Numa análise imparcial a este "facto", temos de partir de várias premissas:
1- 1 – A veracidade ou
não do que nos narram os evangelhos
2- 2 – O que é próprio do ser humano enquanto ser vivente pertencendo ao Tempo: num dia começou, em outro irá inexoravelmente acabar, integrando-se no donde veio, átomos e moléculas de que é feito, i.é, na Natureza/Terra, não havendo lugar a ressurreição alguma.
3- 3 – As crenças, os mitos, as religiões baseadas na Fé e nos mistérios, bem alimentadas pelos seus gurus, delas vivendo quase sempre bem, quando não faustosamente.
4- 4 – A origem divina ou não de Jesus.
Assim, com base nos evangelhos
(evangelhos que, lembremos, não são documentos de credibilidade histórica,
porque foram escritos apenas com o fim de firmar na Fé os primeiros aderentes
ao movimento cristão e uns quarenta anos após os “factos”, não havendo nenhum original
mas apenas cópias do séc. III):
1 – Depois de descido da
cruz, morto, Jesus é sepultado num túmulo pertencente a um seu simpatizante,
José de Arimatéia, num jardim, bem perto do local do suplício.
2 – Três dias depois, a amiga
e companheira Maria Madalena vai ver o sepulcro e encontra-o vazio, não
compreendendo o que se passou e quem teria removido a pedra de duas toneladas.
3 – Jesus “aparece-lhe”,
dizendo que está vivo mas que não lhe pode tocar…
4 – Ela espalha a notícia
pelos apóstolos e, com excepção de Tomé, todos acreditam, pois Ele havia dito
que, ao terceiro dia, ressuscitaria.
5 – Seguem-se várias
aparições singulares até ao célebre encontro com Tomé: “Mete aqui o teu dedo,
no buraco dos cravos, mete a tua mão na abertura feita pela lança no meu peito
e não sejas incrédulo mas fiel.” E, segundo Paulo (certamente por ter ouvido
contar, pois ele só se junta ao movimento uns anos mais tarde, após o ter
perseguido), ainda apareceu a mais de quinhentos simpatizantes ao mesmo tempo,
tendo, depois, subido ao Céu e desaparecido para sempre, embora prometendo voltar
para julgar os vivos e os mortos, no fim dos Tempos…
6 – Os apóstolos e também
Paulo acreditaram no “acontecimento” da Ressurreição de tal modo que se deixaram morrer por defenderem o Jesus Cristo ressuscitado e a sua mensagem de Vida eterna no
Céu.
Ora bem:
1 – O que é próprio de todo o
ser que vem à Vida é que assim, nasce, assim morre, sendo esta a Lei natural
das coisas que começam. Se quisermos, não morrem, transformam-se, mas deixando
de ser o que eram para sempre: do átomo às estrelas, ao Universo.
Portanto, não há lugar a nenhuma ressurreição depois
da morte de qualquer ser vivo. Ponto inquestionável!
2 – Como as religiões se
alimentam de mitos e de mistérios, a religião cristã nascente não escaparia à
regra. Aliás, só assim, ela poderia singrar e captar gentes, sobretudo gentes
incultas e facilmente dadas à crença, aqui no mito da ressurreição. Assim o
entenderam os apóstolos, os evangelistas e sobretudo Paulo que afirmou, em tom
convincente para os seus catequizandos Coríntios: “Se Ele não ressuscitou é vã
a nossa Fé!”
3 – Terem, por precaução, retirado o corpo de
Jesus, sendo levado, por exemplo, pelos essénios para Qumran, onde Jesus teria
estado em vida, e ali novamente sepultado, é muito provável, nem que para isso tenham pago boa soma aos
soldados que faziam guarda ao túmulo. A corrupção sempre existiu...
4 – As visões de Madalena
podem perfeitamente pertencer ao campo místico: o trauma de ver morrer na cruz
o seu amado, teria provocado nela alucinações que os psicólogos explicam
facilmente. Aliás, porque foi ao sepulcro se o corpo já começaria a cheirar mal
e a pedra pesaria duas toneladas?
5 – Todas as outras
“aparições” podem ter a mesma explicação, embora seja difícil de compreender
que uma alucinação tenha ficado para a vida, levando os apóstolos a deixarem-se
morrer para não renegarem a sua Fé. Este é o ponto a que os crentes na ressurreição
se agarram: é que não foi um ou dois; foram os doze: os onze apóstolos mais
Paulo. Claro que haverá uma explicação, um motivo que ignoramos qual tenha sido
exactamente. Talvez o facto de acreditarem que Ele era realmente o Messias, o
Cristo, o Filho de Deus… E também o facto de estarem desencantados com as
seitas religiosas que grassavam entre os judeus da altura. E por Ele ter
“palavras de vida eterna”, alimentando o mito da eternidade do ser humano…
Ora já explicámos aqui largamente que Jesus foi apenas um homem, filho de Maria e José, que morreu por defender aquilo em que acreditava.
Não é Filho de Deus porque é ontologicamente impossível que Deus tenha filhos.
(Aliás, foi a compreensão desta impossibilidade que levou os teólogos cristãos
a inventarem o mistério da SSª Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo – um
atentado, claro, à nossa inteligência! Lendo as teorias teológicas sobre este
mistério, ficamos boquiabertos com tanta desfaçatez, tanta invenção imaginativa
sem qualquer suporte de verificação, logo de veracidade.) Mais: mesmo
aceitando, por absurdo, que Jesus era filho de Deus, morrer estupidamente numa
cruz para depois ressuscitar, teria sido uma monumental loucura de um Deus totalmente
louco!...
Deus é O TODO ONDE TUDO SE
INTEGRA, ESPAÇO E TEMPO E TUDO O QUE PERTENCE AO ESPAÇO E AO TEMPO, SENDO, POR
ISSO, INFINITO E ETERNO. Qualquer outra coisa que se diga d’Ele é pura falácia:
humaniza-se, descredibiliza-se, torna-se de algum modo sujeito ao mísero e
mesquinho Homem, Homem que não é mais do que um pequeno elo na cadeia da VIDA
que apareceu na Terra mas que deverá existir em abundância por todo esse Universo
pejado de sistemas solares semelhantes ao nosso com Planetas semelhantes à
nossa Querida Terra, o nosso LAR, a nossa ORIGEM. Que presunção, santo Deus de
todos os deuses, a deste Homem que se julga grande por ser capaz de pensar tudo
isto e de opinar sobre o próprio DEUS!
6 – Embora tudo leve a crer
que as aparições foram simplesmente inventadas pelos evangelistas e por Paulo –
como, aliás, todos os milagres, incluindo as três ressurreições supostamente
realizadas por Jesus: Lázaro, o filho da viúva, a filha de Jairo – é particularmente
interessante a história de Tomé. É que um corpo ressuscitado, portanto sem
massa corporal, glorioso como se diz na religião, não come, não fala, não
sente…, actos que os evangelhos atribuem aqui ao ressuscitado Jesus. Este
argumento só convence mesmo os crentes ou incautos. Esta história é, para os
críticos, a melhor forma de descredibilizar completamente a hipótese de Jesus
ter ressuscitado e ter aparecido, ora em corpo glorioso (atravessava portas e janelas
fechadas) ora de carne e osso (comia, bebia, falava), conforme as conveniências
narrativas e os propósitos acima referidos de se querer fazer acreditar os
indecisos…
Portanto, para todos os que
não querem ser enganados por falsas crenças em falsos “factos”, prevalecerá a
VERDADE INQUESTIONÁVEL: não houve
ressurreição alguma porque esta é impossível a qualquer ser que viveu,
dando razão a Paulo: é vã a Fé dos crentes!
Com muita pena nossa, que também
queríamos ressuscitar e…ser eternos!