sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 250/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 46/?


– E, ainda falando do Céu, a nossa vontade é de explodir, gritando: “Caramba! Não haverá melhor do que esta “Comédia Divina” para nos ser apresentada a nós, Homens, seres racionais que somos e que não queremos ser ridículos, caminhando para um Céu de um Deus ridículo?” Ao criarem tal “Comédia”, não ridicularizaram as religiões a própria essência do Homem a quem se destinam?
E directamente a Jesus Cristo, que tal Céu nos leva a imaginar com as suas palavras ditas de vida eterna: “Será esta a Verdade que nos anuncias? É este Céu nonsense que nos prometes? Tu que conhecias o íntimo dos do teu tempo e, como Deus eterno, conheces também o nosso e o de qualquer pessoa que viveu, vive e viverá, não sabias que este Céu não nos convencia sem milagres que se repetissem pelo tempo fora, para cada Homem, em cada lugar, pois terá que haver justiça e todos, para serem julgados e eleitos ou condenados, terão de estar nas mesmas circunstâncias?… Se aqueles viram os teus milagres e acreditaram (estranhamente, a maior parte não!) e se salvaram, porque não nós? Porque a nós só é dada a fé em palavras, já não tuas directamente mas por interposta pessoa, neste caso, o teu discípulo Mateus?” A injustiça é colossal mas… não temos outra alternativa senão continuar contigo, caro Jesus Cristo, e tentar descortinar a justiça divina que tem de existir em algum lugar…
– A história do homem que vai à procura da ovelha perdida, deixando as noventa e nove e alegrando-se mais por a ter encontrado do que por não ter perdido as outras noventa e nove, é… comovedora! Já não se entende é o “Da mesma maneira, o vosso Pai que está no Céu…” (Mt 18,14) pois o que será Deus-Pai alegrar-se por uma “ovelha perdida” ou, se quiseres, um pecador arrependido?
É! O próprio Jesus Cristo continua a humanizar Deus, quase como fizeram os escritores do A.T. Não acreditamos que tal humanização nos traga alguma coisa de bom…
– “Tudo o que ligardes na Terra será ligado no céu e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu.” (Mt 18,18)
– Repete Mt 16,19. Não se percebe o que é este ligar e desligar. E também não percebemos como o Céu e a Terra estão assim tão próximos, tão dentro e tão fora de nós… É que não sentimos nada de Céu por aqui… (Isto, além do Céu ser apenas atmosfera terrestre iluminada pela luz do Sol…)
– “Se dois de vós aqui na Terra (…) pedirem qualquer coisa em oração, o meu Pai que está no Céu a dará. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles.” (Mt 18,19-20)
– As palavras… bonitas! A realidade… Pois quem acreditará que as coisas se realizam conforme os nossos desejos - que podem muito bem não serem os de Deus! - se é que Deus tem desejos… - se rezarmos e se rezarmos em comunhão de dois ou mais? Quem garantirá que as coisas acontecem deste ou daquele modo porque se rezou? Ou se acontecem como pedimos, dizemos que foi Deus que atendeu a nossa oração e se não, dizemos que nos faltou a tal fé que, mesmo do tamanho do grão de mostarda, conseguiria arrasar montanhas? Ou – mais caricato e nonsense – não eram os desígnios de Deus, a vontade de Deus, os desejos de Deus?
E voltamos a humanizar Deus! Ridículo e um nonsense total! É que JC fala em Céu como se fosse já ali e lá estará o seu Pai, nosso Deus, para nos ouvir e ajudar e amar, etc., etc.
Ah, quantos sentimentos de culpa tal oração não atendida provoca nos crentes, meu Deus! Quantos não se deixarão levar pelo desespero se uma, duas, vezes sem conta não são atendidos nas suas fervorosas orações que, embora fervorosas, não têm Fé que baste!…
Depois, a oração em comum ser mais válida ou mais atendível por Deus que a oração individual… só no plano da força mental… humana, evidentemente…
Enfim, resta dizer que este conceito de oração a Deus – oração de pedido ou oração de louvor – é de um nonsense total. É que Deus não precisa de nós para nada. E esta Verdade JC não a entendeu…

sábado, 21 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 249/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 45/?

– “Não desprezem nem um só destes pequeninos! Pois declaro-vos que os anjos deles, lá no Céu, estão sempre na presença de meu Pai celestial.” (Mt 18,10)
– Ora bem, quem maltrata crianças são os pedófilos, alguns pais bêbedos e renegados, alguns oportunistas perversos que não se importam de lucrar com mercancia de jovem carne humana. Todos estes bem merecem o fogo do inferno nesta e na outra vida! Mas… sejamos justos! Como qualquer pecador no tempo e na Terra, eles não podem pagar com castigo eterno pecado aqui cometido! Por muito grande que tenha sido!… Digamos – “brincando com o fogo do Inferno…” – uma labareda de fogo infernal por cada açoite ou mau-trato infligido injustamente a uma criança; mil labaredas bem quentes até lhes queimar bem aquele “corpinho”, sobretudo o órgão prevaricador, aos violadores!... Depois, pena cumprida, seriam restituídos à paz do Céu. É que são Homens, caramba! Não são Deus nem deuses! Têm por isso direito a errar, embora tenham de pagar pelos erros cometidos. É assim a justiça humana. Não será ainda mais a justiça divina?! Isto, obviamente, baseados no Inferno proposto, lá mais atrás, por Jesus…
– E que dizer dos anjos de cada criança? Também nós teremos um anjo? Onde estará o anjo da criança que um dia fomos?
Mas… o que estarão a fazer na presença do Pai celestial? Não serão necessários cá na Terra junto de cada criança para as protegerem contra os seus agressores? E se há tantas crianças maltratadas, onde estão os seus anjos que as não protegem? Já estarão estas crianças a sofrer para desconto dos seus pecados futuros, como muitos ensinam, e assim, mais facilmente alcançarem a vida eterna?
– Os anjos… Não sabemos se os poderemos considerar simbólicos se reais. Então, demos largas ao nosso imaginário, inspirando-nos também no A.T:
Um céu!… Uma vastidão imensa, circundada por montanhas de diáfano azul, perdendo-se em nevoeirentos horizontes… Verdes recantos paradisíacos perdidos por aqui, por além, em catadupas de cascatas e de flores… E… os anjos! Miríades de anjos por toda a parte, de longas vestes brancas, brilhantes, de olhos sempre postos no trono, com asas voando!… E nesse trono, majestático, sublime, omnipotente… Deus! O Deus eterno! O Deus dos exércitos! O Deus dos anjos, dos santos e… dos demónios! Deus!… À sua direita, os anjos e santos preferidos (pois, que este Deus também tem preferências…), fazendo-Lhe guarda de honra - embora não precise de guarda nenhuma, é tudo a fingir, só no faz-de-conta como nas brincadeiras de criança… E multidões de outros anjos e de todos os eleitos que já partiram da terrena vida e que alcançaram a eterna, cantando Hossanas, em coros celestiais, todos afinadíssimos - que outra coisa não seria de esperar da perfeição celestial, pois isso de desafinar é só para os terrestres - e louvando e tocando em arpas, flautas e violinos celestiais, que só se ouvem conforme os ouvidos quiserem ouvir, bem em hard rock para os mais jovens, suaves melodias para outros de ouvidos mais sensíveis e delicados, estridentes uns, suaves outros como convém aos mais contidos, que no céu também deve haver diferenças de sentidos e de sentires, de caracteres, de modos de se emocionar - se é que há lugar para as emoções, quem o saberá?… Uns servindo a Deus divinos manjares (sim, que este Deus também se alimenta…) em taças de jade, cristal ou alabastro, outros fazendo vénias em permanência, outros ocupando-se em apanhar as gotas de néctar que poderão cair da boca de Deus - tem de ter boca não é?!… E também terá sede e fome e corpo, como qualquer anjo ou santo, embora tudo a fingir, no faz-de-conta, porque tudo tem de ser glorioso e imaterial, etéreo, diáfano… Ai, isto é tudo tão confuso, tão nonsense, tão impossível de ser real embora tão fácil de imaginar, tornando-nos ridículos a nós e ao Céu e a Deus, e aos anjos e aos cânticos e a toda a realidade celestial!… Exactamente porque a quisemos “inventar” à imagem e semelhança do Homem… Só por isso!
– Desculpem! Exagerámos propositadamente. Foi a este cenário fantasmagórico que fomos levados pelas palavras do mesmo simpático Jesus, assim apresentado pelos evangelhos onde se baseiam as religiões cristãs.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Afinal, ó Homem, quem és tu?



Meditação para as férias de Natal, a minha “prenda” para os leitores

Respondendo àquela pergunta, responde-se também a outras que se dizem existenciais, eivadas de dramatismo: “Donde viemos? O que fazemos aqui? Para onde vamos?”
E temos duas respostas totalmente opostas: a das religiões e a da Ciência.

Respondem as religiões: “O Homem é uma criatura de Deus, dotada de corpo e alma, alma espiritual e que, por isso, não poderá morrer com o corpo mas viverá eternamente, num Céu com Deus, seu Criador, se se portou bem na vida terrena, ou no Inferno com o Diabo e o seu fogo, se foi mau o seu comportamento, tendo-se deixado levar nas asas do saboroso pecado.”

Responde a Ciência: “O Homem é o produto da evolução e, na evolução, dentro da espécie dos primatas, num ciclo vital que já leva cerca de três mil e quinhentos milhões de anos, em que da matéria brotou a VIDA, dadas as condições de humidade e calor para que tal milagre acontecesse, ciclo que deve ter passado por muitos altos e baixos, com glaciações e períodos de calor intenso, tendo o Homem aparecido apenas há cerca de quatro milhões de anos, quando alguns primatas se puseram de pé nas estepes africanas, desenvolvendo, por essa postura, um cérebro onde pontua uma inteligência dotada de várias capacidades, mas sobretudo capaz de raciocínios abstractos, (inteligência racional) e de emoções (inteligência emocional).”

 Ora, constatamos que o Homem definido pelas religiões não tem qualquer hipótese de comprovação como acontece com o definido pela Ciência.
Segundo as religiões – organizações mentais inventadas por alguns homens ditos iluminados e apresentando-as aos outros humanos como sendo de verdades absolutas – quando de Verdade nada têm, mas apenas especulações, imaginações, efabulações, delírios, invenções… – segundo as religiões, o Homem é uma espécie de semi-recta: nasce no Tempo e prolonga-se por toda uma eternidade, onde gozará para sempre do prémio ou do castigo merecido pela vida terrena que levou. Ora tal afirmação é um total nonsense que deveria envergonhar quem tal mentira inventou, pois é invenção eivada de uma total injustiça: “Como pagar com uma eternidade, prémio ou castigo, acções praticadas num breve período de Tempo que é a vida humana?”

Como tudo o que as religiões apregoam e defendem e pregam por esse mundo fora é totalmente falso, as religiões só se aguentarão enquanto houver néscios e ignorantes à face da Terra, néscios acríticos que facilmente são levados às crenças ou crendices, por medos e remorsos de tantos actos que na vida nem sempre são as melhores opções, culpabilizando-se e pedindo perdão ao suposto Deus-Criador existente lá no Céu. É que não há céu nenhum, mas apenas uma Terra que rodopia à volta da sua estrela, o Sol, rodeada da sua atmosfera que, devido à refracção da luz solar nos parece azul, dum belíssimo azul ora profundo ora diluído no branco escuro das nuvens e nos seus rosa-alaranjados, do nascer e do pôr-do-Sol! E também, por impossível, não há eternidade nenhuma para quem tenha começado no Tempo! Nem tão pouco Inferno, invenção delirante mas que levou muitos a não cometerem crimes contra os seus irmãos humanos, possuindo o Homem, no seu ADN, tendências antropofágicas inatas. (É, pelo menos, o que a História do Homem conhecida, nestes cerca de vinte mil anos, revela em toda a sua crueza.) Pior: todas as evidências levam ao Homem da Ciência, totalmente terreno e perecível. É que, dos muitos que já viveram e que morreram, nenhum cá veio dizer o que se passava lá pela eternidade… Até custa a crer como os vendedores de ilusões conseguem ter tantos crentes e tantos seguidores. Enfim, viva a santa ignorância! Mas – raciocínio totalmente válido, por realista – que importa, se as crenças ou crendices ajudam a viver melhor esta vida que é a certa?

O "Homem da Ciência" é o que faz sentido: ele é um elo na cadeia evolutiva, cadeia que se sabe como começou mas não se sabe onde nem quando nem como acabará, tendo a Terra mais uns quatro mil e quinhentos milhões de anos de vida, enquanto o seu Sol não morrer e não se transformar numa anã branca sem calor para, nela, sustentar Vida.
Mais: cada um de nós é apenas um pontinho que, como qualquer ser que nasce, assim desaparece, integrando-se, após os seus oitenta ou cem anos de vida, no donde veio: a Terra. Mas a Terra também é pontinho, neste caso, azul, pertencendo ao sistema solar que é apenas um dentro dos mais de duzentos mil milhões que constituem a nossa galáxia, a Via Láctea. E a galáxia é apenas uma dentro de milhares de milhões de outras que se supõe existam por esse Universo cujo princípio se pensa ter sido o Big Bang, mas cujo fim e extensão são completamente ignorados pela Ciência, embora se especule sobre tão magno assunto, tudo se regendo por leis, nem sempre rígidas, da gravidade – atracção/ repulsão – tudo sempre em movimento, correndo não se sabe para onde nem até onde…, tudo a distâncias tão abismais que só se conseguem medir em anos-luz!

Dentro desta incerteza científica que não questiona o que havia antes do Big Bang, por estar fora do seu alcance de análise, eis uma teoria que faz sentido, embora a nossa limitada inteligência – apesar de fantástica por poder pensar tudo isto – não tenha capacidade para a perceber:
«Tudo é matéria e energia. Tudo existiu desde sempre e existirá para sempre, num Espaço Infinito. Tudo, portanto, é eterno. E este TUDO está em perpétuo movimento, indo sempre do mesmo ao mesmo através do diverso, numa eterna monotonia cósmica, monotonia que talvez o não seja, porque, neste vai-vem, tudo se transforma, tudo se renova, num colossal espectáculo de vida e de morte. Este TUDO É…. DEUS, numa concepção do TODO ABSOLUTO, INFINITO E ETERNO, como só Deus pode ser. E, sendo o TUDO o Deus único e possível, tudo serão partículas d’Ele – nós também, obviamente, na nossa efémera passagem pelo Tempo!»

Lindo e credível, não é? E nós a sermos partículas de Deus… fantástico! Assim, nem temos pena de não sermos eternos, perpetuando-se, num enigmático sem-fim, a nossa parte racional-emocional que nos individualiza e caracteriza como ser humano. Mas… essa parte é pura matéria, pura energia, sendo “apenas” fruto da actividade dos mais de cem mil milhões de neurónios e suas sinapses que constituem o cérebro, matéria e energia perecíveis aquando do perecer do corpo que as sustenta e alimenta, alimentando-se da Terra donde proveio.
Agora, devidamente iluminados por estes raciocínios de cariz científicos, a escolha é individual: ou o EU religioso ou o EU científico. O melhor é escolher o que nos ajudar a viver mais sorridentemente esta vida que é a certa. A outra pertence à fantasia!

BOM NATAL e UM NOVO ANO CHEIO DA MELHOR SAÚDE POSSÍVEL, tratando bem deste corpinho que é o que nos traz vivos e mantém viva e activa aquilo a que um dia os clássicos chamaram simplesmente de… ALMA!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 248/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 44/?

– Reportemo-nos ainda ao “… cortar a mão ou o pé ou a arrancar o olho prevaricador… pois “é melhor entrar na vida eterna só com um olho do que ser atirado com os dois ao fogo do inferno.” (Mt 18,8-9) Se, como interpretam alguns “iluminados”, se trata não do corpo, mas do ver (olho), do agir (mão), do caminhar (pé)… porque fala Jesus por figuras de retórica? Para que os “simples” O entendam? Que “simples” entenderia que o olho representa a acção de ver, a mão, a acção de agir, o pé, a acção de andar?
Mais: que homem vai arrancar um olho - ou os dois! - para não ver as beldades que o enchem de gulodice ao passarem bamboleando-se, logo ali pecando - em pensamento, claro! - por não resistir a tanto chamamento dos sentidos e de… vida?
Ou mulher que por bonitão tenha sentido semelhantes desejos?
Ou, para não cair na tentação, antes que tal aconteça, não arranca os olhos, não corta os pés e as mãos e não se mete num deserto onde não haja tentações que lhe roubem o grande bem precioso que é a vida eterna que, por ser eterna, põe fora de qualquer comparação a vida terrena tão efémera?
Tão efémera que nem vale a pena vivê-la, pois se, por qualquer má vivência que o Destino faz atravessar no nosso caminho, perdemos a eterna, de que nos valeu por uma eternidade termos vivido a tal vida terrena com olhos, pés e mãos?
Certamente, foi raciocínio muito semelhante a este que levou - leva? - muitos para o convento, para o deserto, para fora do “mundo corrupto e cheio de podridão”…
Não há dúvida: se a vida eterna é a única que vale, esta que desapareça o mais depressa possível antes que algum desvario nos lance para todo o sempre nas profundezas do inferno…
Estamos quase a delirar, santo Deus! Mas não foram as palavras de Jesus Cristo que nos levaram a este delírio? E foram assim tão desprovidos de razão e de lógica os nossos sucessivos raciocínios?
É! Ficamos sem saber a que vida dar prioridade: se à terrena que sabemos certa, se à eterna que é apenas da Fé nas palavras de Jesus Cristo!
E poderíamos perguntar, em tom realmente de desafio para quem pudesse responder ou tivesse a ousadia de responder com toda a segurança da razão e da Fé: “A que mundo nos levariam as palavras de Jesus Cristo? – Um mundo sem ambições, um mundo sem progresso, um mundo todo virado para dentro de cada um, procurando cada um doar-se ao próximo com o objectivo, não o de desinteressadamente o ajudar mas porque assim garantia a sua salvação eterna.
– Mais uma vez, o raciocínio parece lógico. E também parece que realmente a mensagem de Jesus veio para aquele tempo, para aquele povo, para apregoar uma fraternidade universal na Terra, com a atracção do prémio num Céu de Deus-Pai por toda a eternidade e fugindo a um inferno que não tem - nunca teve! - graça nenhuma seja para quem for!
Realmente não sabemos se, seguindo as palavras de Cristo, teríamos chegado a este evoluir da ciência que hoje presenciamos, ao conhecimento do Universo que, limitado embora, está já a milhares de milhões de anos-luz por dentro do desconhecido… Pensar que Jesus nem sabia que a Terra era redonda, nem que as estrelas também morrem, nem que o céu afinal não é lá em cima mas é em lado nenhum ou em toda a parte… leva-nos a conclusões tão… tão… pouco divinas!
É que, por incrível que pareça, foi o “pecado”, o ódio, a guerra, a luta do Homem pelo Homem e pelos seus humanismos tantas vezes contra a religião que fez evoluir o mundo! E não as palavras de promessa de vida eterna de Jesus Cristo, arrancando olhos, pés e mãos, se nos levassem ao pecado e ao inferno…
Não há dúvida: religião e progresso parecem andar de costas viradas! Isto apesar da Igreja, ou das igrejas em geral, terem sido, durante toda uma Idade Média obscurantista, a única salvaguarda de elementos preciosos da civilização, e terem sido as guardiãs da cultura e do saber, possuindo e conservando as melhores bibliotecas, as melhores escolas, as melhores instituições de assistência social… E a religião ter feito produzir, com seus medos e seus delírios celestes, as mais magníficas obras de arte que se conhecem: pintura, escultura, música, literatura…
Bem! Basta de loucas perguntas, loucas considerações! Continuemos em busca da Verdade!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - - Novo Testamento (NT) - 247/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 43/?

– Outro milagre! Este de “utilidade tributária”!… “Vai ao lago e lança uma linha de pesca. Tira o primeiro peixe que vier no anzol, abre-lhe a boca e encontrarás lá uma moeda de prata que dá para pagar o meu imposto e o teu.” (Mt 17,27)
– Fácil, não é? É preciso dinheiro? - Milagre! É preciso alimentar multidões? - Milagre! É preciso curar? - Milagre! Haverá milagre sempre que…
Não sabemos! Constatamos é que há tantos milagres naquela actividade de Jesus que ficamos perplexos e sem saber da sua utilidade ou necessidade ou – questão das questões! – da sua veracidade!
Mas se são contados por testemunha que tal viu!…
É! Mesmo com o espírito racionalista e crítico que nos anima, temos relutância em negar-nos à evidência de factos que nos merecem senão total, pelo menos uma grande probabilidade de serem históricos, logo, verdadeiros. Mas…, duvidamos seriamente que o sejam!
– “Se não se converterem e não se fizerem como crianças, garanto-lhes que não entrarão no Reino dos Céus.” (Mt 18,3)
– O que será fazer-nos como crianças? É a apologia da vida simples e despreocupada abandonando-nos nos braços do Pai celestial que sabe muito bem do que nós precisamos? Isto, na linha do lírio do campo e das aves da floresta que não semeiam nem colhem e Deus dá-lhes a beleza e o alimento de que precisam. Será?
– “E quem receber em meu nome uma criança como esta é a Mim que recebe.” (Mt 18,5) – O que é receber em nome de Jesus? Realmente é bonito falar de crianças, da sua ingenuidade e simpatia. Mas, em termos racionais, que tem isto a ver com a eternidade no Céu?
–“Ai daqueles que levam os outros a pecar!” (Mt 18,7) E novamente, repetindo Mt 5,29-30, aconselha a cortar a mão ou o pé ou a arrancar o olho prevaricador… pois “é melhor entrar na vida eterna só com um olho do que ser atirado com os dois ao fogo do inferno.” (Mt 18,8-9)
– As perguntas que atrás fizemos aparecem agora mais veementes: “Então, sempre há vida eterna? Então, nessa vida, sempre teremos um corpo? Então, há inferno com… fogo?”
E ainda: “Lá na eternidade, teremos olhos?” Um corpo só com um olho, só com uma mão, só com um pé, para todo o sempre na eternidade… não seria muito agradável de viver nem de ver… No entanto, seria bem melhor do que um corpinho todo completo mas na eternidade do inferno… Lá isso… quem duvidará?
Depois, talvez Deus, compadecido, e para não ter de ver por ali aleijados, destoando no céu, faria certamente um milagre de repor o olho arrancado, o pé ou a mão cortados num gesto de seguimento à letra das palavras divinas de Jesus Cristo!
Claro! É que basta que houvesse apenas um ser humano que interpretasse à letra as palavras de Jesus para ter direito a tal benesse. Ou então, teria o direito de barafustar por toda a eternidade com Deus, porque tinha sido “enganado” pelo seu próprio Filho… E como tal repugna a qualquer mente, por muito limitada que seja…

No entanto – aliás, já o dissemos ao analisarmos estas palavras lá mais atrás – JC cometeu uma grande injustiça para com todos aqueles que, acreditando cegamente em tais palavras, sem questionar, foram levados a deixarem-se matar, a encarcerarem-se, a viverem uma vida de clausura ou de total austeridade e sofrimento, pensando na recompensa eterna. É que – e também repetindo-nos – lá por JC acreditar que a vida eterna existia e que deveríamos fazer tudo nesta vida efémera para a merecermos, não quer dizer que ela exista mesmo, tendo, aliás, o desplante de nunca ter apresentado, até ao momento, qualquer argumento credível a favor da sua veracidade. Apenas afirmações sem provas! Assim, qualquer um o poderia ter feito – ou pode fazer! – e sem o considerarmos Filho de Deus omnisciente e realmente existente no seu Céu que, obviamente, também carece de provas de que exista.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 246/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 42/?

– “Jesus disse-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos Homens. Eles matá-Lo-ão, mas ao terceiro dia ressuscitará.» E os discípulos ficaram muito tristes.” (Mt 17,22-23) Esta certeza de Jesus que vai morrer daquele jeito deixa-nos tão perplexos como a certeza com que afirma a sua ressurreição ao terceiro dia. É que - e de uma vez por todas - ou aceitamos Cristo como Deus ou Filho de Deus e tudo o mais que Ele tenha dito ou feito tem de ser entendido como dito e feito por Deus, ou continuamos duvidando até ao fim, por tropeçarmos a cada passo com tantas interrogações que não dão descanso à nossa alma!
Claro! E então? Deus ou… a dúvida? – Talvez lá para o fim, tenhamos alguma resposta… O que é certo é que aqui os discípulos também não entenderam/aceitaram a morte de Jesus como epílogo de tudo o que passaram por ele e com ele. Não era um reino deste mundo que eles ambicionavam? Não seria neste mundo que eles projectavam o Reino do Céu de que Jesus tantas vezes falava? Da ressurreição, o que eles entenderam, não temos notícia… E é pena não terem questionado abertamente JC da real hipótese de ressuscitar, pois é aqui que reside o âmago da Religião cristã. E ainda – e mais uma vez – : não é pelo facto de dizer que ressuscitará que ressuscitará mesmo. Ao longo destes textos de análise, já confrontámos JC com tal situação: afirma mas não apresenta provas credíveis. Diríamos como os miúdos ao jogo quando há batota: “Assim, não vale!”
No entanto, reflitamos: para qualquer cristão, a morte deveria ser sempre momento de alegria!… Porque não cantar Hossanas e Aleluias quando se sabe que finalmente a alma se libertou do corpo e pôde ir ver Deus face a face no Céu? Então, porque é que a liturgia da Igreja se cobre tanto de luto na morte e paixão de Cristo? Não deveria Ele suportar todas aquelas coisas para entrar na Glória e levar-nos para o Pai? Não deveriam ser sempre de alegria todos os momentos da vida, mesmo e sobretudo o da morte? – É mesmo! Se vamos para o Céu, se vamos para uma eternidade feliz, quando a felicidade na Terra foi sempre tão pouca ou tão difícil de alcançar, não devemos saltar, cantar, dançar até ser dia e não passar dolorosas horas fúnebres numa qualquer igreja sombria, de trevas e choros feita?
– São as incongruências da religião! Nunca se sabe onde acaba o humano e começa o divino. E, assim, continuaremos à procura de… respostas!

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 245/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 41/?

– Jesus assume claramente que vai morrer e vai ressuscitar. Já anteriormente, dissera que àquela geração má seria dado apenas um sinal: o de Jonas no ventre da baleia, três dias e três noites. (Mt 12,40; 16,4) Aqui, fala na sua própria ressurreição. A convicção é muita. As palavras são claras: ressurreição! Mas… porquê uma morte e uma ressurreição? Não teríamos nós de entender tudo isto para acreditarmos sem hesitações?
E somos tentados a perguntar-nos se não foi tudo “planeado” no Céu: vinda de Jesus, anúncio da mensagem de amor ao próximo, a sua não-aceitação por parte dos fariseus e sacerdotes, morte e ressurreição… Uma espécie de destino que Jesus teve de cumprir com o corpo de homem, sendo afinal Deus…
É! Quando ultrapassamos a barreira do humano e entramos na esfera do divino, tudo se torna possível, tudo se torna mistério… tudo se complica para nós!
– Entretanto, outro milagre! Cristo volta a expulsar o diabo dum possesso. Mas aqui, houve um problema: “Já o trouxe aos teus discípulos mas eles não conseguiram curá-lo.” (Mt 17,16)
– Responde Jesus: “Gente sem fé e pervertida! Até quando deverei ficar convosco? Até quando terei de vos suportar?” (Mt 17,17)
– E Jesus explica o impropério. “Gente sem fé” são a multidão e os apóstolos que não tiveram suficiente fé para curar: “«Porque é que nós não conseguimos expulsar o demónio?» «É porque não tendes bastante fé. Eu vos garanto: se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, podeis dizer a esta montanha: “Vai daqui para acolá!” e ela vai. E nada vos será impossível. Só a oração e o jejum podem expulsar este tipo de demónios.” (Mt 17,19-21)
– Tantas perguntas que saltam à nossa angustiada mente com esta explicação/confusão!… Deixemos de parte o facto de se poder tratar de um epiléptico e não propriamente de um possesso do diabo: “Ele é epiléptico e tem ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água.” (Mt 17,15) e interroguemo-nos: “Porque é que Jesus chama àquela gente “pervertida”? E porque se lamenta de ter de ficar “connosco” mais algum tempo e de ter de nos “suportar”? Estaria cansado? Sem paciência?…
A responder que sim, teríamos de perguntar que Deus era Jesus que tinha tão pouca paciência e se “zangava” por tão pouca coisa… É que aquele homem só queria a cura do filho, mais nada. Não tinha tido sucesso com os discípulos, foi ao mestre. Que perversão há nisso? Onde a falta de fé?
Facto que continua a ser muito estranho é a falta de crença em Jesus daquela enorme multidão, após terem presenciado tantos milagres. Mas isso… é mais um mistério!
Depois, isto de ter ou não ter Fé, é tão complicado! O que é realmente ter Fé? Será aquele acreditar interior, sem qualquer titubeação, de tal modo que o que a gente pede, deseja, mas deseja fortemente… acontece?
E quando é que o milagre se realiza? Apenas quando é “útil” aos olhos de Deus? Quem sabe qual é, quais são os desígnios de Deus para não desejar algo que vá contra a sua vontade? Que valor têm então as nossas ideias, os nossos desejos, as nossas convicções… as nossas orações? E não é humanizar Deus dizer que Ele tem vontade de…?
É! Imaginemos que eu tinha uma Fé de arrasar montanhas. Se não fosse desígnio de Deus que tal montanha fosse arrasada, acaso ela se arrasaria por uma ordem minha, embora cheia de Fé: “Arrasa-te!”?
Mais prático: Imagina-te aí diante de um doente com sida, com cancro ou outra dessas doenças que rapidamente destroem a vida de uma pessoa. Com a tal Fé, ordenas: “Vá, fica curado! A tua e minha Fé te salvaram.” Acaso, ele se curará? – Não! Não se curará porque tu não tens a Fé ou não tens Fé que baste para que o milagre aconteça. Não dizes: “Acaso se curará?”
A Fé!… Dependerá de nós ou, como dizem os mentores dos crentes, é dom de Deus? Se é dom de Deus, porque a não dera Jesus aos discípulos para que também eles curassem? Ou ainda não estavam preparados para realizarem tais maravilhas? E porque não no-la dá a nós, a todos os Homens e a dá em abundância?
Quando começamos a interrogar-nos e a interrogar, as perguntas parecem nunca mais ter fim e os mistérios avolumam-se na proporção directa da nossa descrença na nossa capacidade de acreditar com a tal fé de arrasar montanhas ou em Deus que tal Fé nos quisesse ter dado…
Últimas perguntas: “Porque só a oração e o jejum podiam expulsar tal demónio? Que valor e força tem para Jesus a oração? Que valor tem o sacrifício do jejum ou, simplesmente… o sacrifício? Que Deus é o de Jesus Cristo que “exige” oração e… sacrifício?” E oração a quem? E rezar/pedir ou agradecer o quê?
É! Nunca realmente sabemos se é Deus que “precisa” das nossas orações para nos conceder o que Lhe pedimos, se somos nós que não sabemos fazer de outra forma senão rezarmos e mortificarmo-nos, pensando que Deus vai ouvir as nossas preces e ainda mais se forem “regadas” com o sofrimento que nos impusemos voluntariamente… Como se não bastassem já os outros sofrimentos que a vida nos impõe…
A vida ou o Destino, que bem nos pode dar a sorte na lotaria ou o acidente de morte na curva da estrada…
Este Deus-Pai de Jesus Cristo que parece precisar de louvores e orações dos humanos e o próprio Jesus que manda orar e jejuar são mesmo complicados, não são? E tal complicação ajuda à Fé ou leva a total descrença?

sábado, 16 de novembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 244/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 40/?

– Bem! Se os maus terão castigo eterno, pelas suas más acções no Tempo, os bem-aventurados também terão uma recompensa eterna, por algumas boas acções - pequenas ou grandes? Importará? - praticadas nesse mesmo Tempo. Mas esses, como é para irem para o Céu, já não é… escandaloso!
Ao que isto nos levou, Santo Deus! A que imaginações tão humanas e… terrenais! Mas… se somos Homens, de que outra maneira poderíamos pensar?
É! É mesmo difícil misturar o humano com o divino…
E afinal, quem dos presentes do tempo de Jesus viu tal Filho do Homem e tal Reino? Quem? Se tal visão tinha importância para a eternidade, porque dela não se dá conta? Não era tal visão um levantar do véu que nos esconde completamente o mesmo Céu?
– Talvez esse véu se levante um pouco com a transfiguração de Jesus: “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João e levou-os a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-Se diante deles: o seu rosto brilhou como o Sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto, apareceram-lhes Moisés e Elias a conversar com Jesus. (…) Uma nuvem cobriu-os com a sua sombra e da nuvem saiu uma voz que dizia: «Este é o meu Filho amado que muito me agrada. Escutai o que Ele diz.»
– A precisão de “seis dias depois” é… precisão que perturba um pouco. Lembrar-se-ia assim tão precisamente Mateus, uns quarenta anos após o suposto facto?
É, no entanto, pormenor que pouco ou nada importa. Importa é perguntar a Jesus o porquê desta transfiguração, em ambiente de teofania - rosto que brilha como o Sol, roupas brancas como luz, a nuvem, a sombra, o aparecimento de Moisés e de Elias, a voz do Pai… Faz lembrar a encenação bíblica no Monte Sinai quando Deus apresentou as tábuas da Lei a Moisés, no meio daquela sarça ardente… Óbvia invenção imaginativa e fantasista, está claro!
E porquê a repetição pelo Pai do que já havia dito aquando do baptismo de Jesus: “Este é o meu Filho muito amado…”? (Mt 3,17)
E porquê transfigurar-se apenas perante três apóstolos? É muito investimento divino para tão pouca produtividade…, o que nos leva a concluir facilmente que tal transfiguração não existiu realmente mas foi, como os milagres, fruto da imaginação de Mateus que queria apresentar aos seus leitores JC como realmente divino ou Filho de Deus.
E que voz teriam eles realmente ouvido? Forte? Pausada? Veneranda?…
Também aqui, como repetidamente no A.T., Deus a ter uma voz humana, é realmente humanizar, é descredibilizar Deus, não é?
E como é que os três privilegiados “descobriram” que eram Moisés e Elias?…
Enfim, porque é que não foram todos os discípulos à montanha? Quem aliás teria contado a Mateus o maravilhoso acontecimento, para que no-lo narrasse no seu Evangelho?
E quando? É que Jesus, novamente sem se entender porquê, ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos.” (Mt 17,9)
É! Porquê envolver de mistérios e de maravilhoso a SALVAÇÃO do Homem? A tua, a minha, a nossa salvação? Tua e minha, pois, e sem qualquer egoísmo, que me importa a mim a tua salvação se eu me vou perder para sempre? Ou igualmente para ti: não te importa salvares-te primeiro a ti e depois os outros?
Aliás, o que nós solidariamente queríamos é que houvesse salvação para todos, mas sem esta carga tão pesada de mistérios, tão pesada, tão pesada que não conseguimos libertar-nos dela por mais esforços que façamos… Estamos completamente subjugados! Sem qualquer resposta… Valha-nos Deus!

sábado, 9 de novembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 243/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 39/?

– “O Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta. Eu vos garanto: alguns daqueles que estão aqui não morrerão sem terem visto o Filho do Homem vir com o seu Reino.” (Mt 16,27-28)
– Novamente, o antigo “Dia de Javé” ou o “Dia do Juízo ou do julgamento final”… E novamente as palavras enigmáticas, como sempre, ninguém conseguindo entender e explicar o que é tal dia e tal vinda, o que é vir na glória do Pai, que anjos ou como o Filho do Homem retribuirá a cada um conforme as suas obras.
Também mais uma vez Jesus Cristo se atribui a Si o epíteto de “Filho do Homem”, que parece ter um significado real de “ser humano” e um religioso de “Messias”, ficando nós pelo “parece”, o que não interessa a uma análise crítica.
E mais uma vez, os anjos, figuras bem simpáticas mas nunca explicadas como necessárias na “economia” divina, num Céu que nos é totalmente vedado, porque envolto em mistério total, apesar de Cristo afirmar que veio abrir-no-lo e no-lo oferecer… Então, pergunta acutilante: “Os anjos existem como seres reais ou apenas como criações do imaginário de videntes e místicos?” Ora, sendo apenas criações imaginárias farão parte de um Céu imaginário onde está sentado Deus no seu trono também imaginário. E para os críticos a imaginação é muito importante mas não prova coisa alguma.
Mas… deixemo-nos levar nas asas da imaginação!… E vemos ali, no alto trono, o Supremo Juiz. De ceptro na mão. Logo junto, rodeando-O, um pelotão de anjos, prontos a obedecer a qualquer ordem vinda da sua voz altissonante. Além, uma interminável multidão de corpos, mais ou menos gloriosos… - todos sorridentes?… todos ansiosos?… todos impávidos e serenos?… - todos… esperando! Tocam as trombetas - que solenidade é preciso! E todos se perfilam, alinham, aprumam! Então, desenrolando as suas folhas de pergaminho brilhante - como convém a folhas de papel usadas no Céu - o Supremo Juiz…, - o Pai, o Filho ou o Divino Espírito Santo? Ou… a trindade em uníssono?… - entrega as folhas ao pelotão de anjos, ordenando-lhes: “Condenados ao inferno, à minha esquerda! Eleitos do Céu, à minha direita!” E, abrindo alas, separando corpos, tocando aqui em eleitos, empurrando acolá condenados, tudo é cumprido conforme o que está escrito pelo Céu, sendo num ápice a ordem executada! Na eternidade, não há tempo a perder!… Os condenados têm que rapidamente começar a sofrer o castigo eterno e com a mesma rapidez terão os bem-aventurados de iniciar o seu gozo também eterno… Então, logo ali, mesmo antes de ultrapassarem a soleira da porta estreita do paraíso… há largos sorrisos em bocas espirituais, gargalhadas de imaginários alvos dentes luminosos, saltos, pulos, danças ao som de músicas angélicas e celestiais… por parte dos eleitos! Mas… tal contentamento é abafado pelos choros, gritos estridentes, ranger de dentes raivosos, revoltas desesperadas… por parte dos condenados. E, enquanto uns louvam a Deus que os cumulou de bênçãos, outros Lhe chamam todos os piores nomes que alguém possa imaginar, pois… perdido por um, perdido por cem! - já nada têm a perder!… - haja pelo menos, na primeira hora da eternidade, algum tempo para desabafar e gritar contra tal condenação… injusta - está claro!- do ponto de vista de quem sofre o castigo. Pelo menos, por ser condenação eterna devido a pecado cometido no tempo que, por ser tempo, nunca poderia caber na dimensão da eternidade! “Que injustiça a justiça divina!” - gritam desesperados, mas sem retorno! Quem os ouvirá senão Deus?
E com que ouvidos? E com que resultados? – Nada! Absolutamente nada! A ordem divina é irreversível para todo o sempre, in aeternum, por toda a eternidade sem fim… amén!
Não! Não digamos “amén!” pois trata-se de uma tremenda injustiça condenar alguém para a eternidade por algo praticado no tempo… Assim, JC ter-se-á enganado e mais uma vez o seu “Eu garanto-vos” não garante coisa alguma. E, a haver qualquer coisa depois da morte, esperemos que realmente apenas haja um… Céu pois o Inferno eterno é um final impossível para quem viveu no Tempo!

sábado, 2 de novembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 242/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 38/?

– Mas as perguntas voltam em catadupa: “O que é realmente seguir Jesus Cristo? O que é renunciar a si mesmo? O que é tomar a nossa cruz e seguir a Jesus? O que é salvar a vida? O que é perder a vida por causa de Jesus?”
E como é que a perdemos se a quisermos salvar e a ganhamos se a perdermos por amor de Cristo?
– O trocadilho é bonito. Até parece cheio de significado. Mas ficamos sem saber se seguir a Cristo é entregar-se aos irmãos e à comunidade; se tomar a cruz é simplesmente aceitar resignadamente o sofrimento e as intempéries da vida - e às vezes são tantas!…; se o ganhar o mundo inteiro é o deixar-nos levar pelas preocupações das riquezas, do bem-estar, dos prazeres desta vida, querendo “servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24; 10,24; Lc 16,13)… tendo que seguir o tremendo conselho: “Se o teu olho ou a tua mão te levam ao pecado, arranca-os e deita-os fora, pois é melhor entrar no Céu sem um olho ou sem uma mão do que ser lançado no inferno com o corpo inteiro.”… (Mt 5,29; 18,8)
Ou… seguir a Cristo será apenas o cumprir os mandamentos da Lei mosaica – lei que repete o antigo Código de Hamurabi – que é bem evidente que se devem cumprir para sermos dignos da nossa condição de Homens que querem ou precisam de viver em sociedade e para quem a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade dos outros, tendo todos os mesmos direitos?
Enfim, porque é que - grande e incontornável pergunta! - as palavras de Jesus Cristo nos deixam sempre com tantas interrogações a que ninguém sabe responder? Porquê? Que objectivos? Não parece contradizer-Se a Si e à sua própria mensagem? Não vinha Ele para nos salvar? Veio afinal para nos confundir? Deu-nos com uma mão - a sua mensagem de amor ao próximo, os seus milagres, o seu poder interventor junto das forças da Natureza, curando tudo quanto era doença, e junto dos espíritos malignos, expulsando tudo quanto era demónio, começando por repeli-lo quando Ele próprio foi tentado no deserto (Mt 4,1)… - e tirou-nos com a outra toda a esperança no Céu, ao deixar-nos nesta montanha de dúvidas que diria inultrapassáveis?
Dúvidas do Céu, do Pai, do Paraíso, da eternidade que apregoa nas palavras e até nas obras mas a Ele parecem confinar-se, nada sobrando para nós…
É tudo muito complicado, não é? Que pensarão todos aqueles que tiveram a “boa vontade” de nos ler até aqui e acompanhar-nos em todas estas nossas ansiosas buscas da VERDADE?
Finalmente, e quase repetindo-nos, outra angustiante pergunta: “Resistirá” a divindade de Jesus Cristo, em que realmente quiséramos acreditar, a tantas perguntas sem resposta?…
– Mas voltemos à frase fantástica: “Que adianta ao Homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder a sua alma?”. Entende-se a vida eterna, está claro, a vida da alma, que do corpo parece não interessar falar… E realmente nada interessa, absolutamente nada ganhar uma vida terrena, bens terrenos, tão passageiros e efémeros, eles e a vida, que aliás deixamos para os outros que nem sabemos bem quem são ou serão, como já se queixava Coélet no Eclesiastes… (Ecl 2,18-19) O que interessa é a vida eterna, não há dúvida! Aliás, Cristo repete a ideia de “Não acumuleis riquezas na Terra, perecíveis, esforçai-vos por acumular riquezas no Céu.” (Mt 6,20)
Valerá a pena repetir que é dessa vida que andamos à procura, melhor, da certeza de que ela existe realmente? E que Jesus ainda não nos deu nenhuma certeza convincente de que tal vida exista? Só palavras?!…
Depois, com franqueza, mutilar o corpo, arrancando mãos e olhos – ou, no limite, suicidando-nos – para não perdermos a vida eterna até teria sentido se essa vida fosse uma evidência. Mas como tudo – TUDO! – leva a crer que é uma miragem, uma total fantasia, seríamos realmente muito pouco inteligentes se tal fizéssemos ou se de qualquer modo maltratássemos este nosso querido corpo que nos traz vivos…

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Da natureza da alma humana - importante manifesto



Afinal, o que é a ALMA?

Dum ponto de vista científico, a alma humana não existe. É uma falácia a dicotomia clássica: alma e corpo como constituintes do Homem, ou as duas faces de uma só moeda. Ora, o Homem é o corpo e o seu Self (Eu). O Self é definido pelo ADN herdado – corpo e “alma” – dos seus progenitores: gamas masculino e feminino, normalmente não em partes iguais, mas prevalecendo ora um ora outro.
O todo-poderoso ADN, “imposto” a cada um no acto da sua concepção, determina a configuração/anatomia do corpo, corpo onde se desenvolve um cérebro no qual se localizam todas as prerrogativas ou atributos daquilo a que os clássicos chamaram de alma: carácter, capacidades sensoriais, emocionais e intelectuais, estando nestas, os diversos tipos de inteligência, da musical à matemática, à rítmica, à poética, etc., bem como as capacidades de raciocínios abstratos, de deduções lógico-matemáticas, de articulação e metaforismo da linguagem.
Embora o chimpanzé compartilhe com o Homem 99% da mesma cadeia de ADN, ele não possui aquelas capacidades, não indo além do Self animal tendencialmente irracional (não capaz de raciocínios abstratos ou elaborados nem de articulação da linguagem) que lhe foi dado no ADN pelos seus progenitores e que ele – tal como o Homem – irá transmitir aos seus descendentes. (No entanto, não será de excluir que, na evolução que nunca parou, desde que a Terra é Terra e, nela, a vida, dentro de uns milhões de anos, ele não “dê o salto” e se passe para o lado humano…)
Na verdade, a dita “alma” não é mais do que a manifestação da actividade cerebral exercida através e pelos mais de cem mil milhões de neurónios e suas sinapses (ligações ou conexões). Uma maravilha, um MILAGRE, um mistério que até nem será muito difícil de revelar/entender: os neurónios e suas sinapses, usando a energia que lhes é fornecida pelo sangue, são capazes de criar, fabricar, executar, ter e conter todas aquelas manifestações do Self.
Tal fantástica maravilha de “tecnologia” poderá levar-nos a perguntar se, para a conceber, não será necessário admitir um Deus-Criador, uma Super-Inteligência eterna, não deixando a explicação ao sabor da evolução nem do acaso.
Uma coisa, no entanto, é certa: o cérebro nasce com o corpo, desenvolve-se com o corpo, alimenta-se com o corpo, fazendo parte integrante dele – no limite, não podendo viver um sem o outro, numa concepção de vida que se queira totalmente humana – e quando este morre, o cérebro morre também, acabando-se ali o MILAGRE. Para lá da morte, nada restará nem de um nem de outro! Nem Self nem recordações dele! É o ciclo da vida de um ser que pertence ao Tempo.
Daí a impossível eternidade para a suposta mas inexistente “alma” dita espiritual. É que não há espírito nenhum: tudo matéria e energia! Admitir uma eternidade para um ser que começou – e forçosamente tem de acabar – no Tempo, seria admitir uma espécie de semi-recta, com princípio e sem fim. Um nonsense, claro!
A Ciência tem-se debruçado, nestes últimos cinquenta anos, sobre o estudo do cérebro, já conhecendo bem a sua actividade, os seus lóbulos e que capacidade é sediada em cada um deles. E isto através da análise de acidentes em que, perdendo o Homem um desses lóbulos, perde aquela capacidade, seja a emoção, o raciocínio, a articulação da linguagem ou outra qualquer capacidade dita espiritual. Tal facto reforça a sua natureza de “substituto” da clássica alma.
A actividade cerebral é, no Homem, a expressão máxima da energia em acção, podendo-se equiparar, de algum modo, à energia eléctrica, conjunto de partículas luminosas que se propagam ondulantemente, mas sem se verem…
Linda, bela a realidade de se ser Homem! Então, alegremo-nos! Somos MILAGRE!
Infelizmente, um “milagre” a prazo, já que frutos do Tempo e no Tempo, onde um dia começámos e, cedo ou tarde, acabaremos, átomos e moléculas integrando-se no NADA/TUDO donde viemos. Logo, para cada um de nós, “milagre” único e irrepetível!
Eis a grande razão de viver a VIDA no seu máximo, nunca esquecendo de bem tratar este invólucro/ suporte da “ALMA” que é o nosso querido CORPO!
Claro que podemos continuar a usar a palavra alma como substituta do Eu. Mas teremos de fazer vénia à Ciência que coloca a realidade humana (e animal) no seu devido lugar…


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 241/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 37/?

– “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por causa de Mim, encontrá-la-á. Com efeito, que adianta ao Homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? O que pode um Homem dar em troca da sua vida?” (Mt 16,24-26)
– Texto tremendo que fez tremer muitas consciências e fez homens e mulheres mudarem completamente de vida ou mudarem a sua visão da vida, obviamente, desta vida terrena. Assim, por exemplo, S. Francisco Xavier e todos – homens e mulheres – os que se refugiaram/ encarceraram em conventos, conventos que proliferaram pelo mundo judaico-cristão, nestes dois mil anos de cristianismo (e de muito obscurantismo!). E nós? Também tememos? Ou…? É que aquilo que os outros fizeram ou nos serve de exemplo ou de nada nos aproveita. E, quando se tratar do castigo ou recompensa final, a solidão é total: cada um responderá por si, pelo que tiver feito ou deixado de fazer, nada nos importando a vida deles quer na Terra quer no Céu, se acaso eles lá estão à nossa espera…
É! Tantas vezes já o dissemos: Eles bem poderiam vir dizer-nos cá “abaixo” como é realmente lá em “cima” o Céu e Deus e os Anjos – ou o Inferno, claro! – e tudo aquilo de que a nossa imaginação está cheia exactamente por estes escritos bíblicos que criaram em nós tal imaginário – bonito imaginário, diga-se de verdade, com um paraíso ali à mão e por toda a eternidade! – e estas afirmações de Jesus em que é tão difícil acreditar! Porque é que não vêm? Porque não vindes, anjos e santos, para que nós, vendo, acreditemos e vamos também para o céu onde vós estais? Não éreis vós dedicados aos irmãos na Terra? Porque agora vos calais tanto aí… no Céu?
Ou… - frustração das frustrações! - realmente vós fostes enganados pelo imaginário que as ditas Sagradas Escrituras, incluindo as palavras de Jesus Cristo, criaram em vós e não estais em parte nenhuma, nem no corpo nem na alma, e fazeis parte do eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso que um dia vós fostes, como somos nós, que nos integraremos na matéria universal – quer queiramos quer não! – e por toda a eternidade - matéria de onde viemos e que afinal nunca deixámos de o ser, apesar desta nossa inteligência brilhante ter tido a capacidade de discutir estas ideias, criar estes paraísos, inventar este Deus ou estes deuses, pois, se calhar, afinal, tanto faz que seja um ou muitos!
E se não estais em parte nenhuma e fazeis apenas parte do nosso imaginário, como nós faremos do imaginário dos nossos vindouros – se é que vamos deixar alguma recordação e não nos acontecerá como acontece a praticamente todos os que dia-a-dia se vão, sem deixarem rasto, nem memória de coisa nenhuma – realmente não podeis vir “cá”, simplesmente porque já nada sois, apenas partículas da matéria universal onde também vos integrastes como é próprio dos seres vivos que são matéria em permanente transformação: agora átomos, agora moléculas, agora um qualquer ser vivo, que pode ser animal ou planta ou outra realidade qualquer e, esgotada a sua energia como tal, novamente átomo ou molécula de qualquer ser animado ou inanimado… Assim, ao ser vivo, assim à Terra, assim ao Sol, às estrelas, às galáxias, ao… misterioso, infindável – quem sabe se infinito, confundindo-se com o próprio Deus – Universo!…

sábado, 12 de outubro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 236/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 32/?

– E muitos mais milagres! E muitas mais curas! “ (…) coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros doentes. Puseram-nos aos pés de Jesus e Ele curou-os. As multidões ficaram admiradas (…). E glorificaram o Deus de Israel.” (Mt 15,30-31)
– Quem não ficaria admirado? Mas - e repetindo-nos - porque é que não acreditaram nele e… O mataram? Porquê, santo Deus?!
– É sempre a mesma questão: tantos milagres e… quase em vão! Eles que se admiraram e glorificaram o Deus de Israel, mas certamente ficaram cheios de dúvidas quanto ao essencial da vida: o que realmente há depois dela! Nós, porque nem vimos, nem pudemos admirar-nos, só lendo tais “factos” que acreditamos sejam verídicos, por aquele que deles dá testemunho os ter presenciado, terem acontecido ali mesmo à sua frente, diante dos olhos… nós a querermos mesmo assim admirar-nos, glorificar a Deus e acreditar que há realmente uma vida eterna! Estranho não é?!
De notar ainda a influência do A.T. naquele “Deus de Israel”… Porque não simplesmente “Deus”?
E, em boa verdade, o que é “glorificar a Deus”? Necessita Deus de ser glorificado? De ser louvado? Como se quiséramos alimentar o seu Ego? Há tanta falta de divino em todas estas afirmações tão humanas!…
– E outro milagre! Novamente a multiplicação dos pães e dos peixes! Desta vez, são sete os pães, alguns os peixes. Os homens eram “apenas” quatro mil, “não contando mulheres e crianças” e “encheram sete cestos com os pedaços que sobejaram.” (Mt 15,32-38)
– Aquela forma de contar as pessoas só pelos homens, lembra-nos o forte machismo presente em todo o A.T. E pergunto-te: “Não gostarias de ter feito parte daquela multidão como homem contado ou como mulher… anónima? Ver ali com os próprios olhos os pães e os peixes a multiplicarem-se nas mãos dos discípulos que os distribuíam como quem semeia rosas?…”
E como seria a multiplicação? Apareciam na ponta dos dedos ou saíam da manga como coelho de mágico malabarista?...
Mas é outro milagre que terá forçosamente de ser verdade a avaliar pelo testemunho ocular de quem o narra. Milagre mesmo! Sem qualquer possibilidade de explicação! Aliás, onde iriam os discípulos buscar tanto pão e tanto peixe (já bem cozinhado!) para alimentar mais uma multidão de milhares?
Nós… até parece que estamos convencidos; mas os fariseus e os sacerdotes e os doutores da Lei? – Esses, não! Esses continuam a não acreditar e a pedirem a Jesus “que fizesse um milagre como sinal do seu poder vindo de Deus”! (Mt 16,1) Jesus limitou-Se a chamar-lhes “gente má e infiel” (Mt 16,4) e a pedir aos discípulos: “Acautelai-vos (…) do fermento dos fariseus e saduceus!” (Mt 16,11).
E, para os convencer na Fé, Jesus lembra aos discípulos os cinco pães para cinco mil homens mais os doze cestos que sobraram e os sete pães para quatro mil e também os cestos dos pedaços não comidos… (Mt 16,9-10) Reforça-se, assim, a veracidade de tais acontecimentos… totalmente inexplicáveis à luz das vivências humanas!
Então, o que fazemos com este incomensurável poder de Jesus? Acreditamos nele ou… continuamos a questionar? Ou simplesmente, foi mais um milagre (juntamente com todos os outros) que não aconteceu – pura invenção de Mateus! – pois não é credível que fariseus e sacerdotes fossem tão duros de inteligência para o não vivenciarem com Fé e clarividência, acreditando na divindade de Jesus!
É que não se entende aquele pedido de "um milagre como sinal do seu poder divino". De duas, uma: ou não presenciaram nenhum de todos os milagres antes narrados por Mateus, incluindo a multiplicação dos pães e dos peixes, ou tais milagres não existiram. Poderá haver outra explicação?

domingo, 6 de outubro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 235/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 31/?

– Pelas anteriores palavras de Jesus, parece que terá o Reino de Deus, terá a Vida eterna no Céu de Deus-Pai quem simplesmente não cometer crimes, nem adultério, nem imoralidade, nem roubos, nem falsos testemunhos, nem calúnias. E isto numa vida terrena tão efémera e tão conectada com o Tempo. Mas as nossas dúvidas esbarram sempre com o não sabermos nem onde, nem quando, nem como, nem… termos qualquer feedback dos que já se foram e que bem poderiam vir cá dizer-nos exactamente como é. Era tão fácil, não era! E acabavam-se todos os mistérios, todas as dúvidas, todas as interrogações, todos os impropérios, todas as crendices, todas as heresias que vamos por aqui sublevando, merecendo certamente, aos olhos de muitos, a condenação eterna!…
– Aos olhos de muitos e… do próprio Jesus Cristo que diz: “Porque serás justificado (…) ou condenado pelas tuas próprias palavras.” (Mt 12,37)
– Não, Jesus Cristo, não pode ser! As nossas palavras são a expressão pura da angústia do não entender… E acaso, sendo nós néscios, merecemos por isso condenação? Que culpa temos nós de não termos nascido mais clarividentes?
Só mais uma pergunta, com sabor a… repetida: “Como é que acções ou palavras ditas numa vida terrena, tão efémera no tempo, acarretam uma salvação ou uma condenação eternas? Como? Não há uma total e inconcebível injustiça quer para aquele que recebe o prémio quer para o que recebe o castigo? Quem poderá/saberá responder a tal pergunta? Acaso Jesus respondeu?” Ou não será este facto mais um argumento contra os que afirmam que há vida eterna para além da morte?
– Ainda outro milagre! Cura de uma rapariga estrangeira, possessa do demónio…
Mais um espírito maligno que andava por ali à solta… Nos tempos actuais, não parece havê-los assim em tão grande abundância como nos tempos de Jesus Cristo. Enfim, coisas da História!
O que não se entende é que Jesus tenha dito à mãe da rapariga, antes de fazer o milagre: “Eu só fui enviado às ovelhas perdidas de Israel.” (Mt 15,24)
Uma só explicação: para pôr à prova a fé daquela aflita mãe. De contrário, caía por terra todo o universalismo que está inerente à suposta missão de Cristo: enviado para salvar todos os Homens.
Mas, tal como para nós, Cristo era para ela a única tábua de salvação. Infelizmente, a nós não nos faz o milagre fundamental: dar-nos respostas claras e verdadeiras ao que por aqui questionamos… De qualquer modo, aquelas palavras à pobre mulher, fazem-nos lembrar o Javé-Deus do A.T. que se afirmou sempre tão exclusivo do povo de Israel. Já então, desabafámos: «Como tal exclusividade retira credibilidade a um Javé-Deus que se quisera Deus de todas as humanidades, de toda a Terra, de todos os céus, de todos os… Universos!»”

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 234/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 30/?

– Outro milagre: Jesus e Pedro caminham sobre as águas! Aqui, parece que Jesus se quis “divertir” um pouco, usando o seu poder e pondo à prova Pedro que, duvidando, bem se ia afundando!…: “Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»” (Mt 14,31)
– Obviamente que Jesus também poderia divertir-Se. Afinal, era também homem que, a não se divertir, morreria de tristeza… Divertir-se com milagres é que já não sabemos se foi lá assim muito divino… Mas podemos aquilatar de quantos encontros-desencontros não traria a Jesus Cristo o “facto” de ser Deus e homem ao mesmo tempo… Seria?!
O milagre, naquele tempo, parecia ser tão “natural” que Pedro não se coíbe de pedir: “Senhor, se és Tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.” (Mt 14,28)
Mas a impressão com que ficamos é de que há milagres absolutamente nada justificáveis. É o caso do referido e logo outro: “E o vento parou. Os que estavam na barca ajoelharam-se diante de Jesus, dizendo: «De facto, Tu és o Filho de Deus.»” (Mt 14,32-33) E nós, que dizemos? Aqueles viram e… acreditaram. Nós também quiséramos acreditar, mas… não conseguimos! E não conseguimos porque este Mateus não pára de nos surpreender – e de se desacreditar! - com tanta narrativa milagreira: “Todos os que Lhe tocavam ficavam curados.” (Mt 14,36)
– Muitos doentes havia por aquelas paragens, santo Deus!… Então, voltamos a perguntar: “Como é possível, ao verem tantos milagres, não seguirem Jesus Cristo?” Pelo menos, os inúmeros doentes curados… Ao menos esses teriam acreditado nele e escolhido a porta estreita para entrarem no Céu de Deus Pai!… Acaso escolheram? Quem no-lo poderá revelar? E onde estavam eles “na hora em que O entregaram à morte”?
– “Esvaziastes a palavra de Deus com a vossa tradição. Hipócritas!” (Mt 15,6-7) “Não vos preocupeis com eles. São cegos guiando cegos.” (Mt 15,14)
– Porque se permite Jesus guerrear com os fariseus e doutores da Lei, apelando à desobediência, em vez de usar do poder da sua palavra para os convencer da sua mensagem de VIDA ETERNA NO CÉU?
E cita Isaías, chamando-lhe profeta: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.” acrescentando: “É do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias.” (Mt 15,8 e 19)
– Isto tudo porque os fariseus acusavam os discípulos de Jesus de não lavarem as mãos antes de comer… (Mt 15,2), facto realmente sem qualquer significado perante o pecado que leva a alma ao… inferno!
Referir que realmente não é no coração mas no cérebro que está a fonte de todos os nossos pensamentos e sensações, é pouco relevante. Se tal dissesse Jesus, quem do seu tempo O compreenderia?… Aqui, Jesus falou o terra-a-terra necessário para se fazer entender.
Pena que o não tenha feito noutras ocasiões bem mais importantes, fundamentais e essenciais, aquelas que nos deixam tantas interrogações sem resposta…

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 233/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 29/?

– E… mais milagres! “Jesus viu grande multidão. Teve compaixão deles e curou os que estavam doentes. (…) Jesus mandou que as multidões se sentassem na relva. Depois tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e deu-os aos discípulos; os discípulos distribuíram-nos às multidões. Todos comeram, ficaram satisfeitos e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram. O número dos que comeram era mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.” (Mt 14, 14-21)
– Curar doentes, parece que não será “grande milagre”, já que a ciência consegue explicar a maior parte das curas que antes não tinham explicação e há alguns privilegiados dotados de poderes mágico-magnéticos ou outros que tais, que conseguem “fazer milagres”, operando por exemplo, sem anastesia, não permitindo nem derramamento de sangue nem que o paciente sinta qualquer dor, e sendo capazes de localizar tumores e malformações só com o poder da sua visão, tipo raio laser que atravessa o organismo… É muito provável que JC tenha sido um desses privilegiados. Mas este milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, excede qualquer hipótese humana de realização-explicação!
Depois, ou é histórico ou não é! Tudo leva a crer que o seja, pois Mateus é, na sua categoria de apóstolo, um vidente dos factos. E se os factos não se passaram exactamente assim, porque iria ele alterá-los de tal modo?
Também é de excluir a hipótese de Mateus se ter esquecido, embora escreva cerca de 40 anos depois do acontecimento.
Que poderemos então concluir de tão estrondoso milagre, em que com cinco pães e dois peixes se dá de comer a umas dez mil pessoas (homens, mulheres e crianças) e ainda crescem doze cestos de pedaços de pão?
Aliás, que teriam feito a tais cestos de sobras? - também já noutro contexto perguntámos.
E, embora pouco relevante, porque sobrou tanto? Não poderia ter Jesus “feito melhor os cálculos”? O número doze faz lembrar as doze tribos de Israel. Haverá certamente alguma significativa conexão.
O que é certo é que a intervenção divina, por meio de Jesus, parece aqui não ter possibilidade de contestação…
Ah, se eu tivesse comido daquele pão e daquele peixe, assim sempre a sair das mãos dos discípulos sem nunca mais acabar… É!… Como realmente se daria, ali na prática, o milagre? Donde chegariam os pães? E donde os peixes já bem cozinhados? Difícil de explicar, não é?!
Mas há uma pergunta perturbadora: Porque é que esta multidão que “comeu” de tão estrondoso milagre, não acreditou suficientemente em Jesus para, na hora em que O entregavam à morte, O vir defender?
Por outro lado, admitindo que esta acção revela poder divino, teríamos então de rever todas as nossas interrogações anteriores e concluir que a solução é tentarmos entendê-las, porque protagonizadas pelo mesmo Jesus Cristo que multiplica assim pães e peixes…
É que se, por um lado, uma só acção de Jesus, tida por divina, bastaria para confirmar todas as outras, também uma ou muitas acções do mesmo Jesus, que nos deixam cheios de interrogações quando deveriam ser respostas de certezas absolutas, causam suficiente apreensão e dúvidas do será-não-será divino.
Só nos resta continuar, para tentar obter mais confirmações…

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 232/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 28/?

– Também não nos parece que tenha qualquer lógica, no contexto da salvação e do alcançar o Reino de Deus, o desabafo de Cristo: “Qualquer profeta é respeitado em toda a parte, menos na sua terra e no meio da sua família.” (Mt 13,57). Se tal é, às vezes, verdade, em contextos de “terra-terra”, nunca o deveria/poderia ser em contexto de terra-céu…
– Mas há outro problema: “As pessoas ficavam admiradas e diziam: «De onde vêm esta sabedoria e estes milagres? Este homem não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não se chama Maria e os seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não moram connosco? Então, de onde vem tudo isto?» E ficaram escandalizados por causa de Jesus. (…) E Jesus não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé deles.” (Mt 13,54-58)
– Não! Não se entende que os seus O não tenham recebido nem tenham acreditado nos seus milagres! Não é admissível tal “derrota” divina – facto que já referimos noutros raciocínios.
E novamente, referências ao pai carpinteiro, aos irmãos e irmãs… que só a fé na não totalmente clara palavra de Mateus (Mt 1,18-25) nos leva a concluir que eram parentes ou familiares e não realmente irmãos no sangue e filhos de tal pai.
Mas permitam-nos, ao menos por uma vez, deixar o nosso exacerbado racionalismo de analista crítico para nos deliciarmos com esta encantadora “realidade” de uma Virgem que dá à luz por obra e graça do Divino Espírito Santo! Poderíamos perguntar, parafraseando Jesus Cristo: “O que é mais fácil: dar de comer a dez mil com cinco pães e dois peixes ou fazer encarnar o Verbo Divino no seio de uma Virgem?” E assim, toda a poesia que Maria representa, representou e representará para o mundo cristão permanecerá pelos séculos dos séculos… talvez sem fim, Ámen!…
Só nos resta perguntar, criticamente curiosos: “Quem contou a Mateus os “factos” que narra em 1,18-25, sobre a origem de Jesus nascido de Maria Virgem?”
– Cortam a cabeça a João Baptista, por uma jura que parece de brincadeira… (Mt 14,1-12) A vida de uma pessoa pela jura a uma mulher!… Enfim, hoje fazem-se coisas semelhantes ou… piores!

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 231/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 27/?

(Referindo-nos ao texto bíblico antes publicado, repetimos o último parágrafo:)
– Como é possível afirmar que o Reino do Céu – Reino que afinal ninguém entendeu! - é só para alguns? Só “para… vós” - eles os discípulos? Como? Pior: como pode JC dizer que fala por parábolas para que, ouvindo, o povo não entenda? Como?!
E Jesus socorre-se de Isaías, parecendo querer “justificar-se”!… Isaías que, aliás, refere a mesma injustiça! Pois quem realmente não quererá ver nem ouvir para alcançar a felicidade na vida eterna? Quem? Tem é que ser informado claramente e por quem sabe, apresentando provas credíveis; não, obviamente, como Jesus o fez, por meio de parábolas, para que ouvindo-se não se entenda e vendo-se não se perceba!
Parábolas que os apóstolos também não perceberam: “Explica-nos esta parábola.” (Mt 15,15)
E que justiça humana - quanto mais divina! - é aquela de dar muito ao que já muito tem e tirar o pouco àquele que já tem tão pouco? Mesmo que seja simbólica tal afirmação e a respeito do caminhar para o Reino dos Céus - que não se sabe realmente como é - onde a vontade de Deus e de Jesus, seu Filho, de levar o maior número possível de Homens para esse Reino? Alguém poderá responder?
Por aqui, nós seremos do grupo dos profetas e justos que quisemos ver e não pudemos, quisemos ouvir e também não pudemos! Mas… - pergunta plena de angústia emotiva! - porque podem e tiveram o direito de ver e de ouvir, uns, e outros - certamente quase toda a humanidade - não podem, não têm? Porquê? Onde fica aqui a divindade de Cristo que nos deixa nesta angústia? Porque nos atira continuamente para o mistério?
É! Será mesmo muito difícil admitir - ou explicar - a resposta de Jesus: “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, a eles não.” É que conhecer tais mistérios é a VERDADE de que andamos desesperadamente à procura! E viemos exactamente ver se a encontrávamos em Jesus Cristo. Assim, com estas palavras, NADA!…
Só nos resta perguntar se realmente os apóstolos ficaram convencidos de que a eles “fora dado a conhecer os mistérios do Reino do Céu”…
– E ainda JC reincide: “Assim vai acontecer no fim do mundo: os anjos sairão para separar as pessoas más das boas, lançando as más na fornalha acesa. Ali haverá choro e ranger de dentes. Compreenderam todos estas coisas? - Compreendemos sim!” (Mt 13,49-51)
– É difícil de acreditar que tenham sido sinceros os discípulos, dizendo “Compreendemos!”. Mais parece aquela resposta mecânica, não querendo assumir a “vergonha” da falta de capacidade para entender! Nós aqui, não temos qualquer vergonha em dizer bem alto que não entendemos e ainda mais alto que bem quiséramos entender porque nisto se joga toda a nossa vida terrena em função da eterna, caso ela exista, como Cristo não se cansa de afirmar, seja no Céu, seja no Inferno...
Enfim, continuemos apesar de nada entendermos das supostas realidades apregoadas. Mas uma conclusão qualquer crítico tem de, forçosamente, tirar deste atabalhoado de ideias de que JC é o protagonista:
JC nada sabia do Reino dos Céus, nem da vida eterna, fosse ela nos Céus ou nos Infernos, a tal fornalha acesa que também não sabia o que é! E, não sabendo, nega-se a ele próprio como Filho de Deus, divindade que lhe foi atribuída, tornando-o num qualquer humano que especula sobre o que não conhece.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 230/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 26/?

– O Reino dos Céus!… Agora, sim! Agora, Jesus vai explicar-no-lo, “claramente” por meio de parábolas e alegorias… Alegorias, parábolas e comparações certamente facilmente decifráveis, para serem por todos entendidas.
Então, compara-se o Reino dos Céus “ao homem que semeou boa semente no seu campo”, onde também nasceu joio; “ao grão de mostarda que é a mais pequena das sementes mas quando a planta cresce, é a maior das árvores”; “ao fermento que leveda toda a massa”; “ao tesouro escondido no campo” e compra-se o campo para se ficar com o tesouro; “à pérola de grande valor”, vendendo-se tudo para se poder comprar a pérola; “à rede que se lança ao mar e apanha toda a espécie de peixes”, ficando os pescadores só com os bons peixes! (Mt 13,18-48)
– Perceberam? Os discípulos também não: “Explica-nos o que significa a comparação do joio.” (Mt 13,36). E o que são as “pessoas que pertencem ao Reino de Deus”? E “as pessoas que pertencem a Satanás”? O que é realmente o “fim do mundo”? O que realmente quer dizer: “O Filho do Homem mandará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino (…) todos os que praticam o mal, para os lançarem na fornalha acesa. Ali haverá choro e ranger de dentes (…). Os justos de Deus brilharão como o Sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça!” (Mt 13,38-43)?
– Ah quantas perguntas tal intervenção apocalíptica de Jesus nos levanta!… Que fornalha acesa e quem a acenderá ou acendeu para nela castigar os muitos milhões de seres humanos que já morreram? Quem terá olhos para chorar e dentes para ranger? Sobre quem reinará realmente o Pai? Que tipo de Reino? Que anjos? Se tudo isto é realmente o Fim Último do Homem, porque não fala Cristo claramente?…
E onde a justiça divina, se o Céu é só para os… que têm ouvidos para ouvir? Não é Deus que dá tais ouvidos? Porquê a uns dá e a outros não? Condena a uns e a outros salva? Não nos venham dizer que somos nós que não queremos ouvir, que somos nós que, pela nossa vida, rejeitamos a salvação! Não! Nós só queríamos era ter certezas e não enigmas que ninguém sabe desvendar!
É: tudo parece estar tão eivado de humano - como constatámos no A.T. - que a credibilidade divina se esfuma na penumbra do não-claro entendimento. Não se esperaria muito mais de um Deus que vestisse a condição humana? Não é Jesus Cristo este Divino-Humano, este Deus feito Homem, o Filho de Deus ou Filho do Homem, como Ele gosta de se denominar?
As parábolas não deixaram os discípulos indiferentes: “«Porque usas parábolas para falar com eles?» Jesus respondeu: «Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois a quem tem será dado ainda mais, será dado em abundância; mas àquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. É por isso que uso parábolas para falar com eles: assim olham e não vêem, ouvem e não escutam nem compreendem. Deste modo se cumpre para eles a profecia de Isaías: «É certo que ouvireis, porém nada compreendereis. É certo que vereis mas nada percebereis. Porque o coração deste povo tornou-se insensível. São duros de ouvido e fecharam os olhos para não ver com os olhos e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim, não podem ser curados.» Vós porém, sois felizes, porque os vossos olhos vêem e os vossos ouvidos ouvem. Eu vos garanto: muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver e não puderam ver; desejaram ouvir o que estais a ouvir e não puderam ouvir.»” (Mt 13,12-17)
– Quantas perguntas tal longo texto nos põe a bailar na mente e… no coração! Quantas! Como é possível afirmar que o Reino do Céu – Reino que afinal ninguém entendeu! - é só para alguns? Só “para… vós” - eles os discípulos? Como? Pior: como pode JC dizer que fala por parábolas para que, ouvindo, o povo não entenda? Como?!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 229/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 25/?

– Deixemos os muitos espíritos maus, então existentes, entregues aos seus demónios (Mt 12,43-45) e leiamos: “Enquanto Jesus falava à multidão, chegaram sua mãe e seus irmãos. Ficaram do lado de fora e procuravam maneira de Lhe falar.” (Mt12,46)
– Ora aqui está um texto fundamental, embora preterido pelos exegetas. Limitam-se a dizer que os “irmãos” eram os primos ou familiares, pois a palavra bíblica, é a mesma para ambos. Ficamos realmente sem saber. É que, se é a mesma para ambos, a probabilidade de ser é exactamente igual à probabilidade de não ser!… Ora, tendo Cristo outros irmãos, onde a virgindade de Maria? - pergunta de efeitos totalmente catastróficos para o culto mariano…
Mas deixemos ficar tudo como está e continuemos…
– “Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? (…) Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Mt 12,48-49)
– Certamente, não era intenção de Jesus rejeitar a sua família de sangue. Apenas mais uma oportunidade para ensinar: os laços terrenos nada valem comparados com os… celestiais! Mas… que lhe “custaria” dar um abraço em sua mãe? Acaso não poderia dizer, por exemplo: “Estes são a minha mãe e os meus irmãos no sangue, mas realmente minha mãe, minha irmã e meus irmãos são todos aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos Céus.”?
Continuamos é sem saber o que é realmente “fazer a vontade do Pai que está no Céu”!
E, a propósito de família, outra pergunta intrigante: “Onde se teria metido José que nunca mais aparece, nem aqui, nem nas bodas de Caná, nem junto à cruz, no Calvário?…
– “Ensinava muitas coisas por comparações.” (Mt 13,3), deixando também os discípulos perplexos: “Porque é que lhes falas por meio de comparações?” (Mt 13,10)
– A resposta certamente não os satisfez, como também a nós não satisfaz, continuando sem entender o que é a “Boa Nova do reino de Deus”. Nem o que é aceitar “os sofrimentos e as perseguições por causa da Boa Nova” (Mt 13,21)? Mesmo com a “explicação” do semeador…
E se é Boa Nova, porque é rejeitada por tantos e não é logo abraçada por toda a humanidade?
– É: é melhor que Deus se decida vir de novo à Terra para explicar tudo o que o seu suposto Filho deixou na penumbra das comparações que ninguém entendeu nem entende…