Da origem da VIDA
Tendo o assunto
já aqui sido abordado apenas na óptica evolucionista, vejamos, hoje, a opinião
dos criacionistas.
Poríamos de parte,
linearmente, os criacionistas radicais de índole religiosa, já que seguem um
Credo, o Bíblico, segundo o qual um Deus Criador criou o Universo e, nele, a
Terra e, nesta, a VIDA, com espécies animais e vegetais, tal como existem hoje.
Pura mitologia!
Mas, dada a
sua complexidade, há os que atribuem a criação dum primitivo ADN a uma ENTIDADE
INTELIGENTE, UMA MENTE SUPREMA, tendo-o criado num só momento do Tempo, embora
tenha evoluído, depois, para as diversas formas de vida (ADN ou ARN) que hoje
existem na Terra, (e só na Terra!) expressas em animais, fungos e plantas.
Esta visão
criacionista, embora não bíblica, não responde a várias questões incontornáveis
ou fundamentais cujas respostas são determinantes para se poderem fazer
escolhas:
1 – Se este
Universo observável – e, por isso, objecto da Ciência – começou no Big Bang, não
sabemos o que havia antes do Big Bang, fenómeno que se situa há c. de 15 mil
milhões de anos e que explica o facto constatado pela Ciência de o Universo
estar em expansão.
2 – Se está
em expansão, também ignoramos até onde irá e o que acontecerá depois. É que,
sendo o Universo matéria energizada, não se poderá expandir indefinidamente. E
de certeza que, no ponto de não-retorno, já não haverá lugar para o sistema
solar e, nele, a Terra e, nesta, a VIDA.
3 – Se não
antes, pelos dados actuais da Ciência, a Terra irá acabar dentro de 4 a 5 mil
milhões de anos, com a morte do Sol, acabando-se a Vida nela existente. Seria
uma visão muito redutora admitir que essa MENTE SUPREMA só tivesse querido vida
neste Planeta e a prazo. Depois, dizer “quis” é atribuir-lhe um querer, uma
vontade, ou seja, é humanizá-la, descredibilizando-a como ENTIDADE DIVINA!
4 – Pela lei
das probabilidades, dada a dimensão nem sequer imaginável pelo nosso intelecto,
do Universo, com milhares de milhões de galáxias, cada uma com milhares de
milhões de estrelas, estrelas que conterão o seu sistema solar, haverá muitos
planetas dessas estrelas onde se materializem as condições que originaram a
VIDA na Terra. A Terra – pesem embora as suas condições óptimas para o
surgimento da Vida, de localização, movimento e temperatura, em todo este
colossal Universo, não pode ser única! Tal exclusividade seria premissa impossível
– e sem sentido matemático! – de acreditar.
5 – O ADN
criado náo é estático mas evolutivo. As espécies evoluem dentro da própria
espécie, adaptando-se ao meio, ou, não desaparecendo pela acção predadora dos
elementos ou de outros seres vivos infestantes, evoluem para outras espécies,
reproduzindo-se sempre, obedecendo ao misterioso instinto vital de conservação.
A toupeira, por exemplo, sendo um rato, ao “decidir” viver debaixo da terra,
perdeu os olhos e desenvolveu o olfato, o ouvido e o tacto para procurar
alimento e parceiro com que acasalar.
Mais:
Tentando
“casar” o criacionismo com o evolucionismo, admitindo a tal Mente Suprema,
Criadora de tudo o existente, eterna e infinita, potenciando, em toda a matéria
e energia que compõem o Universo – ou os pluriversos – condições para que neles
surgisse a VIDA – a dinâmica dos elementos, dadas tais condições, não poderia
resultar senão em vida! Na Terra ou em qualquer parte do Universo!
No entanto,
é preciso:
1 – Definir
MENTE CRIADORA. (Sobre o assunto, veja-se o texto aqui publicado em 04/08:
“Divertimento intelectual para férias”).
2 – Aceitar
que essa Mente Suprema Criadora, Suprema Inteligência, não iria criar um ADN
para acabar, assim, com o fim anunciado da Terra, sem continuidade em outros
pontos do Universo, ou nos pluriversos, dado que este, estando em expansão, irá
forçosamente desintegrar-se.
3 – Admitir
que o ADN criado foi um ADN evolutivo e não estático ou ali acabado no acto da
sua criação.
4 – Realizar
como matematicamente absurda e ter por nula a afirmação criacionista de que a
Vida só surgiu uma vez no Universo e… apenas na Terra.
5 –
Considerar que, dada a complexidade do ADN e sabendo-se racionalmente que não
pode haver um efeito sem uma causa, isso poderia levar-nos a uma MENTE CRIADORA,
resolvendo-se a dificuldade de saber quem depositou no ADN a força
incontrolável e imparável para se replicar e reproduzir, facto que observamos
em todos os seres vivos (mesmo os “meio-vivos” como os vírus), animais, fungos
e plantas, revelando possuir algo de imaterial, espiritual, se quisermos. Mas o
cérebro é também pura matéria energizada. E produz “antimatéria”, como ideias,
pensamentos, emoções, cálculos, deduções, etc., estando nele sediada a própria
consciência que o ser humano tem de si, do seu princípio e do seu fim, mais do
que em qualquer outro animal, animal que também tem cérebro, mais ou menos
complexo.
Na visão
evolucionista, a hipótese mais comumente aceite para se chegar ao ADN, é a que
se baseia na evolução e interacção dos elementos químicos que constituem tanto
os seres vivos como os não vivos, tanto a matéria activa e energizada como a
matéria inerte.
Os elementos
químicos – carbono, hidrogénio, oxigénio, nitrogénio, fósforo e enxofre – denominados colectivamente “elementos biogénicos”
(geradores de vida), estão entre os mais abundantes do Universo.
Então, num
tempo remoto, mas já tendo a Terra cerca de 1,5 mil milhões de anos de
existência, dadas as condições ideais de humidade e de temperatura, aqueles
elementos químicos (átomos), bombardeados por descargas eléctricas abundantes
àquela data, reagiram – ou foram reagindo entre si – formando-se moléculas cada
vez mais complexas, até chegarem a desdobrar-se, num movimento imparável, como
imparável é o desencadear de novas vidas, originando-se muitos e diversos ADN
dos primeiros seres vivos, começando logicamente pelos microscópicos e
unicelulares, transformando-se depois, caminhando “alegremente”, em cerca de 3
mil milhões de anos, até aos gigantes dinossauros, extintos há mais de 65
milhões e, finalmente (por agora!) até ao ser inteligente que é o Homem, com um
cérebro (que é pura matéria orgânica) capaz de raciocínios abstratos e de ter
consciência.
É impossível
a alguém, com a abertura de espírito de cientista, acreditar numa tese puramente
criacionista.
Aliás, como
se constata que, nos átomos e moléculas dos elementos, existem forças de vária
ordem, umas fortes outras fracas, cujo poder total desconhecemos, e como tudo
está em evolução e em movimento, nada se perdendo, tudo se transformando – nós,
cada um de nós, também, integrados que estamos nesta fantástica engrenagem! – a
probabilidade de a VIDA ter aparecido nesse primitivo complexo contexto químico
parece inquestionável.