sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 285/?

 

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. LUCAS – 3/?

 – A visita de Maria a Isabel é toda cheia de graça e graciosidade: “Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu dentro dela e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, dizendo: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que ouvi a tua saudação, a criança saltou de alegria no meu ventre. Feliz de ti que acreditaste, pois há-de acontecer tudo o que te foi dito da parte do Senhor.” (Lc 1,40-45)

– Os milagres continuam a acontecer! É Isabel que fica iluminada, é a criança que salta, é a profecia de que tudo vai acontecer como fora prometido a Maria…

Completa-se aqui a primeira parte do “Avé Maria” que encheu de graça as nossas bocas de criança e de inspiração músicos como Schubert ou Gounod…

No entanto, não podemos deixar de frisar que Lucas continua na senda da narrativa do que lhe contaram e não do que consideraria ou não histórico. Por isso, a veracidade do narrado como acontecido é simplesmente nula. Bonito, embora!

– O Cântico de Maria - o Magnificat - “A minha alma proclama a grandeza do Senhor…” (Lc 1,40) é realmente belo, imitando os mais belos cânticos das antigas Escrituras. Mas… quem lho terá ouvido? Quem o terá retido para dele dar fiel reprodução? Ou… quem o terá escrito e colocado na boca de Maria?

E logo nasce João Baptista, sendo-lhe dado o nome de João como Gabriel havia dito a Zacarias que, a partir daquele momento, voltou a falar…:“O pai Zacarias, cheio do Espírito Santo, profetizou dizendo: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel (…) E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor para Lhe preparar os caminhos. (…)»” (Lc 1,67 e 76)

– Também perguntaríamos: “Quem reteve tais palavras para delas dar fiel testemunho a Lucas que no-las transmitiu?”

E se houve milagre no castigo da mudez de Zacarias, também o houve no seu voltar a falar… Muitos milagres havia naquele tempo, santo Deus!…

– Segue-se o nascimento de Jesus como já Mateus contara no seu Evangelho.

Mas Lucas dá lugar ao maravilhoso que, se por um lado embeleza a sua narrativa, por outro retira-lhe credibilidade histórica… “Naquela região, havia pastores (…) Um anjo do Senhor apareceu aos pastores (…): «Não tenhais medo! Eu anuncio-vos a Boa Nova que será motivo de grande alegria para todo o povo: hoje na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Poderão reconhecê-Lo assim: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoira.» De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos, cantando louvores a Deus, dizendo: «Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na Terra aos homens por Ele amados.» Mal os anjos partiram para o Céu, os pastores (…) foram à pressa e encontraram Maria e José e o recém-nascido deitado numa manjedoira.” (Lc 2,7-16)

– Realmente, o maravilhoso encanta! Os anjos – essas figuras irreais aladas – falando e cantando… também! É o Natal!

E são tantas as canções que, ao longo da História, se compuseram a propósito desta narrativa! E não há quem não se deixe encantar por toda a imensa poesia idílico-pastoril criada à volta de uma vida que nasce assim, romanticamente pobre, sendo supostamente divina!

Mas o real histórico de que Cristo tenha nascido numa manjedoira na cidade de David fica envolto em dúvidas, dúvidas que nos roubam o gostinho dos presépios milenares…

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