quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - A análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 198/?



À procura da VERDADE no livro de MALAQUIAS – 1/2

- Diz-se na Introdução: “Nesta época (440 a.C.), surge o último dos 
profetas clássicos. Malaquias mostra que a submissão a um frio 
código de leis não tem sentido. (…) O profeta relembra um facto 
essencial: Judá é o povo escolhido e amado por Javé.” (ibidem)
Nós perguntamos: Quem terá sido o primeiro a chamar profetas – e 
profetas de inspiração divina – a estes escritores que mais não 
fizeram do que exprimir as suas ideias acerca do que viam e 
pressentiam a nível político e social? Depois, que os judeus se 
tenham autointitulado “povo eleito”, nada a dizer; que uma religião, 
como a cristã, tenha aceitado tal como verdade de inspiração 
divina, é que já é totalmente questionável ou inadmissível.
- “Palavra de Javé a Israel, por intermédio de Malaquias (…): 
Maldito o fraudulento que, tendo no seu rebanho um animal 
macho, Me oferece em sacrifício um animal defeituoso. Pois Eu 
sou o grande Rei (…).” (Ml 1,1 e 14)
- Quando se oferece, deve dar-se o melhor, não é? Mas sobre 
ofertas ao Templo e sacrifícios já dissemos tudo: grande 
invenção dos sacerdotes para se banquetearem à custa do povo, 
comendo e bebendo do bom e do melhor, e tudo em nome de 
Javé!…
Resta notar que a expressão “animal macho” exclui as fêmeas, 
lançando-as implicitamente no rol dos defeituosos… Machismo 
ou anti-feminismo?!
- “Javé é testemunha entre ti e a mulher da tua juventude, à qual 
foste infiel, embora ela fosse a tua companheira, a esposa unida 
a ti por uma aliança. Acaso Deus não fez dos dois um único ser, 
dotado de carne e espírito? E o que é que esse único ser 
procura? - Uma descendência da parte de Deus! Portanto, 
controlai-vos para não serdes infiéis à esposa da vossa juventude. 
Eu odeio o divórcio - diz Javé, Deus de Israel (…)” (Ml 2,14-16)
- Interessante! Muito interessante, esta fidelidade já aqui exigida 
440 anos antes de Cristo. Jesus irá dizer o mesmo, no Evangelho 
de Marcos 10,1-12.
Mais acutilante é o ódio ao divórcio, por parte de Javé, quando, 
uns séculos antes, a Lei mosaica, em Deuteronómio 24,1-4, 
permitia ao homem repudiar e divorciar-se da sua mulher da qual 
se havia desgostado, não dando tal privilégio à mulher. Só Jesus, 
a quem chamaram de Cristo, irá igualizar os sexos, condenando o 
divórcio fosse ele de iniciativa do homem ou da mulher.
Mas o texto continua eivado de machismo. Nele, a mulher não 
é “tida nem achada” nem para o pecado da infidelidade, nem para o 
direito ao divórcio…

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

E mais um Natal aconteceu


O NATAL, fenómeno histórico-religioso de sucesso

1 – Não há nenhum documento que prove que o Nascimento de Jesus foi a 25 de Dezembro. A festa começou a ser celebrada pelos cristãos, em meados do séc. IV, nessa altura do ano, para contraporem aos festejos em honra do nascimento dos deuses solares, sobretudo o deus Mitra, que se celebravam no solstício de Inverno, por todo o Império, prolongando-se por vários dias, incluindo o dia 25.
2 – O Natal continuou a celebrar-se por todo o mundo cristão, mais ou menos por essa data, tendo tido um grande impulso com S. Francisco de Assis que, pela primeira vez, criou um presépio na cidade de Gréccio, Itália, em 1223.
3 – Há apenas umas décadas, o Natal ainda se celebrava com todo o seu simbolismo, nas famílias cristãs: Missa do Galo, na noite de 24, colocação do sapatinho junto à chaminé por onde entraria o Menino Jesus e prendinhas colocadas pelos pais nesse sapatinho alegremente descobertas pela criançada, na manhã seguinte, dia 25, acreditando ser prenda do Menino-Deus. Neste dia, novamente Missa, seguida de um belo almoço em família…
4 - Entretanto, no primeiro quartel do séc. XX, chegou o Pai Natal, figura inspirada no bispo S. Nicolau – séc. IV – que ficou conhecido por dar esmolas aos necessitados, aproveitado por várias empresas para a sua publicidade, em tempos natalícios, colocando-se a sua morada lá para o Polo Norte.
5 – Este Pai Natal, com o qual veio também a árvore, fez com que todo o misticismo natalício se perdesse. Do Menino restam as belas canções que se vão ouvindo nos inúmeros concertos que enchem as igrejas, mas gente com espírito mais de arte musical do que de crença no Menino-Deus.
6 – Agora, é a stressante azáfama da compra das prendas que se irão dar – ou trocar – tanto a miúdos como a graúdos, e que aparecem colocadas debaixo de uma pequena/grande árvore, na sala principal, havendo comezaina toda a noite até de madrugada, só com interrupção para a entrega das tais prendas…

Mas… é mais uma festa! Oxalá que seja de paz e de reunião entre os familiares, mesmo os desavindos por questiúnculas normalmente sem importância.

E por isso, ALEGREMO-NOS, CANTEMOS E DANSEMOS todos! Os crentes, porque nasceu o Deus-Menino, o Salvador, o penhor da sua salvação eterna…; os não-crentes, porque o Natal é um hino à VIDA, esta dádiva divina ou da Natureza a que tivemos a sorte de aceder, sem termos feito nada para a merecermos…

BOAS FESTAS E FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Dia 8 de Dez – festa da Imaculada Conceição de Maria



A história verosímil de Maria 

e o que dela fizeram os criadores do cristianismo


Maria, uma bela rapariga de Nazaré, na Galileia, terá sido violada por algum soldado romano, já que Roma era o ocupante da Palestina, naquele séc. I ac., e os ocupantes tinham os seus direitos sobre a população, incluindo a satisfação das prementes necessidades fisiológicas do sexo. (Obviamente, deixou de ser virgem naquele momento, mas Virgem continuaram a chamar-lhe, traduzindo incorrectamente – já Mateus, 1-23, já os exegetas posteriores – o versículo do profeta Isaías, 10, 7-14: “A jovem dará à luz…” por “A virgem dará à luz…”)
Encontrando-se grávida e estando prometida em casamento, o seu noivo de nome José– um cavalheiro, diga-se! – não a quis desrespeitar nem vilipendiar e desposou-a mesmo assim. Nasceu Jesus, judeu esperto e pensando estar destinado a mudar o mundo, passando-o da vilania, da tirania e da exploração dos pobres, em que se encontrava, para a justiça e fraternidade universal, apregoando que todos os homens são irmãos, porque todos filhos do mesmo Deus, não havendo lugar nem a senhores nem a escravos. Pagou tal aventura e coragem com a morte e morte de cruz, suplício normalmente aplicado pelos romanos ocupantes aos revoltosos ou aos que não queriam pagar os impostos exigidos por César.
(Infelizmente, Jesus enganou-se: dois mil anos passados, nem justiça nem fraternidade universal! Mas deu origem a uma revolução cultural/temporal e a uma religião, tendo os fundadores – Paulo, alguns discípulos e evangelistas – aproveitado as suas ideias revolucionárias para o divinizarem, lhe chamarem o Messias, o Cristo ou Enviado de Deus, o Salvador, o – que descaramento! – Filho de Deus, passando a chamar-se Jesus Cristo ou JC.)
Depois, tendo ela acompanhado apenas discretamente a vida de Jesus, pois ocupava-se em ir tendo outros filhos de José, fizeram-na a Mãe de Deus e Mãe dos Homens, a Mãe da Igreja, a Mãe dando à luz no presépio, já que não houve lugar na estalagem para ela…, a Mãe sofredora junto à cruz. Uma figura sem dúvida simpática, facilmente criando emoções no coração dos crentes.
Assim, ao longo destes dois milénios, o seu culto foi sempre dos mais acarinhados pelos seguidores dos três credos cristãos (católicos, protestantes e ortodoxos). Cultos, obviamente, acompanhados de toda a espécie de mitos e crendices, chegando-se a afirmar ter ela aparecido a pastores, em grutas ou arbustos, gerando-se uma onda de santuários e de peregrinações, tudo muito bem aproveitado pelo clero local para da crendice fazer negócio e… “salvar as almas, através de Maria”!
Entretanto, os papas católicos (passar-se-á certamente o mesmo com os outros…), sempre atentos aos bons negócios que a religião a que presidem lhes possa proporcionar para encher os cofres do Vaticano, publicaram dois dogmas: o da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma (Pio XII) e o dogma da Imaculada Conceição (Pio IX). Dois dogmas (que, por sê-lo, não podem ser questionados pelos crentes – viva a democracia!) que não fazem qualquer sentido e que revelam quão grande é a incompetência e estultícia daqueles papas. É que afirmar que alguém pode subir em corpo e alma para o Céu é tão disparatado como pensar que o Céu é um lugar onde há casas e casinhas e corpos celestes para alimentar com néctares divinos e onde anjos e santos cantam e dançam e servem a Deus, Deus que está sentado no seu magnífico trono, numa parafernália de matizes de luzes e sons todos divinos… (Que bonito! Mas que nonsense!) E para haver uma imaculada concepção, isto é, Maria ter sido concebida sem pecado original, no acto sexual entre Isabel e Zacarias, era preciso que tivesse havido tal pecado. Ora, é óbvio que, não merecendo a Bíblia qualquer credibilidade histórica em relação aos ditos primeiros pais da humanidade, Adão e Eva, pelos quais teria vindo o pecado ao mundo – o dito pecado original – não se pode dar qualquer credibilidade a tal invenção agostiniano-medievalesca de pecado.
Hoje, a saga mariana está mais viva que nunca. Digamos que, já por ser mãe, já por ser mãe de Jesus, tem toda a nossa simpatia. Mas que as igrejas cristãs têm ultrapassado tudo o que seria razoável em relação ao seu culto, por consensual e humano, não há dúvida. E em todas as igrejas há, pelo menos, um altar com a imagem da Virgem; e imagens da Virgem, as mais diversas e as mais originais, com os nomes também os mais diversos e originais, há-as por todo o mundo cristão, assim como há muitos santuários a ela dedicados, uns de renome mundial, como Fátima, Lurdes ou Guadalupe, outros – incontáveis! – em muitos recantos, cimos de montes ou campinas, cada aldeia ou aglomerado populacional orgulhando-se do seu, pontos convergentes de festas e romarias…
Tudo muito bonito! Tudo muito comovente! Tudo muito humano, do ponto de vista emocional. Mas… tudo baseado em falsidades, mitos, invenções, efabulações! E até se gosta! E até se reza! E até se canta!
Ah, linda Mãe Maria, o que fizeram de ti!...