou Jesus “cá por baixo”, durante quarenta dias antes de subir ao Céu? “Durante quarenta dias, apareceu-lhes e falou-lhes do Reino de Deus.” (Act 1,3) E porque quarenta e não dez ou cem dias? E que dias eram aqueles para quem já fazia parte da eternidade, se é que alguma vez fez parte do… tempo?!

– E aí vem o baptismo do Espírito Santo. («… Vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.») Mas, para quê um Espírito Santo e para quê ainda vir “baptizar”/ confirmar na Fé os apóstolos ? É que não se compreende a existência de um Espírito Santo nem que seja necessário que Ele venha para confirmar na Fé os apóstolos, depois de tudo o que Jesus lhes disse para os convencer de que era o “Enviado do Pai”. A economia divina é assim tão complicada? Necessita de um Deus-Pai, de um Deus-Filho e ainda de um Deus-Espírito Santo para se apresentar aos Homens? Não complica Deus tudo? Não sabe Deus que não precisamos para nada de um Espírito Santo para nos confundir em vez de nos iluminar? Porquê um Deus uno mas trino em pessoas como reza o mistério da Santíssima Trindade? Esta seria sem dúvida uma das muitas perguntas que teríamos feito a Jesus Cristo se tivéssemos lá estado, antes que Ele fosse definitivamente para o Pai do Céu! Estamos, no entanto, convencidos de que não obteríamos resposta. Aliás, alguma vez deu uma resposta satisfatória a perguntas-chave que lhe fizeram? Não se refugiou sempre no mistério e na parábola? E é óbvio que não respondeu porque não sabia responder, sendo apenas homem igual a qualquer um de nós, embora cheio de ideias revolucionárias…

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Férias! Que bons são os tempos de férias!

 Foi o Homem feito para o trabalho?

É uma grande pergunta! Tivemos o privilégio de vir à vida e temos a obrigação de saber/decidir o que fazemos com ela. 

Primeiro, como todos os seres vivos, nós (o self, o EU, a nossa alma, a nossa identidade) dependemos de um organismo altamente complexo, o corpo.

Ora, o corpo cansa-se não só pelo trabalho que lhe damos para realizar, mas também pelas agruras da alma que, como diz o povo, "não matam mas moem".

É pois sensato dar descanso ao corpo, essa fantástica máquina de máquinas que nos traz vivos, sendo também com ele que morreremos quando a sua vitalidade se esgotar ou algum dos seus órgãos essenciais deixar de funcionar.

Aí será o eterno ADEUS à VIDA! 

Por isso, vamos de Férias! Aqui também.

Lá para final de Setembro, regressaremos para, entre outras curiosidades, finalizar a análise crítica deste livro que dizem sagrado e a que chamamos Bíblia.

BOAS FÉRIAS!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Da desonestidade intelectual dos chefes religiosos

 

Poder-se-á/dever-se-á falar de desonestidade intelectual, falando dos chefes ou mentores das religiões?

 É que eles, além de crentes, têm uma razão para pensar e uma inteligência que os obriga a questionar aquilo que não entendem. Claro que o que é da Fé, aceita-se e não se discute. Mas será mesmo assim?

Uma possível definição de “Honestidade intelectual” seria: “A busca da Verdade, independentemente de se concordar ou não, acreditar ou não nos factos reais ou supostos.”

Que há muita desonestidade intelectual em todos os sectores da sociedade, do financeiro, ao económico, ao político, não é novidade e é comumente aceite. Acerca da desonestidade intelectual dos mentores religiosos, parece ser um tabú, ninguém dela falando.

Nós, por aqui, não temos tabús, embora tenhamos receio em abordar a questão/religião muçulmana, devido às ameaças à nossa integridade física por tal acto de liberdade. (Veja-se o que aconteceu a Salman Rushdi, pela publicação do seu excelente livro “Os versículos satânicos”, denunciando o Corão

Aliás, já teríamos ardido na fogueira por criticar abertamente a suposta veracidade da Bíblia e a sua suposta inspiração divina, se tivéssemos vivido em tempos de Inquisição. Felizmente, que as igrejas cristãs já ultrapassaram essa fase, coisa que não acontece com a religião muçulmana.

Ora, com a formação religiosa cristã/teológica que possuímos, vamos focar-nos mais nos mentores desta religião (ou serão 3?) desde os papas os dos católicos, dos ortodoxos ou dos protestantes, aos mais humildes sacerdotes ou leigos que se dedicam de corpo e alma ao ensino da catequese, debitando às crianças aquilo que os mais “graúdos” lhes ensinaram…

O princípio tem de ser básico e universal:

“Há desonestidade intelectual sempre que se afirma como VERDADE algo que não é possível provar como VERDADE”.

Ora, tudo o que se passa nas religiões é uma verdadeira fraude. Desde os dogmas e teorias, apoiados ou não em livros ditos sagrados ou de inspiração divina (mais uma falsidade!) aos cerimoniais, festas e romarias e procissões onde se apresentam artefactos ditos sagrados e que não passam de objectos mais ou menos bem decorados ou talhados de madeira ou outro material mais nobre: cobre, prata ou ouro.

Logo, não há dúvida de que há toda uma desonestidade intelectual subjacente às religiões!

Assim sendo, é espantoso como tantos milhões acreditam nos deuses que lhes vendem, deuses sem qualquer credibilidade quer factual (os factos que apresentam para os acreditarem) quer ao inexistente nível racional, explorando-se ao máximo as emoções e as carências existenciais das pessoas.

Mas é o MUNDO E AS SOCIEDADES que temos! E é nele e com elas que temos de VIVER!

Claro que poderemos sempre perguntar: se as pessoas vivem felizes ou mais felizes, acreditando em imaginações, fantasias, invenções que os “charlatães” religiosos lhes vendem, porque não valorizar essa… DESONESTIDADE INTELECTUAL?

Fica a pergunta! Nós não temos resposta…

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 382/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS 

 Capítulo 1

 – O livro dos Actos dos Apóstolos foi escrito provavelmente entre 80 e 90 d.C. O seu autor é o mesmo do terceiro evangelho, (…) Lucas.

Após este dado de cariz histórico, deixemos comentários e interpretações e vamos ao texto.

– Ainda há palavras atribuídas a Jesus, após ressuscitado: “Estando com os apóstolos, numa refeição, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não vos afasteis de Jerusalém. Esperai que se realize a promessa do Pai, da qual ouvistes falar: João baptizou com água; vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.» (Act 1,4-5)

– Ora, aí temos mais uma vez um corpo ressuscitado, comendo, bebendo, deglutindo, falando!... Afinal, com que corpo comia, bebia, falava? Com que cabeça raciocinava? Que metabolismo o daqueles alimentos ingeridos, não sabemos com que boca, saboreados não sabemos com que língua, digeridos não sabemos com que estômago!… Tal problemática não parece interessar aqueles apóstolos que, “anastesiados” pela magia da presença de Jesus que viram morto e bem morto, nem lhes passavam pela cabeça tais “trivialidades”… Mas Jesus comia ou… fingia que comia? Tinha ou não tinha corpo que era preciso ser alimentado?…

É estranhíssimo que nenhum crente de hoje se ponha tais questões. É que não são questões menores! Estão no âmago de todo o imbróglio da suposta ressurreição, ressurreição que está na base do cristianismo.

– Aliás, com que individualidade-realidade-essência andou Jesus “cá por baixo”, durante quarenta dias antes de subir ao Céu? - “Durante quarenta dias, apareceu-lhes e falou-lhes do Reino de Deus.” (Act 1,3) E porque quarenta e não dez ou cem dias? E que dias eram aqueles para quem já fazia parte da eternidade, se é que alguma vez fez parte do… tempo?!

– E aí vem o baptismo do Espírito Santo. A existência de um Espírito Santo até se pode compreender. O que realmente não se compreende é porque é necessário que Ele venha para confirmar na Fé os apóstolos. E, confirmando os apóstolos, nos iluminar também a nós que bem precisamos que alguém nos ilumine e faça luz nas nossas mentes que nada entendem e que não conseguem fugir à dúvida sistemática… A economia divina é assim tão complicada? Necessita de um Deus-Pai, de um Deus-Filho e ainda de um Deus-Espírito Santo para se apresentar aos Homens? Não complica Deus tudo? Não sabe Deus que não precisamos para nada de um Espírito Santo para nos confundir em vez de nos iluminar? Porquê um Deus uno mas trino em pessoas como reza o mistério da Santíssima Trindade? Esta seria sem dúvida uma das muitas perguntas que teríamos feito a Jesus Cristo se tivéssemos lá estado, antes que Ele fosse definitivamente para o Pai do Céu!

– Realmente, ninguém entenderá porquê e como é que Jesus nem os apóstolos conseguiu convencer totalmente, eles que viram tantos milagres e privaram tão intimamente com Jesus, durante três anos, necessitando ainda de um Espírito Santo para os confirmar na Fé! Se eles, que tudo viram e tanto ouviram, precisaram de um Espírito Santo, de quantos precisaremos nós, já não digo para nos fortalecer na Fé, mas simplesmente para termos… Fé?! Quantos?

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 381/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 75/75 - FIM

 – As últimas palavras postas por João na boca de Jesus são acerca de… si próprio, não deixando, aqui, de revelar alguma vaidade: “Pedro virou-se e viu atrás de si aquele outro discípulo que Jesus amava (…) e perguntou a Jesus: «Senhor, o que lhe vai acontecer a ele?» Respondeu-lhe Jesus: «Se Eu quero que ele viva até que Eu venha, o que é que tens com isso?» (…) Então correu a notícia entre os irmãos de que aquele discípulo não iria morrer.” (Jo 21,20-23)

– Perdoemos a vaidade a João, já que nos deixou este Jesus tão amante do Pai, o Jesus do Mandamento Novo “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.”, o Jesus da Samaritana!…

– E o que quereria dizer Jesus com aquele “até que Eu venha”?

– Mais um enigma para a nossa pobre mente conjecturar, apesar de se saber que João terá vivido até próximo dos cem anos…

– No final do seu evangelho, ao contrário dos outros evangelistas, João não fez Jesus subir ao Céu… Acaba com a declaração:

“Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu. E nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.” Saberia? - Nós temos sérias dúvidas que explanámos ao longo destes 75 textos. 

E ainda com a frase que nos deixa alguma mágoa por ficarmos sem saber o que Jesus realmente fez e realmente disse, para conseguirmos descortinar a Verdade que, nesta Bíblia, dita sagrada por inspirada por Deus, procurámos, procurámos e não encontrámos…:

“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que os livros que seriam escritos não caberiam no mundo.” (Jo 21,24-25)

- Exagero, evidentemente!… Aliás, o que nós queríamos era algo  que nos confirmasse sem sombra de dúvida, de que o judeu Jesus era o Cristo, o Messias, o Filho de Deus encarnado em espécie humana e em cujas palavras pudéssemos acreditar. Mas o Jesus de João como o dos outros três evangelhos apresenta tantas lacunas, a todos os níveis, que não consegue passar de um humano simpático, revolucionário, se quisermos, pregando uma eternidade, um Céu e um Inferno em que acreditava, mas que nunca conseguiu provar como existentes. Por isso…

E foi o fim deste quarto evangelho, escrito, segundo rezam os históricos, pelos anos 90-95. E, embora convencidos de que basta de perguntas, basta de dúvidas, basta de incertezas, vamos ver se ainda haverá, em outras paragens bíblicas, algo que consiga tirar-nos da grande-fundamental-essencial-tremenda dúvida acerca da existência do tal Deus-Pai, do tal Céu, do tal Inferno, da tal vida eterna…

 

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 380/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 74/?

 – Da suposta ressurreição de Jesus, já falámos. Por isso, não nos alonguemos mais. Mas repetiremos que não há nenhum ser vivo que ressuscite porque todo o ser vivo nasce para morrer e se integrar na matéria de onde veio e de que feito. E repetiremos ainda que as narrativas da ressurreição de Jesus não merecem qualquer credibilidade pela mistura caótica do natural e sobrenatural, caos impossível de conciliar com a realidade humana. Por outro lado, isto de apelar para a Fé, quando nada se pode explicar, tem os seus limites. Embora continue válido o princípio de que acredite quem quiser…

– Então, voltemos ao real da História:

Depois de comerem, três vezes Jesus pergunta a Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?» e três vezes Pedro teve de responder: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu Te amo.» (Jo 21,15-17)

– Primeiro, aí temos mais uma vez um suposto ressuscitado a comer, a beber, a falar, com mãos que repartiram o pão e o peixe. Que figura? Que corpo? De carne e osso ou corpo etéreo, corpo que comia mas não comia porque não tinha para onde ir a deglutição, bebia e não bebia, falava e não falava porque não tinha cordas vocais que emitissem sons?!... É um nunca mais acabar de perguntas surreais…

Depois, como se sentiriam os outros discípulos ao ouvirem perguntar se Pedro amava mais Jesus do que eles?… Como se sentiu o próprio João, que se tinha pelo “discípulo que Jesus amava”? Repare-se ainda que Pedro não responde que ama mais Jesus do que os outros o amam.

- E Jesus diz ainda a Pedro: “«Quando eras mais novo, punhas o cinto e ias para onde querias. Quando fores mais velho, estenderás as mãos e outro te apertará o cinto e te levará para onde não queres ir.» Jesus disse isto aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus.” (Jo 21,18-19)

– Quando escreveu o evangelho, João sabia como Pedro tinha morrido: amarrado numa cruz, mas de cabeça para baixo… Considere-se ou não uma alusão ao tipo de morte de Pedro, foi-lhe fácil “inventar” tal interpretação! Não se percebe é porque Jesus ainda ali, despedindo-Se, fala com ele por metáforas! Muito gostava este Jesus de falar por… metáforas, enigmas, parábolas! Não há dúvida de que tal atitude revela incapacidade inata para explicar claramente aquilo que queria apregoar e de que estaria convencido: a vida eterna no Céu para os bons e o Inferno eterno para os maus. Aqui, poderia ter dito simplesmente a Pedro que iria morrer crucificado como ele o foi. Ou então… não dizia nada! No entanto, tudo leva a crer que foi mais uma inventada profecia de João para atingir os seus objectivos apostólicos: vendo nós que se realizou, acreditemos que Jesus é/era/foi o Messias, o Filho de Deus.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Ser ou não ser, eis a questão - To be or not to be that's the question

Os inconvenientes da dúvida metódica cartesiana

 Com a célebre frase “Cogito ergo sum” (Penso, logo existo), Descartes leva-nos ao óbvio: sentir-nos existentes. Mas também à dúvida metódica que, em termos simples, nos diz que só devemos acreditar nisto ou naquilo, depois de termos razões seguras e fundamentadas para o fazer.

Ora, a dúvida metódica não ajuda muito quando se trata das nossas dúvidas existenciais: “o que somos, porque estamos aqui e, sobretudo, para onde vamos”. É a nossa parte racional a reclamar. Para responder a tão magnas questões, as religiões têm apresentado respostas, mas respostas todas baseadas nas emoções, excluindo completamente a razão, razão que, fundamentalmente, é o que nos distingue dos outros seres vivos

Sem respostas racionais mas apenas emocionais, sentimo-nos profundamente frustrados. Na verdade, não aceitamos facilmente que, tendo vindo à VIDA e numa forma racional, depois acabemos para sempre, sem deixar qualquer rasto. Como se nunca tivéssemos existido, sendo absolutamente irrelevante para a Terra, os Céus, o Universo, o Espaço Infinito – DEUS! – que tivéssemos existido ou não! E isto, quer tenhamos sido ou não relevantes para a sociedade, em comandos, inovações, descobertas. Uma vez morto, o EU desaparece para sempre. Então, a pergunta, para a qual não parece haver resposta, é: por que razão temos tanta sede de eternidade?

Por outro lado, os que crêem no transcendente, no espiritual, seja através das religiões, as mais diversas e as mais bizarras ou mais irracionais, seja através de outros movimentos ditos espiritas – obviamente, sem provarem que haja qualquer espírito, qualquer divindade, qualquer transcendente! – os que crêem parecem viver mais felizes, encontrando facilmente explicações para todos os fracassos, todos os sofrimentos da Vida, aceitando-os numa perspectiva transcendental, isto é, esperando uma eternidade onde, enfim, serão felizes para sempre. “For ever!”, diríamos em inglês.

E rezam aos seus deuses ou aos seus espíritos ou aos seus entes que crêem estarem noutra dimensão, no chamado Transcendente, consolando-se com o crerem ser atendidos nas suas preces. Mesmo que o não sejam. Nesse caso, a “culpa” será sempre do que reza, nunca do Transcendente ao qual reza…

Os exemplos são tantos, em todas as “igrejas”, que não vale a pena citar nenhum!

Ora, e EU? O que faço eu com todo este “imbróglio” existencial? Decido-me a acreditar para ser mais feliz nesta vida, que é a certa, ou continuo no meu inveterado racionalismo que não me leva a lado nenhum e não me dá qualquer esperança de eternidade? Melhor, apenas – apenas?! – me leva à talvez única VERDADE absoluta: 

NASCEMOS POR ACASO, VIVEMOS MELHOR OU PIOR, CONFORME A SORTE E AS CAPACIDADES DE INTELIGÊNCIA E EMOÇÃO QUE O NOSSO ADN NOS PROPORCIONOU, E MORREMOS, DESAPARECENDO PARA SEMPRE, SEM DEIXAR QUALQUER RASTO, COMO SE NUNCA TIVÉSSEMOS EXISTIDO.

Eis o dilema: ou creio e tenho alguma esperança numa eternidade com esta identidade que sou, ou não creio e só me resta caminhar, estoicamente, para o desaparecimento eterno, um absoluto NADA.

Perante tal situação, VALERÁ AINDA A PENA SORRIR? – BEM: SEMPRE É MELHOR SORRIR OU RIR DO QUE CHORAR, AH, AH, AH… 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 379/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 73/?

 – Ai o José ou S. José… O velho José, como no-lo pintam para que não tivesse desejos sobre a bela Maria Virgem… Que ingratidão e deturpação da certamente verdadeira história!

José nunca mais foi referido, após ter cumprido a sua missão de criar Jesus e de o levar, fugindo até ao Egipto, aparecendo à procura dele quando, aos doze anos, este não Se importou da aflição em que deixou os pais e Se ficou pelo Templo, ouvindo e discutindo com os doutores, querendo que os Pais, Maria e José, soubessem-adivinhassem que Ele tinha de Se ocupar das coisas do seu Pai e que, nem sequer pedindo desculpas, como qualquer miúdo de doze anos educado faria, disse insolentemente: “Porque Me procuráveis? Não sabíeis que tinha de Me ocupar das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49) Bem-educado, o puto, não acham?!

– A Maria chamaram-na de “Nossa Senhora”. E é a Senhora da Conceição, a Senhora dos aflitos, a Senhora das candeias, a Senhora dos milagres, a Senhora de Fátima, a Senhora de Lourdes, a Senhora do Bonfim, a Senhora da Saúde, a Senhora dos desamparados, a Senhora de e de e de… Um nunca mais acabar de Senhora de tudo e de quanto Lhe quiseram chamar no imaginário devoto dos fiéis que sempre entenderam que sem Maria, o Jesus de palavras de vida eterna não teria existido…

E também há a “Mater dolorosa”, a Pietá… que fazemos chorar pelo Filho que é pregado na cruz, ali em frente dos seus olhos e que, deposto da mesma cruz, Lhe é colocado nos braços, ferindo de dor inaudita o seu amoroso coração… Quem poderá-saberá sentir a dor de mãe, recebendo nos braços o corpo morto de um filho que lhe saiu das entranhas?…

Mas tudo isto e… muito mais que fica por dizer, “simplesmente” porque se disse que Cristo ressuscitou!… Tivera ficado morto, lá no sepulcro, e não passaria de mais um profeta que o povo ou as autoridades mataram, em nome de uma Lei que os judeus escreveram mas parece que nunca souberam interpretar-aceitar com a razão… Aliás, quando se mistura Deus e o Homem, o divino e o humano, o sagrado e o profano, que razão não fica incapaz de pensar para além dos seus limites pouco mais que materiais?

Assim sendo, que pena que não tenhamos quaisquer provas credíveis de que o homem judeu Jesus a quem chamaram de Cristo e Filho de Deus, ressuscitou! É que, assim, todo o homem teria direito a… ressuscitar! Nem que fosse apenas com um corpo glorioso/espiritual, mas sem perder a identidade do que, um dia, foi em vida!

ENFIM, A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER…

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O Corpo de Deus, a Casa de Deus

 

Deus terá corpo e precisará de uma casa?

 Eis duas designações ou expressões que não fazem qualquer sentido. Pronunciá-las, é esquecer deliberadamente – levando os crentes ao engano! – que Deus, por ser infinito e eterno, não pode ter nem corpo, nem casa!

Mas a Igreja católica celebra, com pompa e circunstância, missas, cânticos e procissões, o Dia do Corpo de Deus!

E até é fácil de entender: para quem acredita na tenebrosa – ou simpática? – invenção de que o judeu Jesus é o Cristo, o Filho de Deus Vivo, e numa não menos tenebrosa – ou simpática? – invenção de que, a cada missa, às palavras mágicas do sacerdote “Isto é o meu corpo”, “Isto é o meu sangue”, aquele pedaço de pão e aquelas gotas de vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo – não de Jesus, este já não interessa!... – para os que nisto acreditam, há realmente um corpo que ali fica na hóstia, presa num sacrário, depois de consagrada pelo ministro dito sagrado, sacralidade sem qualquer credibilidade já que lhe foi conferida por um bispo que também não a tem e a este por um papa que de igual modo não a justifica. Ah, que despudorada presunção: pensar que às palavras de um qualquer sacerdote, mesmo pedófilo pecador abominável, o pão se transformava em carne e o vinho em sangue do Cristo!

Enfim, é tudo FÉ!

E o que é da Fé não se discute. Acredita-se e pronto!

Assim, como no campo da Fé, tudo é possível, é inócuo atribuir um corpo a Deus, através do seu Filho que é Deus com Ele – supõe-se, através de outra não menos tenebrosa invenção (cremos que não muito simpática, pois mistério, juntando-se a tantos outros de que a religião lança mão para o que não consegue explicar, quando questionada…) a invenção da Santíssima Trindade.

É realmente interessante que tantos humanos se deixem “levar/conquistar” pela Fé, acreditando em algo que não tem qualquer credibilidade por não ter sido nem provado nem testado, como se exige na boa lógica racional.

E, assim, temos realmente um “Corpo de Deus”! E, claro, podemos fazer-lhe festas e dedicar-lhe um Dia, com pompa e circunstância. Este ano de 2023, é no dia 08/06. E temos feriado! Então, vivam as festas do Corpo de Deus!

Agora, a “Casa de Deus”. Chamam “Casa de Deus” às igrejas. Mais uma expressão nonsense. Se lhes chamassem “casas de oração, casas de recolhimento, casas de meditação, casas do silêncio, etc.”, tudo estaria certo. Agora, “casa de Deus”, não!

Enfim, mais uma vez os crentes, ao ouvirem “Igreja, casa de Deus” pensam que têm ali o corpo de Deus, na forma de hóstia, fechado num sacrário ou relicário e prostram-se perante tal artefacto, e prostram-se perante tantos santos e santas da sua devoção. E vão ali à missa e à reza do terço. Nas mais “modernas”, já se pode ir a um concerto natalício ou pascal, mas clássico. Nada de músicas não “apropriadas”, nem que sejam belas melodias de encantar…

Ai, meu Deus, o que as religiões fizeram de Ti! Como se Tu fosses um joguete nas mãos dos Homens que Te inventaram e que Te deram nomes e que Te construíram santuários! Homens cujos seguidores vivem à tua custa e à custa das crendices que continuam a vender aos seus fiéis. (Salvam-se a s boas acções de caracter social que desenvolvem, com mérito!) E que manifestação de pequenez intelectual, confinando-Te a uma Terra que não é mais do que um pontinho na grandeza do Universo, Universo perdido entre milhares de milhões de outros, no Espaço Infinito que é Deus-Ele-Mesmo, sendo esse, sim, o teu Corpo, esse, sim, a tua Casa! Que tristeza!

É tempo de apresentarmos aqui uma NOVA VERDADEIRA RELIGIÃO. Aparecerá em breve! SURPRESA!...

 


 

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 378/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 72/?

 – O que é certo é que Jesus aí está ressuscitado dos mortos!… - assim o fazem crer as igrejas cristãs aos seus fiéis. Continuando a cumprir as… Escrituras ou… as próprias palavras do mesmo Jesus!

Mas também o que é certo é que não apareceu, ressuscitado, a multidões como nós teríamos feito, para darmos credibilidade urbi et orbi à nossa RESSURREIÇÃO… Ora, se ele não deu credibilidade à sua ressurreição, como e porquê deveremos acreditar nela?!

De qualquer modo, assim foi feita a História que temos e à qual já não podemos fugir e que não podemos alterar, nem o próprio Deus… O que está feito, está feito!… Mas podemos/devemos ir à procura da “verdadeira” Verdade, para não sermos enganados, sejam ou não boas as intenções dos que nos enganam ou tentam enganar!

Como consequência, aí temos um Jesus, consciente ou não do que “Lhe” aconteceria no futuro, nestes dois mil anos após a sua paixão, morte e suposta ressurreição, um Jesus super-star de cinema, pregado nas cruzes das inúmeras igrejas no mundo inteiro, promotor de guerras políticas e religiosas, no seio dos seus próprios crentes, pintado nas duas faces de Deus e Homem, na Terra e no Céu, motor de uma civilização dita de grandes valores, cantado por músicos com as mais belas músicas já alguma vez construídas e inspiradas aos génios musicais da Terra… desde o belo e suave canto gregoriano, aos conjuntos musicais em missas com os kyries, glorias, credos, sanctus, agnus Dei, aos requiems, aos alleluias, aos recitativos e admiráveis corais, em obras sobre a paixão…

… Não falando em representações - pinturas ou estatuária - do Céu e do Inferno, dos Anjos e dos Demónios, dos santos de todos os tempos e lugares e sobretudo da… Virgem Maria que, se durante a vida de Jesus, pouca atenção mereceu da parte dele, não nos dando os evangelhos “boas” notícias a tal respeito, o povo, os crentes, os cristãos todos colmataram tal lacuna de Jesus, dando a Maria um lugar, no coração dos fiéis e nas igrejas muitas vezes parecendo bem mais importante do que é dado ao próprio Jesus que continua quase sempre ali crucificado, doloroso, amachucado, castigado, embora vítima inocente e condenado sem culpa alguma…

Maria aparece em apoteose em anunciação do anjo, grávida de Jesus, parturiente, mãe ali no presépio… Ah, o presépio, como faz as delícias, como fez as delícias dos nossos sonhos de criança!… Que músicas, que festas, que beijinhos naquele pezinho frio da imagem do Menino, tirado da manjedoira, aquecido pelo bafo da vaca e do jumento, aclamado por anjos e pastores, adorado pelos reis Magos, estando discretamente presente o bom do S. José!…

(Continuaremos a falar de José e Maria, no próximo texto)

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Universo, querido Universo, para que te quero?

 Saber muito sobre o Universo é interessante mas… mas não passa disso!

 É espantoso o que conhecemos sobre este Universo observável. Exactamente porque é observável!

Foi-lhe determinada uma data de “nascimento”, cerca de 15 mil milhões de anos, (logo, terá de ter um fim, embora tudo se transformando, nada se perdendo, simplesmente porque não tem por onde perder-se…), conhecem-se milhares de milhões de elementos que o compõem, desde as estrelas que se agrupam em galáxias, aos aglomerados de galáxias, que se contam por milhares de milhões, às nebulosas, cadinhos do nascimento de novas estrelas, num eterno retorno da matéria à matéria através duma energia sempre em movimento, sempre se renovando, sempre se transformando…

Se já conhecemos muito deste Universo, o que desconhecemos dele é quase de dimensão infinita. Sabemos, por exemplo, das astronómicas distâncias que separam as estrelas dentro da sua própria galáxia, as galáxias dentro dos seus aglomerados, tendo que se medir em anos-luz e parsecs…, mas ignoramos completamente o seu número, número que embora seja colossal nunca poderá ser infinito porque forçosamente finito no mensurar da Matéria e Energia que tudo informam.

E nada nos adianta saber que TUDO obedece a uma Lei soberana: a lei da gravidade universal, tudo se atraindo, tudo se repelindo, num equilíbrio tremendamente forte que nada consegue abalar.

Maior mistério ainda – mistério que nunca será desvendado! – é saber o que havia antes deste Universo e onde ou em que ponto do espaço se encontrava a matéria energizada que lhe deu origem. Embora, se o Espaço é infinito, não seja possível determinar um qualquer ponto onde pudera ter estado e começado…

Outro mistério não menor é saber quantos Universos haverá no Espaço, Espaço que só pode ser infinito, portanto sem barreiras de começo ou de fim. Obviamente, o “nosso” Universo não pode ser único, mas foi nele que brotou certamente uma das mais belas histórias de todos os Universos (embora nada saibamos do que se passa/passou/passará nos milhões de outros forçosamente existentes) – A HISTORIA DA VIDA E, NELA, DO HOMEM! – ambos aparecendo num pontinho de matéria do mesmo Universo: um médio Planeta de uma média Estrela, na periferia de uma Galáxia, pontinho que dá pelo nome de TERRA. E de certeza que não somos únicos, mesmo neste Universo, dadas as suas colossais dimensões e a quantidade de Matéria e Energia que o formam.

Então, bendita sejas, ó Terra, e bendito seja o Sol que alimenta a VIDA que há em ti! VIDA que eu tive a sorte de participar num dado momento do Tempo!

E tu, querido Universo, já que não sou raio de luz que possa circular à sua velocidade – e mesmo assim, levaria milhares, milhões ou mesmo biliões de anos para ir de estrela em estrela, ou de galáxia em galáxia – para contemplar e me deliciar com as tuas belezas, olhando as imagens fantásticas que nos chegam do Espaço, como, por exemplo, das Nebulosas…, vou viajando por ti, em fantasia ou imaginação, perdendo-me, olhos fechados, num relax total, junto de um Buraco Negro com a sua extrema capacidade de tudo absorver em redor, nada podendo se libertar dele, ou de uma Estrela gigante, ou de uma Nebulosa multicolor devido às poeiras energizadas que nela actuam, assistindo ao enigmático nascimento desta e mais daquela e mais daqueloutra estrela, estrelas que, depois de milhões, irão formar uma nova Galáxia…

Estes pensamentos enchem-me a alma e libertam-me o espírito do miserável comezinho do da-a-dia…

FANTÁSTICO, NÃO É? POR ISSO, OBRIGADO, QUERIDO UNIVERSO!

 

 

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 377/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 71/?

 (Continuamos a análise crítica do final do evangelho de João)

– Sempre o mesmo dilema-nonsense:

Não conseguimos falar de Deus sem ser à nossa maneira humana. Jesus também “caiu no erro” de nos apresentar um Deus-Pai tão humano ou humanizado a querer isto e aquilo, a ordenar isto e aquilo, a ter uma vontade que era necessário que Ele cumprisse, a ter Ele de obedecer, a ter alegrias e tristezas… que pouco nos restou do Deus-Deus que realmente não pode estar sujeito a estas “limitações” ou coisas próprias não de Deus mas do Homem!… E perguntaríamos, talvez repetindo-nos: “Porque é que Jesus não nos apresentou Deus realmente acima de qualquer prerrogativa humana? Porquê? Não no-Lo faria muito mais credível?”

– Seria! Seria um grande espectáculo! Seria a apoteose final da vinda do Filho de Deus à Terra, que bem merecia melhor do que umas quantas aparições a uns quantos discípulos só para os confirmar na Fé… e os enviar a pregar a Boa Nova: “«Assim como o Pai Me enviou assim Eu vos envio a Vós.»” (Jo 20,21)

E então, todos tendo visto o Cristo ressuscitado, fariseus, sumos-sacerdotes, todos os Pilatos daquele tempo, destes tempos, todas as multidões, toda a gente que houvera visto, seria um discípulo de Jesus que espalharia pelo mundo inteiro a sua mensagem de amor, sem recorrer ao martírio daqueles discípulos que, tendo sido os únicos - sem contar com as felizes Madalenas que tiveram o privilégio de serem as primeiras! - a verem Jesus ressuscitado, foram supostamente incumbidos de tal missão! (Pelo menos, eles assim o pensaram, coitados!)

É que eles foram mortos e sacrificados só por anunciarem um Cristo crucificado que morreu incompreendido por quase todos aqueles afinal para quem Ele dissera que o Pai O enviou… Como se alteraria a História! Como seria uma História muito mais fraternal, humana, sem sofrimento, perseguições, martírios absolutamente inúteis de tantos e tantas que foram sacrificados no tronco ou metidos em conventos!… Pois já que a paixão e morte de Jesus Cristo não pôde ser evitada para cumprir as Escrituras, ao menos evitar-se-iam as mortes e torturas a que foram sujeitos os seus discípulos!… Tanto sangue derramado inutilmente! Tanto, tanto, tanto!… Não só naquele tempo, mas em todos os tempos! Com e sem Igreja ou ainda mais com esta!

– Não sei! Não sei se aqueles não teriam de sofrer tais suplícios, exactamente para cumprirem outras Escrituras, agora não as inspiradas por Javé-Deus no A.T., mas as próprias palavras de Jesus, referindo-se aos discípulos: “Vou enviar-vos para o meio de lobos… O servo não é mais do que o seu patrão nem o discípulo maior que o seu mestre. Por isso sofrereis perseguições, sereis maltratados e mortos por causa do meu Nome.” (Mt 10,16-25)

– Oh, abomináveis Escrituras! Abomináveis palavras de Javé-Deus ou de… Jesus Cristo! - perdoem-nos também mais esta heresia!

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Fátima, mais uma vez!

 

13 de Maio de 2023

 As aparições da Virgem Maria em Fátima, aos três pastorinhos, foram inspiradas pelas que aconteceram em Lourdes, uns 50 anos antes, com Bernardette. Esta também foi pobre, pastora, de frágil saúde, pouca instrução, teve as aparições (18) lá numa gruta de uma senhora dita “Imaculada Conceição”, foi para o convento, escreveu as suas memórias, padres e bispo “relutantemente” aceitando o facto, constatando-se depois vários “milagres”, nas águas da gruta…

Os clérigos de Ourém-Fátima terão pensado: Se a pequena cidade de Lourdes ficou no mapa com Bernardette porque não pôr no mapa uma pequena aldeia do centro de Portugal, chamada Fátima? Se assim o pensaram, melhor o fizeram. E a imaginação ultrapassou a dos clérigos de Lourdes: três videntes, também pastores, uma azinheira para a Virgem aparecer (apenas 6 vezes), miúdos pobres e de frágil saúde frequentadores da catequese, aparição também de um anjo, o milagre do Sol, muitas orações e… três segredos a desvendar mais tarde com autorização do papa! Fantástico!

Ora, o grande problema foram as orações: as aprendidas pelas crianças na catequese fundamentalista da altura. Aí havia o Céu de Deus com os seus anjos, o temível Inferno cheio de demónios com chifres, mas divertindo-se no meio das chamas…, o Purgatório para as almas se purificarem, antes de irem para o Céu, de seus pequenos pecados, ditos veniais, e o Limbo para os inocentes que morreram sem serem baptizados. “Lindo” para a imaginação/formatação da mente de uma criança, não é?!

E a oração mais problemática – e que levou a prodigiosa imaginação clerical de Ourém ao descrédito total – é aquela que ainda se reza hoje aquando da reza do terço nas igrejas em tardes vespertinas: “Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno e levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.”

É que, se há Céu e Inferno, não há umas almas que precisam mais que as outras: todas precisam igualmente de irem para o Céu…

Mas a religião já todos sabemos que não se baseia em racionalidades mas em emoções. E quanto mais emotivos os motivos, melhor! Fátima é um desses locais onde apenas impera a emoção. Se os factos ocorreram ou não, não interessa aos peregrinos. O que lhes interessa é “saber” que vão estar num local sagrado (os limites não importam tampouco), na companhia de uma Virgem e Mãe – MÃE DE DEUS! – a quem vão rezar e orar e… onde vão cumprir promessas feitas em momentos de grande aflição. Ora, quem não tem na vida momentos destes? E quem senão a Virgem, os nossos santinhos de devoção, o nosso anjo da guarda para nos valerem e ouvirem as nossas ardentes súplicas? É que não há mais ninguém a quem recorrer. Por isso…

E há humanos que, sabendo disto, sabem como explorar esses sentimentos, essas emoções, quer em proveito próprio, quer de um grupo ou de um povo: são os mentores/inventores/propagadores das religiões!

Assim aconteceu, assim acontece todos os anos e todos os dias 13, de Maio a Outubro, em Fátima. Com todos os clérigos e papas a apoiar e a… lucrar!

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 376/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 70/?

 Eis então, o que João nos narra, para finalizar o seu evangelho:

Primeiro, é o milagre da aparição de Jesus aos discípulos que estavam pescando, (certamente, porque, tendo-lhes faltado Jesus, tiveram de retomar as artes para terem de comer para si e para os seus, já que todos teriam família!...) seguido do milagre da abundância de peixes - cento e cinquenta e três peixes grandes (mas que precisão de números!) - juntando-se ainda o milagre de a rede não rebentar com tamanho peso, e ainda outro: o aparecimento de um peixe a ser assado nas brasas e pão… Uma fantástica sequência de milagres! É pena que não haja ninguém que comprove a sua veracidade. E a palavra de João merece-nos realmente muito pouca credibilidade….

– Então, “Jesus disse-lhes: «Vinde comer.» Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe quem era, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-Se, tomou o pão e distribuiu-lho. Fez a mesma coisa com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.” (Jo 21,12-14)

– Milagres! Muitos milagres! Na presença de alguns discípulos! Para que eles acreditassem!… Porque não em frente das numerosas multidões que O tinham visto fazer a multiplicação dos pães e dos peixes? (Se é que tal milagre aconteceu, pois pelas aparentes nulas consequências, qualquer analista crítico duvida da sua realização) Que reacção teriam tido aquelas multidões se, todos sabendo que Jesus morrera, bem crucificado e bem morto, trespassado pela lança, embora não Lhe tenham quebrado as pernas para que - mais uma vez! - se cumprissem as Escrituras (Jo 19,33-36), vissem novamente Jesus ali, desafiando todas as leis da Natureza e a pertinácia dos Homens que teimaram em matá-Lo, e ali continuasse a fazer milagres, revelando-Se verdadeiramente Deus pois o Homem que Ele fora, teria ficado para sempre naquela cruz?… (Embora, tivesse mãos para distribuir, língua para falar, boca para comer e beber..., tudo com um corpo que não seria bem um corpo...) Que espectacularidade! Então sim, não haveria fariseu, nem sumo-sacerdote, nem nenhum Pilatos ou qualquer ser humano dotado da mínima inteligência que não acreditasse que Jesus era, fora realmente o Messias, era, fora realmente o Filho de Deus, liberto agora já do peso de ter de cumprir as omnipotentes Escrituras que O tinham obrigado a Ele a sofrer, a Judas a traí-lo e aos seus algozes a aplicarem o castigo que tais Escrituras determinavam para o… Salvador-Redentor-Enviado-Messias-Filho de Deus-Prometido!

Ah, como Jesus Se sentiria liberto de tanta pressão escritural!… Como até certamente o Pai também já não sentiria a obrigação de torturar um Filho só porque um dia, na eternidade, Se tinha lembrado de inspirar uns profetas a escreverem algo que depois não podia anular, exactamente por ter sido Ele a inspirá-lo!… Se pudesse ter remorso ou arrepender-se,… que remorso… que arrependimento!… - perdoem-nos todos tamanha heresia!… Se é que o Pai tinha ou podia sentir alguma coisa que isto de sentir e de ter de… só se aplica aos meros mortais e nunca a Deus que não pode sentir, por não ter sentidos, nem pode ter de, por não estar obrigado a coisa nenhuma, nem da Terra, nem do Céu, nem de… Si mesmo!…

E NÃO TERIA SIDO NECESSÁRIA MAIS NENHUMA PROVA DA REAL VINDA DO FILHO DE DEUS – DEUS ELE-MESMO! – À TERRA!!!

MAS…

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Os segredos da alma e suas lamentações

 

Afinal, quem sou eu?

 Chamam-me psyké, ânima, espírito, sopro divino, sopro vital… e, afinal, sou “apenas” um “cérebro”, um corpo dentro de outro corpo! Em qualquer ser vivo. Animal ou planta! Em cada ser vivo, com a sua especificidade de ADN. E quão grande é a sua variedade!

Fui criada no acto da “concepção”, simultaneamente com o corpo que me suporta e que eu animo, sendo completamente interdependentes: ele não vive sem mim, eu não vivo sem ele.

E, assim como aparecemos em acto simultâneo, em acto semelhante iremos desaparecer. Para sempre… E como se nunca tivéssemos existido… Uma passagem no Tempo, passagem que aconteceu por puro acaso, no turbilhão dos modos de vida que inundam planetas onde ela seja possível, com esta forma, a única que conhecemos… (Haverá outras? Quem sabe o que se passa nesses desconhecidos infinitos e eternos Espaço e Tempo?)

Foi no planeta Terra! Foi neste Tempo! Poderia ter sido há um milhão de anos ou daqui a um milhão de anos. Mas não: para o humano de hoje, FOI AGORA, durante cerca de 100 anos, nos anos 2000… E outra oportunidade jamais lhe será concedida. Ou a aproveita ou perde-a para sempre…

Nos humanos, eu sou inteligência emocional e racional; eu sou linguagem, música, ritmo, matemática; eu sou Ciência, curiosidade, AMOR, mas também ÓDIO, ternura e violência, sagacidade e… estupidez, generosidade e egoísmo, altruísmo e avareza. Querer!

Desejos… muitos desejos! De lutar por um mundo melhor, ou apenas por uma vida melhor, por alcançar um amor, uma fortuna, uma riqueza… Ambição, quantas vezes desmedida que leva à perdição…

Construtora de ideais inalcançáveis, de sonhos irrealizáveis, de desejos proibidos…

Muito de tudo isso, provocado, incentivado pelo corpo que me sustenta e que eu animo, dirijo, comando… mas que se me apresenta com tantas exigências e necessidades, santo Deus!

Só uma pena me existe: TER DE ACABAR ALI TÃO "CEDO", COM ESTE CORPO QUE, INEVITAVELMENTE, ENVELHECE, SE DEGRADA, FORÇOSAMENTE SE ACABANDO, UM DIA, ARRASTANDO-ME COM ELE.

Enfim: partilhámos a mesma aventura de VIDA, no nascimento e… no DESAPARECIMENTO ETERNO! Porque pertencemos ao Tempo!

Mas é um lamento pouco inteligente! Afinal, porque ter o desejo de se ser ETERNO se sabemos de certeza absoluta que isso é impossível para qualquer ser que pertence ao TEMPO? Ser que, um dia, começou?...

Nesse dia, diremos ainda, com o sorriso possível: ADEUS! ADEUS! ADEUS!

Até lá, é VIVER, VIVER, VIVER E… SORRIR ou RIR a plenos pulmões de toda esta saga de VIDA que nos continua benevolamente acontecendo…

sábado, 22 de abril de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 375/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 69/?

 – Sejamos realistas e claros: é uma grande injustiça feita a toda a humanidade o facto de Tomé ter acreditado por ter visto e a nós ser-nos pedido que acreditemos sem visão nenhuma e sem nenhum entendimento… Afinal, que nos interessa termos a palavra de Jesus “Felizes os que acreditam sem terem visto” se nós realmente não conseguimos acreditar? Se nós somos como Tomé? E, embora sendo como Tomé, não temos como ele a possibilidade de ver para crer?

É realmente uma injustiça imperdoável por parte deste Jesus, dito Filho de Deus, em ordem à nossa salvação ou… condenação eternas! Alguém tem uma resposta? Algum sábio, teólogo, santo, exegeta? Se a tem que a apresente mas de modo a que não fiquemos com nenhuma dúvida, quais Tomé. Senão… senão, não vale a pena!

Estranha-se, enfim, que pelo menos Mateus, certamente também presente, se tenha esquecido de narrar tal facto, facto que teria com toda a certeza tocado a todos profundamente… É que aquilo de se ser corpo (que fala, come e bebe) e espírito (que entra com as portas e janelas fechadas) ao mesmo tempo, era tremendamente diabólico-divino!…

– João está-se despedindo de nós, dizendo: “Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Estes foram aqui narrados para que acrediteis que Jesus é o Messias, o Filho e Deus. E para que, acreditando, tenhais a vida em seu Nome.” (Jo 20,30-31)

– Está-se despedindo…

E nós desejando perguntar-lhe se teria realmente compreendido tudo quanto escreveu, se a Fé lhe deu compreensão de Jesus e da sua mensagem, sobretudo do Pai, do Céu e da vida eterna, se… 

Pois nós ficámos sem saber o que nos adianta acreditar que Jesus é o Messias e o Filho de Deus… Não sabendo também o que é ter “a vida em seu Nome”… Aliás, o que seria para João e para os discípulos, um milagre?

Mas antes de acabar o seu livro, João narra mais alguns episódios intrigantes, recheados de milagres...

Faremos a sua análise crítica no próximo texto.

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 374/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 68/?

 – Narra-se agora o episódio mais chocantemente realista pós-ressurreição: Tomé que não acredita. É João o único a narrá-lo explicitamente, tendo Lucas aflorado a questão ao referir: “«Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-Me e vede: um espírito não tem carne e ossos, como podeis ver que Eu tenho.» (…) E como eles ainda não acreditassem (…) Jesus disse: «Tendes aí alguma coisa para comer?» Eles ofereceram-Lhe um pedaço de peixe grelhado. Jesus, tomando o peixe, comeu-o diante deles.” (Lc 24,39-43)

– Vamos então ouvir: “Estando fechadas as portas, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: «A paz esteja convosco.» Depois disse a Tomé: «Chega aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Estende a tua mão e mete-a no meu lado. Não sejas incrédulo mas crente.» Tomé respondeu a Jesus: «Meu Senhor e meu Deus!» Jesus disse: «Acreditaste porque viste. Felizes os que acreditam sem terem visto.»” (Jo 20,26-29)

– O mistério começa em Lucas e continua-se aqui em João: Se Jesus entra com as portas fechadas é porque não tinha corpo de carne e osso… a não ser por mais um milagre… Se come e bebe é porque tem um corpo igualzinho a qualquer um de nós com boca, dentes e… estômago!… Se diz a Tomé para meter o dedo e a mão nos buracos das mãos e do lado é porque tinha língua e boca para falar e um corpo, o corpo que havia sido crucificado… Se…

– Claro que não poderemos excluir a realidade de mais um milagre! O problema é que não entendemos como é que os apóstolos e o próprio Tomé se deixaram convencer… Pois se era milagre de um corpo que era espírito mas parecia e se fazia passar por corpo, por efeito do milagre, porque é que Tomé não perguntou, por exemplo: “Afinal, Jesus, és corpo ou és espirito? Essas mãos e esse peito trespassados são carne ou são a ilusão da carne pelo efeito do milagre que em mim surte efeito?” E tantas outras perguntas que nós faríamos se lá estivéssemos, pois não deixaríamos “fugir” Jesus sem responder a todas as nossas dúvidas! E seria longa a conversa que teríamos com Ele, pois Lhe colocaríamos pelo menos todas as inúmeras perguntas que fomos fazendo ao longo destas linhas que já se vão alongando, fazendo-nos bocejar e fazendo desesperar quem as ler, por repetitivas algumas, mas sobretudo por não darem nenhuma saída para a nossa ardente sede de eternidade…

– Eternidade, mas uma eternidade certa, com as certezas da razão e não simplesmente da… Fé! Fé que pode ser tudo para alguns mas que é realmente nada para quase toda a gente, sobretudo gente que pensa!…