sábado, 20 de abril de 2024

Afinal, qual a finalidade da Vida do Homem?

 Sofrer ou divertir-se?

À pergunta existencial: “Afinal, o que faço eu aqui?”, pode facilmente responder-se: “Vivo para me divertir.”

A VIDA – essa força misteriosa da Natureza que explodiu, neste planeta TERRA, há cerca de 3.5 mil milhões de anos e que, de evolução em evolução, “viu” aparecer muitas espécies e desaparecer muitas outras, chegando ao estado actual em que uma espécie evoluiu de tal modo que desenvolveu um cérebro capaz de raciocínios abstractos, espécie a que se deu o nome de Homem e que partilha o Planeta com milhares de milhões de outras, animais, plantas, fungos, bactérias, vírus – a VIDA deverá encher de alegria os incontáveis universos (que não só o “nosso”), espalhados pelo ESPAÇO infinito onde toda a realidade se desenrola. 

Aliás, o ESPAÇO infinito vai ser por muitos milhares de anos, o MISTÉRIO DOS MISTÉRIOS para a Ciência, dadas as limitações profundas das capacidades intelectuais dos humanos. É que ficamos “aterrorizados” ao constatarmos as colossais distâncias em que os astros – planetas, estrelas, cometas, galáxias, nebulosas, enfim, todos os astros – se movimentam e se atraem e se repelem, movidos por uma não menos misteriosa Força Gravítica, apesar dessas colossais distâncias. E num ESPAÇO que tudo leva a crer que seja infinito, logo eterno! Tal como DEUS, ou o próprio DEUS!

O HOMEM! Nós! 

Tivemos a sorte de termos vindo à VIDA. Aparecemos no Tempo – categoria metafísica existente apenas para quem ou o que alguma vez começa – com a única certeza absoluta de que vamos desaparecer no Tempo, após um certo tempo: com sorte, uma centena de anos!

E voltamos à pergunta-chave da nossa existência: “Para quê, se aparecemos e, inexoravelmente, desaparecemos e… para sempre? E sem deixar rasto ou se deixarmos será sempre por um brevíssimo espaço de tempo, dado o Tempo Universal”?

Olhando à nossa volta – mesmo para dentro de nós, ser complexo que somos no corpo e na alma – vemos que há muitos humanos que, por factores vários, uns de ordem pessoal e hormonal ou intelectual, outros por má sorte, levam vidas desgraçadas, com sofrimentos inauditos, limitações que lhes tornam amarga a mesma vida, desejando muitas vezes não ter nascido.

No entanto, a maior parte é feliz, no corpo e na alma, e tenta ou luta diariamente por manter essa “felicidade”. Mas a felicidade consigo próprio, no ambiente familiar, no social de amigos e colegas de emprego, com ou não projecção mundial, não é fácil e depende da capacidade de cada um de se adaptar a si próprio, ao meio que o rodeia e ainda às circunstâncias que se lhe deparam no dia-a-dia.

Uma “regra” que vem no ADN: fugir ao sofrimento, fugir à morte, ao mesmo tempo que se procura o prazer!

Então, qual será a resposta à pergunta “Para quê?”. Não há dúvida que o melhor da vida é o divertimento/prazer, divertimento físico e intelectual. Divertimento, no sentir-se bem consigo, sentir-se bem em ambiente familiar, depois no ambiente social e laboral e em todas as actividades, mais ou menos difíceis e desafiantes, mas que, aproveitadas com inteligência, não geram angústia nem stress, mas o tal prazer, prazer que até se pode encontrar nessa angústia perante o desconhecido ou nesse stress, perante a competitividade desenfreada, tal é a saga das sociedades em que vivemos.

Aqui, constatamos que há muitos que, por falta de inteligência ou vítimas de um ADN desfavorável quanto à assertividade com que reagem a pessoas e circunstâncias, são infelizes e sofredores e fazem sofrer os outros tornando-lhes a vida negra e sufocante, chegando ao suicídio e ao assassínio, como acontece nas guerras entre vizinhos ou na violência doméstica levada ao extremo.

Mas é assim que temos o Mundo e o Homem dentro dele. Sempre evoluindo, porque na Natureza e no Universo, tudo está em contínuo movimento, nada se perdendo mas tudo se transformando, indo do mesmo ao mesmo através do DIVERSO. Nós, agora, somos o Diverso de qualquer coisa que já foi e que se seguirá a nós…

Realidade trágica ou… fantástica, porque tivemos a sorte de ter vindo à VIDA e conhecer esta realidade? – Eu prefiro o FANTÁSTICO!

E não me preocupo nada com a monótona e implacável sincronia do Tempo, envelhecendo-me a cada momento que passa, por nada poder fazer contra ela.

Quando chegar a minha hora de partir, espero poder dizer: valeu a pena ter vindo à VIDA!

Ou, mais contundente: EU VALI A PENA! Aproveitei ao máximo o tempo que me foi dado, divertindo-me e divertindo.

E… com um grande grito de “VIVA A VIDA!”, outro ainda maior: “DIVIRTA E DIVIRTA-SE, CARAMBA”!

 

sábado, 13 de abril de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 401/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Primeira Carta aos Coríntios - 9

 Como o tema da ressurreição, tanto de Cristo como de todos os mortos, é complexo, Paulo continua tentando explicar a sua veracidade. Mas – infelizmente – o que ele vai debitando não só é confuso, como não provado, entrando em sofismas nas afirmações que faz. Eis algumas:

– “Se nós pregamos que Cisto ressuscitou dos mortos, como é que alguns entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos?” (15,12)

– Não se percebe, como é óbvio, a admiração de Paulo. Então, ele acha que é por pregar a ressurreição de Cristo que essa ressurreição aconteceu mesmo e que daí todos os mortos ressuscitam? Não vê que é um sofisma sem qualquer possibilidade de aceitação? E, agora, vêm as célebres frases (frases que contêm em si a prova daquela impossibilidade):

– “Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou e se Cristo não ressuscitou a nossa pregação é vazia e também vazia é a fé que tendes. Se os mortos não ressuscitam então somos testemunhas falsas de Deus…” (15,13-15)

– E continua, repetindo-se e argumentando na mesma linha, o que não leva a conclusão alguma provada, mas apenas à confirmação de que, pelo facto de ele acreditar e pregar a ressurreição de Cristo, em nada prova a sua verdade ou credibilidade.

E aqui concluímos com Paulo que é bem verdade que se Cristo não ressuscitou, é vã a sua pregação e é vã a fé dos fiéis porque pregam uns outros acreditam em supostos factos ou factos falsos. E como Cristo não ressuscitou, nenhum morto ressuscitará. Nem ressuscitou desde que o Homem apareceu à face da Terra, há apenas uns 4 milhões de anos, encimando actualmente a linha dos primatas, não se sabendo até quando, tudo dependendo da evolução da vida na Terra, Terra que ainda terá mais uns 4,5 mil milhões de anos de vida… Mas Paulo ainda tenta mais uma explicação:

– “O corpo é semeado (compara com a semente que se deita à terra: “Aquilo que semeias não volta à vida a não ser que morra.”) corruptível, mas ressuscita incorruptível…, glorioso…, cheio de força…, espiritual.” (15,36-44)

Depois, continua, às vezes delirando:

– “Nem todos morremos, mas todos seremos transformados, num instante, ao som da trombeta final. A trombeta tocará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis. De facto é necessário que este ser corruptível seja revestido de incorruptibilidade…” (15,51-53)

Comentaremos no próximo texto de análise crítica.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 400/?

 À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Primeira Carta aos Coríntios - 8

 – “Cristo morreu pelos nossos pecados… foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras… e apareceu a Pedro, aos doze, a mais de quinhentos irmãos, a Tiago, aos apóstolos e também a mim… Aqui está o que nós pregamos…” (15,3-11)

– Analisemos:

Primeiro, Cristo morreu mas não para redimir qualquer pecado. Isto é pura invenção. Aliás, que pecados? O dito pecado original, não, porque simplesmente não existiu já que os seus supostos autores, Adão e Eva, também não existiram. Depois, ter ressuscitado e ter aparecido a muitos dos seus, também não pode ter sido verdade. Apenas suposições incongruentes. Já explicámos lá mais atrás, aquando da análise dos evangelhos, que a ressurreição é impossível ao ser humano e que, no caso de Jesus, as várias narrativas não são coincidentes e, em alguns trechos, contraditórias. E, já o dissemos, se Cristo pretendia que acreditassem nele e na sua ressurreição, não aparecia aos seus ou não aparecia só aos seus mas também aos seus algozes e aos que o condenaram e a todo o povo. Era o mínimo que se exigia de uma pessoa inteligente para atingir os seus objectivos. Então porque não o fez?

Depois, aquele “conforme as Escrituras” também não colhe já que as Escrituras não têm qualquer valor em termos de credibilidade histórica, como já provámos por variadíssimas vezes. Nem muito menos são de inspiração divina: Deus teria ficado muito mal ao inspirar tanta narrativa de guerra, tanta história infantil que nada tem a ver com a realidade que a Ciência vai descortinando, enfim, tanta ignorância…

A Paulo, acreditando no que vai dizendo, aceita-se que diga: “Aqui está o que nós pregamos.” Mas o que é falso não se torna verdadeiro por se acreditar nele, seja qual for o crente, Paulo ou o Papa ou o próprio Jesus a quem chamaram de Cristo. Por isso, nós dizemos que o que ele prega é falso e sem conteúdo que corresponda à Verdade.

Eis a VERDADE: 1 – Jesus não foi concebido por obra e graça do Divino Espírito Santo no seio de Maria Virgem; 2 – Não era filho de Deus; 3 – Não morreu para redimir o Homem do pecado; 4 – Não ressuscitou e não subiu aos Céus, céus que não existem...

Enfim, Jesus pregou um Céu inventado, com um Deus-Pai inventado, uma vida eterna impossível a qualquer ser vivo que aparece no Tempo e ao Tempo pertence, corpo e alma, seja animal seja planta, alimentando-se da Terra onde nasce e onde morre… Esta a VERDADE de qualquer ser vivo!

O que os inventores do Cristianismo quiseram fazer foi simplesmente “dar voz” aos anseios de eternidade que calam fundo no coração do Homem, embora sabendo racionalmente que um ser que começa no Tempo, tem forçosamente de acabar no Tempo e… para sempre! Realmente, o Homem não é mais do que um bocado de matéria energizada, que, sendo NADA, começou em duas moléculas – uma masculina e outra feminina – formou-se num ser, desenvolveu-se, viveu, morreu, voltando ao NADA donde veio, num fantástico processo em que nada se perdeu, mas tudo se foi transformando, indo do mesmo ao mesmo através do diverso, ficando átomos e moléculas que o compuseram disponíveis para novas “aventuras”. 

Fantástico e… REAL!

quinta-feira, 28 de março de 2024

Ressurreição: algo de real ou apenas mito?

 

Da impossível ressurreição de Jesus, a quem chamaram o Cristo

 Os factos que apontam para a sua inequívoca falsidade

 A análise CRÍTICA e IMPARCIAL, para ser válida, tem de ser feita a partir de dentro, isto é, a partir das narrativas dos evangelhos, começando logo por advertir que, ontologicamente, não é possível a nenhum ser vivo morrer e ressuscitar, pois cada um cumpre o seu ciclo vital: nascer, viver e morrer. Portanto, nunca houve nem haverá nenhuma ressurreição. Só por magia ou na fantasia de alguns.

Em assunto de tão magna importância para o Cristianismo, seria de esperar unanimidade naquelas narrativas. No entanto, constatamos acentuadas divergências, embora sendo constante, nos quatro, o momento do dia: “primeiro dia da semana, de madrugada” e a vidente “Maria Madalena”.

Resumamos:

Mateus: Envolve o “acontecimento” de mais dois ou três milagres além de pôr dois anjos a remover a pedra e a mostrar a Maria Madalena e à outra Maria o túmulo vazio, dizendo que Jesus tinha ressuscitado e seguira para a Galiléia onde se encontraria com os discípulos.

Marcos: Mais sóbrio, fala em três mulheres: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé; a pedra já estava removida e dentro do túmulo estava um anjo que lhes disse mais ou menos o que os dois anjos de Mateus disseram.

Lucas: Acrescenta alguns pormenores. Fala em três mulheres específicas: Maria Madalena, Joana e Maria mãe de Tiago, substituindo a Salomé de Marcos pela Joana, mas também em outras mulheres que estariam presentes na cena; a pedra estava removida e dois homens (não anjos) com vestes brilhantes contaram-lhes mais ou menos o que Mateus e Marcos disseram. Ao anunciarem aos discípulos o acontecido, Pedro não acreditou nelas e foi constatar que o túmulo estava realmente vazio.

João: Mais prolixo e mais confuso. Primeiro, coloca Maria Madalena (e mais nenhuma mulher) a ir ao sepulcro; ao constatar que a pedra estava removida, Madalena foi avisar Pedro e João; estes correram e, verificando o facto, foram-se embora. Madalena continuou junto ao túmulo a chorar; entretanto, viu dois anjos lá dentro que lhe perguntaram porque chorava. Depois, o próprio Jesus apareceu-lhe como se fosse o jardineiro. Reconhecendo-o, quis abraçá-lo mas Jesus não permitiu e Madalena voltou a anunciar o acontecido aos discípulos.

Estes narradores, lançada que foi a “pedra” falsa da ressurreição, tiveram de alicerçá-la com acontecimentos posteriores: as aparições de Jesus ressuscitado, mas sempre e só aos seus discípulos e a alguns escolhidos, comendo e bebendo com eles, entrando com as portas fechadas, no local onde eles se encontravam, havendo aquela cena – cena apenas narrada por João, cujo evangelho é escrito uns 50/60 anos após os factos, o que leva por si a desconfiar da sua veracidade (Jo, 20, 26-27) – do incrédulo Tomé que, para acreditar, foi convidado por Jesus a meter a mão no lado do peito e o dedo no buraco dos pregos das mãos… (Afinal, não se sabendo que tipo de corpo teria o ressuscitado para comer e beber, mas também passar por portas e janelas fechadas...)

Finalmente, puseram Jesus a subir aos Céus.

E aqui está, além dos já mencionados e outros desencontros que não referimos, o grande problema da ressurreição e a nossa convicção da sua total falta de credibilidade. Se Ele era a Luz do Mundo, teria de se mostrar, ressuscitado, a toda a gente, pelo menos a todos os daquela região. O facto de só aparecer a alguns eleitos deita por terra todos os objectivos da suposta missão de um suposto filho de Deus vindo à Terra para salvar o Homem e oferecer-lhe a Vida eterna. Só atingiria tais objectivos, se aparecesse a todo o povo, sobretudo aos seus agressores, tanto judeus como romanos. Tão simples quanto isso!

Se qualquer inteligência humana era o que faria, não se pode exigir menos de uma inteligência divina…

Nem adianta Paulo, escrevendo uns 30 anos após os factos, dizer que “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa fé.” (1Cor, 15-14). Obviamente, dando o facto como certo, queria convencer disso os crentes na nova religião que ele estava a ajudar a fundar, alicerçando-a exactamente na ressurreição dos mortos. Se lá tivéssemos estado, tê-lo-íamos contestado e ele ficaria seguramente sem resposta para nos dar…

Então, poderemos concluir que as grandes bases do Cristianismo – a ressurreição e a vida eterna – assentam em "areias movediças" sem qualquer credibilidade.

E é esta falsidade que as Igrejas cristãs continuam a “impor” aos seus crentes, em domingos de Páscoa florida…

MAS VIVA A FESTA E HAJA MUITAS AMÊNDOAS!

sexta-feira, 22 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 399(?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Primeira Carta aos Coríntios - 7

 – “As profecias desaparecerão,

As línguas cessarão, a ciência também desaparecerá.

Pois o nosso conhecimento é limitado

Limitada é também a nossa profecia.

Mas quando vier a perfeição, desaparecerá o que é limitado.” (13, 8-10)

– Paulo torna-se confuso, pois a que profecias se referia, se não há profetas nem profecias mas apenas suposições a partir de factos ou de experiências? Depois, a ciência não desaparece por o conhecimento ser limitado; pelo contrário: investiga e esforça-se por encontrar a Verdade. Mais: a perfeição nunca se alcançará, pois o Homem é, por sua própria natureza, um ser imperfeito porque limitadíssimo, no corpo e na alma, face ao Tempo, ao Universo, ao Espaço Infinito... Este excerto que ainda pertence ao poema sobre o Amor, Paulo perdeu a inspiração e a... lógica.

– “Quando eu era criança, pensava como criança, falava como criança, raciocinava como criança. Agora que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança.” (13, 11-12)

– Óbvio! Também uma frase sem qualquer interesse.

– “Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois, veremos face a face.

Agora, o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido.

Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança, e o amor.

A maior delas, porém é o AMOR!” (13, 12-13)

– Mais uma fantasia de Paulo. Primeiro, o meu conhecimento será sempre limitado. Depois, veremos face a face o quê? E o que é isso de “ver como sou conhecido”? Que o AMOR seja maior que a fé e a esperança não temos dúvidas.

De qualquer modo, parabéns a Paulo por este belo poema!

– “Eu desejo que todos vós faleis línguas, mas prefiro que profetizeis.” (14,5)

“Que as mulheres fiquem caladas nas assembleias… Devem ficar submissas… Se desejam instruir-se, perguntem aos maridos em casa…” (14,34-36)

– Não se percebe bem o que é para Paulo profetizar e mesmo falar línguas. Dá impressão de querer valorizar algumas capacidades dos que se iam juntando ao rol dos cristãos. Mas passemos à frente e ao facto de querer que as mulheres estejam caladas nas assembleias e que perguntem aos homens o que não perceberam. Há pouco, era o véu obrigatório, agora é o não poderem falar e questionar. Enfim, era a mentalidade da época e da cultura judaica e este “rebaixar” a mulher e sujeitá-la ao homem irá manter-se até aos nossos dias, na maior parte das culturas, com o exagero aberrante do uso da burca na cultura muçulmana.

sábado, 16 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 398/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

Primeira Carta aos Coríntios – 6

 – “Vós sois o corpo de Cristo e sois seus membros, cada um no seu lugar que Deus lhe estabeleceu na sua Igreja, sendo por ordem: Apóstolos, profetas, mestres, os que têm o dom dos milagres, das curas, da assistência, da direcção, o dom de falar línguas. (12, 27-28)

– Como mentor a que se arvorou e arauto do Cristianismo, Paulo inventa todas aquelas categorias que formariam o corpo da Igreja nascente. Mas – com franqueza! – tendo sido ele que inventariou aquelas funções, como diz que foi Deus que lhes estabeleceu um lugar na sua Igreja? E Deus tem uma Igreja?

Aliás, Deus, para Paulo, era o tradicional Javé dos judeus, agora vestido de roupagem nova, como sendo Deus do Amor e não o guerreiro do AT que lutava sempre ao lado do povo hebreu, protegendo-o e favorecendo-o nas batalhas e conquistas, sempre de uma crueldade extrema e estúpida, pois, nelas – segundo a “Sagrada” Bíblia – passavam tudo a fio de espada: homens, mulheres, crianças e animais…, com o aplauso e conivência do mesmo Deus Javé! Grande Deus, aquele Javé sanguinário!

É, obviamente, uma visão de Deus muito mesquinha, por muito humana, nada tendo a ver com o Deus realmente existente, ETERNO e INFINITO que, por isso, “tem mais que fazer" do que andar preocupado com sua excelência o Homem! Que presunção, meu Deus, e que ignorância estupidificante, pensar Deus de tal modo!

Segue-se o conhecidíssimo poema de Paulo sobre o AMOR. Lindo! Inspirado aquele Paulo, naquele momento! Vale a pena transcrevê-lo na íntegra e… com poucos comentários.

– “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos,

Se não tivesse amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.

Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência,

Ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas,

Se não tivesse amor, nada seria.

Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos,

Ainda que eu entregasse o meus corpo às chamas,

Se não tivesse amor, nada disso me adiantaria.

O amor é paciente, o amor é prestativo.

Não é invejoso, não se ostenta não se incha de orgulho.

Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse,

Não se irrita, não guarda rancor.

Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará…” (13, 1-8)

– Aqui, perguntaríamos o que era para Paulo o Amor. É que sabemos que o AMOR tem muitas nuances e muitos graus, desde a amizade, à paixão, ao amor propriamente dito que será a entrega de dois seres um ao outro, com todos os predicados acima enunciados. Mas tudo ao nível do humano, da emoção, dos sentimentos, não sendo a religião nem Deus – o suposto amor de Deus pelos Homens – para aqui chamados.

E amar verdadeiramente não é tarefa humana fácil. É que isto de ser paciente, prestativo, não invejoso, não orgulhoso, não inconveniente, não procurando o seu interesse, não se irritando nem guardando rancor, alegrando-se apenas com a justiça e a Verdade, tudo desculpando, em tudo acreditando (sem se ser ingénuo, claro!), tudo esperando, tudo suportando…, exige muito de uma pessoa. E as pessoas têm os seus limites. Muitos limites mesmo...

Dizer que o amor jamais passará cremos que seja muito assertivo, pois, bem analisadas as coisas da vida quer privada, quer social, quer em política a nível mundial, é o amor – e o seu contrário: o ódio – que fazem mover o mundo…

sábado, 9 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíbli? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 397/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo – 397/?

 Primeira Carta aos Coríntios - 5

– “O homem não deve cobrir a cabeça porque é imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem. Pois o homem não foi tirado da mulher mas a mulher foi tirada do homem.” (11,7)

– Paulo continua a basear-se na Bíblia. Ora, sobre a credibilidade da Bíblia já dissemos tudo, quando fizemos aqui a análise crítica do AT.

Resumindo: a Bíblia do AT, nas suas duas partes – Livros de leis e históricos e livros sapienciais e proféticos – não é mais do que a história do povo hebreu, eivada de lendas e misticismos, por um lado, por outro, a recolha feita pelos sacerdotes, nos anos 500 AC, aquando no cativeiro da Babilónia que se prolongou por 80 anos, de orações ao seu deus Javé, histórias mais ou menos exemplares, profecias depois dos factos acontecerem…, mostrando a cultura da época e daquele povo, nada tendo a ver com ser a Palavra de Deus.

Por isso, não podemos dar qualquer credibilidade a Paulo, quando se baseia na Bíblia e suas histórias da "Carochinha" para provar o que está afirmando.

– “E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem. Sendo assim, a mulher deve trazer sobre a cabeça o sinal da sua dependência, por causa dos anjos.” (11, 8-10)

– Aqui, Paulo estragou por completo os laivos de equidade que atrás referiu na relação homem-mulher. E que sinal de dependência deve a mulher trazer sobre a cabeça? E… por causa dos anjos, personagens que não existem ou existem apenas no imaginário das pessoas que os inventaram? Temos vontade de exclamar: “Pobre Paulo e pobre religião que o tem por… Doutor!”

– “Recebi pessoalmente do Senhor aquilo que vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim.» (11,23-24)”

– Aqui está a primeira vez que tal frase foi proferida na Igreja e que continua a proferir-se nas missas para os fiéis acreditarem que, àquelas palavras, por magia divina – seja lá isso o que for! – aquela hóstia se transforma no corpo do homem-deus – ou Filho de Deus! – de nome Jesus e a quem chamaram de Cristo, o Enviado do Pai, o Messias, o Salvador que, ao morrer na cruz, (coisa estapafúrdia totalmente contrária ao apregoado Deus de Amor) redimiu o Homem do pecado original – coisa que não existiu, pois os seus autores – Adão e Eva – também não existiram, e lhe ofereceu o Céu… por toda a eternidade. E foi a chamada EUCARISTIA! Temos também vontade de exclamar: “Viva a fantasia de alguns homens”! E também: “Viva a capacidade de milhões acreditarem nesse punhado de homens que tal inventaram!”

– “Por isso, todo aquele que comer do pão e beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor…, come e bebe a própria condenação.” (11,27-28)

– Mais uma afirmação que não faz qualquer sentido já que nem o pão é corpo nem o vinho é sangue do Senhor que não foi Senhor, mas apenas um judeu com ideias revolucionárias, ideias pelas quais veio a morrer por serem contrárias às politiquices religiosas da altura, digladiando-se sacerdotes, escribas e fariseus que foram chamados por Jesus de hipócritas e sepulcros caiados de branco…

E aquele “Recebi pessoalmente do Senhor” só revela que Paulo confundia sonhos ou fantasias com a realidade, querendo transformar aqueles nesta.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 396/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Primeira Carta aos Coríntios - 4

 – “Imorais, idólatras, adúlteros, depravados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, caluniadores, não irão herdar o Reino de Deus.” (6,9)

– Nós acrescentaríamos: “Nem na Terra, nem no Céu!” A Terra sabemos que existe. O Céu pertence à fantasia. Não sabemos onde fica nem o que realmente é, tal como não sabemos o que é realmente o Reino de Deus…

– “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que está em vós e vos foi dado por Deus?” (6,19)

– Até é bonito. Mas não tem qualquer fundamento ou significado, pois o que é isso do Espírito Santo? E porque é que o nosso corpo é templo desse Espírito? O corpo é apenas o suporte da nossa parte espiritual, a que se convencionou chamar de alma – anima para os latinos, psiqué para os gregos – mas que não é mais do que o nosso cérebro, órgão onde toda a parte não-matéria de nós se processa: inteligência, vontade, consciência, desejos, sentimentos…

– “A esposa não é dona do seu próprio corpo, mas sim o marido. De igual modo, o marido não é dono do seu próprio corpo, mas sim a esposa.” (7,4)

– Equidade de direitos e deveres, o que é de louvar. E viva a reciprocidade! É pena que Paulo, mais à frente, não se fique por esta equidade.

– “Aos solteiros e às viúvas digo que seria melhor se ficassem como eu. Mas, se não são capazes de dominar os seus desejos, então casem-se…” (7,8-9)

– A apologia do celibato está na origem do celibato dos servidores das Igrejas e Congregações religiosas. Obviamente, não é de louvar. Assim, acabar-se-ia a espécie… Por outro lado, o celibato imposto pela cleresia, levou muitos desses servidores a cometerem crimes sexuais que, de outro modo, não teriam cometido. Quando é que a Igreja católica libertará, sabiamente, os clérigos de tal fardo anti-natura? Por quanto mais tempo continuará no obscurantismo retrógrado da imposição do celibato?

O capítulo 7 desta Epístola está todo eivado da apologia do celibato e da virgindade, com o falso pretexto de que, virgens, estão mais disponíveis para “servirem o Senhor”: “Considero boa a condição das pessoas virgens… Quem não tem esposa cuida das coisas do Senhor.” (7, 26 e 32). Enfim, acredite quem quiser! O que é certo é que muitos homens casados queixam-se de quanto trabalho dá “ter” uma mulher, seja ou não mãe de seus filhos e muitas mulheres se queixam do inverso, sendo elas as maiores vítimas da violência doméstica quando existe. Mas tudo isto se passa ao nível do humano e nada tem a ver com religião e a pregação dela.

– “Quero que saibais que a cabeça de todo o homem é Cristo, que a cabeça da mulher é o homem e a cabeça de Cristo é Deus. (11, 3).

– São afirmações sem nexo embora pareçam profundas de sentido. Claro que a palavra “cabeça” está em sentido figurado mas isso de Cristo ser a cabeça do homem e do homem ser a cabeça da mulher só apela para uma subordinação do homem à religião e da mulher ao homem. Laivos de machismo, com certeza, nesta segunda asserção.

– “Todo o homem que profetiza ou reza de cabeça coberta desonra a sua cabeça. Mas toda a mulher que reza ou profetiza de cabeça descoberta desonra a sua cabeça. Se a mulher não se cobre com o véu, mande cortar os cabelos.” (11, 4-6).

– Desculpa, Paulo, mas isso é um total disparate! E um pormenor sem qualquer interesse. Pior: ainda estás a pensar na Eva que deu a maçã ao Adão, introduzindo o pecado no mundo. O que também é uma bobagem completa, pois não passa de uma história infantil. Nem se percebe como a Igreja te eleva a Doutor, baseando tu as tuas teorias na Bíblia. Enfim, é o que tem…

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Do maravilhoso ao trágico!

 

A maravilha do corpo de um ser vivo: uma eloquente apoteose do Criador!

Mas… haverá um Criador?

 Ah, a glória do nascimento de um ser vivo! Que alegria, que espanto, que sonhos o acompanham no seu corpo todo, ali acabadinho de se formar: alma e sentidos, para os animais, ADN específico para plantas e cogumelos!

Foi, no início, apenas a mistura de duas moléculas, uma masculina, outra feminina – fantástica invenção da Natureza Criadora! – que se encontraram devido a um acto de amor, de ternura ou simplesmente se encontraram, voando pelo ar, como as flores que desabrocham num fruto, no ser vivo que é o seu suporte: a árvore.

Depois, é o crescimento, com maior ou menor consciência dele, mais ou menos lento, mais ou menos rápido, conforme o ADN de cada um, de cada espécie, da mais pequena bactéria ou vírus, da mais pequena planta, do mais pequeno cogumelo, aprimorando-se no ser humano, pela sua especificidade de possuir um intelecto capaz de abstracções…, até aos maiores exemplares que já existiram e que ainda existem na Terra, Terra que, banhada pelo calor do Sol, é a mãe de toda a VIDA.

E, seguindo o seu caminho, caminho inexorável porque o Tempo não pára para “respirar” ou “descansar”, vai envelhecendo, com mais ou menos glória, mais ou menos sucesso..., envelhecendo, envelhecendo, envelhecendo… quase disso não se apercebendo, na azáfama dos dias…, até ao momento final que é próprio de todo o ser vivo: integrar-se no donde veio – a Terra.

Mas, no seu início, sabendo-se que a origem da vida esteve num processo imparável ou numa feliz coincidência da junção de átomos e moléculas que, do inanimado passaram ao animado, i.é., a mover-se e a multiplicar-se…, qualquer ser vivo deixa um montão de perguntas para os que conseguem aperceber-se delas, tal o Homem:

- Já houve espécies que se extinguiram devido a factores estranhos. Haverá, enquanto a Terra existir, contínua evolução e renovação de espécies?

- Porquê a luta pela sobrevivência, normalmente à custa de outras espécies?

- Quem criou o poderoso ADN de cada espécie, ADN que determina tudo o que a espécie é, no corpo e na alma? Ah, como “dava jeito” que houvesse um Criador!

- E quem deu a forma e organizou os corpos em toda a sua complexidade de órgãos que têm de funcionar harmonicamente para que o todo viva?

- E porquê esta e mais aquela e mais aqueloutra, aos milhares ou milhões de variedades?

- E porquê estas e não outras?

- E porquê a umas a Natureza destina viver apenas 24 horas – tal a efémera - e outras, dois ou mais milhares de anos, como a oliveira?

- E como o ADN “obriga” a espécie a reproduzir-se, algumas inventando processos complexos e múltiplos para que a espécie não se extinga?

- E porquê cada espécie tenta proliferar sem ter em atenção, egoisticamente, as outras espécies, muitas sendo parasitas de outras?

Tantas perguntas sem resposta deixam-nos frustrados na nossa pequenez por, afinal, não entendermos a Vida à qual tivemos a sorte de aceder, sem nada termos feito para o merecermos. É que nós não somos mais que fruto de um puro acaso da Natureza!

Mas mesmo estas perguntas sem resposta fazem parte da apoteose gloriosa de um Ser que vem à Vida. Haverá lugar ao trágico?

 – Não sabemos se havemos de chamar tragédia ao desaparecimento a que qualquer ser vivo está fadado, nascendo com uma única certeza: desaparecer, tendo completado os dias que o seu ADN – ADN herdado dos antepassados, que não só dos pais directos – lhe determinou. Isto, claro, se não for vítima antecipada de qualquer acidente natural ou doença que se lhe atravesse no caminho. E um desaparecimento para sempre!...

Somos tentados a perguntar: «Então para que veio à vida um ser se era para desaparecer para sempre, depois de existir um pequeno lapso de tempo»? Na verdade, custa morrer! Custa aceitar a morte! Mesmo que não haja sofrimento. E não há dúvida de que todo o ser vivo tem horror à morte, embora, no caso dos humanos, sabendo-a certa! Animais ou plantas, todos lutam pela sobrevivência, fugindo aos perigos que lhes ameaçam a Vida. Então…

Então, fiquemo-nos com a pergunta-mistério:

«O que é realmente a VIDA? É apenas uma força, um impulso, um movimento, uma apetência para realizar coisas, enquanto houver espécies que se repliquem, já que os indivíduos, pertencendo ao Tempo, aparecem e desaparecem com o Tempo..., e enquanto a Terra tiver capacidade para ser o berço da mesma VIDA?»

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 365/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Primeira Carta aos Coríntios - 3

 – “Então vós não sabeis que os cristãos é que vão julgar o mundo? (…) Não sabeis que nós haveremos de julgar os anjos?... Quanto mais as coisas da vida quotidiana.” (6, 2-3)

– Onde é que Paulo terá ido buscar esta inspiração para dizer tal “barbaridade”? – Só para, mais uma vez, afirmar a supremacia dos cristãos em relação ao resto do mundo. Presunção não lhe falta! Embora a realidade seja bem diferente: nem haverá julgamento, nem há anjos. O conceito de julgamento foi inventado pelas Escrituras, referido por Jesus, consolidado pelos primeiros crentes e pregadores que o utilizaram para criarem os medos do inferno e levarem as pessoas para os conventos: era o temor do Juízo Final presidido por Cristo às portas do Paraíso, sob o olhar justiceiro de Deus!...

Nada disto faz qualquer sentido. Nada disto tem o mínimo de fundamento. Tudo inventado por cabeças pensadoras, para darem resposta à inevitável morte e ao inevitável desaparecimento do ser humano, acenando-lhe com a eternidade num Céu inexistente, com um Deus inexistente, um Cristo inexistente, anjos inexistentes… Uma formulação totalmente conceptual sem qualquer base na realidade nua e crua: o Homem nasce do NADA e integra-se no NADA, tendo-se alimentado na Terra que lhe permitiu viver um certo tempo, o tempo determinado pelo ADN. NADA MAIS! O resto é exploração da “razão” emocional humana que realmente não é razão PORQUE NÃO RACIOCINA. Acredita, tem fé, mas não questiona. Aliás, quando começa a questionar, deixa de ser emocional e torna-se racional, levando à perca de fé.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Da necessidade de um Criador - 2

 


Criador da Terra, do Universo e, neles, a VIDA

 (Continuação)

- Sabemos que Deus, a existir, não pode ser concebido como um humanoide superior que, estando fora do sistema, criou o sistema para seu divertimento… Aliás, ao falarmos de um tal Deus, queiramos ou não, atribuímos-Lhe logo características humanas: quer, pensa, diverte-se…

Repetimos: Deus não pode ser um SER! Deus tem de ser o TUDO ONDE TUDO SE INTEGRA: ESPAÇO E TEMPO, MATÉRIA E ENERGIA, tudo evoluindo dentro d’Ele e por Ele, porque ELE é TUDO! Desde sempre e para sempre – sendo ETERNO – tudo contendo e sendo, porque é INFINITO.

Portanto, Deus não precisou de criar nada porque TUDO existiu desde sempre e existirá para sempre, sendo esse TUDO Ele mesmo!

O mesmo se passará com o aparecimento da Vida na Terra. Não foi criada ou, se quisermos, não foi directamente criada. Ela apareceu pela feliz conjugação, num ambiente atmosférico-terreno favorável, de átomos de carbono, com oxigénio e outros elementos químicos, não sendo a Vida mais do que o fruto de reacções químicas dentro do ser vivo. Diríamos que um ser vivo é pura química em movimento… Apelar para um Deus que quis/decidiu/se lembrou, a um dado momento do Tempo da vida da Terra – cerca de mil milhões de anos após a sua existência, tendo a vida aparecido há cerca de 3.5 mil milhões de anos – e andou a brincar a formar seres, desde os vírus, às bactérias, aos seres unicelulares, aos enormes animais, às enormes plantas, numa variedade de espécies que espanta pela sua variedade…, é, no mínimo, desonestidade intelectual. Melhor: não passa o pequeno patamar da Fé!

Assim, os argumentos para defender a existência de um SER Criador têm de ser considerados nitidamente menores, não passando o nível do humano, face a toda esta honesta argumentação baseada em dados científicos!

E nunca será demais lembrar que o Homem, apesar de ser composto por milhares de biliões de átomos, e apesar de ser um ser pensante, é apenas um pontinho na Terra (e durante um limitadíssimo período de tempo), Terra que é um pontinho na Galáxia, Galáxia que é um pontinho no Universo, Universo que será um pontinho no ESPAÇO INFINITO! E tudo isto apelando para dimensões de que o limitadíssimo cérebro humano não consegue minimamente aperceber-se. Pois, se ainda conseguimos percepcionar o que é um ano-luz (cerca de 9 triliões de kms) quem pode perceber ou percepcionar mil, um milhão, biliões de anos-luz, dimensões onde “labora” o “nosso” Universo?

Basta dizer, por exemplo, que a Galáxia Andrómeda – a mais próxima da nossa Via Láctea – se encontra a 2 milhões de anos-luz e que o diâmetro da Via Láctea são 500.000, tal é a sua grandeza, nos mais de 100 mil milhões de estrelas que a compõem…

Verdade/certeza absoluta: a Terra morrerá na agonia do Sol que a engolirá antes de morrer, restando um calhau incandescente disforme e sem vida. Então, a pergunta é inevitável: “O Criador é tão inteligente e tão poderoso para criar tudo o que existe e não consegue controlar as forças que Ele próprio criou e regulou de forma a evitar a destruição da Sua criação?”

Facilmente se conclui que a ideia de um Criador é mais um dos delírios da fantasiosa mente humana…, mente que tende a guiar-se mais pela Fé do que pela CIÊNCIA e pela REALIDADE que nos é dado conhecer!

 

 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Da necessidade ou não de um Criador

 

Da necessidade ou não de um Deus Criador - 1

Criador da Terra, do Universo e, neles, a VIDA

 Os defensores de um Deus Criador, quaisquer que sejam os seus argumentos, esbarram sempre contra o inevitável: a falta de conhecimento do Homem acerca da Realidade universal, realidade que permanece – e presume-se que permanecerá para sempre, dadas as limitações do mesmo Homem, face às inimagináveis colossais dimensões do Universo – um quase total mistério. As perguntas são muitas:

- O que é o Espaço? É finito ou infinito? E é eterno porque infinito?

- O que é a matéria? É também eterna, apesar de finita, porque mensurável?

- O que é a energia?

-O que é a força gravítica sentida na atracção/repulsão dos astros uns pelos outros?

- Há apenas este Universo – do qual desconhecemos quase tudo! – ou há muitos Universos, no Espaço Infinito?

Ora, vamos ver o que sabemos, com maior ou menor certeza, mas sem qualquer certeza absoluta:

- Sabemos que este Universo parece ter começado há 13.5 mil milhões de anos, no Big Bang, uma enorme explosão de uma enorme massa de matéria energizada. A admitir que tal seja a sua origem, há perguntas irresistíveis como: 1 – O que havia antes dele? 2 – Em que parcela do Espaço se encontrava a tal massa que lhe deu origem? 3 – Como se formou tal gigantesca bola de massa? Foi o resultado de um velho Big Crunch? 4 – Para onde caminha e como será o seu fim, pois tudo o que começa no Tempo acaba no Tempo? Caminhará para o tal Big Crunch, o que dará origem a um novo e renovado Universo, utilizando a mesma massa, mas sob formas diferentes, já que da matéria nada se perdeu, tudo se transformou, no perene movimento que a animou?

- Sabemos que o Universo é formado por Nebulosas e Galáxias, sendo numas Matéria e Energia dispersas, nas outras, Matéria e Energia organizadas em estrelas.

- Sabemos a composição das estrelas e que, tendo-se formado um dia pela acumulação de matéria energizada, irão desaparecer um dia mais à frente, quando o seu carburante – o hidrogénio – se acabar: uns bons milhares de milhões de anos- (Para o nosso Sol, dada a sua massa ardente, estimam-se uns dez mil milhões, encontrando-se no meio da sua existência).

- Sabemos que tudo está em movimento, desde o átomo, às estrelas, ao próprio Universo, passando pelos seres vivos e não vivos que habitam/compõem todos os astros do mesmo Universo.

Aliás, é aqui que os defensores de um Criador se fundamentam, já desde o medieval S. Tomás de Aquino: “Se tudo está em movimento, quem, senão o Criador, deu o primeiro impulso?” Ora, a resposta nem é difícil: basta conceber a matéria como eterna, i.é, sempre existente, e sempre em movimento ou em transformação, nada se perdendo porque não tinha/tem para onde perder-se… (Cont.)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 394/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Primeira Carta aos Coríntios - 1

 – “A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se salvam, para nós é poder de Deus. Pois a Escritura diz: «Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes.»” (1,18-19)

– Primeiro, o que dizer de, segundo as teorias cristãs, Deus ter “condenado” o seu Filho muito amado a morrer numa cruz – o suplício máximo então aplicado pelos romanos aos “prevaricadores” – para supostamente salvar o Homem, não se sabe bem de quê?! Aliás, se tivesse vindo em tempos medievais ou de inquisição, o suplício teria sido a fogueira ou o esquartejamento ainda vivo…

E é na linha de que a cruz é salvação que Paulo argumenta, fundamentando-se, mais uma vez, na Escritura, supondo-se que os sábios e os inteligentes vêem na cruz um suplício de opróbrio e nunca de salvação. Quanto a isto, apenas diremos – repetindo-nos, já desde a análise ao AT – que atribuir a Deus as Escrituras, i.é., o AT, muito mais do que misericordioso, pacífico, Pai, é fazer de Deus ignorante, violento, sanguinário. E todos sabemos que o AT foi escrito por sábios sacerdotes judeus, no cativeiro da Babilónia, pelos anos 500 a.C., compilando lendas antigas, inventando e recriando outras, sobretudo com a visão limitadíssima do mundo, da Terra e do Universo que tinham naquele tempo. Nada mais! Donde terá vindo a ideia peregrina – ainda hoje sustentada pela Igreja! – de que foi de inspiração divina? – Só com o propósito de enganar os crentes, os incautos, os facilmente manipuláveis pela emoção de estar aqui, vivos num pequeno planeta chamado Terra, apenas durante um limitadíssimo espaço temporal, ignorando completamente o que virá depois…

– “Os judeus pedem sinais e os gregos procuram a sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos.” (1,22)

– Afinal, a cruz não é só loucura e escândalo para judeus, gregos e pagãos, mas para todos os cultos e sábios de então. Dizer o contrário, como Paulo diz, é querer fazer a quadratura do círculo. Um nonsense completo! Impor aos crentes um Filho de Deus crucificado como Salvador e Senhor será uma táctica mas não podemos dizer senão que é perversa. 

Mas não deixa de ser interessante o que os pregadores conseguiram fazer da cruz: um amuleto divino que todos os cristãos gostam de usar, de beijar, de oferecer, de emoldurar, de dependurar em casa e até em instituições públicas, nos países em que a religião cristã predomina. Como é que não se apercebem que ali está um ser humano que foi martirizado e sofreu horrores inventados pela perversidade de outros seres humanos?...

sábado, 20 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 393/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Carta aos Romanos - 6

 – “Submetei-vos todos às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus e as que existem foram constituídas por Deus.” (13,1)

– Como sabemos da História, é falsa esta afirmação. Nem sabemos onde Paulo a foi buscar ou fundamentar. É claro que a autoridade sobre os povos sempre foi imposta pelos senhores da guerra ou por outros poderosos, como nobres, reis e papas. A autoridade menos imposta é que, actualmente, deriva do voto popular, mas mesmo assim é muito discutível… Esta visão teocrática do destino do Homem e das suas acções é totalmente infundada. Deus não tem nada a ver com o que o Homem faz ou deixa de fazer. Aliás, parte-se de um princípio de que Deus está lá em cima a olhar cá para baixo o Homem nas suas actividades. Que Deus mesquinho e apoucado este das religiões, santo Deus! Como se nada mais houvesse no Universo e no Espaço infindo do que sua excelência o sr. Homem, numa Terra que é um pontinho perdido no Espaço, sem qualquer interesse para esse mesmo Espaço e toda a matéria e energia que nele se agitam e se movimentam…

– “De facto os mandamentos … resumem-se nesta sentença: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo.»” (13,9)

– Indiscutível. É pena que tão poucos humanos o façam. A sociedade vive mais do “Salve-se quem puder e como puder!”

– “O Reino de Deus não é questão de comida ou de bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” (14,17)

– Quando no NT se fala de Reino de Deus, nunca se define bem o que é. Esta definição de Paulo é mais uma não-definição. Além de justiça, paz e alegria poderia enumerar tudo o que há de Bom no ser humano. Chamar o Espírito Santo para aqui nada adianta, pois é personagem inventada pelos primeiros crentes, tendo sido sugerida pelo próprio Jesus.

– “O Deus da paz não tardará em esmagar Satanás debaixo dos vossos pés.” (16,20)

– Pelo contexto, pressupõe-se que Satanás represente para Paulo os não crentes ou os que se opunham às novas ideias religiosas. E está subjacente a tal afirmação uma superioridade dos cristãos, bem como uma ideia de guerra contra eles ironicamente apoiada pelo “Deus da paz”…

E assim, acabamos a análise crítica a esta importante carta – para a Igreja – de Paulo, focando apenas os aspectos mais relevantes, donde ressalta a soberania das Escrituras que condicionam o pensamento de Paulo que nelas se apoia para defender as suas crenças, junto das comunidades que se iam formando, atraídas não pelo Jesus da cruz mas pelo Jesus que pregou a fraternidade universal e o amor ao próximo, numa sociedade baseada em grande parte na escravatura…

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 392/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Carta aos Romanos - 5

 – “Ou não sabeis o que a Escritura diz na passagem em que Elias acusa Israel diante de Deus: «Senhor, mataram os teus profetas…» O que a voz divina lhe respondeu: «Reservei para mim sete mil homens…» (11,2-4)

– Ora mais uma vez temos Paulo a referir as Escrituras, com Deus a falar com o profeta Elias. Teremos que repetir que nem as Escrituras têm qualquer valor do ponto de vista histórico, nem Deus andava por ali a falar com este e mais aquele, renovando a noção de que Deus seria uma espécie de humanóide superior? Mais: não houve profetas nenhuns. Tudo o que afirmaram de acontecido foi elaborado após os factos terem ocorrido, ou era facilmente dedutível perante as circunstâncias… Tal como hoje: há por aí muitos profetas, profetas que, de vez em quando até acertam. Sobretudo os chamados profetas da desgraça…

– “Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis as suas decisões, e como são impenetráveis os seus caminhos! (…)” (11,33)

– Voltamos a um Deus humanizado. Muitas vezes um “humano superior” simpático, outras nem tanto, abusando da sua especificidade divina, mostrando o seu poder autocrático. Mas, como é Deus e os seus caminhos são impenetráveis…, valha-nos a Fé!

– “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Desse modo, farás o outro corar de vergonha. Não te deixes vencer pelo mal mas vence o mal com o bem.” (12,20)

– Bons conselhos, não há dúvida. Mas digamos que não é nada fácil perdoar a um inimigo ou a alguém que nos fez mal. A vontade é de lhe desejar que arda nas profundezas dos infernos… (Embora o Inferno não exista!) Aliás, já Jesus dissera que fazer bem aos amigos não tem qualquer mérito.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 391/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Carta aos Romanos - 4

 – “Não faço o bem que quero mas o mal que não quero. Ora se faço aquilo que não quero, não sou eu que o faço mas o pecado que mora em mim.”; “Quem me libertará deste corpo de morte? … Assim, pela razão sirvo a lei de Deus, mas pelos instintos egoístas sirvo a lei do pecado.” (19-24)

– Atribuir o mal que ele faz ao seu corpo é desconhecer que o corpo é comandado pelo cérebro, ou seja, pela razão e é o suporte do mesmo cérebro: o mau funcionamento de um afeta o funcionamento do outro. E este condenar o corpo e fazê-lo fonte de pecado levou milhares aos conventos e ao cilício, pensando assim ganhar a vida eterna. Coitados: nem gozaram a vida na Terra – forçosamente efémera, mas existente e real – nem a eterna porque simplesmente não existe! Mas, diga-se que se a ideia de pecado da religião – ou das religiões! – levou muitos para os conventos e a se ciliciarem, também foi causa de muitos não cometerem mais crimes, temendo o Inferno e o suposto julgamento de Deus, no juízo final, ideias também inventadas pelos criadores das religiões, nomeadamente a cristã.

– “Penso que os sofrimentos do momento presente não se comparam com a glória futura que deverá ser revelada em nós.” (8,18)

– Pensamento obviamente sem qualquer base de sustentabilidade. Pressupõe a vida eterna e todas as crendices que lhe estão associadas ou que a religião cristã lhe associou. E mais uma vez, a ideia absurda e, de certo modo, perversa, de que é pelo sofrimento e pelo martirizar o corpo que a alma se purifica e ganha a vida eterna. No catecismo, aprendia-se a dizer, perante o sofrimento: “Que seja tudo em desconto dos meus pecados!” O maldito pecado sempre presente…

Duas ideias estão erradas, neste pressuposto: 1 – Temos uma alma separada do corpo; 2 – Essa alma é eterna e incorruptível e não desaparece com a morte do corpo. É que alma e corpo formam um único ser, totalmente interdependentes: aparecem os dois simultaneamente, no acto da concepção, desaparecem no acto de morrer. ESTA A PURA VERDADE!

– “Ele mesmo (Deus) disse a Moisés: «Farei misericórdia a quem entendo usar de misericórdia e terei piedade de quem entendo ter piedade.” (9,15)

– É um nonsense total! Primeiro, Deus é feito/visto/concebido, mais uma vez à imagem do Homem que entende isto ou aquilo, que tem ou não tem piedade ou misericórdia. Depois, Deus ter falado a Moisés é a coisa mais absurda em que se pode acreditar. Só com uma fé… absolutamente irracional! Até porque sabemos que Moisés utilizou aquele processo de dizer que recebeu de Deus as tábuas da Lei no Monte Sinai para poder dar força às ordens que queria dar ao povo, povo que não seria fácil de governar. Ao apelar para o seu contacto com Deus e que eram d’Ele as ordens emanadas, teria/terá tido muito mais sucesso e… menos trabalho de convencimento! Esperto aquele estratega político, ao utilizar a religião como suporte!