sábado, 13 de março de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 301/?

 

 À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. LUCAS – 17/?

 – Quando falamos de Jesus Cristo, confrontamo-nos com uma dupla mensagem: por um lado, aponta-nos para a fraternidade universal com o seu “amor ao próximo”, o seu “amai os vossos inimigos”, o seu “convidai para a vossa mesa os mendigos que não vos podem retribuir”… e outros momentos da mais nobre motivação-emoção humana; por outro lado, aponta-nos para o Céu, o Pai, a Vida eterna, corroborando tal mensagem com milagres espectaculares, como o da multiplicação dos pães, o da transformação da água em vinho, as inúmeras curas, a ressurreição de mortos, a sua própria ressurreição…

E aí, ou estava morto o Lázaro, morto o filho da viúva, morta a filha de Jairo… ou não. Se estavam mortos, como voltaram a viver senão por uma força que se não é divina, nos é totalmente desconhecida? Como? (Ou talvez estivessem apenas dormindo. E todas as explicações se tornam fáceis e… credíveis!) (Da veracidade ou não da sua própria ressurreição, falaremos mais tarde.) E que força possuía Jesus para multiplicar assim os pães e os peixes, dando de comer a multidões de milhares? Ou a de curar assim, sem mais, qualquer doente que lhe fosse apresentado?

Os milagres! É aí que o divino toca mais de perto a Terra e o humano. E ou estamos perante uma fantástica efabulação, ou perante o total desconhecido, o total mistério que a Ciência não consegue explicar, desconhecendo que há forças que alguns “super-humanos” terão e que escapam totalmente ao nosso conhecimento…

Mas… - repetindo-nos – é estranho (e altamente questionável!) que a Bíblia esteja recheada de milagres. Já no A.T., com Moisés a ordenar, por ordem de Javé, as pragas do Egipto, a separação das águas do Mar Vermelho para que os israelitas atravessassem, a água a jorrar da rocha no deserto, o maná a cair todos os dias, durante a travessia desse mesmo deserto, travessia que durou mais de quarenta anos… não contando com todos aqueles “milagres” de Javé, ao intervir em batalhas com os seus anjos exterminadores, com doenças de toda a sorte, no campo inimigo de Israel, nem com os muitos milagres realizados pelos profetas, sobretudo por Eliseu… Tudo isto no AT.

Depois, Jesus Cristo que, além de realizar inúmeros milagres, outorga tal poder aos discípulos, vindo eles todos contentes das suas “campanhas”, dizendo: “Até os demónios nos obedeciam!” (Lc 10,17)

Vai-se Jesus e - também repetindo-nos - os milagres começaram a tornar-se raros… Já com os apóstolos dos primeiros tempos, já com os santos que se seguiram, já com os santos de todos os tempos, até à Senhora de Fátima ou de Lourdes e outros santos e santas que estão nos altares das igrejas, capelas e ermidas a quem o povo atribui tantas graças recebidas, “autênticos milagres”, como dizem… Se têm algo de milagre, nunca se sabe ao certo, apesar da Igreja dizer que apenas canoniza e eleva às honras dos altares quem tiver dado provas inequívocas, com milagres – normalmente curas inexplicáveis à luz da Ciência actual – de que está em contacto com o divino, que está no Céu e que intercede junto de Deus por aqueles que nele confiam…

De qualquer modo, é muito estranho que tenha deixado de haver milagres do tipo dos da Bíblia, quer do AT quer do NT. É que nada justifica essa raridade. Tal facto leva-nos a desconfiar fortemente da credibilidade desses milagres. Tudo leva a crer que sejam apenas uma manifestação literária, desde os inícios da escrita da Bíblia até aos tempos de Jesus, referindo os evangelistas milagres que não passaram de meras intenções ou desejos quer de Jesus quer das multidões que o acompanhavam. Excepção talvez feita a certas curas, curas em que, aliás, Jesus apelava para a fé dos pacientes: “Acreditas que podes ser curado? – Sim, acredito! – Então, vai: a tua fé te salvou (curou)”. É a força da mente de cada um a funcionar como motor da cura, não havendo milagre algum do tipo apelidado de divino…

E, nestas divagações, lá nos alongámos, na busca da ponte entre a Vida e o Além-vida, entre a Terra e o Céu, entre o Tempo e a Eternidade! Que pena que a não tenhamos encontrado!… E que frustração que Jesus não no-la tenha oferecido com certezas!

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