terça-feira, 5 de julho de 2022

TEMA DE REFLEXÃO PARA FÉRIAS

 


Quando é que o Homem perderá os seus mitos? – 1/2

 A resposta é uma total incógnita. É que são múltiplos os factores, quer de natureza subjectiva quer de natureza objectiva, que levam a Humanidade à dependência de mitos, de crenças, de fés, de crendices…

Em certo sentido, até é bom que o Homem não perca os seus mitos, dado o subdesenvolvimento da Humanidade, em questões de ÉTICA e de MORAL, subdesenvolvimento manifestado, por exemplo, no arsenal bélico que todos os países ostentam e do qual se orgulham, dissuadindo de um ataque um seu suposto inimigo qualquer, arsenal representando muitos pontos do PIB desse país, montante que bem poderia ser utilizado, por exemplo, no apoio à Ciência, à Educação, à Saúde. Neste estádio ainda tão primitivo, os mitos contribuirão para tornar as sociedades mais justas e mais fraternas, quer dentro quer fora de fronteiras, fronteiras que, um dia, deixarão de existir para haver apenas a Humanidade povoando inteligentemente a Terra, sua MÃE e seu BERÇO. E serão um freio à tendência do Homem para a violência, a ganância, o egoísmo, a corrupção, o desprezo pelo seu semelhante...

Portanto, só quando o Homem tiver transformado em “rosas” as armas que inventou/inventa para destruir os seus semelhantes, é que também será bom que perca todos os seus mitos, mitos que o degradam como ser humano total, i. é, racional e emocionalmente.

 1 – Factores de natureza subjectiva:

Em primeiro lugar, debatemo-nos com a capacidade de convencimento por parte de alguns profetas da “Verdade”, obviamente, de todos aqueles que não querem pensar ou fazer uma análise crítica do que ouvem como Verdades e – pasme-se! – Verdades absolutas! E aí estão os crentes nas religiões, nas lendas, nas magias, nas fantasias, só porque alguém – alguém que eles, sem fundamento, consideram credível – lhes afirmou serem Verdades. Uma aberração do ponto de vista intelectual e racional, mas totalmente compreensível do ponto de vista subjectivo-emocional.

No entanto, o maior factor de natureza subjectiva é o da ajuda que essas crenças, fés, lendas, fantasias dão às pessoas, sobretudo quando pressionadas pelo sofrimento, mais ou menos atroz, como a perda de um ente querido ou o encarar de uma doença irreversível. É que aí, só Deus “me pode valer” com a esperança de que exista mais alguma coisa para além da dor e do sofrimento ou da sua causa.

Depois, a pessoa não consegue confrontar-se emocionalmente com a morte, morte que, inexoravelmente, nos atingirá mais cedo ou mais tarde.

Para quem tem fé numa vida eterna, uma outra vida – após esta a que muitos chamam de “vale de lágrimas”, numa total injustiça para com o próprio dom da Vida – tudo parece fazer mais sentido: as dores suportam-se mais facilmente, as perdas irremediáveis também e até a própria morte é vista como uma passagem para essoutra vida e não como o acabar de tudo, dizendo-se até de quem partiu: "Foi desta para melhor".

E não é que esta visão é muito mais apelativa e ajuda mais à vida do que o puro racionalismo? Em sociedade, já o referimos, se tirássemos a fé aos Homens, tudo se tornaria mais ingovernável. Durante estes dois milénios de cristianismo, por exemplo, terá sido o medo do Inferno – Inferno eterno! – que tornou as sociedades mais governáveis e controladas nos seus instintos de destruição, apesar das muitas guerras e dos muitos crimes que homens cometeram contra outros homens…

 2 – Factores de natureza objectiva:

As civilizações estão intimamente ligadas às religiões, crenças e mitos. Quer nos tempos dos politeísmos, quer, depois, com as três religiões abraâmicas: judaísmo, cristianismo e maometismo. Isto no Médio Oriente e no Ocidente. No Oriente – Índia, China e os diversos povos e nações da Ásia do Sul – desde há uns três milénios, pontificam duas grandes religiões ou filosofias de vida: o hinduísmo e o budismo. Na África e Américas, é a miscelânea de todas aquelas religiões, sobretudo as abraâmicas, devido à colonização, misturadas com muitas crendices e feitiçarias locais.

E em todas as religiões emergiu uma forte classe sacerdotal, ombreando sempre com o poder político, quando não subjugando-o aos seus interesses. Sempre, claro, em nome e para glória de Deus, melhor, do seu Deus!

Aliás, ao longo da História, são conhecidos os muitos crimes praticados por esta classe sacerdotal, crimes físicos mas sobretudo ao nível das consciências dos Homens.

Agora, poderíamos perguntar o que é, afinal, um ser humano.

– Quando acordo, indo já alta a madrugada, penso comigo e digo: “Aproveita o dia!” É que, em breve – seja este breve 5, 10, 20, …mil anos que fossem! – será a última manhã, a última tarde, a última noite, não havendo nova manhã, nem nunca mais um novo amanhã!

É esse o fado, queira-se ou não, do ser humano, ser que, como qualquer ser vivo, ou mesmo como qualquer ser inanimado mas que tenha começado um dia, pertence ao Tempo. 

Pertencer ao Tempo significa estar completamente dependente dele. E o Tempo passa inexoravelmente, cadenciado, segundo a segundo, não havendo força natural ou sobrenatural (esta inexistente, claro!) que o faça parar ou… atrasar. Ai de TUDO O QUE EXISTE se o Tempo algum dia parasse! Nunca mais haveria vida nem o movimento que a alimenta. Só MORTE! 

Nascemos, crescemos e caminhamos para o desaparecimento total, não deixando qualquer rasto para a eternidade. Esta existe – e só existe! – para o TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, MATÉRIA E ENERGIA, DO ÁTOMO AO UNIVERSO, MELHOR, AOS PLURIVERSOS, existindo desde sempre e para sempre, sendo esse TODO, por isso, o PRÓPRIO DEUS ou aquele/aquilo a que, com propriedade, poderemos chamar DEUS.

Tudo o que alguns Homens disseram, ao longo da História, sobre Deus ou deuses, inventando ou não dúzias deles, é FALSO! Sem qualquer dúvida! Nenhum dos deuses inventados pelos Homens tem cabimento na lógica de se ser SER HUMANO.

 (Conclusões no próximo texto)

1 comentário:

  1. Já é tradição publicarmos, aqui no blog, um tema de reflexão, no início das férias. Por isso, este tema. Esperamos que gostem e... BOAS FÉRIAS!

    ResponderEliminar