quinta-feira, 11 de maio de 2023

Fátima, mais uma vez!

 

13 de Maio de 2023

 As aparições da Virgem Maria em Fátima, aos três pastorinhos, foram inspiradas pelas que aconteceram em Lourdes, uns 50 anos antes, com Bernardette. Esta também foi pobre, pastora, de frágil saúde, pouca instrução, teve as aparições (18) lá numa gruta de uma senhora dita “Imaculada Conceição”, foi para o convento, escreveu as suas memórias, padres e bispo “relutantemente” aceitando o facto, constatando-se depois vários “milagres”, nas águas da gruta…

Os clérigos de Ourém-Fátima terão pensado: Se a pequena cidade de Lourdes ficou no mapa com Bernardette porque não pôr no mapa uma pequena aldeia do centro de Portugal, chamada Fátima? Se assim o pensaram, melhor o fizeram. E a imaginação ultrapassou a dos clérigos de Lourdes: três videntes, também pastores, uma azinheira para a Virgem aparecer (apenas 6 vezes), miúdos pobres e de frágil saúde frequentadores da catequese, aparição também de um anjo, o milagre do Sol, muitas orações e… três segredos a desvendar mais tarde com autorização do papa! Fantástico!

Ora, o grande problema foram as orações: as aprendidas pelas crianças na catequese fundamentalista da altura. Aí havia o Céu de Deus com os seus anjos, o temível Inferno cheio de demónios com chifres, mas divertindo-se no meio das chamas…, o Purgatório para as almas se purificarem, antes de irem para o Céu, de seus pequenos pecados, ditos veniais, e o Limbo para os inocentes que morreram sem serem baptizados. “Lindo” para a imaginação/formatação da mente de uma criança, não é?!

E a oração mais problemática – e que levou a prodigiosa imaginação clerical de Ourém ao descrédito total – é aquela que ainda se reza hoje aquando da reza do terço nas igrejas em tardes vespertinas: “Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno e levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.”

É que, se há Céu e Inferno, não há umas almas que precisam mais que as outras: todas precisam igualmente de irem para o Céu…

Mas a religião já todos sabemos que não se baseia em racionalidades mas em emoções. E quanto mais emotivos os motivos, melhor! Fátima é um desses locais onde apenas impera a emoção. Se os factos ocorreram ou não, não interessa aos peregrinos. O que lhes interessa é “saber” que vão estar num local sagrado (os limites não importam tampouco), na companhia de uma Virgem e Mãe – MÃE DE DEUS! – a quem vão rezar e orar e… onde vão cumprir promessas feitas em momentos de grande aflição. Ora, quem não tem na vida momentos destes? E quem senão a Virgem, os nossos santinhos de devoção, o nosso anjo da guarda para nos valerem e ouvirem as nossas ardentes súplicas? É que não há mais ninguém a quem recorrer. Por isso…

E há humanos que, sabendo disto, sabem como explorar esses sentimentos, essas emoções, quer em proveito próprio, quer de um grupo ou de um povo: são os mentores/inventores/propagadores das religiões!

Assim aconteceu, assim acontece todos os anos e todos os dias 13, de Maio a Outubro, em Fátima. Com todos os clérigos e papas a apoiar e a… lucrar!

1 comentário:

  1. 1 - Digamos que, genericamente, é inacreditável que a Virgem ande por aí a aparecer a criaturinhas simpáticas mas frágeis, cujos relatos merecem muito pouca credibilidade, por poderem ser vítimas de imaginações exacerbadas ou alucinações. Muito menos como mensageira de Deus...
    2 - Uma análise crítica mais aprofundada a todo o fenómeno de Fátima, baseada nos documentos disponíveis, foi aqui feita numa dúzia de textos publicados em 2012, de Maio a Outubro. Relê-se facilmente e... com agrado!

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