quarta-feira, 29 de julho de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 274/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 70/?

– “Tu que destruías o Templo e em três dias o reedificavas, salva-Te a Ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz! (…) Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz e acreditaremos nele! Confiou em Deus, que Deus O livre agora se é que O ama! Pois Ele disse: «Eu sou o Filho de Deus.»” (Mt 27,40-43)
– Os impropérios – embora um tanto grosseiros! - não são totalmente desprovidos de lógica. Se ao falar do Templo, Jesus não se referia ao Templo de Jerusalém mas ao seu próprio corpo, como poderiam a multidão e mesmo os discípulos compreendê-Lo? E porque é que um Filho de Deus se deixa assim vilipendiar e insultar?
E se descesse da cruz, acaso os judeus acreditariam nele? Não inventariam outro motivo qualquer para justificarem a sua descrença e assim se cumprirem as omnipotentes Escrituras?
Que teria sido espectacular, lá isso…. Mas quais os efeitos no mundo judeu de então e no de agora? Que efeitos em todo o mundo, em todo o Homem? E não tiveram eles tantos milagres durante os três anos de pregação de Jesus? Porquê exigem agora mais um?
Incompreensível para eles que O mataram como para nós que não O entendemos é porque Deus-Pai não O livrou de tal morte, se de facto Lhe queria bem, se de facto era o seu Filho…
– “A partir do meio-dia, toda a Terra ficou na escuridão, até às três horas da tarde. Foi então que Jesus disse em alta voz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?»” (Mt 27,46)
– É talvez o grito mais incompreensível de todo o Novo Testamento! (Embora venha na linha do lamento “Pai, se possível, afasta de mim este cálice mas faça-se a tua vontade e não a minha”.) Mas que grito é este de Jesus Cristo? Quem gritava: Jesus-homem ou Jesus-Deus? Que lamento tão sentido que mais parece de um Jesus arrependido de ser filho de quem é, pois é filho de um Pai que permitiu que tal sofresse, sem uma palavra de conforto, sendo pelo contrário, insultado por todos como um malfeitor, quando Ele apenas havia feito o bem, curado os doentes, ressuscitado os mortos, dado de comer a multidões… tendo denunciado embora as más condutas das classes sacerdotais a quem colocava nas profundezas do inferno, levando para o Céu todos os pobres, humildes, amantes do próximo sem alardes do bem-fazer!…
–“Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito. Imediatamente a cortina do Templo se rasgou ao meio, de alto a baixo. A Terra tremeu e as rochas estalaram. Os túmulos abriram-se e muitos santos falecidos ressuscitaram e saíram dos túmulos. Depois da ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa, onde muita gente os viu. (…) Os soldados disseram: «Este homem era realmente o Filho de Deus.»” (Mt 37,51-54)
– A espectacularidade acontece. Totalmente real? Quem ficou convencido com aquela escuridão do meio-dia às três da tarde, aquele rasgar da cortina, aquele tremor de terra, aquele estalar das rochas, aquele abrir de túmulos, aqueles ressuscitados passeando-se pela Cidade Santa? – Apenas são referidos o oficial do exército romano e os soldados. Assim, parece ter sido demasiado “investimento” para tão pouco proveito! Aliás, esta espectacularidade não é referida pelos outros evangelistas. Marcos e Lucas referem as trevas e o rasgar da cortina do Templo. João nada refere. Porquê? Não acharia tal espectacularidade relevante? É que parece ter sido o único que esteve presente: “Quem viu estas coisas é que as conta e tem a certeza do que afirma. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis.” (Jo 19,35)
Pela sua importância na “economia” da salvação e redenção, os grandes objectivos da missão de Jesus, supostamente Filho de Deus, aprofundaremos ainda mais este tão significativo assunto

domingo, 19 de julho de 2020

Onde a verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 273/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 69/?

– “Antes de o galo cantar, negar-Me-ás três vezes.” (Mt 26,75)
– E assim aconteceu. Uma profecia a realizar-se poucas horas depois! Então, aceitemos que Cristo era realmente um profeta. Sem mais perguntas, pois continuam a faltar-nos as necessárias certezas absolutas…
– “Judas, o traidor, foi entregar as trinta moedas de prata (…) dizendo: «Pequei ao entregar um inocente à morte.» (…) e foi-se enforcar. (…) Assim se cumpriram as palavras do profeta Jeremias (…).” (Mt 27,3-9)
– Que omnipotência esta a das Escrituras, omnipresentes no desenrolar da história: teve de haver um traidor e, mesmo arrependido, teve de ir enforcar-se para… cumprir as Escrituras!
Note-se bem que as chamadas Sagradas Escrituras (Antigo Testamento) foram escritas, ao longo de um milénio por elementos provindos da classe sacerdotal judaica, inspiradas no sangue dos holocaustos impostos pelos sacerdotes ao povo, em honra de Javé, no culto do Templo! Sangue, nas mortandades sem contemplação dos vencidos, pois os vencedores tudo passavam ao fio da espada, homens, mulheres, crianças e… animais! Sangue agora no Novo Testamento e de quem? Primeiro do traidor… depois, do traído… o próprio Filho de Deus, para quem parecem ter sido escritas… Não é abominável? Não nos abalam na Fé em vez de nela nos consolidarem? Não são diabólicas em vez de sagradas?!…
– “«Tu és o Rei dos Judeus?» Jesus respondeu: «Tu o dizes.» (…) Todo o povo respondeu: «Que o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos descendentes!»” (Mt 27,11 e 25)
– Que insensatos! Como é possível que o mesmo povo que O aclamou em Hossanas à sua chegada a Jerusalém, reclame agora o seu sangue! Mas – a fazer fé na narrativa – foi o que aconteceu. Assim sendo, afigura-se nítida a manipulação das massas feita pelos intrigantes sacerdotes, escribas e fariseus…
No entanto, – analisando a História – até parece que o povo judeu está cumprindo esta maldição de sangue pois, desde essa altura, nunca tiveram nem paz, nem pátria, nem Terra Prometida, tendo-se dispersado pelo mundo após a destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70, e que carregarão através dos tempos o enorme pecado de terem condenado injustamente um Cristo em que não acreditaram, flagelando-o, crucificando-o…
Pode perguntar-se se os judeus de hoje lá tivessem estado, acaso teriam condenado Jesus ou teriam sido tocados pelos seus milagres. E em vez de o matarem, se teriam insurgido contra os sacerdotes e anciãos do povo que exploravam esse mesmo povo, no corpo e na alma. Mas não! É que, se tal acontecesse, não se cumpririam as “sagradas” – ou malditas? – Escrituras!

sábado, 11 de julho de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 272/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 68/?

– Realmente, as Escrituras parecem estar acima do Filho de Deus! Parecem estar acima do próprio Deus-Pai que as não pôde abolir, após tê-las inspirado ao autor sagrado, e assim salvar o seu Filho muito amado!…
É que - Absurdo dos absurdos!… - Jesus não pediu socorro ao Pai porque “tinha” de cumprir as Escrituras! Totalmente incompreensível!
E novamente os anjos que, embora simpáticos, não deixam de nos criar perplexidade, pois continuamos sem saber que tipo de criaturas são e qual a sua função no… Céu. A linguagem de “legiões” faz-nos lembrar um exército em ordem de batalha…, exército que existirá no Céu imaginado por Jesus. Mas, meu Deus, que terão os anjos de defender no Céu? A quem? Porquê?
A confusão aumenta ao pensarmos que tudo isto se está passando ao nível do divino!…
É! Quem serão realmente os anjos? Que poderes terão ou… não terão? Não bastaria um só anjo de Deus para desbaratar todo um exército da Terra? Que podem os poderes terrenais contra os poderes divinos?
Uma última curiosa pergunta: “Porque se lembrou Jesus do número “doze”? Porque não dez ou seis ou… apenas uma legião de anjos?…”
– “Então, o chefe dos sacerdotes disse-Lhe: «Eu Te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Messias, o Filho de Deus.» Jesus respondeu: «É como acabaste de dizer. Além disso, Eu digo-vos: de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do Céu.»” (Mt 26,63-64)
– A afirmação de ser o Messias é inequívoca. De ser o Filho de Deus, também. Aliás Marcos é mais explícito. À mesma pergunta, Jesus respondeu: “Sim, sou Eu.” (Mc 14,62). Já fica na neblina do mistério a sua vinda sobre as nuvens do Céu e o estar sentado à direita do Todo-Poderoso…, lembrando-nos um Céu físico com um trono onde Deus estará sentado rodeado de santos e anjos. Obviamente, uma total efabulação de Jesus, Jesus que certamente estaria convencido de que era o Messias e que nele se cumpririam as Escrituras.
– Os sumos-sacerdotes não só não acreditaram n'Ele como, rasgando as vestes, O condenaram à morte, por blasfémia: “Blasfemou!” (Mt 26,65)
E nós? Temos alguma razão para acreditar? – Não! Absolutamente nenhuma!
Brincando, diríamos que Deus criou um Homem que Lhe “complicou tanto a vida” que teve de enviar profetas, inspirar Escrituras, sacrificar o próprio Filho, o Cristo, o Messias prometido, o Salvador, em que só uma pequena parte da humanidade acredita, apesar de 2000 anos decorridos após a sua morte de salvação e a sua mensagem de ressurreição… E isto porque o criou com a liberdade de escolha de fazer o bem ou o mal.
Ora, teria sido muito mais simples se Deus tivesse feito de outro modo! O Homem era criado mas sem liberdade de escolha… Seria totalmente feliz, sem pecado e… sem sofrimento. Multiplicava-se e enchia a Terra e todos os planetas habitáveis no Universo. Morrendo, iria para o Céu, logo ali ao lado, onde continuaria feliz para sempre!
Assim, nem seria preciso expulsão do paraíso, nem diabos, nem inferno, nem gerar na dor, nem comer o pão com o suor do rosto, nem umas Escrituras anunciando um Messias, um Salvador…, nem escravatura, nem cativeiros, nem - cúmulo dos cúmulos - um Jesus, um Filho de Deus a sofrer suores de sangue, para cumprir aquelas Escrituras…
Então, porque não fez Deus deste modo, que era muito melhor para todos, incluindo o seu próprio Filho?
Enfim, aceitar um Filho de Deus a vir à Terra num dado tempo - há dois mil anos - para cumprir umas Escrituras escritas umas centenas de anos antes, é apoucar tanto a Ciência e o conhecimento que temos do Homem, da Terra e do Universo,… que custa mesmo acreditar em tal Filho de Deus! (Isto, além de apoucar o próprio Deus - Inteligência Suprema - que congeminou toda esta trama...)
É que - já o sabemos - o Homem tem os seus quatro milhões de anos, a Terra, os seus cerca de cinco mil milhões e o Universo observável, do qual conhecemos ainda tão pouco, cerca de quinze mil milhões, não sabendo nós nem o antes nem o depois…

No entanto, não há dúvida de que, sobre o Além e a esperança na vida eterna post-mortem, nada mais nos resta do que a Bíblia e a mensagem do seu Cristo chagado e… ressuscitado!



domingo, 5 de julho de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 271/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 67/?

– Perante a paixão e morte de cruz, voltamos a perguntar: Como entender que Deus-Pai tenha querido ver/fazer sofrer o seu muito Amado Filho, até à morte e morte na cruz? Para cumprir as Escrituras que Ele mesmo inspirara, sendo necessário todo aquele sofrimento para salvar e redimir o Homem, como Messias? (E lá está o mistério da redenção, mistério pois não sabemos bem o que havia a redimir…)
Depois, onde a força de Cristo que realizou tantos milagres, indo até à própria ressurreição se não a pôde utilizar neste crucial momento? Teria mesmo de cumprir as Escrituras e morrer ali como estava determinado desde toda a eternidade pelo seu próprio Pai? Afinal, quem é escravo de quem? Mais: parece impossível que, na sua infinita sabedoria, Deus-Pai não “tenha arranjado” melhor forma de salvar a Humanidade do que esta assim sangrenta, assim macabra…
Claro que o mistério é sempre a resposta! Mas, com mistérios, não atingimos de certeza a salvação que, embora por todo o lado anunciada, continuamos a não saber nem onde, nem como, nem o que realmente ela é…
Também todos sabemos que a carne é fraca e que foge do sofrimento como o diabo da cruz... A dicotomia corpo-espírito que constitui a nossa essência não é de fácil entendimento. Se na saúde é fácil ao espírito dizer ao corpo «Levanta-te e caminha!», quando a doença corrói corpo e nervos, já o espírito fica fraco, incapaz de controlar o mesmo corpo.
– Três vezes foi orar… O número 3 parece mágico! Mas, porquê orar, se sabia que de nada Lhe adiantava? Ah, como é difícil entender aquela relação entre um corpo humano e um espírito divino! Entre um Deus-Pai e um Deus-Filho que “tem” de Lhe rezar!… E rezar inutilmente!
– “«Guarda a espada na bainha. Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão. Ou pensas que Eu não poderia pedir socorro ao meu Pai? Ele mandar-me-ia logo mais de doze legiões de anjos. E então, como se cumpririam as Escrituras que dizem que isto deve acontecer? (…) Tudo isto aconteceu para se cumprir o que os profetas escreveram.»” (Mt 26,52-56)
– O estigma, a “maldição” das inevitáveis Escrituras! Que predestinação, santo Deus! Que escravatura de um Filho de Deus a umas Escrituras inspiradas por um Deus-Pai, parecendo-nos terem sido os algozes de Jesus, desde Judas aos sumos-sacerdotes, braços de Javé-Deus para executarem tal predestinação!…
Nisto de interpretar a História pelas Sagradas Escrituras, até o tirano Nabucodonosor foi o braço de Javé para castigar Israel dos seus pecados, lembram-se?!
E, se tais algozes não tivessem intervindo, as incontornáveis, escravizantes Escrituras - para os Homens mas também incompreensivelmente para o próprio Deus que as inspirou – sendo portanto o seu autor como ensinam na catequese e se reza na missa “Palavra de Deus!” – não se cumpririam!
E mais uma vez, os anjos. Doze legiões, o que representa uns milhares! Não há dúvida: tal afirmação revela que Jesus estava mesmo convencido do seu Céu humanizado e hierarquizado ao modo de um reino da Terra, com um rei e os seus exércitos.
Tudo isto é de um total nonsense, humanamente e intelectualmente falando… É preciso ter muita coragem para continuar a acreditar em alguma ponta de verdade que possa haver nesta triste e dramática história…