sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

NATAL - Mito, ficção ou realidade?

 As três Verdades do Natal

 Primeira Verdade (histórica):

Pelo ano 6 antes de Cristo, em Belém, nasceu dos pais Maria e José, vindos de Nazaré da Galileia para o recenseamento, um menino a quem puseram o nome de Jesus.

Ao chegar à idade adulta, Jesus revelou-se um homem com capacidades extraordinárias, um bom coração e uma mente inconformada com a sociedade político-religiosa com que se deparou. Resolveu, então, remar contra a maré, atacando a hipocrisia dos mandantes religiosos do povo: sacerdotes, escribas e fariseus, mas furtando-se a confrontos de ordem política, já que percebeu que nada poderia fazer contra o poderoso jugo romano a que o povo estava sujeito.

O resto da história não importa para o Natal.

Segunda Verdade (mítico-histórica):

Uma façcão religiosa, entre as várias da altura, talvez derivada dos Essénios, perante a doutrina pregada, onde sobressaía a fraternidade universal e a igualdade entre todos os humanos, pois todos filhos do mesmo Deus-Pai, e as atitudes tomadas por Jesus, resolveram divinizá-lo, torná-lo Filho de Deus, chamando-lhe Cristo – o Ungido, o Primogénito, o Messias prometido – fazendo dele a base de uma nova religião, a futura religião cristã.

Para tal, era necessário dar corpo a uma história razoavelmente credível de Jesus, quer da vida, quer da pregação.

Surgiram, então, os evangelistas, bem como os escritores de cartas às comunidades que entretanto se iam formando, sendo alguns apóstolos dos doze que Jesus havia escolhido para o seguirem, juntando-se-lhes Paulo, um outsider, mas o mais importante deles, por ser o real mentor-impulsionador-criador da chamada teologia cristã.

Assim, o evangelista Lucas, médico e discípulo de Paulo, decidiu criar a história do nascimento e primeiros anos da vida de Jesus, inspirando-se nas histórias, mais ou menos românticas, mais ou menos dramáticas do nascimento dos deuses antigos, nomeadamente os deuses solares hindus, egípcios e gregos.

O romantismo está manifesto no estábulo onde terá nascido por não haver lugar na estalagem, na estrela que poisou sobre a cabana, nos pastores que vieram dos campos onde pernoitavam, ao relento – o que faz lembrar que Jesus não terá nascido em Dezembro, mas em meses de Primavera – do cântico dos anjos que anunciaram o acontecimento aos mesmos pastores, isto, já depois, da anunciação feita pelo anjo a Maria da sua gravidez, sem ter "conhecido" homem, tendo concebido pelo Espírito Santo, pondo-se o real marido, José, um excelente carpinteiro, como pai adoptivo da criança.

Como teria de haver dramatismo na história, segue-se a perseguição do Rei Herodes, a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes, terminando Lucas esta romântico-dramática história do nascimento e infância, com a cena de Jesus, já com doze anos, a discutir a Bíblia, com os sacerdotes do Templo.

Terceira Verdade (do presente):

O Natal é hoje uma das festas mais celebradas em todo o mundo, mesmo por povos não cristãos, reunindo para além da valência religiosa, cada vez menos importante e impactante – embora as igrejas ainda se encham para a missa da meia-noite – a valência da celebração da família e a do consumismo próprio da época, fazendo a delícia dos comerciantes de bugigangas que os pais compram para encharcarem de presentes os seus filhos, juntando-se os muitos presentes que se oferecem uns aos outros.

Um ESCÂNDALO, este NATAL, apesar das muitas iniciativas de solidariedade para com os mais pobres! Quando em tantas partes do mundo se morre de fome, de frio e de sede, na civilização dita judaico-cristã, construtora de um capitalismo selvagem, sendo o mundo governado por homens maus que sujeitam as sociedades à tirania dos sistemas económico-financeiros, não sendo capazes de evitar que tantos causem sofrimento nos seus semelhantes, sobretudo em mulheres e crianças, aquelas obrigadas a ter deles filhos que não queriam por n razões…, celebra-se a pornografia do desenfreado desperdício…

Enfim, viva o Natal e cantemos as suas belas melodias, com um largo sorriso!

 A TODOS, UM BOM NATAL!

1 comentário:

  1. Muitos são os votos de BOAS FESTAS E FELIZ NATAL que recebemos. De todos os conhecidos e amigos. Mas tais votos nada adiantam aos que estão sofrendo no corpo e na alma, não sabendo o rumo que vão dar à vida ou como aguentar a que estão vivendo dramaticamente. É que não é por ser NATAL que os homens mudam, a Natureza muda, as doenças acabam, os dramas acontecem. Mas... VIVA O NATAL!

    ResponderEliminar