quinta-feira, 18 de março de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 302/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. LUCAS – 18/?

 – Não há dúvida de que a abundância de milagres nos evangelhos nos assusta, intelectualmente falando, claro!

Agora, são dez leprosos que ficam curados. (Lc 17,11-19) E mais do que a importância do milagre da cura – cura a que o próprio Cristo parece não dar muita importância, tal era a “facilidade” com que realizava tais coisas – preocupa-o o facto de apenas um dos dez ter voltado para trás a agradecer: “Não eram dez os que foram curados? Onde estão os outros nove? Mais nenhum voltou a dar graças a Deus a não ser este samaritano?” Aqui, com mais uma crítica indirecta aos judeus, ao louvar os que o não eram… Se bem que é realmente estranho que os outros nove não tenham vindo agradecer. Custa acreditar em tal ingratidão. Por isso, talvez mais um argumento para não acreditarmos nestes milagres evangélicos, mesmo quando se trata de curas…

E os milagres assustam-nos porque nos parece residir neles, e apenas neles, toda a certeza que possamos ter em Jesus Cristo como pessoa divina. Logo, teriam de nos merecer total credibilidade. Teria de ser claro para toda a gente que eles realmente se realizaram, a começar pelos judeus daquele tempo que os presenciaram. E logo aí, não temos nenhum testemunho de que, pelo menos a classe sacerdotal, escribas e fariseus lhes tenham dado importância ou crédito, o que é realmente muito estranho e de todo inverosímil… Diríamos mesmo humanamente impossível! Portanto, tudo leva a crer que os milagres narrados nos evangelhos simplesmente não existiram, ficando completamente em causa a veracidade da divindade de Jesus. Ponto!

– “Jesus contou aos discípulos uma parábola para lhes mostrar a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. (…) «Deus não fará justiça aos seus escolhidos que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos declaro que Deus lhes fará justiça e bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar Fé sobre a Terra?»” (Lc 18,1-8)

– Só Lucas refere este episódio, aliás, não muito bem conseguido literariamente. Por nosso lado, nunca entenderemos porque precisa Deus que se Lhe reze, que se lhe grite. Seja pedindo, seja louvando… Que nós precisemos de rezar em momentos de aflição ou agradecer em momentos de alegria e de diáfano contentamento… é mais que humano, quase irresistível… Aliás, com quem melhor partilhar as nossas ansiedades ou alegrias do que com Deus? Quem melhor do que Ele nos “ouve” e nos… “sustenta” na emoção? (Talvez sendo Ele o melhor de nós próprios…)

Mas… não passa de ajuda – ou auto-ajuda – ao nível da alma e da mente! Ao nível do corpo e do dedo que acerta no número da sorte, aí… nem nós acreditamos que Deus interfira, embora digamos, quando as coisas resultam: “Obrigado, meu Deus!”

Ou, então, revoltamo-nos, na desgraça: “Porquê a mim, meu Deus? Que mal fiz eu a Deus…?” E outros impropérios revelando o nosso desapontamento com o divino…

Mais uma vez, não sabemos quem são os “escolhidos” de Deus. Os evangelhos – e, neles, Jesus – humanizam tanto Deus, chamando-Lhe Pai (cristãos) ou o Clemente e Misericordioso (muçulmanos) que Este se torna ontologicamente impossível. O Homem é apenas uma ínfima partícula deste imensíssimo Universo, ignorando nós completamente o que mais há no imensíssimo Espaço, Espaço que poderá ser Infinito, confundindo-se com o próprio Deus. Deus não se pode ocupar do Homem como se fosse o seu “Ai Jesus”.

Pela sua própria definição de SER INFINITO E ETERNO, Deus tem de estar fora do “esquema” em que as religiões o colocaram, melhor, o “esquema” tem de estar dentro d’ELE. DEUS É O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, ESPAÇO E TEMPO E TUDO O QUE EXISTE NO ESPAÇO E PERTENCE AO TEMPO.

Assim, sim, assim Deus é intelectualmente concebível…

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