sábado, 25 de abril de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 263/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 59/?

Ainda sobre o povo judeu:
De certeza que o mundo de hoje seria diferente se tal povo não tivesse existido. Não sabemos se em algum outro teria nascido um Jesus Cristo de palavras de vida eterna, palavras embora envoltas em total nevoeiro.
Depois, não sabemos o que seria dos judeus se, em vez de terem matado Jesus, tivessem acreditado nele. Aqui, tal como Judas teve de existir para que as antigas profecias se cumprissem em Jesus Cristo, também o povo judeu parece ter sido fadado para dar cumprimento a essas mesmas profecias, como executante do destino que Deus tinha traçado para seu Filho, a fim de salvar ou redimir o Homem do pecado! Que isto é perverso, é! Que isto de um povo eleito ser fadado - Por quem? Pelo próprio Javé-Deus que o elegeu? - para ser o carrasco do Jesus que nasceu no seu seio, é inacreditável, é! Mas, a fazer fé nos evangelhos, parece ter sido a verdade histórica. Assim, custa a crer que haja crentes que continuem crentes ao sentirem-se emaranhados nesta tremenda confusão…
Enfim, não se percebe porque é que os judeus de agora não reconhecem Jesus como o Cristo, o Messias prometido na sua velha Bíblia ou Torá, e se convertem, acabando com o judaísmo. Teimosia? Fanatismo? – Certamente, incapacidade de entender, agora, tal como quando O mataram, o que nós também não entendemos…
– É no mesmo tom de condenação farisaica, que Jesus refere a bela e bem escolhida imagem: “Coais um mosquito mas engolis um camelo.”! (Mt 23,24)
– “Quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita dentro dele. E quem jura pelo Céu jura pelo trono de Deus e por Aquele que nele está sentado.” (Mt 23,21-22)
– Porque é que também Jesus afirma que Deus habita dentro do Templo? Não deveria ter ido mais além e tornar o “seu Deus-Pai” mais invisível, mais espiritual, mais de todos os lugares, de todos os tempos, não o metendo “entre quatro paredes”?
Do mesmo modo, porque continua a afirmar um Céu com um trono e um Deus nele sentado? Que humana visão do Céu, santo Deus! Como poderemos acreditar em tal Céu de Deus se é feito à imagem e semelhança dos tronos da Terra? Como? Realmente, Jesus não nos consegue convencer de que aquilo que afirma exista e exista numa realidade para além desta vida, a vida a que chamou de eterna. Sem qualquer prova, claro!
– Como que prevendo próxima a sua morte – o que não seria difícil dado os últimos acontecimentos – exclama: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas tu não quiseste!” (Mt 23,37)
– O lamento é pungente! A frustração, estampada nas palavras e certamente no rosto de Cristo! Resta-nos perguntar: “Como? Como assistimos a um Deus… vencido pela maldade ou incompreensão dos Homens? Que Humano poderá aceitar tal realidade? Não se nega Deus a Si mesmo ao não ser capaz de ultrapassar acontecimentos criados pelos Homens tão míseros e tão pequenos, tão insignificantes face a qualquer realidade do Universo ou do mesmo Deus?”
Só mais uma última pergunta (im)pertinente para os crentes: “Como sentiria Jesus? Como se comoveria? Enquanto Deus ou… enquanto homem?”

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Onde a Verdade da bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 262/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 58/?

O povo judeu, criador do cristianismo, merece que nos alonguemos em comentários:
Que povo é este que conquistou com suor, sangue e lágrimas de cativeiros, a Terra Prometida por um Javé que lhe serviu ora de suporte na vitória ora de castigo na derrota? E, em guerras sucessivas, vence e é vencido, extermina e é exterminado? E, tendo peregrinado pelo mundo, desde a diáspora, mais de mil e quinhentos anos, aparece, nestes três ou quatro últimos séculos, como um povo influente nesse mesmo mundo, conseguindo dominá-lo com perspicácia, argúcia e manha? E, suavemente, subrepticiamente, tem nas mãos bancos e petróleo, ouro e diamantes, controlando, nestes, o peso, o kilate, o valor, a lapidação, a comercialização, explorando a avidez feminina por tudo quanto brilha e… tem valor – valor que eles próprios determinam e controlam! – levando toda a gente a pensar que assim é realmente? Pois, afinal, porque é que os diamantes não valem apenas metade do que valem? Ou, porque não o dobro?
– É um povo que conseguiu “inventar” um Javé exclusivista, “inventar” profetas e legisladores, construir uma História que tanto tem de real como de lendário, inseri-la numa Bíblia que se tornou o Livro Sagrado de uma das mais difundidas e queridas religiões do mundo! (E o mais citado que não o mais lido…)
– É um povo que matou o Profeta dos Profetas: Jesus Cristo, exactamente por se dizer, o Enviado do Pai, o Filho de Deus, o Messias anunciado pelos profetas e que ele esperava e que agora continua esperando, batendo com a cabeça no muro das lamentações em Jerusalém!…
– É um povo que criou, entre as seitas existentes na altura, mais uma, a religião cristã, baseada exactamente nos ensinamentos desse Jesus a que muitos chamaram de Cristo: a sua fraternidade universal, o amor ao próximo e aos inimigos, em contradição com a tradição do “olho por olho, dente por dente”, escrevendo a segunda parte da Bíblia, chamada Novo Testamento, onde pontuam os quatro Evangelhos.
– É um povo onde foi gerada uma Virgem – única mulher da Terra dita ter concebido sem conhecer homem! – mãe do tal Jesus Cristo que marca definitivamente o Tempo, num antes e num depois J.C., fundamento de toda a civilização ocidental e que nos aparece como a resposta - infelizmente nada clara! - à nossa ânsia de eternidade, de salvação eterna, de glória eterna, de eterna felicidade num sonhado paraíso divino…
– É um povo que, ao longo destes dois mil anos, desencadeou o ódio em todos os países em que se instalou, ao tentar dominar aquilo em que é mestre: a usura, o dinheiro, as finanças mas também o direito, a medicina, a ciência…
– É um povo que, tendo sempre vivido na guerra, continua incapaz de criar a paz com os povos vizinhos do seu actual exíguo território, parecendo fadado a permanentes holocaustos – ai a maldição divina! – a não ter paz, nem Terra, nem uma capital só para si, pois até essa - a mui nobre, histórica, afamada, destruída, chorada JERUSALÉM - tem de dividir com a sua histórica e figadal inimiga, a Palestina de raiz muçulmana…
É: apesar da forte dose de superstição que encerra, poderíamos dizer que o povo judeu tem carregado ao longo da História e continua carregando sobre os ombros aquela tremenda maldição “de sangue” pronunciada por Jesus Cristo!… (Mt 23,13-36)

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 261/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 57/?

– Encontramos, em seguida, certamente a maior invectiva de Jesus contra os doutores da Lei e os fariseus:
“Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Fechais o Reino do Céu aos Homens. Nem vós entrais, nem deixais entrar aqueles que desejam. (…) Explorais as viúvas e roubais as suas casas e, para disfarçar, fazeis longas orações! Por isso, recebereis uma condenação mais severa. (…) Pagais o dízimo (…) e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei. (…) Limpais o corpo, por fora (…) mas por dentro estais cheios de desejos de roubo e de cobiça. (…) Sois como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão. (…) Sois filhos daqueles que mataram os profetas. (…) Serpentes, raça de víboras! Como é que poderíeis escapar à condenação do inferno? É por isso que Eu vos envio profetas, sábios e doutores: a uns matareis e crucificareis, a outros torturareis nas vossas sinagogas e persegui-los-eis de cidade em cidade. Deste modo, cairá sobre vós todo o sangue justo derramado sobre a Terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias (…) que assassinastes entre o santuário e o altar. Eu vos garanto: tudo isto acontecerá a esta geração.” (Mt 23,13-36)
– A retórica repetitiva avoluma o peso da condenação. Condenação destes doutores e fariseus e de todos os que procederem como eles, evidentemente. Que clareza nas denúncias! Que acutilância nas palavras e nas metáforas que a ninguém deixam dúvidas!
Mas… continuamos sem saber o que é o Reino do Céu, o que é o inferno, como cai o sangue dos inocentes sobre estes prevaricadores…
E, acaso, tudo aquilo aconteceu àquela geração de sacerdotes e fariseus? Como? Quando? Aqui, na Terra que apalpamos ou no misterioso Além que se nos escapa de cada vez que o tentamos agarrar ou entender? Mais: como foram todos para o inferno? Não poderíamos conhecer o seu testemunho? Porque não vêm eles lá do inferno, onde certamente estarão, dizer-no-lo para que nós não façamos como eles? Que custa a Deus fazer tal milagre? - repetimos. Seria, sem dúvida, milagre muito mais eficaz para a conversão de toda a humanidade do que não só o ter feito secar a figueira porque não tinha figos, mas também todos os outros já atrás relatados (ou inventados?) por Mateus…
E ainda: tal maldição “de sangue” caiu apenas sobre os doutores e fariseus ou sobre todo o povo judeu? Naquele tempo ou pelos tempos vindouros?
O povo judeu foi, desde os seus primórdios, com o seu “pai” Abraão vindo de lá da Mesopotâmia – actual Iraque – pelo ano 2000 AC, até aos nossos dias, um povo muito sui generis. Basta ler a sua história: contam-se 2000 anos de lutas para conquistarem, viverem e sobreviverem na “Terra Prometida”, onde corria leite e mel, algures ali pela Palestina e vale do Jordão; sofreram a última destruição da sua querida Jerusalém pelos romanos, no ano 70 DC; dispersaram-se em diáspora pelo mundo, perdendo a tão querida Pátria, perda dolorosamente cantada pelo Coro dos escravos hebreus, na ópera de Verdi, Nabuco; foram mais odiados que queridos em todos os países onde se instalaram e criaram raízes; foram expulsos de alguns desses países por razões religiosas ou ideológicas, apesar de contribuírem com o seu trabalho e saber para o seu progresso; culminaram com o holocausto nazi, morrendo milhões em campos de concentração; conseguiram, finalmente, reerguer parte da sua antiga Pátria, em 1947, pátria a que chamamos hoje Israel. Entretanto, “produziram” um Jesus a quem chamaram de Cristo, o Messias, que está na origem da religião cristã, apesar do Deus Javé exclusivista dos judeus, dividindo a História em AC e DC e um Einstein que revolucionou a Física. Enfim, continuando espalhados pelo mundo e não chegando o seu número a 50 milhões, já ganharam mais de uma centena de Prémios Nobel desde a instituição de tal prémio. Notável e estranho povo, não é?!

sábado, 4 de abril de 2020

Mas tanto medo porquê, Santo Deus?!




  Obviamente, porque se luta pela sobrevivência, seguindo o instinto vital. Mas, para muitos, apenas – apenas?! – o vírus vem acelerar o fim inevitável e inexorável de quem teve a sorte de ter vindo à VIDA. Há uma certeza absoluta, no acto de nascer: um dia, mais cedo ou mais tarde, dependendo de múltiplos factores endógenos e exógenos, inexoravelmente, virá o fim. Até diríamos – com alguma jocosa ironia, claro! – que o Covid é bastante simpático: leva preferencialmente os que já viveram bastante, poupando os que ainda têm muito para dar e receber da VIDA…
A pergunta titular é, então, pertinente. A ideia de morrer não deveria meter-nos medo, já que a morte é inerente à condição de estar vivo. Por outro lado, tendo tido a sorte de ter vindo à VIDA, é suposto não a desperdiçarmos e que a vivamos o melhor e o mais longamente possível! Mas, como se disse aquando da discussão sobre a eutanásia, não valerá a pena prolongar a vida artificialmente de um ser que de humano já só tem a forma, não tendo nem cérebro nem corpo que ainda funcionem com dignidade, gastando-se, inutilmente, enormidades ao SNS.
Temos, pois, de aceitar, sorriso no rosto, a nossa realidade de viventes a prazo. E, se a morte é inexorável, nada melhor do que sorrir-lhe, agradecendo, olhos no céu e nas flores e na natureza e no firmamento e na claridade que inunda a Terra todas as manhãs, gozando tanta beleza que nos é ofertada gratuitamente – e sem qualquer trabalho! – ao INFINITO DESCONHECIDO, o termos vindo à VIDA.Ter outra postura não só é irracional como não nos permite gozar, apreciar, desfrutar convenientemente desta mesma VIDA.
Ah, se todos pensássemos que a felicidade não está no TER muito e do melhor e do mais caro e do mais sofisticado e do mais novo…, esfalfando-nos a trabalhar para ganhar muito dinheiro e podermos adquirir tudo isso… e que, afinal, não é com tal modus operandi que tiramos o melhor proveito da VIDA!...
Ah, se todos pensássemos em mudar os padrões que regulam actualmente as economias do mundo e as finanças que lhes estão associadas e que as determinam, numa liberdade total de produção e comércio de produtos, na maior parte das vezes, absolutamente inúteis para as necessidades básicas do ser humano, quer a nível físico, quer a nível psicológico, emocional ou intelectual!...
O desafio seria enorme: produzir só o essencial para o bem-estar da humanidade, mantendo todos os humanos numa ocupação produtiva digna e gostosa! Mas seria desafio que valeria a pena: todos viveriam melhor! Todos saberiam controlar-se para não continuarem a proliferar e a ser espécie infestante e predadora de tudo o que é comestível, destruindo espécies animais e vegetais irreversivelmente! E deixariam de ser tão egoístas, tão ambiciosos, tão perversos, tão corruptos, enfim, tão desumanos!
Esta pandemia veio apelar para tal desiderato. Não creio que o consiga. Pelo contrário, todo o mundo, lamentando-se, está pensando em voltar o mais depressa possível ao status quo anterior, situação onde imperam as leis dos mercados selvagens de capitais, das corrupções, do fabrico de tudo o que é necessário e não necessário, com o real e dramático objectivo de não perderem o emprego que, nesta conjuntura económico-financeira, a nível mundial, está baseado exactamente no fabrico e no consumo, sendo o consumismo – desgraçadamente por ser altamente prejudicial ao Meio-ambiente – um dos motores das economias globais.
Não! Não parece que os humanos queiram criar a FELICIDADE GLOBAL!
É pena porque talvez, assim, a morte – ou fim da vida de cada um – fosse racionalizada e encarada com um grande SORRISO! Não levados por falsidades de vida eterna, no Céu, post mortem, como dizem as religiões, mas por nos sentirmos plenamente realizados e sentir que valeu a pena o nós termos passado, embora fugazmente, pela VIDA…