quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 384/?

 


 À procura da Verdade nos "Actos dos Apóstolos"

Texto 2/?

– Ninguém entenderá como é que Jesus não conseguiu convencer totalmente os apóstolos das suas ideias/afirmações acerca do Céu, do Inferno e do Reino de Deus, eles que viram tantos milagres e privaram tão intimamente com Jesus, durante três anos, necessitando ainda de um Espírito Santo para os confirmar na Fé! Se eles, que tudo viram e tanto ouviram, precisaram de um Espírito Santo, de quantos precisaremos nós, já não digo para nos fortalecermos na Fé, mas simplesmente para termos… Fé?! Quantos?…

Lendo os Actos, deparamo-nos com uma frenética actividade dos apóstolos, sobretudo de Pedro, João e Barnabé, aos quais se juntou Paulo, após aquele rocambolesco “milagre”, na sua ida para Damasco para prender cristãos, em que Jesus lhe aparece, dizendo-lhe: “Saulo, Saulo, porque me persegues?”

Ora, durante essas actividades de pregarem a Jesus ressuscitado, o que é que sobressai? – Milagres, muitos milagres! Rivalizando com o próprio Cristo: são curas e ressurreições em catadupa. Por onde eles passavam ressuscitavam mortos e curavam todos os doentes que lhes traziam.

Paulo também se verá inserido em tal contexto de milagres, além de pregar e escrever cartas aos gentios que ia convertendo e às comunidades de cristãos que ia formando e cimentando: romanos, gálatas, efésios, etc.

Vamos então a alguns pormenores mais interessantes.

Depois de mais uma vinda do Espírito Santo, como vimos – e parece que, afinal, bem precisavam dele: “É agora, Senhor, que vais restaurar o Reino de Israel?” (Act 1,6)…, Jesus lá subiu aos Céus (Act 1,9) e houve a substituição do malfadado traidor Judas pelo justo Matias (Act 1,21)

Foi assim a visita do Espírito Santo, no dia de Pentecostes: “Veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval”… “e os apóstolos começaram a falar, entendendo-os o povo, cada um na sua própria língua, invocando Pedro o AT (Joel 3,1-5) (Act 1,2,6 e 17).

– Onde o inculto pescador Pedro terá aprendido Joel não sabemos. Mas como todo o aparato da vinda do Espírito Santo carece de credibilidade, o autor deve ter ido às fontes…

– E começam os milagres: “Não tenho ouro nem prata, mas vou dar-te o que tenho: em nome de Jesus Cristo, levanta-te e caminha”, diz Pedro ao coxo de nascença que estava à porta do Templo, esmolando. (Act 3, 1-9)…

E mais uma vez o Espírito Santo: “Quando terminaram a oração, estremeceu o lugar e todos ficaram cheios do Espírito santo…” (Act 4,31)

– Não sabemos o que dizer. É que tudo o que mete espíritos não merece credibilidade, pois não há como provar a sua veracidade.

– Os milagres continuam em catadupa: “Ananias caiu no chão e morreu… Safira caiu aos pés de Pedro e morreu... Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pela mão dos apóstolos... E todos eram curados…” (Act 5, 5-16).

– Quem pode acreditar em tais histórias e que tudo ou algo daquilo tenha sido real?... Depois – perdoem-me todos os crentes – as duas mortes são de bradar aos Céus por justiça, bondade e sensatez. Pois o pobre do Ananias foi assassinado por Pedro – milagre! – por ter vendido o seu terreno e só ter entregado metade do produto da venda aos apóstolos, mentindo – pasme-se! – a Deus! E a pobre da Safira, mulher de Ananias, sofreu o mesmo castigo pela mesma causa. Isto é: «Ai, mentiste? Então, morres!» Linda religião! Lindo amor de Deus! Lindo perdão! Faz-nos lembrar, 600 anos mais tarde, Maomé que fez o mesmo: “Ou te convertes ao Islão, ou morres!” e os nossos descobridores que, numa mão a cruz e noutra a espada, diziam o mesmo aos índios do Brasil. Mas, actualmente, os muçulmanos continuam com a mesma filosofia: “Todos os que não se convertem ao Islão, devem morrer!”

– Conclusão: o autor dos Actos, para atingir os objectivos de fazer acreditar os iniciantes cristãos, inventou todos aqueles milagres, mesmo os asquerosos e repugnantes como os citados. Mas esqueceu-se que, perante futuros leitores, perderia toda a credibilidade...

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 383/?

 

À procura da Verdade nos ACTOS DOS APÓSTOLOS

 – O livro dos Actos dos Apóstolos foi escrito provavelmente entre 80 e 90 d.C. O seu autor será o mesmo do terceiro evangelho, Lucas.

Após este dado de cariz histórico, deixemos comentários e interpretações e vamos ao texto.

– Ainda há palavras atribuídas a Jesus, após ressuscitado: “Estando com os apóstolos, numa refeição, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não vos afasteis de Jerusalém. Esperai que se realize a promessa do Pai, da qual ouvistes falar: João baptizou com água; vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.» (Act 1,4-5)

– Ora, aí temos mais uma vez um corpo ressuscitado… comendo, bebendo, deglutindo, falando!... Afinal, com que corpo comia, bebia, falava? Com que cabeça raciocinava? Que metabolismo o daqueles alimentos ingeridos, não sabemos com que boca, saboreados não sabemos com que língua, digeridos não sabemos com que estômago!… Tal problemática não parece interessar aqueles apóstolos que, “anestesiados” pela magia da presença de Jesus que viram morto e bem morto, nem lhes passavam pela cabeça tais “trivialidades”… Mas Jesus comia ou… fingia que comia? Tinha ou não tinha corpo que era preciso ser alimentado?…

É estranhíssimo que nem os evangelistas nem o autor dos Actos se tenham colocado tais prementes questões. O que é certo é que parece terem tido razão. Se nós, os críticos, não aceitamos nenhum daqueles “factos” por impossíveis num corpo supostamente ressuscitado, por isso, forçosamente glorioso, não parece haver nenhum crente que se ponha essas questões. Embora não sejam questões menores e estejam no âmago de todo o imbróglio da suposta ressurreição de Jesus, ressurreição que está na base do cristianismo.

– Aliás, com que individualidade-realidade-essência andou Jesus “cá por baixo”, durante quarenta dias antes de subir ao Céu? “Durante quarenta dias, apareceu-lhes e falou-lhes do Reino de Deus.” (Act 1,3) E porque quarenta e não dez ou cem dias? E que dias eram aqueles para quem já fazia parte da eternidade, se é que alguma vez fez parte do… tempo?!

– E aí vem o baptismo do Espírito Santo. («… Vós, porém, dentro de poucos dias, sereis baptizados com o Espírito Santo.») Mas, para quê um Espírito Santo e para quê ainda vir “baptizar”/ confirmar na Fé os apóstolos ? É que não se compreende a existência de um Espírito Santo nem que seja necessário que Ele venha para confirmar na Fé os apóstolos, depois de tudo o que Jesus lhes disse para os convencer de que era o “Enviado do Pai”. A economia divina é assim tão complicada? Necessita de um Deus-Pai, de um Deus-Filho e ainda de um Deus-Espírito Santo para se apresentar aos Homens? Não complica Deus tudo? Não sabe Deus que não precisamos para nada de um Espírito Santo para nos confundir em vez de nos iluminar? Porquê um Deus uno mas trino em pessoas como reza o mistério da Santíssima Trindade? Esta seria sem dúvida uma das muitas perguntas que teríamos feito a Jesus Cristo se tivéssemos lá estado, antes que Ele fosse definitivamente para o Pai do Céu! Estamos, no entanto, convencidos de que não obteríamos resposta. Aliás, alguma vez deu uma resposta satisfatória a perguntas-chave que lhe fizeram? Não se refugiou sempre no mistério e na parábola? E é óbvio que não respondeu porque não sabia responder, sendo apenas homem igual a qualquer um de nós, embora cheio de ideias revolucionárias…