quinta-feira, 30 de março de 2023

Da impossível ressurreição de Jesus, a quem chamaram o Cristo

 


Os factos que apontam para a sua inequívoca falsidade

 A análise CRÍTICA e IMPARCIAL, para ser válida, tem de ser feita a partir de dentro, isto é, a partir das narrativas dos evangelhos, começando logo por advertir que, ontologicamente, não é possível a nenhum ser vivo morrer e ressuscitar, pois cada um cumpre o seu ciclo vital: nascer, viver e morrer. Portanto, nunca houve nem haverá nenhuma ressurreição. Só por magia ou na fantasia de alguns.

Em assunto de tão magna importância para o Cristianismo, seria de esperar unanimidade naquelas narrativas. No entanto, constatamos acentuadas divergências, embora sendo constante, nos quatro, o momento do dia: “primeiro dia da semana, de madrugada” e a vidente “Maria Madalena”.

Resumamos:

Mateus: Envolve o “acontecimento” de mais dois ou três milagres além de pôr dois anjos a remover a pedra e a mostrar a Maria Madalena e à outra Maria o túmulo vazio, dizendo que Jesus tinha ressuscitado e seguira para a Galiléia onde se encontraria com os discípulos.

Marcos: Mais sóbrio, fala em três mulheres: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé; a pedra já estava removida e dentro do túmulo estava um anjo que lhes disse mais ou menos o que os dois anjos de Mateus disseram.

Lucas: Acrescenta alguns pormenores. Fala em três mulheres específicas: Maria Madalena, Joana e Maria mãe de Tiago, substituindo a Salomé de Marcos pela Joana, mas também em outras mulheres que estariam presentes na cena; a pedra estava removida e dois homens (não anjos) com vestes brilhantes contaram-lhes mais ou menos o que Mateus e Marcos disseram. Ao anunciarem aos discípulos o acontecido, Pedro não acreditou nelas e foi constatar que o túmulo estava realmente vazio.

João: Mais prolixo e mais confuso. Primeiro, coloca Maria Madalena (e mais nenhuma mulher) a ir ao sepulcro; ao constatar que a pedra estava removida, Madalena foi avisar Pedro e João; estes correram e, verificando o facto, foram-se embora. Madalena continuou junto ao túmulo a chorar; entretanto, viu dois anjos lá dentro que lhe perguntaram porque chorava. Depois, o próprio Jesus apareceu-lhe como se fosse o jardineiro. Reconhecendo-o, quis abraçá-lo mas Jesus não permitiu e Madalena voltou a anunciar o acontecido aos discípulos.

Estes narradores, lançada que foi a “pedra” falsa da ressurreição, tiveram de alicerçá-la com acontecimentos posteriores: as aparições de Jesus ressuscitado, mas sempre e só aos seus discípulos e a alguns escolhidos, comendo e bebendo com eles, entrando com as portas fechadas, no local onde eles se encontravam, havendo aquela cena – cena apenas narrada por João, cujo evangelho é escrito uns 50/60 anos após os factos, o que leva por si a desconfiar da sua veracidade (Jo, 20, 26-27) – do incrédulo Tomé que, para acreditar, foi convidado por Jesus a meter a mão no lado do peito e o dedo no buraco dos pregos das mãos… (Afinal, não se sabendo que tipo de corpo teria o ressuscitado para comer e beber, mas também passar por portas e janelas fechadas...)

Finalmente, puseram Jesus a subir aos Céus.

E aqui está, além dos já mencionados e outros desencontros que não referimos, o grande problema da ressurreição e a nossa convicção da sua total falta de credibilidade. Se Ele era a Luz do Mundo, teria de se mostrar, ressuscitado, a toda a gente, pelo menos a todos os daquela região. O facto de só aparecer a alguns eleitos deita por terra todos os objectivos da suposta missão de um suposto filho de Deus vindo à Terra para salvar o Homem e oferecer-lhe a Vida eterna. Só atingiria tais objectivos, se aparecesse a todo o povo, sobretudo aos seus agressores, tanto judeus como romanos. Tão simples quanto isso!

Se qualquer inteligência humana era o que faria, não se pode exigir menos de uma inteligência divina…

Nem adianta Paulo, escrevendo uns 30 anos após os factos, dizer que “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa fé.” (1Cor, 15-14). Obviamente, dando o facto como certo, queria convencer disso os crentes na nova religião que ele estava a ajudar a fundar, alicerçando-a exactamente na ressurreição dos mortos. Se lá tivéssemos estado, tê-lo-íamos contestado e ele ficaria seguramente sem resposta para nos dar…

Então, poderemos concluir que as grandes bases do Cristianismo – a ressurreição e a vida eterna – assentam em "areias movediças" sem qualquer credibilidade.

E é esta falsidade que as Igrejas cristãs continuam a “impor” aos seus crentes, em domingos de Páscoa florida…

MAS VIVA A FESTA E HAJA MUITAS AMÊNDOAS!

quinta-feira, 23 de março de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 373/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 67/?

 – Fantástico! Fantástico seria ver a nova vida daqueles que ressuscitaram! Que vida? Que perspectivas? Que emoções? Que ideia de Céu ou de inferno? Que paixões?… Tantas perguntas que lhes teríamos feito se lá tivéssemos estado! E João… nada! É, pelo menos, muito estranho!

João que é o único a dizer: “E aquele que viu, dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis.” (Jo 19,35)…

Ora se ele viu, estava lá no momento em que todos aqueles mortos saíram dos túmulos, como narra Mateus, e não relata nada daquele fantástico “divino”, “divino” que deve ter fascinado todos os que o presenciaram, ficando-lhes gravado na memória para o resto das suas vidas, deduzimos que João nada viu porque, simplesmente, nada aconteceu… E são mais uma enorme quantidade de milagres falsos… Ora, se estes são claramente falsos, que poderemos dizer dos muitos outros narrados pelos evangelistas? Cada um que tire as suas conclusões…

– O encontro de Jesus ressuscitado com Maria Madalena faz-nos lembrar o seu encontro romântico, enquanto vivo, com a samaritana… “Jesus: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Maria: «Se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste para eu ir buscá-Lo.» Jesus: «Maria!» Maria: «Rabuni!» (que em hebraico quer dizer “Mestre”). Jesus: «Não Me segures porque ainda não voltei para o Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: ‘Subo para junto de meu Pai, que é o vosso Pai, para junto do meu Deus que é o vosso Deus.’» (Jo 20,15-17)

– O que quer Jesus dizer com “Ainda não fui para o Pai”? O que seria ir para o Pai? E, afinal, é Deus com Ele ou o Pai é o seu Deus?

E mais uma vez, aquele “Subo…”… Bem, evidentemente, era a única linguagem que poderia utilizar para ser minimamente entendido pelos do seu tempo que não sabiam que não há lá em cima nem cá em baixo, pois a Terra está rodeada apenas de atmosfera e vagueia pelo Universo acoplada ao Sol que lhe dá VIDA…

A relação de Jesus com Maria Madalena parece situar-se ao nível da predilecção pelo discípulo amado ou o amor pela família de Lázaro… Continua-se estranhando é a ausência de Maria, sua Mãe…

No entanto, é sintomático – e uma certa luta contra o machismo reinante na época bíblica – ser uma mulher a primeira contemplada com a suposta aparição de Jesus depois da sua suposta ressurreição e ser incumbida de ir dar a boa nova aos irmãos, termo que talvez, aqui, fosse mais apropriado ser substituído por discípulos.

Louvor a João que assim dignificou a mulher!

sábado, 18 de março de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 372/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 66/?

 – Não deixa de ser interessante o cumprimento da Escritura: “Repartiram as minhas vestes e sortearam a minha túnica.” “E foi assim que os soldados fizeram.” (Jo 19,24)

Interessante também, mas de outro modo, é a qualificação que João se atribui a si próprio: “o discípulo que Ele amava”. Várias vezes referida, coloca-se-nos a pergunta: “Como manifestava Jesus tal amor? Como viam os outros discípulos tal predilecção? Um Jesus-Deus poderia ter assim predilecções?…”

É também João o único evangelista a referir a presença de Maria, a Mãe de Jesus, junto à cruz: “Jesus viu sua Mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava. Então disse a sua Mãe: «Mulher, eis aí o teu filho.» Depois, disse ao discípulo: «Eis aí a tua Mãe.» E, dessa hora em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa.” (Jo 19,26-27)

Realmente os evangelhos não deram grande importância a Maria na vida de Jesus. Muito menos a José, seu pai… Aliás, aqui, Maria foi para a casa de João e não da do marido José, certamente por este já não pertencer ao mundo dos vivos.

Estranhíssimo foi o próprio Jesus também não ter tido Maria presente, ao longo da sua vida pública. Pelo contrário, quando aparece, é colocada ao nível de simples ser humano, (Mt 12,46-50) ser humano de que Deus parece ter-Se servido para dar à luz o seu Filho e… mais nada.

É! E este último “Mulher…”, ali na cruz, é mesmo o total distanciamento do seu lado humano representado por sua Mãe! Pois, porque não disse, simplesmente, “Mãe…”? E teria muito mais a nossa simpatia, nós para quem a relação maternal é tão importante, tão umbilical, tão… cheia de emoções!

– “Depois disto, sabendo que tudo estava realizado, para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: «Tenho sede.»” (Jo 19,28)

Que perseguição aquelas Escrituras, santo Deus! Que escravidão! Que Deus que a tal obrigou o seu Filho!…

– Com a ignominiosa crucificação, os pregos rasgando-Lhe a carne, suplício aliás habitualmente aplicado pelos romanos aos que se insurgiam contra o seu domínio, veio a inevitável morte.

Não refere aqui João os factos maravilhosos que Mateus, Marcos e Lucas dizem ter acontecido, naquele momento, como o rasgar das cortinas do Templo ou o fazer-se trevas ao meio-dia até às três da tarde, o abrir-se de muitos túmulos donde saíram os mortos ressuscitados… (Mt 27; Mc 15; Lc 23) Que poderemos pensar de tal omissão? Que os factos foram simplesmente imaginados pelos outros três evangelistas, cumprindo o objectivo de divinizar o “seu” Cristo? Que João não lhes deu importância pois já não eram referidos ou lembrados, quando escreveu o seu evangelho? Mas como? Como, se ali se tocou o divino, se houve o milagre, se a Natureza “participou” na dor da humanidade, perdendo o Filho de Deus?...

quinta-feira, 9 de março de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 371/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 65/?

 – Seguem-se a condenação à morte, o grito da multidão - certamente também de alguns que havia pouco O aclamaram com hossanas, na sua entrada triunfal em Jerusalém - “Solta-nos Barrabás!”, a flagelação, a coroação com uma coroa de espinhos, o escárnio e as bofetadas dos soldados, o nebuloso “Ecce Homo”, “Eis o Homem” de Pilatos…

– E novamente os gritos de “Crucifica-O! Crucifica-O!” da multidão, obviamente comandada pelos sumos sacerdotes que justificavam: «Nós temos uma Lei e, segundo a Lei, Ele deve morrer porque Se fez Filho de Deus.» (Jo 19,7)

– Não teriam aqui, pelo menos alguma razão, os sumos sacerdotes? Deus, a ter um Filho, não “deveria” tê-Lo apresentado à humanidade de forma mais explícita de modo a não deixar dúvidas a ninguém de quem era realmente filho? Quem consegue compreender-aceitar que haja um Deus que inspira umas Escrituras, nas quais é previamente programada a vinda do próprio Deus, de forma romanticamente divinizada, mas com a marca da morte de expiação, na senda dos holocaustos de animais do A.T. cujo perfume era agradável a Deus? Quem não se perde nos meandros de uma odisseia divina sem… sentido? Quem???

Jesus, ao dizer-Se Filho de Deus, infringiu a Lei! E não era possível, no mesmo tempo em que infringia a Lei, dizer-Se acima da Lei, para poder infringi-la por ser Filho de Deus!… Teria de ser outra a actuação! Teria de ser outro o tempo, outro o lugar… Eliseu e outros profetas também fizeram milagres e não se apresentaram como filhos de Deus. Como queria Jesus ser reconhecido como tal?

Mas – incongruência das incongruências divinas – se fosse reconhecido como tal, as Escrituras não se cumpririam…

Estes judeus que escreveram a Bíblia não mediram todas as consequências das suas afirmações só aparentemente transparentes…

– “Jesus respondeu a Pilatos: «Não terias nenhuma autoridade sobre Mim se não te tivesse sido dada por Deus. Por isso, aqueles que Me entregaram a Ti têm uma culpa maior do que tu.» (Jo 19,11)

– Então, o poder de Pilatos veio-lhe de Deus ou dos Homens? Porquê de Deus? E que poder? Só o exercido ali sobre Jesus ou também o que exercia a mando do imperador de Roma? Ou, se quisermos, que Deus é este que dá tal poder a quem não o sabe exercer?… Quantos ao longo da História não se aproveitaram desta afirmação de Cristo para cometerem as maiores atrocidades no povo que governaram, em nome de Deus!… E continuam a fazê-lo hoje…

Enfim, que culpa tem o próprio Pilatos na morte de Cristo? Se tivesse impedido tal morte por não ter encontrado culpa alguma nele, como se teriam cumprido as Escrituras? Escrituras que ninguém pode anular, segundo o próprio Jesus Cristo: “Ninguém pode anular a Sagrada Escritura.» (Jo 10,35)?

É! A lógica escapa-se-nos completamente! E já não sabemos como “lidar” com este Deus que imiscuímos em tudo quanto é humano, não Lhe sobrando nada de… divino!…

Realisticamente, teremos de concluir que mais uma vez a Bíblia se descredibiliza completamente e que não vem de inspiração divina mas de pura inspiração humana. Que pena!

quinta-feira, 2 de março de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 370/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 64/?

 – O que se passou no Jardim do Getsémani ou das Oliveiras já todos conhecemos. Só referimos a pergunta de Jesus: “Não beberei o cálice que o Pai Me deu a beber?” pelo insólito de aquele Pai - Deus! - fazer tal coisa ao Filho - Deus também com ele e como Ele! Inconcebível do ponto de vista racional e emocional. Concluímos, logicamente, que era um Pai desumano. E perguntamos: "Então, seria Deus?"

– Vêm, em seguida, as idas de Anás para Caifás, depois para Pilatos. Vale a pena lembrar algumas das palavras de Jesus a Pilatos: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue às autoridades dos judeus. Mas o meu reino não é daqui. (…) És tu que dizes que Eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que está com a verdade ouve a minha voz.» (Jo 18,36-37)

– Certamente Pilatos nada percebeu do que Jesus lhe disse. Nós percebemos e… não percebemos. Sobretudo, não percebemos claramente! E era claramente que tínhamos o direito de perceber para alcançarmos o tal Reino que não é deste mundo…

Ora, se não é deste mundo é do outro, mas não vemos como, nem onde, nem quando… Afinal, que é isso do “outro mundo”? Jesus nunca soube/quis, pôde explicar. Deduzimos que não podia, embora quisesse, porque simplesmente não sabia. Pelo menos este Jesus construído pelo velho João. 

– É fantástica a pergunta de Pilatos: «O que é a verdade?» (Jo 18,38)

– Ah, se pudéssemos, se soubéssemos responder!… Mas como, se Jesus também não soube? Se conseguíssemos entender onde realmente está a verdade, através das explicações de Jesus, a nossa ideia dele seria totalmente outra. Ora tudo o que temos não passam de interpretações, ninguém conseguindo dizer que a verdade é esta ou aquela, está aqui ou acolá… 

Por muita pena que tenhamos de o dizer, é nesta frustração que o inefável Jesus nos deixa na hora da sua partida…