quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 363/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 57/?

 – Então… vamos! Vamos todos fazer aqui um destes pedidos que Jesus nos diz tão insistentemente para fazermos em seu nome, pois, segundo as suas palavras, seremos prontamente atendidos pelo Pai:

 «PAI, EM NOME DO TEU FILHO MUITO AMADO, JESUS CRISTO, TAL COMO ELE NOS INCITOU A FAZER, DANDO-NOS GARANTIAS ABSOLUTAS DE QUE SERÍAMOS ATENDIDOS, VIMOS PEDIR-TE QUE:

   NOS DÊS FÉ, UMA GRANDE FÉ, OU SIMPLESMENTE FÉ PARA ACREDITAR QUE EXISTES E QUE O FILHO E O ESPÍRITO SANTO SÃO APENAS FORMAS TUAS DE TE EXPRIMIRES PERANTE AS NOSSAS INCAPACIDADES DE TE PERCEBERMOS DE OUTRO MODO…

  NOS DÊS A CERTEZA DA VIDA ETERNA POIS ESTA JÁ BEM SABEMOS QUE É EFÉMERA E QUE NÃO PODE DURAR SEMPRE…

   NOS DÊS A CERTEZA DE UM CÉU ONDE ESTARÃO TODOS OS HOMENS QUE FOREM BONS NA TERRA…

    NOS DÊS A CERTEZA DE UM INFERNO ONDE ESTEJAM TODOS OS MAUS QUE NÃO FORAM BONS PARA COM OS SEUS IRMÃOS NESTA MESMA TERRA…

    NOS DÊS ESTAS CERTEZAS, NÃO COM PALAVRAS MAS COM… FACTOS ABSOLUTAMENTE CLAROS PARA QUE SEJAM ENTENDÍVEIS POR TODOS OS HOMENFIM, PEDIMOS-TE, Ó PAI, QUE NÃO DEIXES FICAR MAL O TEU FILHO, NÃO NOS OUVINDO, COMO O DEIXASTES FICAR MAL NA MORTE DA CRUZ QUE NÃO ENTENDEMOS, EMBORA A CULPA DEVA SER MESMO NOSSA… ÁMEN!»

 – Aí está a oração das orações, o pedido dos pedidos, pois nele se encerram todas as nossas angústias! Nem já nos importam realmente doenças ou falta de riqueza ou mesmo a fome e o sofrimento, pois tão depressa que se acabe esta vida terrena tão depressa entraremos na eterna, no Céu, em bem-aventurança por toda a eternidade! De facto, que nos adianta mais um ou dez ou vinte anos numa vida toda feitinha a prazo? Que nos adianta? Se o Pai nos conceder o que atrás Lhe pedimos em nome de Jesus Cristo, e que de modo algum nos pode recusar, por que se não põe em causa toda a PALAVRA do seu Filho muito amado, queremos é ir sem demora, em busca de tal vida, de tal Céu, de tal eternidade!…

– Agora, se não nos forem concedidas tais certezas pedidas…, se formos frustrados por haver um Pai que afinal não faz aquilo que o Filho – que é Deus com o Ele! – afirma que fazia, ao menos que nos faça o “milagre” de termos uma vida terrena… feliz, onde se morra tarde, vendendo até lá saúde a toda a gente, alegrando-nos e alegrando toda a gente que a nosso lado estiver, ao usufruirmos deste calor do Sol, destas belezas incalculáveis da Terra, sonhando sempre, sonhando que tudo isto nunca acabará como certamente não começou, sendo apenas um eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso…

– Ficamo-nos assim, com o tempo e com as coisas, perpetuando-nos para além de nós mesmos, nos átomos e moléculas que de nós fazem parte e que depois farão parte de outros seres vivos ou não vivos da Terra e das Estrelas quando esta Terra também acabar os seus dias, perdendo-nos no Espaço que quase de certeza é infinito e… eterno!

– É que, se não é infinito, onde estão os limites de começo e fim? Onde? Mas esta total incerteza já não nos interessa pedir a Deus-Pai que no-la desvende, pois não viveremos certamente da infinitude do Espaço e, nele, o Universo, mas sim da eternidade ou não das nossas vidas… com esta individualidade, com esta forma e conteúdo que nos faz a mim ser eu, a ti seres tu, a cada um de nós sermos apenas nós e mais ninguém, por mais que alguém o quisesse ou acredite em reencarnações totalmente infundadas…

BOM ANO NOVO PARA TODOS! COM MUITA SAÚDE E ALEGRIA! 

É QUE AINDA ESTAMOS VIVOS!...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

NATAL - Mito, ficção ou realidade?

 As três Verdades do Natal

 Primeira Verdade (histórica):

Pelo ano 6 antes de Cristo, em Belém, nasceu dos pais Maria e José, vindos de Nazaré da Galileia para o recenseamento, um menino a quem puseram o nome de Jesus.

Ao chegar à idade adulta, Jesus revelou-se um homem com capacidades extraordinárias, um bom coração e uma mente inconformada com a sociedade político-religiosa com que se deparou. Resolveu, então, remar contra a maré, atacando a hipocrisia dos mandantes religiosos do povo: sacerdotes, escribas e fariseus, mas furtando-se a confrontos de ordem política, já que percebeu que nada poderia fazer contra o poderoso jugo romano a que o povo estava sujeito.

O resto da história não importa para o Natal.

Segunda Verdade (mítico-histórica):

Uma façcão religiosa, entre as várias da altura, talvez derivada dos Essénios, perante a doutrina pregada, onde sobressaía a fraternidade universal e a igualdade entre todos os humanos, pois todos filhos do mesmo Deus-Pai, e as atitudes tomadas por Jesus, resolveram divinizá-lo, torná-lo Filho de Deus, chamando-lhe Cristo – o Ungido, o Primogénito, o Messias prometido – fazendo dele a base de uma nova religião, a futura religião cristã.

Para tal, era necessário dar corpo a uma história razoavelmente credível de Jesus, quer da vida, quer da pregação.

Surgiram, então, os evangelistas, bem como os escritores de cartas às comunidades que entretanto se iam formando, sendo alguns apóstolos dos doze que Jesus havia escolhido para o seguirem, juntando-se-lhes Paulo, um outsider, mas o mais importante deles, por ser o real mentor-impulsionador-criador da chamada teologia cristã.

Assim, o evangelista Lucas, médico e discípulo de Paulo, decidiu criar a história do nascimento e primeiros anos da vida de Jesus, inspirando-se nas histórias, mais ou menos românticas, mais ou menos dramáticas do nascimento dos deuses antigos, nomeadamente os deuses solares hindus, egípcios e gregos.

O romantismo está manifesto no estábulo onde terá nascido por não haver lugar na estalagem, na estrela que poisou sobre a cabana, nos pastores que vieram dos campos onde pernoitavam, ao relento – o que faz lembrar que Jesus não terá nascido em Dezembro, mas em meses de Primavera – do cântico dos anjos que anunciaram o acontecimento aos mesmos pastores, isto, já depois, da anunciação feita pelo anjo a Maria da sua gravidez, sem ter "conhecido" homem, tendo concebido pelo Espírito Santo, pondo-se o real marido, José, um excelente carpinteiro, como pai adoptivo da criança.

Como teria de haver dramatismo na história, segue-se a perseguição do Rei Herodes, a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes, terminando Lucas esta romântico-dramática história do nascimento e infância, com a cena de Jesus, já com doze anos, a discutir a Bíblia, com os sacerdotes do Templo.

Terceira Verdade (do presente):

O Natal é hoje uma das festas mais celebradas em todo o mundo, mesmo por povos não cristãos, reunindo para além da valência religiosa, cada vez menos importante e impactante – embora as igrejas ainda se encham para a missa da meia-noite – a valência da celebração da família e a do consumismo próprio da época, fazendo a delícia dos comerciantes de bugigangas que os pais compram para encharcarem de presentes os seus filhos, juntando-se os muitos presentes que se oferecem uns aos outros.

Um ESCÂNDALO, este NATAL, apesar das muitas iniciativas de solidariedade para com os mais pobres! Quando em tantas partes do mundo se morre de fome, de frio e de sede, na civilização dita judaico-cristã, construtora de um capitalismo selvagem, sendo o mundo governado por homens maus que sujeitam as sociedades à tirania dos sistemas económico-financeiros, não sendo capazes de evitar que tantos causem sofrimento nos seus semelhantes, sobretudo em mulheres e crianças, aquelas obrigadas a ter deles filhos que não queriam por n razões…, celebra-se a pornografia do desenfreado desperdício…

Enfim, viva o Natal e cantemos as suas belas melodias, com um largo sorriso!

 A TODOS, UM BOM NATAL!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 362/?

 À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 56/?

 – “«Daqui a pouco, não Me vereis mais; porém, mais um pouco e tornareis a ver-Me.» Alguns discípulos comentaram: «O que é que Ele quer dizer com isto? (…) E ainda com ‘Eu vou para o Pai’? Não compreendemos o que Ele quer dizer.» Jesus percebeu (…) e disse: «(…) Garanto-vos que ides gemer e lamentar-vos enquanto o mundo vai alegrar-se. Ficareis angustiados mas a vossa angústia transformar-se-á em alegria. Quando a mulher está para dar à luz, sente angústia porque chegou a sua hora. Mas quando a criança nasce, já nem se lembra da aflição porque fica alegre por ter dado um novo ser ao mundo. Agora também vós estais angustiados. Mas quando tornardes a ver-Me, ficareis alegres e essa alegria ninguém vo-la tirará. Nesse dia, não Me fareis perguntas. Garanto-vos: se pedirdes alguma coisa a meu Pai em meu nome, Ele vo-la concederá. Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa.»” (Jo 16,16-24)

– Eis um texto paradigmático por ser tão intrigante e… confuso e… desconexo. Primeiro, os discípulos não perceberam o que Jesus tinha dito e o próprio Jesus apercebendo-se disso, em vez de explicar-se melhor, perde-se em considerações ainda mais confusas, revelando uma falta de bom senso totalmente inexplicável.

Depois, volta a falar em “mundo”. Que mundo era este? Os judeus que se lhe opunham, a começar pelos sumos-sacerdotes? Não sabemos.

Com o “Daqui a pouco não Me vereis mais, porém mais um pouco e tornareis a ver-Me”, parece que Jesus queria falar da sua paixão e morte e… ressurreição. Mas porque não falou claramente de modo a esclarecer os discípulos e a nós de todas as dúvidas? Obviamente, a comparação com a mãe que dá à luz é bonita mas não é nada esclarecedora, porque descontextualizada.

– Também não entendemos porque é que naquele dia de alegria de o tornarem a ver, os discípulos já não Lhe fariam perguntas. Acaso teriam compreendido tudo? Ou o Espírito da Verdade (que não sabemos bem o que é!) já lhes estava interpretando as palavras-enigma de Jesus? E se tal aconteceu, não precisamos nós que o mesmo Espírito nos venha iluminar e depressa que o tempo nos leva rápida e inexoravelmente para a “vida” sem retorno?…

– Novamente! Novamente o pedido ao Pai totalmente eficaz se for feito em nome de Jesus!… E se tentássemos? E se fizéssemos aqui um destes pedidos que Jesus nos diz tão insistentemente para fazermos?

Fá-lo-emos no próximo texto. Então, até lá e comecemos já a deliciar-nos com as alegrias do Natal, esse evento também tão belo e cheio de significado mas extraordinariamente enigmático, misturando o divino com as emoções humanas do nascimento para a VIDA.