quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 383/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS

 – O livro dos Actos dos Apóstolos foi escrito provavelmente entre 80 e 90 d.C. O seu autor será o mesmo do terceiro evangelho, Lucas.

Após este dado de cariz histórico, deixemos comentários e interpretações e vamos ao texto.

– Ainda há palavras atribuídas a Jesus, após ressuscitado: “Estando com os apóstolos, numa refeição, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não vos afasteis de Jerusalém. Esperai que se realize a promessa do Pai, da qual ouvistes falar: João baptizou com água; vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.» (Act 1,4-5)

– Ora, aí temos mais uma vez um corpo ressuscitado… comendo, bebendo, deglutindo, falando!... Afinal, com que corpo comia, bebia, falava? Com que cabeça raciocinava? Que metabolismo o daqueles alimentos ingeridos, não sabemos com que boca, saboreados não sabemos com que língua, digeridos não sabemos com que estômago!… Tal problemática não parece interessar aqueles apóstolos que, “anestesiados” pela magia da presença de Jesus que viram morto e bem morto, nem lhes passavam pela cabeça tais “trivialidades”… Mas Jesus comia ou… fingia que comia? Tinha ou não tinha corpo que era preciso ser alimentado?…

É estranhíssimo que nem os evangelistas nem o autor dos Actos se tenham colocado tais prementes questões. O que é certo é que parece terem tido razão. Se nós, os críticos, não aceitamos nenhum daqueles “factos” por impossíveis num corpo supostamente ressuscitado, por isso, forçosamente glorioso, não parece haver nenhum crente que se ponha essas questões. Embora não sejam questões menores e estejam no âmago de todo o imbróglio da suposta ressurreição de Jesus, ressurreição que está na base do cristianismo.

– Aliás, com que individualidade-realidade-essência andou Jesus “cá por baixo”, durante quarenta dias antes de subir ao Céu? “Durante quarenta dias, apareceu-lhes e falou-lhes do Reino de Deus.” (Act 1,3) E porque quarenta e não dez ou cem dias? E que dias eram aqueles para quem já fazia parte da eternidade, se é que alguma vez fez parte do… tempo?!

– E aí vem o baptismo do Espírito Santo. («… Vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.») Mas, para quê um Espírito Santo e para quê ainda vir “baptizar”/ confirmar na Fé os apóstolos ? É que não se compreende a existência de um Espírito Santo nem que seja necessário que Ele venha para confirmar na Fé os apóstolos, depois de tudo o que Jesus lhes disse para os convencer de que era o “Enviado do Pai”. A economia divina é assim tão complicada? Necessita de um Deus-Pai, de um Deus-Filho e ainda de um Deus-Espírito Santo para se apresentar aos Homens? Não complica Deus tudo? Não sabe Deus que não precisamos para nada de um Espírito Santo para nos confundir em vez de nos iluminar? Porquê um Deus uno mas trino em pessoas como reza o mistério da Santíssima Trindade? Esta seria sem dúvida uma das muitas perguntas que teríamos feito a Jesus Cristo se tivéssemos lá estado, antes que Ele fosse definitivamente para o Pai do Céu! Estamos, no entanto, convencidos de que não obteríamos resposta. Aliás, alguma vez deu uma resposta satisfatória a perguntas-chave que lhe fizeram? Não se refugiou sempre no mistério e na parábola? E é óbvio que não respondeu porque não sabia responder, sendo apenas homem igual a qualquer um de nós, embora cheio de ideias revolucionárias…

1 comentário:

  1. Finalmente, voltámos ao convívio dos nossos leitores. Para mais uma "ano lectivo". Mas não se esqueçam de intervir e fazer comentários. Prometo dar sempre uma resposta.

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