terça-feira, 29 de agosto de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 145/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos 

JEREMIAS 5/15

 - “Assim fala Javé dos exércitos, o Deus de Israel: (…) 
Encheram este lugar com sangue de inocentes e construíram lugares 
altos para Baal, para queimarem os seus filhos no fogo em 
holocausto a Baal. Eu nunca mandei fazer tal coisa, nem disse, 
nem me passou pelo pensamento. Por isso - oráculo de Javé - (…) 
vou fazê-los cair ao fio da espada diante do inimigo (…) vou 
entregar os seus cadáveres como alimento às aves do céu e às feras. 
(…) Farei com que devorem a carne dos próprios filhos e filhas. 
Devorar-se-ão entre si por causa do cerco que os inimigos lhes vão 
impor.” (Jr 19,3-9)
- Como? Como é possível Javé dizer que nunca Lhe passou pelo 
pensamento sacrificar vidas humanas, condenando os sacrifícios 
humanos a Baal e logo a seguir afirma o que é quase mais horrível 
ou horripilante que fará com que eles devorem os próprios filhos 
e filhas? Não é exactamente ou ainda pior holocausto… de vidas 
humanas?
- “Tu me seduziste, Javé, e eu deixei-me seduzir. (…) A palavra de 
Javé tornou-se para mim motivo de vergonha e de escárnio o dia 
inteiro. (…) Maldito seja o dia em que nasci. Que jamais seja bendito 
o dia em que minha mãe me deu à luz. Maldito o homem que levou 
a notícia a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho varão!, enchendo-o 
de alegria. Que essa pessoa sofra (…) ouça gritos (…) Porque não me 
fez morrer no ventre materno? (…) Porque saí do ventre de minha 
mãe? Só para ver tormentos e dores e terminar os meus dias na 
vergonha? (Jr 20,7-18)
- Aqui, Jeremias desespera! Enfim, é… humano. Mas que culpa tem 
quem levou a notícia a seu pai, para que seja maldito, sofra…, ouça 
gritos?! Este Jeremias parece não saber medir as palavras. Não! Não é, 
não pode ser profeta inspirado pelo divino…
- “Dias virão - oráculo de Javé - em que farei brotar para David um 
rebento justo. Ele reinará como verdadeiro rei e será sábio, pondo 
em prática o direito e a justiça no país. (…) É este o nome com 
que será chamado: Javé, Nossa Justiça”. (Jr 23,5)
- Quem será este “Javé, Nossa Justiça”? - Ciro que libertou Israel 
do cativeiro da Babilónia? Ou, como refere Jo 10, o próprio Jesus 
Cristo, quinhentos anos depois? David! Quem poderá esquecer o que 
este rei - de tanta consideração bíblica - fez a um dos seus 
generais em tempo de guerra? Simplesmente isto: Mandou-o colocar 
sozinho na frente de batalha para que fosse ferido e morto. 
Porquê? Porque David se havia apaixonado e dormido com a mulher 
dele enquanto ele defendia a pátria longe do palácio real… 
(2Sm 11,15). Grande herói! Grande exemplo!...
- “Entre os profetas da Samaria, vi coisas absurdas (…) Entre os 
profetas de Jerusalém, o que Eu vi era horrível: cometem adultério 
e praticam a mentira, dão a mão aos malfeitores (…) Assim diz 
Javé dos exércitos: Não presteis atenção às palavras dos profetas que 
para vós profetizam (…) Eu não enviei nenhum desses profetas (…) 
Eu não lhes falei e no entanto, eles profetizam. Se eles tivessem 
assistido às minhas deliberações e tivessem levado ao meu povo a 
minha mensagem, o povo teria desistido do seu mau caminho, teria 
deixado o mal que praticava.” (Jr 23,13-22)

- Não é estranho que haja por ali tantos falsos profetas? Não teria 
o povo realmente dificuldade em saber distinguir os bons - neste 
caso e neste tempo, só se fala de Jeremias  - e os falsos que 
superabundavam e também falavam em nome de Javé? E que 
credibilidade nos merece este Jeremias que se vem revelando falso, 
ignóbil, sanguinário? Depois - e já atrás perguntámos - será que se 
Israel se arrependesse, não teria sido igualmente invadido pelo rei da 
Babilónia e feito prisioneiro? Não estaremos apenas perante mais 
um subterfúgio religioso para explicar a História?

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 144/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos 

JEREMIAS 4/15

- “Assim diz Javé: Maldito o Homem que confia no Homem 
e que busca apoio na carne e cujo coração se afasta de Javé. (…) 
Bendito o Homem que confia em Javé e em Javé deposita a sua 
segurança.” (Jr 17,5 e 7)
- Realmente, em que Homem se pode verdadeiramente confiar? 
Por outro lado, o que é isso de confiar em Javé? Que segurança nos 
oferece Javé, no concreto-real da vida terrena e sobretudo na eterna 
se é que ela existe? Se o recorrer a Deus, numa aflição, traz lenitivo 
ao corpo e consolação à alma, já que a fé remove montanhas…, que 
nos adianta realmente evocá-Lo na morte, se não nos deu, dá (ou 
dará?) certezas do Além? Se tudo fica no absoluto segredo dele e dos 
seus mistérios que a nós NADA adiantam? É que é mesmo… NADA! 
Um grandíssimo, infinito, eterno NADA! E a pergunta é sempre a 
mesma, sempre repetida, sejam quais forem as palavras com que se 
formule: “Se Javé-Deus-Pai realmente existe e se nele e com Ele e por 
Ele nascemos ou existimos e se para Ele caminhamos e com Ele 
passaremos a eternidade, porque não nos dá Ele certezas indubitáveis 
de que realmente é, foi e será sempre assim para todos os Homens? 
Porquê? Não é a falta de resposta que nos leva à incredulidade? Não 
podemos culpar o próprio Deus (ou o deus que as religiões nos têm 
vendido) por esta frustração nossa e de toda a gente tenha ou não 
tenha fé? Se o enviar de Jesus Cristo à Terra - ai os problemas que este 
enviar à Terra nos coloca, ao sabermos que o Universo terá outras 
incontáveis “Terras” onde haverá Homens iguaizinhos a nós ou 
diferentes, pouco importa, mas inteligentes e que certamente terão as 
mesmas dúvidas existenciais que nós! - teve por objectivo divino, como 
apregoam as religiões cristãs, que parecem ser as menos falsas…, a 
redenção-salvação eterna do Homem e se, após dois mil anos passados, 
mais de dois terços da Humanidade pouco ou nada conhecem de Jesus 
Cristo, e dos que O conhecem, poucos são os que não soçobram na Fé 
perante tantas dúvidas que se colocam à nossa inteligência, limitada 
embora mas não totalmente estúpida, não podemos - não devemos! - falar 
de fracasso de Deus, que é, pela sua própria natureza, inadmissível? É 
sinceramente, mais uma acha que nos leva à descrença total! E nós que 
quiséramos tanto acreditar num Deus que nos desse um céu e uma 
eternidade feliz!
- “Assim diz Javé: Por amor à vossa vida, evitai transportar cargas em dia 
de sábado (…) santificai o dia de sábado, conforme a ordem que dei aos 
vossos antepassados (…) Se não Me obedecerdes e não santificardes o 
sábado, se em dia de sábado carregardes pesos ao entrar pelas portas de 
Jerusalém, então deitarei fogo a essas portas; ele queimará os palácios de 
Jerusalém e nunca mais se apagará.” (Jr 17 21-27)
- Novamente a obsessão pelo sábado. Como é possível fazer dele depender 
toda uma vida? Toda uma cidade? Toda uma nação? Simplesmente ridículo! 
Não há metáfora que salve tal aberração.
- “Eles (os contemporâneos de Jeremias) disseram: Vamos tramar um 
plano contra Jeremias (…) Escuta-me, Javé e ouve o que dizem os meus 
adversários. (…) Lembra-Te de que me apresentei diante de Ti para interceder 
por eles, para desviar deles a tua ira. Por isso, agora, entrega à fome os seus 
filhos, lança-os ao poder da espada; que as suas mulheres fiquem sem 
filhos e viúvas, que os seus maridos sejam mortos pela peste e os seus 
jovens atingidos pela espada no combate (…) pois eles abriram uma 
cova para me prenderem (…) Mas Tu, Javé, (…) não deixes impune a 
injustiça (…); executa-os no momento da tua ira.” (Jr 18,18-23)
- Lindo, Jeremias! Como é que Javé te fala tendo tu tanto ódio contra 
os teus irmãos, embora adversários? Ainda continuas com o “olho 
por olho, dente por dente” de Talião? Melhor: Não queres que morra toda 
uma povoação para salvar a tua pele? Terá ouvido Javé a tua súplica 
cheia de ódio? Não te terá corrigido? Como desacreditas o Javé que 
apregoas com palavras mas que atraiçoas com o coração!… Como te 
revelas um… falso profeta! E – sem maldade, mas pura análise 
crítica – a pergunta: “Como pode todo um povo crente – judeus e 
cristãos – ter Jeremias como um profeta, homem que fala em nome 
de Deus, e considerar divino o seu livro de supostas profecias?”


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 143/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 3/15

- “Eles dizem: Somos sábios, temos a Lei de Javé. Mas a caneta 
falsa do escriba transformou em mentira a Lei de Deus. Os sábios 
ficaram confusos (…) pois do primeiro ao último são todos ávidos 
de lucro; do profeta ao sacerdote, todos praticam a mentira.” 
(Jr 8,8-10)
- Foi assim no tempo de Jeremias, foi assim no tempo de Cristo! 
E hoje? – Novamente, a desilusão e o não-acreditar nos homens, 
sobretudo nos que detêm o poder. E daí que tantos males venham 
ao mundo. Mas não é profecia, não, é uma constatação…
- “Quem me dará no deserto um abrigo de viajantes? Então, deixaria 
o meu povo e iria para longe deles, pois todos eles são adúlteros, 
um bando de traidores. (…) O que manda no país é a mentira e não 
a verdade. (…) Cada um guarde-se do seu próximo e não confie em 
nenhum dos irmãos, pois todo o irmão engana o seu irmão e todo o 
amigo espalha calúnias. (…) A sua língua é uma flecha envenenada: 
em tudo o que dizem só há maldade. Cada um fala de paz ao 
próximo mas, no íntimo, arma-lhe ciladas. Não deveria Eu puni-los 
por estas coisas? - oráculo de Javé. Não deveria Eu vingar-Me de um 
povo como este?” (Jr 9)
- Espanta que não haja justos! Espanta que nem as crianças se salvem 
da ira - ou da frustração? - de Javé! É que há sempre excepções! 
Aquando da invasão e destruição de Jerusalém, pagou tanto o justo como 
o injusto, tanto o rico como o pobre, tanto o órfão e a viúva como 
os senhores perversos, falsos profetas, sábios amantes do lucro. Então, 
que Deus é este que castiga igualmente uns e outros? É! Isto não passa 
de uma interpretação religiosa - mas falazmente religiosa - dos factos 
históricos de então! Senão, Deus nega-Se a si próprio!
- “Tu és justo, Ó Javé, para que possa discutir contigo. No entanto, 
gostaria de fazer-Te uma pergunta do direito: Porque é que o 
caminho dos ímpios prospera e os traidores vivem todos em paz? 
Tu plantaste-os e eles criaram raízes; e agora crescem e produzem 
frutos. (…) Arranca essa gente como ovelhas para o matadouro.” 
(Jr 12,1-3)
- O problema da prosperidade do ímpio e do sofrimento do justo já 
foi debatido por Job e… sem resposta de Javé! Enfim, mais uma 
frustração bíblica ou divina…
- “Por causa do grande número de pecados que cometeste é que 
levantaram a tua saia para te violentarem. (…) Agora, sou Eu que 
te levanto a saia à altura do teu rosto para que os outros possam 
ver as tuas partes vergonhosas. Os adultérios que cometes, os gemidos 
de prazer, a vergonha da tua prostituição (…) Ai de ti, Jerusalém, se 
não te purificas!” (Jr 13,22 e 26-27)
- Novamente, o gosto pelas imagens apelativas de sexo!… Levarão elas 
ao temor ou à luxúria? E que gemidos de prazer no “enlevo” da 
prostituição teve Jerusalém?!…
- “Palavra que Javé dirigiu a Jeremias, por ocasião da seca (…)” (Jr 14)
- Não entendemos: É profecia ou comentário-interpretação do facto real 
de uma seca em Judá? E é Javé que fala a Jeremias?! Dá para sorrir…
- “Poderá o Homem fabricar deuses? Então, não são deuses. Então, não 
são deuses.” (Jr 16,20)

- Eis o grande problema das religiões e da nossa própria existência: 
existirá Deus porque nós o criámos - e então não é deus! - ou existe Ele 
realmente e não conseguimos alcança-Lo, compreendê-Lo, acreditá-Lo, 
porque Ele se refugia no mistério? Melhor: como definir Deus para o não 
conceber à nossa imagem e semelhança, que foi o que todas as 
religiões existentes no mundo fizeram?