À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– E, ainda falando do Céu, a nossa vontade é de explodir,
gritando: “Caramba! Não haverá melhor do que esta “Comédia Divina” para nos ser
apresentada a nós, Homens, seres racionais que somos e que não queremos ser
ridículos, caminhando para um Céu de um Deus ridículo?” Ao criarem tal
“Comédia”, não ridicularizaram as religiões a própria essência do Homem a quem
se destinam?
E directamente a Jesus Cristo, que tal Céu nos leva a
imaginar com as suas palavras ditas de vida eterna: “Será esta a Verdade que
nos anuncias? É este Céu nonsense que
nos prometes? Tu que conhecias o íntimo dos do teu tempo e, como Deus eterno,
conheces também o nosso e o de qualquer pessoa que viveu, vive e viverá, não
sabias que este Céu não nos convencia sem milagres que se repetissem pelo tempo
fora, para cada Homem, em cada lugar, pois terá que haver justiça e todos, para
serem julgados e eleitos ou condenados, terão de estar nas mesmas
circunstâncias?… Se aqueles viram os teus milagres e acreditaram (estranhamente,
a maior parte não!) e se salvaram, porque não nós? Porque a nós só é dada a fé
em palavras, já não tuas directamente mas por interposta pessoa, neste caso, o
teu discípulo Mateus?” A injustiça é colossal mas… não temos outra alternativa
senão continuar contigo, caro Jesus Cristo, e tentar descortinar a justiça
divina que tem de existir em algum lugar…
– A história do homem que vai à procura da ovelha perdida,
deixando as noventa e nove e alegrando-se mais por a ter encontrado do que por
não ter perdido as outras noventa e nove, é… comovedora! Já não se entende é o
“Da mesma maneira, o vosso Pai que está no Céu…” (Mt 18,14) pois o que será
Deus-Pai alegrar-se por uma “ovelha perdida” ou, se quiseres, um pecador
arrependido?
É! O próprio Jesus Cristo continua a humanizar Deus, quase
como fizeram os escritores do A.T. Não acreditamos que tal humanização nos
traga alguma coisa de bom…
– “Tudo o que ligardes na Terra será ligado no céu e tudo o
que desligardes na Terra será desligado no Céu.” (Mt 18,18)
– Repete Mt 16,19. Não se percebe o que é este ligar e
desligar. E também não percebemos como o Céu e a Terra estão assim tão próximos,
tão dentro e tão fora de nós… É que não sentimos nada de Céu por aqui… (Isto,
além do Céu ser apenas atmosfera terrestre iluminada pela luz do Sol…)
– “Se dois de vós aqui na Terra (…) pedirem qualquer coisa
em oração, o meu Pai que está no Céu a dará. Pois onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles.” (Mt 18,19-20)
– As palavras… bonitas! A realidade… Pois quem acreditará
que as coisas se realizam conforme os nossos desejos - que podem muito bem não
serem os de Deus! - se é que Deus tem desejos… - se rezarmos e se rezarmos em
comunhão de dois ou mais? Quem garantirá que as coisas acontecem deste ou
daquele modo porque se rezou? Ou se acontecem como pedimos, dizemos que foi
Deus que atendeu a nossa oração e se não, dizemos que nos faltou a tal fé que,
mesmo do tamanho do grão de mostarda, conseguiria arrasar montanhas? Ou – mais
caricato e nonsense – não eram os
desígnios de Deus, a vontade de Deus, os desejos de Deus?
E voltamos a humanizar Deus! Ridículo e um nonsense total! É que JC fala em Céu
como se fosse já ali e lá estará o seu Pai, nosso Deus, para nos ouvir e ajudar
e amar, etc., etc.
Ah, quantos sentimentos de culpa tal oração não atendida
provoca nos crentes, meu Deus! Quantos não se deixarão levar pelo desespero se
uma, duas, vezes sem conta não são atendidos nas suas fervorosas orações que,
embora fervorosas, não têm Fé que baste!…
Depois, a oração em comum ser mais válida ou mais atendível
por Deus que a oração individual… só no plano da força mental… humana,
evidentemente…
Enfim, resta dizer que este conceito de oração a Deus –
oração de pedido ou oração de louvor – é de um nonsense total. É que Deus não precisa de nós para nada. E esta
Verdade JC não a entendeu…