quarta-feira, 31 de março de 2021

A Páscoa da Ressurreição

 

 Da ressurreição de Jesus a quem chamaram de Cristo

 A festa judaica da Páscoa (passagem), comemorando a travessia do Mar Vermelho pelos israelitas, vindos do cativeiro do Egipto, sob o comando de Moisés, tornou-se a festa da Páscoa da Ressurreição para os cristãos, aquando da morte e suposta ressurreição de Jesus.

Numa análise imparcial a este "facto", temos de partir de várias premissas:

1-    1 –  A veracidade ou não do que nos narram os evangelhos

2-    2 – O que é próprio do ser humano enquanto ser vivente pertencendo ao Tempo: num dia começou, em outro irá inexoravelmente acabar, integrando-se no donde veio, átomos e moléculas de que é feito, i.é, na Natureza/Terra, não havendo lugar a ressurreição alguma.

3-    3 – As crenças, os mitos, as religiões baseadas na Fé e nos mistérios, bem alimentadas pelos seus gurus, delas vivendo quase sempre bem, quando não faustosamente.

4-    4 – A origem divina ou não de Jesus.

Assim, com base nos evangelhos (evangelhos que, lembremos, não são documentos de credibilidade histórica, porque foram escritos apenas com o fim de firmar na Fé os primeiros aderentes ao movimento cristão e uns quarenta anos após os “factos”, não havendo nenhum original mas apenas cópias do séc. III):

1 – Depois de descido da cruz, morto, Jesus é sepultado num túmulo pertencente a um seu simpatizante, José de Arimatéia, num jardim, bem perto do local do suplício.

2 – Três dias depois, a amiga e companheira Maria Madalena vai ver o sepulcro e encontra-o vazio, não compreendendo o que se passou e quem teria removido a pedra de duas toneladas.

3 – Jesus “aparece-lhe”, dizendo que está vivo mas que não lhe pode tocar…

4 – Ela espalha a notícia pelos apóstolos e, com excepção de Tomé, todos acreditam, pois Ele havia dito que, ao terceiro dia, ressuscitaria.

5 – Seguem-se várias aparições singulares até ao célebre encontro com Tomé: “Mete aqui o teu dedo, no buraco dos cravos, mete a tua mão na abertura feita pela lança no meu peito e não sejas incrédulo mas fiel.” E, segundo Paulo (certamente por ter ouvido contar, pois ele só se junta ao movimento uns anos mais tarde, após o ter perseguido), ainda apareceu a mais de quinhentos simpatizantes ao mesmo tempo, tendo, depois, subido ao Céu e desaparecido para sempre, embora prometendo voltar para julgar os vivos e os mortos, no fim dos Tempos…

6 – Os apóstolos e também Paulo acreditaram no “acontecimento” da Ressurreição de tal modo que se deixaram morrer por defenderem o Jesus Cristo ressuscitado e a sua mensagem de Vida eterna no Céu.

Ora bem:

1 – O que é próprio de todo o ser que vem à Vida é que assim, nasce, assim morre, sendo esta a Lei natural das coisas que começam. Se quisermos, não morrem, transformam-se, mas deixando de ser o que eram para sempre: do átomo às estrelas, ao Universo.

Portanto, não há lugar a nenhuma ressurreição depois da morte de qualquer ser vivo. Ponto inquestionável!

2 – Como as religiões se alimentam de mitos e de mistérios, a religião cristã nascente não escaparia à regra. Aliás, só assim, ela poderia singrar e captar gentes, sobretudo gentes incultas e facilmente dadas à crença, aqui no mito da ressurreição. Assim o entenderam os apóstolos, os evangelistas e sobretudo Paulo que afirmou, em tom convincente para os seus catequizandos Coríntios: “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa Fé!”

3 – Terem, por precaução, retirado o corpo de Jesus, sendo levado, por exemplo, pelos essénios para Qumran, onde Jesus teria estado em vida, e ali novamente sepultado, é muito provável, nem que para isso tenham pago boa soma aos soldados que faziam guarda ao túmulo. A corrupção sempre existiu...

4 – As visões de Madalena podem perfeitamente pertencer ao campo místico: o trauma de ver morrer na cruz o seu amado, teria provocado nela alucinações que os psicólogos explicam facilmente. Aliás, porque foi ao sepulcro se o corpo já começaria a cheirar mal e a pedra pesaria duas toneladas?

5 – Todas as outras “aparições” podem ter a mesma explicação, embora seja difícil de compreender que uma alucinação tenha ficado para a vida, levando os apóstolos a deixarem-se morrer para não renegarem a sua Fé. Este é o ponto a que os crentes na ressurreição se agarram: é que não foi um ou dois; foram os doze: os onze apóstolos mais Paulo. Claro que haverá uma explicação, um motivo que ignoramos qual tenha sido exactamente. Talvez o facto de acreditarem que Ele era realmente o Messias, o Cristo, o Filho de Deus… E também o facto de estarem desencantados com as seitas religiosas que grassavam entre os judeus da altura. E por Ele ter “palavras de vida eterna”, alimentando o mito da eternidade do ser humano…

Ora já explicámos aqui largamente que Jesus foi apenas um homem, filho de Maria e José, que morreu por defender aquilo em que acreditava

Não é Filho de Deus porque é ontologicamente impossível que Deus tenha filhos. (Aliás, foi a compreensão desta impossibilidade que levou os teólogos cristãos a inventarem o mistério da SSª Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo – um atentado, claro, à nossa inteligência! Lendo as teorias teológicas sobre este mistério, ficamos boquiabertos com tanta desfaçatez, tanta invenção imaginativa sem qualquer suporte de verificação, logo de veracidade.) Mais: mesmo aceitando, por absurdo, que Jesus era filho de Deus, morrer estupidamente numa cruz para depois ressuscitar, teria sido uma monumental loucura de um Deus totalmente louco!...

Deus é O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, ESPAÇO E TEMPO E TUDO O QUE PERTENCE AO ESPAÇO E AO TEMPO, SENDO, POR ISSO, INFINITO E ETERNO. Qualquer outra coisa que se diga d’Ele é pura falácia: humaniza-se, descredibiliza-se, torna-se de algum modo sujeito ao mísero e mesquinho Homem, Homem que não é mais do que um pequeno elo na cadeia da VIDA que apareceu na Terra mas que deverá existir em abundância por todo esse Universo pejado de sistemas solares semelhantes ao nosso com Planetas semelhantes à nossa Querida Terra, o nosso LAR, a nossa ORIGEM. Que presunção, santo Deus de todos os deuses, a deste Homem que se julga grande por ser capaz de pensar tudo isto e de opinar sobre o próprio DEUS!

6 – Embora tudo leve a crer que as aparições foram simplesmente inventadas pelos evangelistas e por Paulo – como, aliás, todos os milagres, incluindo as três ressurreições supostamente realizadas por Jesus: Lázaro, o filho da viúva, a filha de Jairo – é particularmente interessante a história de Tomé. É que um corpo ressuscitado, portanto sem massa corporal, glorioso como se diz na religião, não come, não fala, não sente…, actos que os evangelhos atribuem aqui ao ressuscitado Jesus. Este argumento só convence mesmo os crentes ou incautos. Esta história é, para os críticos, a melhor forma de descredibilizar completamente a hipótese de Jesus ter ressuscitado e ter aparecido, ora em corpo glorioso (atravessava portas e janelas fechadas) ora de carne e osso (comia, bebia, falava), conforme as conveniências narrativas e os propósitos acima referidos de se querer fazer acreditar os indecisos…

Portanto, para todos os que não querem ser enganados por falsas crenças em falsos “factos”, prevalecerá a VERDADE INQUESTIONÁVEL: não houve ressurreição alguma porque esta é impossível a qualquer ser que viveu, dando razão a Paulo: é vã a Fé dos crentes!

Com muita pena nossa, que também queríamos ressuscitar e…ser eternos!

 


quinta-feira, 25 de março de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 303/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. LUCAS – 19/?

 – Ainda voltando ao tema rezar, Jesus, depois de nos ensinar o “Pai nosso” (Mt 6, 7-15), diz-nos agora para insistirmos, maçarmos Deus, tal como na parábola, a viúva insistia com o juiz para que lhe fizesse justiça…

Realmente, aquele “Vosso Pai que está nos Céus” de Jesus parece uma espécie de Deus-homem que está ali para abençoar as nossas boas acções para com o próximo, sobretudo os pobres e deserdados da sorte, e também para nos castigar se esquecemos o nosso irmão, levando-nos até ao fogo do inferno onde há choro e ranger de dentes, se chamarmos estúpido a esse mesmo irmão…

Como tudo é visto tão à humana, santo Deus! Como nós queríamos que Jesus nos apresentasse um Deus que fosse mais Deus e menos homem! Um Deus realmente infinito e eterno! Será que nem Jesus Cristo, perdido que estava com a sua ideia de Deus-Pai, viu Deus como uma realidade transcendental, fora do Tempo e do Espaço, não “subjugado” a um Céu, com anjos para O servirem, organizados em legiões para O “defenderem” contra um hipotético inimigo - como se Deus pudesse ter inimigos, santo Deus! - realidade acima de tudo o criado e não-criado, como aliás diz o Credo católico, elaborado muito tempo depois de Cristo? - perdoem-nos mais esta heresia!…

É! Insistir com Deus é… é… humanizar Deus. Sem qualquer dúvida…

E Jesus parece não ter consciência de tal humanização…

Ainda mais sem sentido é a pergunta final: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar Fé sobre a Terra?” (Lc 18,8)

Não se percebe que Fé quererá Cristo encontrar sobre a Terra quando voltar. E se duvida que haja Fé, deveria sentir-se frustrado na sua missão de ter vindo dar Fé à humanidade e não o ter conseguido. Pois, que Lhe aproveitaram tantos milagres, tanta fraternidade apregoada, tanta dor na cruz, tanta fadiga em fundar uma Igreja?

E com estas interrogações todas, Jesus que tinha tudo para salvar todos os Homens, ficou-Se por apenas alguns eleitos, por apenas alguns a quem conseguiu firmar na Fé, apenas alguns dos muitos biliões que a Terra teve, tem e terá pelos séculos dos séculos que afinal têm um fim e não são “sem fim, ámen”, como reza também o Credo da Igreja… Que Céu tão apoucado este, afinal, o de Jesus Cristo!… E Ele que é o próprio a duvidar de que haja Fé quando voltar, certamente no fim dos tempos, embora nunca tenha dito que fim e que tempos…, o que era fundamental para que pudéssemos saber como organizar a nossa curta vida dos setenta, oitenta, noventa anos…

Enfim, é o Jesus que temos! E se não conseguiu convencer-nos de que realmente o Céu existe, ao menos indicou-nos o caminho para o Céu da Fé, e melhor mesmo é acreditar que exista realmente e que lá vamos parar, depois que nos formos… senão ficamos sem… NADA!

Então,… acreditemos! Joguemos o jogo de Jesus a quem chamaram de Cristo!… E se não tivermos Fé, insistamos com Deus para que no-la dê! E não desistamos até que a nossa Fé seja tão grande que seja capaz de arrasar montanhas ou de fazer milagres, como o próprio Jesus também nos disse. (Mt 17,19-21)

E ai dele, se não for verdade o que nos ensinou a fazer ou se não surtir efeito! Não Lhe perdoaremos e matá-Lo-emos de novo, caso cá apareça, nem que seja no fim dos tais tempos, que não sabemos que tempos são…

quinta-feira, 18 de março de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 302/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. LUCAS – 18/?

 – Não há dúvida de que a abundância de milagres nos evangelhos nos assusta, intelectualmente falando, claro!

Agora, são dez leprosos que ficam curados. (Lc 17,11-19) E mais do que a importância do milagre da cura – cura a que o próprio Cristo parece não dar muita importância, tal era a “facilidade” com que realizava tais coisas – preocupa-o o facto de apenas um dos dez ter voltado para trás a agradecer: “Não eram dez os que foram curados? Onde estão os outros nove? Mais nenhum voltou a dar graças a Deus a não ser este samaritano?” Aqui, com mais uma crítica indirecta aos judeus, ao louvar os que o não eram… Se bem que é realmente estranho que os outros nove não tenham vindo agradecer. Custa acreditar em tal ingratidão. Por isso, talvez mais um argumento para não acreditarmos nestes milagres evangélicos, mesmo quando se trata de curas…

E os milagres assustam-nos porque nos parece residir neles, e apenas neles, toda a certeza que possamos ter em Jesus Cristo como pessoa divina. Logo, teriam de nos merecer total credibilidade. Teria de ser claro para toda a gente que eles realmente se realizaram, a começar pelos judeus daquele tempo que os presenciaram. E logo aí, não temos nenhum testemunho de que, pelo menos a classe sacerdotal, escribas e fariseus lhes tenham dado importância ou crédito, o que é realmente muito estranho e de todo inverosímil… Diríamos mesmo humanamente impossível! Portanto, tudo leva a crer que os milagres narrados nos evangelhos simplesmente não existiram, ficando completamente em causa a veracidade da divindade de Jesus. Ponto!

– “Jesus contou aos discípulos uma parábola para lhes mostrar a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. (…) «Deus não fará justiça aos seus escolhidos que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos declaro que Deus lhes fará justiça e bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar Fé sobre a Terra?»” (Lc 18,1-8)

– Só Lucas refere este episódio, aliás, não muito bem conseguido literariamente. Por nosso lado, nunca entenderemos porque precisa Deus que se Lhe reze, que se lhe grite. Seja pedindo, seja louvando… Que nós precisemos de rezar em momentos de aflição ou agradecer em momentos de alegria e de diáfano contentamento… é mais que humano, quase irresistível… Aliás, com quem melhor partilhar as nossas ansiedades ou alegrias do que com Deus? Quem melhor do que Ele nos “ouve” e nos… “sustenta” na emoção? (Talvez sendo Ele o melhor de nós próprios…)

Mas… não passa de ajuda – ou auto-ajuda – ao nível da alma e da mente! Ao nível do corpo e do dedo que acerta no número da sorte, aí… nem nós acreditamos que Deus interfira, embora digamos, quando as coisas resultam: “Obrigado, meu Deus!”

Ou, então, revoltamo-nos, na desgraça: “Porquê a mim, meu Deus? Que mal fiz eu a Deus…?” E outros impropérios revelando o nosso desapontamento com o divino…

Mais uma vez, não sabemos quem são os “escolhidos” de Deus. Os evangelhos – e, neles, Jesus – humanizam tanto Deus, chamando-Lhe Pai (cristãos) ou o Clemente e Misericordioso (muçulmanos) que Este se torna ontologicamente impossível. O Homem é apenas uma ínfima partícula deste imensíssimo Universo, ignorando nós completamente o que mais há no imensíssimo Espaço, Espaço que poderá ser Infinito, confundindo-se com o próprio Deus. Deus não se pode ocupar do Homem como se fosse o seu “Ai Jesus”.

Pela sua própria definição de SER INFINITO E ETERNO, Deus tem de estar fora do “esquema” em que as religiões o colocaram, melhor, o “esquema” tem de estar dentro d’ELE. DEUS É O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, ESPAÇO E TEMPO E TUDO O QUE EXISTE NO ESPAÇO E PERTENCE AO TEMPO.

Assim, sim, assim Deus é intelectualmente concebível…

sábado, 13 de março de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 301/?

 

 À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. LUCAS – 17/?

 – Quando falamos de Jesus Cristo, confrontamo-nos com uma dupla mensagem: por um lado, aponta-nos para a fraternidade universal com o seu “amor ao próximo”, o seu “amai os vossos inimigos”, o seu “convidai para a vossa mesa os mendigos que não vos podem retribuir”… e outros momentos da mais nobre motivação-emoção humana; por outro lado, aponta-nos para o Céu, o Pai, a Vida eterna, corroborando tal mensagem com milagres espectaculares, como o da multiplicação dos pães, o da transformação da água em vinho, as inúmeras curas, a ressurreição de mortos, a sua própria ressurreição…

E aí, ou estava morto o Lázaro, morto o filho da viúva, morta a filha de Jairo… ou não. Se estavam mortos, como voltaram a viver senão por uma força que se não é divina, nos é totalmente desconhecida? Como? (Ou talvez estivessem apenas dormindo. E todas as explicações se tornam fáceis e… credíveis!) (Da veracidade ou não da sua própria ressurreição, falaremos mais tarde.) E que força possuía Jesus para multiplicar assim os pães e os peixes, dando de comer a multidões de milhares? Ou a de curar assim, sem mais, qualquer doente que lhe fosse apresentado?

Os milagres! É aí que o divino toca mais de perto a Terra e o humano. E ou estamos perante uma fantástica efabulação, ou perante o total desconhecido, o total mistério que a Ciência não consegue explicar, desconhecendo que há forças que alguns “super-humanos” terão e que escapam totalmente ao nosso conhecimento…

Mas… - repetindo-nos – é estranho (e altamente questionável!) que a Bíblia esteja recheada de milagres. Já no A.T., com Moisés a ordenar, por ordem de Javé, as pragas do Egipto, a separação das águas do Mar Vermelho para que os israelitas atravessassem, a água a jorrar da rocha no deserto, o maná a cair todos os dias, durante a travessia desse mesmo deserto, travessia que durou mais de quarenta anos… não contando com todos aqueles “milagres” de Javé, ao intervir em batalhas com os seus anjos exterminadores, com doenças de toda a sorte, no campo inimigo de Israel, nem com os muitos milagres realizados pelos profetas, sobretudo por Eliseu… Tudo isto no AT.

Depois, Jesus Cristo que, além de realizar inúmeros milagres, outorga tal poder aos discípulos, vindo eles todos contentes das suas “campanhas”, dizendo: “Até os demónios nos obedeciam!” (Lc 10,17)

Vai-se Jesus e - também repetindo-nos - os milagres começaram a tornar-se raros… Já com os apóstolos dos primeiros tempos, já com os santos que se seguiram, já com os santos de todos os tempos, até à Senhora de Fátima ou de Lourdes e outros santos e santas que estão nos altares das igrejas, capelas e ermidas a quem o povo atribui tantas graças recebidas, “autênticos milagres”, como dizem… Se têm algo de milagre, nunca se sabe ao certo, apesar da Igreja dizer que apenas canoniza e eleva às honras dos altares quem tiver dado provas inequívocas, com milagres – normalmente curas inexplicáveis à luz da Ciência actual – de que está em contacto com o divino, que está no Céu e que intercede junto de Deus por aqueles que nele confiam…

De qualquer modo, é muito estranho que tenha deixado de haver milagres do tipo dos da Bíblia, quer do AT quer do NT. É que nada justifica essa raridade. Tal facto leva-nos a desconfiar fortemente da credibilidade desses milagres. Tudo leva a crer que sejam apenas uma manifestação literária, desde os inícios da escrita da Bíblia até aos tempos de Jesus, referindo os evangelistas milagres que não passaram de meras intenções ou desejos quer de Jesus quer das multidões que o acompanhavam. Excepção talvez feita a certas curas, curas em que, aliás, Jesus apelava para a fé dos pacientes: “Acreditas que podes ser curado? – Sim, acredito! – Então, vai: a tua fé te salvou (curou)”. É a força da mente de cada um a funcionar como motor da cura, não havendo milagre algum do tipo apelidado de divino…

E, nestas divagações, lá nos alongámos, na busca da ponte entre a Vida e o Além-vida, entre a Terra e o Céu, entre o Tempo e a Eternidade! Que pena que a não tenhamos encontrado!… E que frustração que Jesus não no-la tenha oferecido com certezas!

sexta-feira, 5 de março de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 300/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. LUCAS – 16/?

 – Embora só apareça em João e não em Lucas, analisemos a frase de Jesus, ou posta na boca de Jesus pelo evangelista: “Quem Me vê a Mim, vê o Pai.”? (Jo 12,45;14,9) Esta afirmação nada nos diz de concreto e de real sobre Deus ou Deus-Pai. Ou o Pai não é Deus ou Jesus quis dizer outra coisa qualquer fora da letra. Assim, ficamo-nos pela… Fé e, mesmo aqui, uma Fé do “adivinha o que isso poderá ser”!

E nós que somos seres racionais e não de Fé… ficámos sem nada de Céu, nada de Pai, nada do Além, nada de… NADA!!!

Mais verdade ainda é que tudo isto nos parece exíguo de significado, sabendo nós como sabemos que esta Terra também ali se acaba e que este Universo conhecido teve um princípio e, inexoravelmente, terá de ter um fim, pois só não tem fim quem não teve princípio e que Deus tem de estar fora de tudo e de todos, o mesmo é dizer, tem de estar em tudo e em todos, se é que Ele não é exactamente esse TUDO e esse TODOS, de que nós seremos uma qualquer partícula perdida, por acaso num tempo e num espaço determinados, sem qualquer outro significado que não seja esse mesmo: Partícula perdida… Quem nos encontrará para além da vida? Quem?…

Não sabemos se Jesus, em toda a sua sabedoria que espantava os doutores no Templo aos doze anos, já disto se teria apercebido, tendo lido ensinamentos antigos egípcios e mesopotâmicos. Como homem, claro, porque, a acreditar na sua filiação divina, para Ele, não tinham segredos nem a matéria, nem o Universo, nem o Homem, nem a Terra, nem nada do que é visível ou invisível, do que pertence ao tempo, seja passado, presente ou futuro, mas também do que pertence à eternidade…

Realmente faltou a Jesus completar de forma diversa aquela belíssima história do rico e do pobre. Bastaria que deixasse Abraão enviar Lázaro a casa do homem rico para avisar os seus irmãos… E, enviando naquele tempo Lázaro, teria aberto as portas a que todos os mortos viessem cá dizer-nos o que se passa no Céu ou no Inferno e então, sim, então só se condenaria quem realmente quisesse, pois não seria preciso Fé em palavras de outros, mas veria ali com os seus próprios olhos e saberia exactamente com que linhas coseria a sua salvação ou condenação eternas…

E assim, não teria a “nossa” desculpa de ser castigado com uma pena eterna por crimes cometidos no Tempo… Saberia as regras do jogo e jogaria conforme quisesse. Assim, sim, seríamos livres de escolher o Inferno ou o Céu… Mas… Jesus não quis ou… não pôde, e lá começamos a duvidar da sua realidade divina, dizendo-nos Ele que veio salvar a humanidade e levá-la para o Céu… Não saberia que “ver para crer” era a melhor forma de ter quase todos os Homens eleitos no Céu? Porque não o fez? Porque nos deixou sem respostas? - repetimos em grito de frustração!

Esta manifesta incapacidade de Jesus é, no mínimo, muito estranha…