sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 234/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 30/?

– Outro milagre: Jesus e Pedro caminham sobre as águas! Aqui, parece que Jesus se quis “divertir” um pouco, usando o seu poder e pondo à prova Pedro que, duvidando, bem se ia afundando!…: “Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»” (Mt 14,31)
– Obviamente que Jesus também poderia divertir-Se. Afinal, era também homem que, a não se divertir, morreria de tristeza… Divertir-se com milagres é que já não sabemos se foi lá assim muito divino… Mas podemos aquilatar de quantos encontros-desencontros não traria a Jesus Cristo o “facto” de ser Deus e homem ao mesmo tempo… Seria?!
O milagre, naquele tempo, parecia ser tão “natural” que Pedro não se coíbe de pedir: “Senhor, se és Tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.” (Mt 14,28)
Mas a impressão com que ficamos é de que há milagres absolutamente nada justificáveis. É o caso do referido e logo outro: “E o vento parou. Os que estavam na barca ajoelharam-se diante de Jesus, dizendo: «De facto, Tu és o Filho de Deus.»” (Mt 14,32-33) E nós, que dizemos? Aqueles viram e… acreditaram. Nós também quiséramos acreditar, mas… não conseguimos! E não conseguimos porque este Mateus não pára de nos surpreender – e de se desacreditar! - com tanta narrativa milagreira: “Todos os que Lhe tocavam ficavam curados.” (Mt 14,36)
– Muitos doentes havia por aquelas paragens, santo Deus!… Então, voltamos a perguntar: “Como é possível, ao verem tantos milagres, não seguirem Jesus Cristo?” Pelo menos, os inúmeros doentes curados… Ao menos esses teriam acreditado nele e escolhido a porta estreita para entrarem no Céu de Deus Pai!… Acaso escolheram? Quem no-lo poderá revelar? E onde estavam eles “na hora em que O entregaram à morte”?
– “Esvaziastes a palavra de Deus com a vossa tradição. Hipócritas!” (Mt 15,6-7) “Não vos preocupeis com eles. São cegos guiando cegos.” (Mt 15,14)
– Porque se permite Jesus guerrear com os fariseus e doutores da Lei, apelando à desobediência, em vez de usar do poder da sua palavra para os convencer da sua mensagem de VIDA ETERNA NO CÉU?
E cita Isaías, chamando-lhe profeta: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.” acrescentando: “É do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias.” (Mt 15,8 e 19)
– Isto tudo porque os fariseus acusavam os discípulos de Jesus de não lavarem as mãos antes de comer… (Mt 15,2), facto realmente sem qualquer significado perante o pecado que leva a alma ao… inferno!
Referir que realmente não é no coração mas no cérebro que está a fonte de todos os nossos pensamentos e sensações, é pouco relevante. Se tal dissesse Jesus, quem do seu tempo O compreenderia?… Aqui, Jesus falou o terra-a-terra necessário para se fazer entender.
Pena que o não tenha feito noutras ocasiões bem mais importantes, fundamentais e essenciais, aquelas que nos deixam tantas interrogações sem resposta…

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 233/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 29/?

– E… mais milagres! “Jesus viu grande multidão. Teve compaixão deles e curou os que estavam doentes. (…) Jesus mandou que as multidões se sentassem na relva. Depois tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e deu-os aos discípulos; os discípulos distribuíram-nos às multidões. Todos comeram, ficaram satisfeitos e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram. O número dos que comeram era mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.” (Mt 14, 14-21)
– Curar doentes, parece que não será “grande milagre”, já que a ciência consegue explicar a maior parte das curas que antes não tinham explicação e há alguns privilegiados dotados de poderes mágico-magnéticos ou outros que tais, que conseguem “fazer milagres”, operando por exemplo, sem anastesia, não permitindo nem derramamento de sangue nem que o paciente sinta qualquer dor, e sendo capazes de localizar tumores e malformações só com o poder da sua visão, tipo raio laser que atravessa o organismo… É muito provável que JC tenha sido um desses privilegiados. Mas este milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, excede qualquer hipótese humana de realização-explicação!
Depois, ou é histórico ou não é! Tudo leva a crer que o seja, pois Mateus é, na sua categoria de apóstolo, um vidente dos factos. E se os factos não se passaram exactamente assim, porque iria ele alterá-los de tal modo?
Também é de excluir a hipótese de Mateus se ter esquecido, embora escreva cerca de 40 anos depois do acontecimento.
Que poderemos então concluir de tão estrondoso milagre, em que com cinco pães e dois peixes se dá de comer a umas dez mil pessoas (homens, mulheres e crianças) e ainda crescem doze cestos de pedaços de pão?
Aliás, que teriam feito a tais cestos de sobras? - também já noutro contexto perguntámos.
E, embora pouco relevante, porque sobrou tanto? Não poderia ter Jesus “feito melhor os cálculos”? O número doze faz lembrar as doze tribos de Israel. Haverá certamente alguma significativa conexão.
O que é certo é que a intervenção divina, por meio de Jesus, parece aqui não ter possibilidade de contestação…
Ah, se eu tivesse comido daquele pão e daquele peixe, assim sempre a sair das mãos dos discípulos sem nunca mais acabar… É!… Como realmente se daria, ali na prática, o milagre? Donde chegariam os pães? E donde os peixes já bem cozinhados? Difícil de explicar, não é?!
Mas há uma pergunta perturbadora: Porque é que esta multidão que “comeu” de tão estrondoso milagre, não acreditou suficientemente em Jesus para, na hora em que O entregavam à morte, O vir defender?
Por outro lado, admitindo que esta acção revela poder divino, teríamos então de rever todas as nossas interrogações anteriores e concluir que a solução é tentarmos entendê-las, porque protagonizadas pelo mesmo Jesus Cristo que multiplica assim pães e peixes…
É que se, por um lado, uma só acção de Jesus, tida por divina, bastaria para confirmar todas as outras, também uma ou muitas acções do mesmo Jesus, que nos deixam cheios de interrogações quando deveriam ser respostas de certezas absolutas, causam suficiente apreensão e dúvidas do será-não-será divino.
Só nos resta continuar, para tentar obter mais confirmações…

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 232/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 28/?

– Também não nos parece que tenha qualquer lógica, no contexto da salvação e do alcançar o Reino de Deus, o desabafo de Cristo: “Qualquer profeta é respeitado em toda a parte, menos na sua terra e no meio da sua família.” (Mt 13,57). Se tal é, às vezes, verdade, em contextos de “terra-terra”, nunca o deveria/poderia ser em contexto de terra-céu…
– Mas há outro problema: “As pessoas ficavam admiradas e diziam: «De onde vêm esta sabedoria e estes milagres? Este homem não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não se chama Maria e os seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não moram connosco? Então, de onde vem tudo isto?» E ficaram escandalizados por causa de Jesus. (…) E Jesus não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé deles.” (Mt 13,54-58)
– Não! Não se entende que os seus O não tenham recebido nem tenham acreditado nos seus milagres! Não é admissível tal “derrota” divina – facto que já referimos noutros raciocínios.
E novamente, referências ao pai carpinteiro, aos irmãos e irmãs… que só a fé na não totalmente clara palavra de Mateus (Mt 1,18-25) nos leva a concluir que eram parentes ou familiares e não realmente irmãos no sangue e filhos de tal pai.
Mas permitam-nos, ao menos por uma vez, deixar o nosso exacerbado racionalismo de analista crítico para nos deliciarmos com esta encantadora “realidade” de uma Virgem que dá à luz por obra e graça do Divino Espírito Santo! Poderíamos perguntar, parafraseando Jesus Cristo: “O que é mais fácil: dar de comer a dez mil com cinco pães e dois peixes ou fazer encarnar o Verbo Divino no seio de uma Virgem?” E assim, toda a poesia que Maria representa, representou e representará para o mundo cristão permanecerá pelos séculos dos séculos… talvez sem fim, Ámen!…
Só nos resta perguntar, criticamente curiosos: “Quem contou a Mateus os “factos” que narra em 1,18-25, sobre a origem de Jesus nascido de Maria Virgem?”
– Cortam a cabeça a João Baptista, por uma jura que parece de brincadeira… (Mt 14,1-12) A vida de uma pessoa pela jura a uma mulher!… Enfim, hoje fazem-se coisas semelhantes ou… piores!

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 231/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 27/?

(Referindo-nos ao texto bíblico antes publicado, repetimos o último parágrafo:)
– Como é possível afirmar que o Reino do Céu – Reino que afinal ninguém entendeu! - é só para alguns? Só “para… vós” - eles os discípulos? Como? Pior: como pode JC dizer que fala por parábolas para que, ouvindo, o povo não entenda? Como?!
E Jesus socorre-se de Isaías, parecendo querer “justificar-se”!… Isaías que, aliás, refere a mesma injustiça! Pois quem realmente não quererá ver nem ouvir para alcançar a felicidade na vida eterna? Quem? Tem é que ser informado claramente e por quem sabe, apresentando provas credíveis; não, obviamente, como Jesus o fez, por meio de parábolas, para que ouvindo-se não se entenda e vendo-se não se perceba!
Parábolas que os apóstolos também não perceberam: “Explica-nos esta parábola.” (Mt 15,15)
E que justiça humana - quanto mais divina! - é aquela de dar muito ao que já muito tem e tirar o pouco àquele que já tem tão pouco? Mesmo que seja simbólica tal afirmação e a respeito do caminhar para o Reino dos Céus - que não se sabe realmente como é - onde a vontade de Deus e de Jesus, seu Filho, de levar o maior número possível de Homens para esse Reino? Alguém poderá responder?
Por aqui, nós seremos do grupo dos profetas e justos que quisemos ver e não pudemos, quisemos ouvir e também não pudemos! Mas… - pergunta plena de angústia emotiva! - porque podem e tiveram o direito de ver e de ouvir, uns, e outros - certamente quase toda a humanidade - não podem, não têm? Porquê? Onde fica aqui a divindade de Cristo que nos deixa nesta angústia? Porque nos atira continuamente para o mistério?
É! Será mesmo muito difícil admitir - ou explicar - a resposta de Jesus: “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, a eles não.” É que conhecer tais mistérios é a VERDADE de que andamos desesperadamente à procura! E viemos exactamente ver se a encontrávamos em Jesus Cristo. Assim, com estas palavras, NADA!…
Só nos resta perguntar se realmente os apóstolos ficaram convencidos de que a eles “fora dado a conhecer os mistérios do Reino do Céu”…
– E ainda JC reincide: “Assim vai acontecer no fim do mundo: os anjos sairão para separar as pessoas más das boas, lançando as más na fornalha acesa. Ali haverá choro e ranger de dentes. Compreenderam todos estas coisas? - Compreendemos sim!” (Mt 13,49-51)
– É difícil de acreditar que tenham sido sinceros os discípulos, dizendo “Compreendemos!”. Mais parece aquela resposta mecânica, não querendo assumir a “vergonha” da falta de capacidade para entender! Nós aqui, não temos qualquer vergonha em dizer bem alto que não entendemos e ainda mais alto que bem quiséramos entender porque nisto se joga toda a nossa vida terrena em função da eterna, caso ela exista, como Cristo não se cansa de afirmar, seja no Céu, seja no Inferno...
Enfim, continuemos apesar de nada entendermos das supostas realidades apregoadas. Mas uma conclusão qualquer crítico tem de, forçosamente, tirar deste atabalhoado de ideias de que JC é o protagonista:
JC nada sabia do Reino dos Céus, nem da vida eterna, fosse ela nos Céus ou nos Infernos, a tal fornalha acesa que também não sabia o que é! E, não sabendo, nega-se a ele próprio como Filho de Deus, divindade que lhe foi atribuída, tornando-o num qualquer humano que especula sobre o que não conhece.