sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 250/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 46/?


– E, ainda falando do Céu, a nossa vontade é de explodir, gritando: “Caramba! Não haverá melhor do que esta “Comédia Divina” para nos ser apresentada a nós, Homens, seres racionais que somos e que não queremos ser ridículos, caminhando para um Céu de um Deus ridículo?” Ao criarem tal “Comédia”, não ridicularizaram as religiões a própria essência do Homem a quem se destinam?
E directamente a Jesus Cristo, que tal Céu nos leva a imaginar com as suas palavras ditas de vida eterna: “Será esta a Verdade que nos anuncias? É este Céu nonsense que nos prometes? Tu que conhecias o íntimo dos do teu tempo e, como Deus eterno, conheces também o nosso e o de qualquer pessoa que viveu, vive e viverá, não sabias que este Céu não nos convencia sem milagres que se repetissem pelo tempo fora, para cada Homem, em cada lugar, pois terá que haver justiça e todos, para serem julgados e eleitos ou condenados, terão de estar nas mesmas circunstâncias?… Se aqueles viram os teus milagres e acreditaram (estranhamente, a maior parte não!) e se salvaram, porque não nós? Porque a nós só é dada a fé em palavras, já não tuas directamente mas por interposta pessoa, neste caso, o teu discípulo Mateus?” A injustiça é colossal mas… não temos outra alternativa senão continuar contigo, caro Jesus Cristo, e tentar descortinar a justiça divina que tem de existir em algum lugar…
– A história do homem que vai à procura da ovelha perdida, deixando as noventa e nove e alegrando-se mais por a ter encontrado do que por não ter perdido as outras noventa e nove, é… comovedora! Já não se entende é o “Da mesma maneira, o vosso Pai que está no Céu…” (Mt 18,14) pois o que será Deus-Pai alegrar-se por uma “ovelha perdida” ou, se quiseres, um pecador arrependido?
É! O próprio Jesus Cristo continua a humanizar Deus, quase como fizeram os escritores do A.T. Não acreditamos que tal humanização nos traga alguma coisa de bom…
– “Tudo o que ligardes na Terra será ligado no céu e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu.” (Mt 18,18)
– Repete Mt 16,19. Não se percebe o que é este ligar e desligar. E também não percebemos como o Céu e a Terra estão assim tão próximos, tão dentro e tão fora de nós… É que não sentimos nada de Céu por aqui… (Isto, além do Céu ser apenas atmosfera terrestre iluminada pela luz do Sol…)
– “Se dois de vós aqui na Terra (…) pedirem qualquer coisa em oração, o meu Pai que está no Céu a dará. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles.” (Mt 18,19-20)
– As palavras… bonitas! A realidade… Pois quem acreditará que as coisas se realizam conforme os nossos desejos - que podem muito bem não serem os de Deus! - se é que Deus tem desejos… - se rezarmos e se rezarmos em comunhão de dois ou mais? Quem garantirá que as coisas acontecem deste ou daquele modo porque se rezou? Ou se acontecem como pedimos, dizemos que foi Deus que atendeu a nossa oração e se não, dizemos que nos faltou a tal fé que, mesmo do tamanho do grão de mostarda, conseguiria arrasar montanhas? Ou – mais caricato e nonsense – não eram os desígnios de Deus, a vontade de Deus, os desejos de Deus?
E voltamos a humanizar Deus! Ridículo e um nonsense total! É que JC fala em Céu como se fosse já ali e lá estará o seu Pai, nosso Deus, para nos ouvir e ajudar e amar, etc., etc.
Ah, quantos sentimentos de culpa tal oração não atendida provoca nos crentes, meu Deus! Quantos não se deixarão levar pelo desespero se uma, duas, vezes sem conta não são atendidos nas suas fervorosas orações que, embora fervorosas, não têm Fé que baste!…
Depois, a oração em comum ser mais válida ou mais atendível por Deus que a oração individual… só no plano da força mental… humana, evidentemente…
Enfim, resta dizer que este conceito de oração a Deus – oração de pedido ou oração de louvor – é de um nonsense total. É que Deus não precisa de nós para nada. E esta Verdade JC não a entendeu…

sábado, 21 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 249/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 45/?

– “Não desprezem nem um só destes pequeninos! Pois declaro-vos que os anjos deles, lá no Céu, estão sempre na presença de meu Pai celestial.” (Mt 18,10)
– Ora bem, quem maltrata crianças são os pedófilos, alguns pais bêbedos e renegados, alguns oportunistas perversos que não se importam de lucrar com mercancia de jovem carne humana. Todos estes bem merecem o fogo do inferno nesta e na outra vida! Mas… sejamos justos! Como qualquer pecador no tempo e na Terra, eles não podem pagar com castigo eterno pecado aqui cometido! Por muito grande que tenha sido!… Digamos – “brincando com o fogo do Inferno…” – uma labareda de fogo infernal por cada açoite ou mau-trato infligido injustamente a uma criança; mil labaredas bem quentes até lhes queimar bem aquele “corpinho”, sobretudo o órgão prevaricador, aos violadores!... Depois, pena cumprida, seriam restituídos à paz do Céu. É que são Homens, caramba! Não são Deus nem deuses! Têm por isso direito a errar, embora tenham de pagar pelos erros cometidos. É assim a justiça humana. Não será ainda mais a justiça divina?! Isto, obviamente, baseados no Inferno proposto, lá mais atrás, por Jesus…
– E que dizer dos anjos de cada criança? Também nós teremos um anjo? Onde estará o anjo da criança que um dia fomos?
Mas… o que estarão a fazer na presença do Pai celestial? Não serão necessários cá na Terra junto de cada criança para as protegerem contra os seus agressores? E se há tantas crianças maltratadas, onde estão os seus anjos que as não protegem? Já estarão estas crianças a sofrer para desconto dos seus pecados futuros, como muitos ensinam, e assim, mais facilmente alcançarem a vida eterna?
– Os anjos… Não sabemos se os poderemos considerar simbólicos se reais. Então, demos largas ao nosso imaginário, inspirando-nos também no A.T:
Um céu!… Uma vastidão imensa, circundada por montanhas de diáfano azul, perdendo-se em nevoeirentos horizontes… Verdes recantos paradisíacos perdidos por aqui, por além, em catadupas de cascatas e de flores… E… os anjos! Miríades de anjos por toda a parte, de longas vestes brancas, brilhantes, de olhos sempre postos no trono, com asas voando!… E nesse trono, majestático, sublime, omnipotente… Deus! O Deus eterno! O Deus dos exércitos! O Deus dos anjos, dos santos e… dos demónios! Deus!… À sua direita, os anjos e santos preferidos (pois, que este Deus também tem preferências…), fazendo-Lhe guarda de honra - embora não precise de guarda nenhuma, é tudo a fingir, só no faz-de-conta como nas brincadeiras de criança… E multidões de outros anjos e de todos os eleitos que já partiram da terrena vida e que alcançaram a eterna, cantando Hossanas, em coros celestiais, todos afinadíssimos - que outra coisa não seria de esperar da perfeição celestial, pois isso de desafinar é só para os terrestres - e louvando e tocando em arpas, flautas e violinos celestiais, que só se ouvem conforme os ouvidos quiserem ouvir, bem em hard rock para os mais jovens, suaves melodias para outros de ouvidos mais sensíveis e delicados, estridentes uns, suaves outros como convém aos mais contidos, que no céu também deve haver diferenças de sentidos e de sentires, de caracteres, de modos de se emocionar - se é que há lugar para as emoções, quem o saberá?… Uns servindo a Deus divinos manjares (sim, que este Deus também se alimenta…) em taças de jade, cristal ou alabastro, outros fazendo vénias em permanência, outros ocupando-se em apanhar as gotas de néctar que poderão cair da boca de Deus - tem de ter boca não é?!… E também terá sede e fome e corpo, como qualquer anjo ou santo, embora tudo a fingir, no faz-de-conta, porque tudo tem de ser glorioso e imaterial, etéreo, diáfano… Ai, isto é tudo tão confuso, tão nonsense, tão impossível de ser real embora tão fácil de imaginar, tornando-nos ridículos a nós e ao Céu e a Deus, e aos anjos e aos cânticos e a toda a realidade celestial!… Exactamente porque a quisemos “inventar” à imagem e semelhança do Homem… Só por isso!
– Desculpem! Exagerámos propositadamente. Foi a este cenário fantasmagórico que fomos levados pelas palavras do mesmo simpático Jesus, assim apresentado pelos evangelhos onde se baseiam as religiões cristãs.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Afinal, ó Homem, quem és tu?



Meditação para as férias de Natal, a minha “prenda” para os leitores

Respondendo àquela pergunta, responde-se também a outras que se dizem existenciais, eivadas de dramatismo: “Donde viemos? O que fazemos aqui? Para onde vamos?”
E temos duas respostas totalmente opostas: a das religiões e a da Ciência.

Respondem as religiões: “O Homem é uma criatura de Deus, dotada de corpo e alma, alma espiritual e que, por isso, não poderá morrer com o corpo mas viverá eternamente, num Céu com Deus, seu Criador, se se portou bem na vida terrena, ou no Inferno com o Diabo e o seu fogo, se foi mau o seu comportamento, tendo-se deixado levar nas asas do saboroso pecado.”

Responde a Ciência: “O Homem é o produto da evolução e, na evolução, dentro da espécie dos primatas, num ciclo vital que já leva cerca de três mil e quinhentos milhões de anos, em que da matéria brotou a VIDA, dadas as condições de humidade e calor para que tal milagre acontecesse, ciclo que deve ter passado por muitos altos e baixos, com glaciações e períodos de calor intenso, tendo o Homem aparecido apenas há cerca de quatro milhões de anos, quando alguns primatas se puseram de pé nas estepes africanas, desenvolvendo, por essa postura, um cérebro onde pontua uma inteligência dotada de várias capacidades, mas sobretudo capaz de raciocínios abstractos, (inteligência racional) e de emoções (inteligência emocional).”

 Ora, constatamos que o Homem definido pelas religiões não tem qualquer hipótese de comprovação como acontece com o definido pela Ciência.
Segundo as religiões – organizações mentais inventadas por alguns homens ditos iluminados e apresentando-as aos outros humanos como sendo de verdades absolutas – quando de Verdade nada têm, mas apenas especulações, imaginações, efabulações, delírios, invenções… – segundo as religiões, o Homem é uma espécie de semi-recta: nasce no Tempo e prolonga-se por toda uma eternidade, onde gozará para sempre do prémio ou do castigo merecido pela vida terrena que levou. Ora tal afirmação é um total nonsense que deveria envergonhar quem tal mentira inventou, pois é invenção eivada de uma total injustiça: “Como pagar com uma eternidade, prémio ou castigo, acções praticadas num breve período de Tempo que é a vida humana?”

Como tudo o que as religiões apregoam e defendem e pregam por esse mundo fora é totalmente falso, as religiões só se aguentarão enquanto houver néscios e ignorantes à face da Terra, néscios acríticos que facilmente são levados às crenças ou crendices, por medos e remorsos de tantos actos que na vida nem sempre são as melhores opções, culpabilizando-se e pedindo perdão ao suposto Deus-Criador existente lá no Céu. É que não há céu nenhum, mas apenas uma Terra que rodopia à volta da sua estrela, o Sol, rodeada da sua atmosfera que, devido à refracção da luz solar nos parece azul, dum belíssimo azul ora profundo ora diluído no branco escuro das nuvens e nos seus rosa-alaranjados, do nascer e do pôr-do-Sol! E também, por impossível, não há eternidade nenhuma para quem tenha começado no Tempo! Nem tão pouco Inferno, invenção delirante mas que levou muitos a não cometerem crimes contra os seus irmãos humanos, possuindo o Homem, no seu ADN, tendências antropofágicas inatas. (É, pelo menos, o que a História do Homem conhecida, nestes cerca de vinte mil anos, revela em toda a sua crueza.) Pior: todas as evidências levam ao Homem da Ciência, totalmente terreno e perecível. É que, dos muitos que já viveram e que morreram, nenhum cá veio dizer o que se passava lá pela eternidade… Até custa a crer como os vendedores de ilusões conseguem ter tantos crentes e tantos seguidores. Enfim, viva a santa ignorância! Mas – raciocínio totalmente válido, por realista – que importa, se as crenças ou crendices ajudam a viver melhor esta vida que é a certa?

O "Homem da Ciência" é o que faz sentido: ele é um elo na cadeia evolutiva, cadeia que se sabe como começou mas não se sabe onde nem quando nem como acabará, tendo a Terra mais uns quatro mil e quinhentos milhões de anos de vida, enquanto o seu Sol não morrer e não se transformar numa anã branca sem calor para, nela, sustentar Vida.
Mais: cada um de nós é apenas um pontinho que, como qualquer ser que nasce, assim desaparece, integrando-se, após os seus oitenta ou cem anos de vida, no donde veio: a Terra. Mas a Terra também é pontinho, neste caso, azul, pertencendo ao sistema solar que é apenas um dentro dos mais de duzentos mil milhões que constituem a nossa galáxia, a Via Láctea. E a galáxia é apenas uma dentro de milhares de milhões de outras que se supõe existam por esse Universo cujo princípio se pensa ter sido o Big Bang, mas cujo fim e extensão são completamente ignorados pela Ciência, embora se especule sobre tão magno assunto, tudo se regendo por leis, nem sempre rígidas, da gravidade – atracção/ repulsão – tudo sempre em movimento, correndo não se sabe para onde nem até onde…, tudo a distâncias tão abismais que só se conseguem medir em anos-luz!

Dentro desta incerteza científica que não questiona o que havia antes do Big Bang, por estar fora do seu alcance de análise, eis uma teoria que faz sentido, embora a nossa limitada inteligência – apesar de fantástica por poder pensar tudo isto – não tenha capacidade para a perceber:
«Tudo é matéria e energia. Tudo existiu desde sempre e existirá para sempre, num Espaço Infinito. Tudo, portanto, é eterno. E este TUDO está em perpétuo movimento, indo sempre do mesmo ao mesmo através do diverso, numa eterna monotonia cósmica, monotonia que talvez o não seja, porque, neste vai-vem, tudo se transforma, tudo se renova, num colossal espectáculo de vida e de morte. Este TUDO É…. DEUS, numa concepção do TODO ABSOLUTO, INFINITO E ETERNO, como só Deus pode ser. E, sendo o TUDO o Deus único e possível, tudo serão partículas d’Ele – nós também, obviamente, na nossa efémera passagem pelo Tempo!»

Lindo e credível, não é? E nós a sermos partículas de Deus… fantástico! Assim, nem temos pena de não sermos eternos, perpetuando-se, num enigmático sem-fim, a nossa parte racional-emocional que nos individualiza e caracteriza como ser humano. Mas… essa parte é pura matéria, pura energia, sendo “apenas” fruto da actividade dos mais de cem mil milhões de neurónios e suas sinapses que constituem o cérebro, matéria e energia perecíveis aquando do perecer do corpo que as sustenta e alimenta, alimentando-se da Terra donde proveio.
Agora, devidamente iluminados por estes raciocínios de cariz científicos, a escolha é individual: ou o EU religioso ou o EU científico. O melhor é escolher o que nos ajudar a viver mais sorridentemente esta vida que é a certa. A outra pertence à fantasia!

BOM NATAL e UM NOVO ANO CHEIO DA MELHOR SAÚDE POSSÍVEL, tratando bem deste corpinho que é o que nos traz vivos e mantém viva e activa aquilo a que um dia os clássicos chamaram simplesmente de… ALMA!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 248/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 44/?

– Reportemo-nos ainda ao “… cortar a mão ou o pé ou a arrancar o olho prevaricador… pois “é melhor entrar na vida eterna só com um olho do que ser atirado com os dois ao fogo do inferno.” (Mt 18,8-9) Se, como interpretam alguns “iluminados”, se trata não do corpo, mas do ver (olho), do agir (mão), do caminhar (pé)… porque fala Jesus por figuras de retórica? Para que os “simples” O entendam? Que “simples” entenderia que o olho representa a acção de ver, a mão, a acção de agir, o pé, a acção de andar?
Mais: que homem vai arrancar um olho - ou os dois! - para não ver as beldades que o enchem de gulodice ao passarem bamboleando-se, logo ali pecando - em pensamento, claro! - por não resistir a tanto chamamento dos sentidos e de… vida?
Ou mulher que por bonitão tenha sentido semelhantes desejos?
Ou, para não cair na tentação, antes que tal aconteça, não arranca os olhos, não corta os pés e as mãos e não se mete num deserto onde não haja tentações que lhe roubem o grande bem precioso que é a vida eterna que, por ser eterna, põe fora de qualquer comparação a vida terrena tão efémera?
Tão efémera que nem vale a pena vivê-la, pois se, por qualquer má vivência que o Destino faz atravessar no nosso caminho, perdemos a eterna, de que nos valeu por uma eternidade termos vivido a tal vida terrena com olhos, pés e mãos?
Certamente, foi raciocínio muito semelhante a este que levou - leva? - muitos para o convento, para o deserto, para fora do “mundo corrupto e cheio de podridão”…
Não há dúvida: se a vida eterna é a única que vale, esta que desapareça o mais depressa possível antes que algum desvario nos lance para todo o sempre nas profundezas do inferno…
Estamos quase a delirar, santo Deus! Mas não foram as palavras de Jesus Cristo que nos levaram a este delírio? E foram assim tão desprovidos de razão e de lógica os nossos sucessivos raciocínios?
É! Ficamos sem saber a que vida dar prioridade: se à terrena que sabemos certa, se à eterna que é apenas da Fé nas palavras de Jesus Cristo!
E poderíamos perguntar, em tom realmente de desafio para quem pudesse responder ou tivesse a ousadia de responder com toda a segurança da razão e da Fé: “A que mundo nos levariam as palavras de Jesus Cristo? – Um mundo sem ambições, um mundo sem progresso, um mundo todo virado para dentro de cada um, procurando cada um doar-se ao próximo com o objectivo, não o de desinteressadamente o ajudar mas porque assim garantia a sua salvação eterna.
– Mais uma vez, o raciocínio parece lógico. E também parece que realmente a mensagem de Jesus veio para aquele tempo, para aquele povo, para apregoar uma fraternidade universal na Terra, com a atracção do prémio num Céu de Deus-Pai por toda a eternidade e fugindo a um inferno que não tem - nunca teve! - graça nenhuma seja para quem for!
Realmente não sabemos se, seguindo as palavras de Cristo, teríamos chegado a este evoluir da ciência que hoje presenciamos, ao conhecimento do Universo que, limitado embora, está já a milhares de milhões de anos-luz por dentro do desconhecido… Pensar que Jesus nem sabia que a Terra era redonda, nem que as estrelas também morrem, nem que o céu afinal não é lá em cima mas é em lado nenhum ou em toda a parte… leva-nos a conclusões tão… tão… pouco divinas!
É que, por incrível que pareça, foi o “pecado”, o ódio, a guerra, a luta do Homem pelo Homem e pelos seus humanismos tantas vezes contra a religião que fez evoluir o mundo! E não as palavras de promessa de vida eterna de Jesus Cristo, arrancando olhos, pés e mãos, se nos levassem ao pecado e ao inferno…
Não há dúvida: religião e progresso parecem andar de costas viradas! Isto apesar da Igreja, ou das igrejas em geral, terem sido, durante toda uma Idade Média obscurantista, a única salvaguarda de elementos preciosos da civilização, e terem sido as guardiãs da cultura e do saber, possuindo e conservando as melhores bibliotecas, as melhores escolas, as melhores instituições de assistência social… E a religião ter feito produzir, com seus medos e seus delírios celestes, as mais magníficas obras de arte que se conhecem: pintura, escultura, música, literatura…
Bem! Basta de loucas perguntas, loucas considerações! Continuemos em busca da Verdade!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - - Novo Testamento (NT) - 247/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 43/?

– Outro milagre! Este de “utilidade tributária”!… “Vai ao lago e lança uma linha de pesca. Tira o primeiro peixe que vier no anzol, abre-lhe a boca e encontrarás lá uma moeda de prata que dá para pagar o meu imposto e o teu.” (Mt 17,27)
– Fácil, não é? É preciso dinheiro? - Milagre! É preciso alimentar multidões? - Milagre! É preciso curar? - Milagre! Haverá milagre sempre que…
Não sabemos! Constatamos é que há tantos milagres naquela actividade de Jesus que ficamos perplexos e sem saber da sua utilidade ou necessidade ou – questão das questões! – da sua veracidade!
Mas se são contados por testemunha que tal viu!…
É! Mesmo com o espírito racionalista e crítico que nos anima, temos relutância em negar-nos à evidência de factos que nos merecem senão total, pelo menos uma grande probabilidade de serem históricos, logo, verdadeiros. Mas…, duvidamos seriamente que o sejam!
– “Se não se converterem e não se fizerem como crianças, garanto-lhes que não entrarão no Reino dos Céus.” (Mt 18,3)
– O que será fazer-nos como crianças? É a apologia da vida simples e despreocupada abandonando-nos nos braços do Pai celestial que sabe muito bem do que nós precisamos? Isto, na linha do lírio do campo e das aves da floresta que não semeiam nem colhem e Deus dá-lhes a beleza e o alimento de que precisam. Será?
– “E quem receber em meu nome uma criança como esta é a Mim que recebe.” (Mt 18,5) – O que é receber em nome de Jesus? Realmente é bonito falar de crianças, da sua ingenuidade e simpatia. Mas, em termos racionais, que tem isto a ver com a eternidade no Céu?
–“Ai daqueles que levam os outros a pecar!” (Mt 18,7) E novamente, repetindo Mt 5,29-30, aconselha a cortar a mão ou o pé ou a arrancar o olho prevaricador… pois “é melhor entrar na vida eterna só com um olho do que ser atirado com os dois ao fogo do inferno.” (Mt 18,8-9)
– As perguntas que atrás fizemos aparecem agora mais veementes: “Então, sempre há vida eterna? Então, nessa vida, sempre teremos um corpo? Então, há inferno com… fogo?”
E ainda: “Lá na eternidade, teremos olhos?” Um corpo só com um olho, só com uma mão, só com um pé, para todo o sempre na eternidade… não seria muito agradável de viver nem de ver… No entanto, seria bem melhor do que um corpinho todo completo mas na eternidade do inferno… Lá isso… quem duvidará?
Depois, talvez Deus, compadecido, e para não ter de ver por ali aleijados, destoando no céu, faria certamente um milagre de repor o olho arrancado, o pé ou a mão cortados num gesto de seguimento à letra das palavras divinas de Jesus Cristo!
Claro! É que basta que houvesse apenas um ser humano que interpretasse à letra as palavras de Jesus para ter direito a tal benesse. Ou então, teria o direito de barafustar por toda a eternidade com Deus, porque tinha sido “enganado” pelo seu próprio Filho… E como tal repugna a qualquer mente, por muito limitada que seja…

No entanto – aliás, já o dissemos ao analisarmos estas palavras lá mais atrás – JC cometeu uma grande injustiça para com todos aqueles que, acreditando cegamente em tais palavras, sem questionar, foram levados a deixarem-se matar, a encarcerarem-se, a viverem uma vida de clausura ou de total austeridade e sofrimento, pensando na recompensa eterna. É que – e também repetindo-nos – lá por JC acreditar que a vida eterna existia e que deveríamos fazer tudo nesta vida efémera para a merecermos, não quer dizer que ela exista mesmo, tendo, aliás, o desplante de nunca ter apresentado, até ao momento, qualquer argumento credível a favor da sua veracidade. Apenas afirmações sem provas! Assim, qualquer um o poderia ter feito – ou pode fazer! – e sem o considerarmos Filho de Deus omnisciente e realmente existente no seu Céu que, obviamente, também carece de provas de que exista.