quinta-feira, 5 de maio de 2022

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 348/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. JOÃO – 42/?

 – Jesus lavando os pés aos seus discípulos é bela lição de humildade. “«Compreendestes o que acabei de fazer? Vós dizeis que Eu sou o Mestre e o Senhor. E tendes razão porque o sou. Pois bem: Eu que sou o Mestre e o Senhor, lavei-vos os pés; por isso, vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo: vós deveis fazer a mesma coisa que Eu fiz. Garanto-vos: o servo não é maior que o senhor nem o mensageiro maior do que aquele que o enviou. Se compreendestes isto, sereis felizes se o puserdes em prática.»” (Jo 13,12-17)

– A mensagem é bonita! Servir… Mas… quem não preferirá ser servido a servir?!…

No entanto, parece que o Céu é muito mais para os que servem do que para os que são servidos…

Só não se percebe porque é que Jesus refere que o servo não é maior que o senhor. Parece óbvio. Divino seria dizer: “Perante Deus, o senhor não é maior que o servo e aquele que envia não é maior que o mensageiro.” A lógica humana ficaria, assim, abalada pela lógica… divina!

– E voltamos de novo, às palavras enigmáticas: “«Eu conheço aqueles que escolhi mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: ‘Aquele que come o pão comigo é o primeiro a trair-me!’ Digo isto agora antes que aconteça para que, quando acontecer, acrediteis que Eu Sou. Garanto-vos: quem recebe aquele que Eu envio, recebe-Me a Mim e quem Me recebe recebe aquele que Me enviou.» Depois de dizer estas coisas, Jesus ficou profundamente comovido e disse com toda a clareza: «Garanto-vos que um de vós vai trair-Me.» (…) É aquele a quem Eu vou dar o pedaço de pão que estou ensopando no molho.» Então pegou no pedaço de pão ensopado e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que Judas comeu o pedaço de pão, Satanás apoderou-se dele. E Jesus disse-lhe: «Faz depressa o que pretendes fazer.»” (Jo,13,18-27)

– Judas, a julgar pelos Evangelhos e pelas palavras do próprio Jesus Cristo, teve um destino de azar: “escolhido” desde todo o sempre para ser discípulo de Jesus e “poder” assim ser o seu traidor, “ajudando” Deus-Pai ao cumprimento das Escrituras. A pergunta é sempre incontornável: “Se Judas não tivesse existido, acaso as Escrituras se teriam cumprido? Ou, dito de outro modo, não foram as Escrituras que “obrigaram” Judas a existir e a atraiçoar?” Ou ainda, mais perfidamente e mais cinicamente: “Se Jesus já sabia que Judas o iria trair, porque o escolheu como discípulo?” Não o tivesse escolhido e tudo ficaria na paz do Senhor! Ou teria de haver sempre um Judas qualquer?!…”

Mais uma vez, Jesus evoca a Escritura. Que respeito! Que obediência! Mas a frase poderia aplicar-se a qualquer tipo de traição: de um amigo, de um filho, de um parente, de um sócio… que partilhasse o mesmo pão e depois… Nunca saberemos porque é que Jesus, evocando o Pai, se deixa fazer vítima da Escritura! Nunca!…

Estranho! Estranho que Jesus ainda evoque, perante os discípulos, este seu milagre-profecia de indicar previamente quem o iria trair, para que, quando se realizasse, eles acreditassem que Ele era Deus! Então, todos os outros milagres muito mais espectaculares não foram suficientemente convincentes? Como poderemos deixar de perguntar: “Se não foram totalmente convincentes para quem viu, como quer Jesus que nós, sem vermos nem um deles, acreditemos nele?”

E novamente, receber o Filho será a mesma coisa que receber o Pai!… Alguém entendeu? Alguém entende?…

E ainda apressa Judas a fazer aquilo que tem de fazer… a mando das Escrituras!… Pobre Judas! Porque não sentiu Jesus compaixão por ele? Porque não o ajudou a ultrapassar a sua vontade de ter umas trinta moedas de prata… ali brilhando nas suas mãos gulosas de dinheiro?…

Não! Não voltemos à “heresia” de dizer que assim não se cumpririam as “malfadadas” Sagradas Escrituras!…

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