sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 394/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Primeira Carta aos Coríntios - 1

 – “A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se salvam, para nós é poder de Deus. Pois a Escritura diz: «Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes.»” (1,18-19)

– Primeiro, o que dizer de, segundo as teorias cristãs, Deus ter “condenado” o seu Filho muito amado a morrer numa cruz – o suplício máximo então aplicado pelos romanos aos “prevaricadores” – para supostamente salvar o Homem, não se sabe bem de quê?! Aliás, se tivesse vindo em tempos medievais ou de inquisição, o suplício teria sido a fogueira ou o esquartejamento ainda vivo…

E é na linha de que a cruz é salvação que Paulo argumenta, fundamentando-se, mais uma vez, na Escritura, supondo-se que os sábios e os inteligentes vêem na cruz um suplício de opróbrio e nunca de salvação. Quanto a isto, apenas diremos – repetindo-nos, já desde a análise ao AT – que atribuir a Deus as Escrituras, i.é., o AT, muito mais do que misericordioso, pacífico, Pai, é fazer de Deus ignorante, violento, sanguinário. E todos sabemos que o AT foi escrito por sábios sacerdotes judeus, no cativeiro da Babilónia, pelos anos 500 a.C., compilando lendas antigas, inventando e recriando outras, sobretudo com a visão limitadíssima do mundo, da Terra e do Universo que tinham naquele tempo. Nada mais! Donde terá vindo a ideia peregrina – ainda hoje sustentada pela Igreja! – de que foi de inspiração divina? – Só com o propósito de enganar os crentes, os incautos, os facilmente manipuláveis pela emoção de estar aqui, vivos num pequeno planeta chamado Terra, apenas durante um limitadíssimo espaço temporal, ignorando completamente o que virá depois…

– “Os judeus pedem sinais e os gregos procuram a sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos.” (1,22)

– Afinal, a cruz não é só loucura e escândalo para judeus, gregos e pagãos, mas para todos os cultos e sábios de então. Dizer o contrário, como Paulo diz, é querer fazer a quadratura do círculo. Um nonsense completo! Impor aos crentes um Filho de Deus crucificado como Salvador e Senhor será uma táctica mas não podemos dizer senão que é perversa. 

Mas não deixa de ser interessante o que os pregadores conseguiram fazer da cruz: um amuleto divino que todos os cristãos gostam de usar, de beijar, de oferecer, de emoldurar, de dependurar em casa e até em instituições públicas, nos países em que a religião cristã predomina. Como é que não se apercebem que ali está um ser humano que foi martirizado e sofreu horrores inventados pela perversidade de outros seres humanos?...

sábado, 20 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 393/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Carta aos Romanos - 6

 – “Submetei-vos todos às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus e as que existem foram constituídas por Deus.” (13,1)

– Como sabemos da História, é falsa esta afirmação. Nem sabemos onde Paulo a foi buscar ou fundamentar. É claro que a autoridade sobre os povos sempre foi imposta pelos senhores da guerra ou por outros poderosos, como nobres, reis e papas. A autoridade menos imposta é que, actualmente, deriva do voto popular, mas mesmo assim é muito discutível… Esta visão teocrática do destino do Homem e das suas acções é totalmente infundada. Deus não tem nada a ver com o que o Homem faz ou deixa de fazer. Aliás, parte-se de um princípio de que Deus está lá em cima a olhar cá para baixo o Homem nas suas actividades. Que Deus mesquinho e apoucado este das religiões, santo Deus! Como se nada mais houvesse no Universo e no Espaço infindo do que sua excelência o sr. Homem, numa Terra que é um pontinho perdido no Espaço, sem qualquer interesse para esse mesmo Espaço e toda a matéria e energia que nele se agitam e se movimentam…

– “De facto os mandamentos … resumem-se nesta sentença: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo.»” (13,9)

– Indiscutível. É pena que tão poucos humanos o façam. A sociedade vive mais do “Salve-se quem puder e como puder!”

– “O Reino de Deus não é questão de comida ou de bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” (14,17)

– Quando no NT se fala de Reino de Deus, nunca se define bem o que é. Esta definição de Paulo é mais uma não-definição. Além de justiça, paz e alegria poderia enumerar tudo o que há de Bom no ser humano. Chamar o Espírito Santo para aqui nada adianta, pois é personagem inventada pelos primeiros crentes, tendo sido sugerida pelo próprio Jesus.

– “O Deus da paz não tardará em esmagar Satanás debaixo dos vossos pés.” (16,20)

– Pelo contexto, pressupõe-se que Satanás represente para Paulo os não crentes ou os que se opunham às novas ideias religiosas. E está subjacente a tal afirmação uma superioridade dos cristãos, bem como uma ideia de guerra contra eles ironicamente apoiada pelo “Deus da paz”…

E assim, acabamos a análise crítica a esta importante carta – para a Igreja – de Paulo, focando apenas os aspectos mais relevantes, donde ressalta a soberania das Escrituras que condicionam o pensamento de Paulo que nelas se apoia para defender as suas crenças, junto das comunidades que se iam formando, atraídas não pelo Jesus da cruz mas pelo Jesus que pregou a fraternidade universal e o amor ao próximo, numa sociedade baseada em grande parte na escravatura…

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 392/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Carta aos Romanos - 5

 – “Ou não sabeis o que a Escritura diz na passagem em que Elias acusa Israel diante de Deus: «Senhor, mataram os teus profetas…» O que a voz divina lhe respondeu: «Reservei para mim sete mil homens…» (11,2-4)

– Ora mais uma vez temos Paulo a referir as Escrituras, com Deus a falar com o profeta Elias. Teremos que repetir que nem as Escrituras têm qualquer valor do ponto de vista histórico, nem Deus andava por ali a falar com este e mais aquele, renovando a noção de que Deus seria uma espécie de humanóide superior? Mais: não houve profetas nenhuns. Tudo o que afirmaram de acontecido foi elaborado após os factos terem ocorrido, ou era facilmente dedutível perante as circunstâncias… Tal como hoje: há por aí muitos profetas, profetas que, de vez em quando até acertam. Sobretudo os chamados profetas da desgraça…

– “Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis as suas decisões, e como são impenetráveis os seus caminhos! (…)” (11,33)

– Voltamos a um Deus humanizado. Muitas vezes um “humano superior” simpático, outras nem tanto, abusando da sua especificidade divina, mostrando o seu poder autocrático. Mas, como é Deus e os seus caminhos são impenetráveis…, valha-nos a Fé!

– “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Desse modo, farás o outro corar de vergonha. Não te deixes vencer pelo mal mas vence o mal com o bem.” (12,20)

– Bons conselhos, não há dúvida. Mas digamos que não é nada fácil perdoar a um inimigo ou a alguém que nos fez mal. A vontade é de lhe desejar que arda nas profundezas dos infernos… (Embora o Inferno não exista!) Aliás, já Jesus dissera que fazer bem aos amigos não tem qualquer mérito.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 391/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Carta aos Romanos - 4

 – “Não faço o bem que quero mas o mal que não quero. Ora se faço aquilo que não quero, não sou eu que o faço mas o pecado que mora em mim.”; “Quem me libertará deste corpo de morte? … Assim, pela razão sirvo a lei de Deus, mas pelos instintos egoístas sirvo a lei do pecado.” (19-24)

– Atribuir o mal que ele faz ao seu corpo é desconhecer que o corpo é comandado pelo cérebro, ou seja, pela razão e é o suporte do mesmo cérebro: o mau funcionamento de um afeta o funcionamento do outro. E este condenar o corpo e fazê-lo fonte de pecado levou milhares aos conventos e ao cilício, pensando assim ganhar a vida eterna. Coitados: nem gozaram a vida na Terra – forçosamente efémera, mas existente e real – nem a eterna porque simplesmente não existe! Mas, diga-se que se a ideia de pecado da religião – ou das religiões! – levou muitos para os conventos e a se ciliciarem, também foi causa de muitos não cometerem mais crimes, temendo o Inferno e o suposto julgamento de Deus, no juízo final, ideias também inventadas pelos criadores das religiões, nomeadamente a cristã.

– “Penso que os sofrimentos do momento presente não se comparam com a glória futura que deverá ser revelada em nós.” (8,18)

– Pensamento obviamente sem qualquer base de sustentabilidade. Pressupõe a vida eterna e todas as crendices que lhe estão associadas ou que a religião cristã lhe associou. E mais uma vez, a ideia absurda e, de certo modo, perversa, de que é pelo sofrimento e pelo martirizar o corpo que a alma se purifica e ganha a vida eterna. No catecismo, aprendia-se a dizer, perante o sofrimento: “Que seja tudo em desconto dos meus pecados!” O maldito pecado sempre presente…

Duas ideias estão erradas, neste pressuposto: 1 – Temos uma alma separada do corpo; 2 – Essa alma é eterna e incorruptível e não desaparece com a morte do corpo. É que alma e corpo formam um único ser, totalmente interdependentes: aparecem os dois simultaneamente, no acto da concepção, desaparecem no acto de morrer. ESTA A PURA VERDADE!

– “Ele mesmo (Deus) disse a Moisés: «Farei misericórdia a quem entendo usar de misericórdia e terei piedade de quem entendo ter piedade.” (9,15)

– É um nonsense total! Primeiro, Deus é feito/visto/concebido, mais uma vez à imagem do Homem que entende isto ou aquilo, que tem ou não tem piedade ou misericórdia. Depois, Deus ter falado a Moisés é a coisa mais absurda em que se pode acreditar. Só com uma fé… absolutamente irracional! Até porque sabemos que Moisés utilizou aquele processo de dizer que recebeu de Deus as tábuas da Lei no Monte Sinai para poder dar força às ordens que queria dar ao povo, povo que não seria fácil de governar. Ao apelar para o seu contacto com Deus e que eram d’Ele as ordens emanadas, teria/terá tido muito mais sucesso e… menos trabalho de convencimento! Esperto aquele estratega político, ao utilizar a religião como suporte!