sábado, 18 de março de 2023

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 372/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 66/?

 – Não deixa de ser interessante o cumprimento da Escritura: “Repartiram as minhas vestes e sortearam a minha túnica.” “E foi assim que os soldados fizeram.” (Jo 19,24)

Interessante também, mas de outro modo, é a qualificação que João se atribui a si próprio: “o discípulo que Ele amava”. Várias vezes referida, coloca-se-nos a pergunta: “Como manifestava Jesus tal amor? Como viam os outros discípulos tal predilecção? Um Jesus-Deus poderia ter assim predilecções?…”

É também João o único evangelista a referir a presença de Maria, a Mãe de Jesus, junto à cruz: “Jesus viu sua Mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava. Então disse a sua Mãe: «Mulher, eis aí o teu filho.» Depois, disse ao discípulo: «Eis aí a tua Mãe.» E, dessa hora em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa.” (Jo 19,26-27)

Realmente os evangelhos não deram grande importância a Maria na vida de Jesus. Muito menos a José, seu pai… Aliás, aqui, Maria foi para a casa de João e não da do marido José, certamente por este já não pertencer ao mundo dos vivos.

Estranhíssimo foi o próprio Jesus também não ter tido Maria presente, ao longo da sua vida pública. Pelo contrário, quando aparece, é colocada ao nível de simples ser humano, (Mt 12,46-50) ser humano de que Deus parece ter-Se servido para dar à luz o seu Filho e… mais nada.

É! E este último “Mulher…”, ali na cruz, é mesmo o total distanciamento do seu lado humano representado por sua Mãe! Pois, porque não disse, simplesmente, “Mãe…”? E teria muito mais a nossa simpatia, nós para quem a relação maternal é tão importante, tão umbilical, tão… cheia de emoções!

– “Depois disto, sabendo que tudo estava realizado, para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: «Tenho sede.»” (Jo 19,28)

Que perseguição aquelas Escrituras, santo Deus! Que escravidão! Que Deus que a tal obrigou o seu Filho!…

– Com a ignominiosa crucificação, os pregos rasgando-Lhe a carne, suplício aliás habitualmente aplicado pelos romanos aos que se insurgiam contra o seu domínio, veio a inevitável morte.

Não refere aqui João os factos maravilhosos que Mateus, Marcos e Lucas dizem ter acontecido, naquele momento, como o rasgar das cortinas do Templo ou o fazer-se trevas ao meio-dia até às três da tarde, o abrir-se de muitos túmulos donde saíram os mortos ressuscitados… (Mt 27; Mc 15; Lc 23) Que poderemos pensar de tal omissão? Que os factos foram simplesmente imaginados pelos outros três evangelistas, cumprindo o objectivo de divinizar o “seu” Cristo? Que João não lhes deu importância pois já não eram referidos ou lembrados, quando escreveu o seu evangelho? Mas como? Como, se ali se tocou o divino, se houve o milagre, se a Natureza “participou” na dor da humanidade, perdendo o Filho de Deus?...

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