sexta-feira, 10 de abril de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 261/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 57/?

– Encontramos, em seguida, certamente a maior invectiva de Jesus contra os doutores da Lei e os fariseus:
“Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Fechais o Reino do Céu aos Homens. Nem vós entrais, nem deixais entrar aqueles que desejam. (…) Explorais as viúvas e roubais as suas casas e, para disfarçar, fazeis longas orações! Por isso, recebereis uma condenação mais severa. (…) Pagais o dízimo (…) e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei. (…) Limpais o corpo, por fora (…) mas por dentro estais cheios de desejos de roubo e de cobiça. (…) Sois como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão. (…) Sois filhos daqueles que mataram os profetas. (…) Serpentes, raça de víboras! Como é que poderíeis escapar à condenação do inferno? É por isso que Eu vos envio profetas, sábios e doutores: a uns matareis e crucificareis, a outros torturareis nas vossas sinagogas e persegui-los-eis de cidade em cidade. Deste modo, cairá sobre vós todo o sangue justo derramado sobre a Terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias (…) que assassinastes entre o santuário e o altar. Eu vos garanto: tudo isto acontecerá a esta geração.” (Mt 23,13-36)
– A retórica repetitiva avoluma o peso da condenação. Condenação destes doutores e fariseus e de todos os que procederem como eles, evidentemente. Que clareza nas denúncias! Que acutilância nas palavras e nas metáforas que a ninguém deixam dúvidas!
Mas… continuamos sem saber o que é o Reino do Céu, o que é o inferno, como cai o sangue dos inocentes sobre estes prevaricadores…
E, acaso, tudo aquilo aconteceu àquela geração de sacerdotes e fariseus? Como? Quando? Aqui, na Terra que apalpamos ou no misterioso Além que se nos escapa de cada vez que o tentamos agarrar ou entender? Mais: como foram todos para o inferno? Não poderíamos conhecer o seu testemunho? Porque não vêm eles lá do inferno, onde certamente estarão, dizer-no-lo para que nós não façamos como eles? Que custa a Deus fazer tal milagre? - repetimos. Seria, sem dúvida, milagre muito mais eficaz para a conversão de toda a humanidade do que não só o ter feito secar a figueira porque não tinha figos, mas também todos os outros já atrás relatados (ou inventados?) por Mateus…
E ainda: tal maldição “de sangue” caiu apenas sobre os doutores e fariseus ou sobre todo o povo judeu? Naquele tempo ou pelos tempos vindouros?
O povo judeu foi, desde os seus primórdios, com o seu “pai” Abraão vindo de lá da Mesopotâmia – actual Iraque – pelo ano 2000 AC, até aos nossos dias, um povo muito sui generis. Basta ler a sua história: contam-se 2000 anos de lutas para conquistarem, viverem e sobreviverem na “Terra Prometida”, onde corria leite e mel, algures ali pela Palestina e vale do Jordão; sofreram a última destruição da sua querida Jerusalém pelos romanos, no ano 70 DC; dispersaram-se em diáspora pelo mundo, perdendo a tão querida Pátria, perda dolorosamente cantada pelo Coro dos escravos hebreus, na ópera de Verdi, Nabuco; foram mais odiados que queridos em todos os países onde se instalaram e criaram raízes; foram expulsos de alguns desses países por razões religiosas ou ideológicas, apesar de contribuírem com o seu trabalho e saber para o seu progresso; culminaram com o holocausto nazi, morrendo milhões em campos de concentração; conseguiram, finalmente, reerguer parte da sua antiga Pátria, em 1947, pátria a que chamamos hoje Israel. Entretanto, “produziram” um Jesus a quem chamaram de Cristo, o Messias, que está na origem da religião cristã, apesar do Deus Javé exclusivista dos judeus, dividindo a História em AC e DC e um Einstein que revolucionou a Física. Enfim, continuando espalhados pelo mundo e não chegando o seu número a 50 milhões, já ganharam mais de uma centena de Prémios Nobel desde a instituição de tal prémio. Notável e estranho povo, não é?!

1 comentário:

  1. Hoje, 12, é dia de Páscoa. Passagem (do Mar Mediterrâneo) para os judeus, a Ressurreição de Cristo para os cristãos. A ressurreição dos mortos para a vida eterna é a base do cristianismo, mas é uma base tão contestada e tão contestável que não sabemos que credibilidade lhe atribuir. Debruçar-nos-emos sobre o assunto em textos próximos. Até lá, ALLELUIA! E viva a festa possível em família nuclear que, em muitos casos, não passará de uma só pessoa. Tente, mesmo assim, SORRIR porque é um privilégio estar vivo, a única maneira de saber tudo isto e de ter consciência de si...

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