segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Dia 8 de Dez – festa da Imaculada Conceição de Maria



A história verosímil de Maria 

e o que dela fizeram os criadores do cristianismo


Maria, uma bela rapariga de Nazaré, na Galileia, terá sido violada por algum soldado romano, já que Roma era o ocupante da Palestina, naquele séc. I ac., e os ocupantes tinham os seus direitos sobre a população, incluindo a satisfação das prementes necessidades fisiológicas do sexo. (Obviamente, deixou de ser virgem naquele momento, mas Virgem continuaram a chamar-lhe, traduzindo incorrectamente – já Mateus, 1-23, já os exegetas posteriores – o versículo do profeta Isaías, 10, 7-14: “A jovem dará à luz…” por “A virgem dará à luz…”)
Encontrando-se grávida e estando prometida em casamento, o seu noivo de nome José– um cavalheiro, diga-se! – não a quis desrespeitar nem vilipendiar e desposou-a mesmo assim. Nasceu Jesus, judeu esperto e pensando estar destinado a mudar o mundo, passando-o da vilania, da tirania e da exploração dos pobres, em que se encontrava, para a justiça e fraternidade universal, apregoando que todos os homens são irmãos, porque todos filhos do mesmo Deus, não havendo lugar nem a senhores nem a escravos. Pagou tal aventura e coragem com a morte e morte de cruz, suplício normalmente aplicado pelos romanos ocupantes aos revoltosos ou aos que não queriam pagar os impostos exigidos por César.
(Infelizmente, Jesus enganou-se: dois mil anos passados, nem justiça nem fraternidade universal! Mas deu origem a uma revolução cultural/temporal e a uma religião, tendo os fundadores – Paulo, alguns discípulos e evangelistas – aproveitado as suas ideias revolucionárias para o divinizarem, lhe chamarem o Messias, o Cristo ou Enviado de Deus, o Salvador, o – que descaramento! – Filho de Deus, passando a chamar-se Jesus Cristo ou JC.)
Depois, tendo ela acompanhado apenas discretamente a vida de Jesus, pois ocupava-se em ir tendo outros filhos de José, fizeram-na a Mãe de Deus e Mãe dos Homens, a Mãe da Igreja, a Mãe dando à luz no presépio, já que não houve lugar na estalagem para ela…, a Mãe sofredora junto à cruz. Uma figura sem dúvida simpática, facilmente criando emoções no coração dos crentes.
Assim, ao longo destes dois milénios, o seu culto foi sempre dos mais acarinhados pelos seguidores dos três credos cristãos (católicos, protestantes e ortodoxos). Cultos, obviamente, acompanhados de toda a espécie de mitos e crendices, chegando-se a afirmar ter ela aparecido a pastores, em grutas ou arbustos, gerando-se uma onda de santuários e de peregrinações, tudo muito bem aproveitado pelo clero local para da crendice fazer negócio e… “salvar as almas, através de Maria”!
Entretanto, os papas católicos (passar-se-á certamente o mesmo com os outros…), sempre atentos aos bons negócios que a religião a que presidem lhes possa proporcionar para encher os cofres do Vaticano, publicaram dois dogmas: o da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma (Pio XII) e o dogma da Imaculada Conceição (Pio IX). Dois dogmas (que, por sê-lo, não podem ser questionados pelos crentes – viva a democracia!) que não fazem qualquer sentido e que revelam quão grande é a incompetência e estultícia daqueles papas. É que afirmar que alguém pode subir em corpo e alma para o Céu é tão disparatado como pensar que o Céu é um lugar onde há casas e casinhas e corpos celestes para alimentar com néctares divinos e onde anjos e santos cantam e dançam e servem a Deus, Deus que está sentado no seu magnífico trono, numa parafernália de matizes de luzes e sons todos divinos… (Que bonito! Mas que nonsense!) E para haver uma imaculada concepção, isto é, Maria ter sido concebida sem pecado original, no acto sexual entre Isabel e Zacarias, era preciso que tivesse havido tal pecado. Ora, é óbvio que, não merecendo a Bíblia qualquer credibilidade histórica em relação aos ditos primeiros pais da humanidade, Adão e Eva, pelos quais teria vindo o pecado ao mundo – o dito pecado original – não se pode dar qualquer credibilidade a tal invenção agostiniano-medievalesca de pecado.
Hoje, a saga mariana está mais viva que nunca. Digamos que, já por ser mãe, já por ser mãe de Jesus, tem toda a nossa simpatia. Mas que as igrejas cristãs têm ultrapassado tudo o que seria razoável em relação ao seu culto, por consensual e humano, não há dúvida. E em todas as igrejas há, pelo menos, um altar com a imagem da Virgem; e imagens da Virgem, as mais diversas e as mais originais, com os nomes também os mais diversos e originais, há-as por todo o mundo cristão, assim como há muitos santuários a ela dedicados, uns de renome mundial, como Fátima, Lurdes ou Guadalupe, outros – incontáveis! – em muitos recantos, cimos de montes ou campinas, cada aldeia ou aglomerado populacional orgulhando-se do seu, pontos convergentes de festas e romarias…
Tudo muito bonito! Tudo muito comovente! Tudo muito humano, do ponto de vista emocional. Mas… tudo baseado em falsidades, mitos, invenções, efabulações! E até se gosta! E até se reza! E até se canta!
Ah, linda Mãe Maria, o que fizeram de ti!...

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