quinta-feira, 16 de junho de 2022

A cruz símbolo do amor de Deus pelos Homens

 

Como foi possível, como é possível tão estranho conceito?

 Todos sabemos que a CRUZ era o suplício de morte usado pelo romanos, à época de Cristo, para castigar/matar os que se lhes opunham, incluindo muitos prisioneiros feitos nas terras que iam conquistando para alargar o Império, subjugando os seus povos.

Também sabemos que o judeu Jesus, a quem os discípulos chamaram de Cristo, foi condenado a tal suplício por ordem do governador romano na Judeia, Pilatos, instigado pelas autoridades religiosas judaicas: Fariseus, Escribas e Sacerdotes, que não gostavam do modo como Jesus se lhes opunha, chamando-lhes, por exemplo, “sepulcros branqueados por fora e cheios de podridão por dentro” (Mt 23, 27-28)

Toda a tragédia que rodeia a condenação à morte e morte na cruz de Jesus vem descrita nos evangelhos, acompanhando-a Mateus de vários milagres, concluindo a narrativa de modo magistral, ao colocar na boca do centurião romano e dos soldados que o executaram: “Este era realmente o Filho de Deus”. (Mt 27, 54)

Embora os evangelhos tenham sido escritos uns 40 a 60 anos após os factos narrados, presume-se que algo de insólito tenha ocorrido. Não de tal modo como Mateus descreve, pois o historiador da época Flávio Josefo, não se refere ao facto explicitamente, parecendo as poucas referências a Jesus como interpolações de cristãos na sua obra, no séc. IV, nomeadamente do bispo Eusébio de Cesareia. Ora, se tivessem acontecido todos aqueles milagres, era impossível que um historiador como Josefo, que narra episódios quase sem importância, nas suas “Antiguidades Judaicas”, não se referisse largamente aos insólitos fenómenos.

Pensando nós, então, que Mateus terá inventado aqueles milagres, também terá inventado a frase que colocou na boca dos soldados, algozes de Jesus.

O que é certo é que foi essa narrativa que atravessou os séculos e que todos os crentes aprendem nas catequeses.

Os construtores da religião cristã – logo de início, os discípulos de Jesus e Paulo –começaram a chamar a Jesus o “Cristo”, o “Filho de Deus vivo”, o Redentor, o Salvador, inventando aquela macabra teoria de que Jesus veio redimir o Homem dos seus pecados, proporcionando-lhe a salvação eterna, com o derramamento do seu sangue na cruz.

Daí, a cruz se ter tornado o símbolo dos cristãos, sobrepondo-se ao outro símbolo pelo qual os primeiros cristãos se identificavam: o ICHTHYS (peixe, em grego), letras que são, também em grego, as iniciais de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador".

Foi também nos primórdios que se inventou a Eucaristia ou a comemoração da última Ceia, quando se reuniam para participarem numa refeição comunitária.

Aqui, houve uma invenção mirabolante: que Jesus, ao abençoar o pão e o vinho e dizendo “Isto é o meu corpo / Isto é o meu sangue que vai ser entregue por vós”, criara a eucaristia, tornando-se, para sempre, realmente o corpo e sangue de Jesus, às palavras do sacerdote na missa, sobre o pão e sobre o vinho. INCRÍVEL! Mas é nisso que os crentes têm de acreditar e que, quando comungam, i.é., recebem a hóstia, comungam o corpo e sangue de Jesus realmente presente. Se tal fosse verdade, seria uma revolução: o homem-sacerdote ficava detentor do poder de tornar presente Jesus Cristo sempre que estivesse em modos de missa. Uma espécie de aprisionamento de Deus… Mais uma vez, INCRÍVEL!

E aí está: a CRUZ, de horrendo suplício inventado pela malvadez dos homens para martirizarem o seu semelhante, ficou símbolo do Amor de Deus para com os mesmos Homens, por ter sido Deus que enviou o seu Filho Jesus Cristo – neste caso um judeu com bastante carisma e ideias revolucionárias, nada mais – para, no seu amor infinito, salvar o Homem da perdição eterna, sacrificando-o numa CRUZ.

Podemos realmente dizer: “Que falta de imaginação, santo Deus!” ou: “Meu Deus, que macabra imaginação!”

Mais uma vez, INCRÍVEL!

2 comentários:

  1. 1 – No Credo católico – ou cristão? – obrigam-se os crentes a dizer, nele, depois de várias afirmações surreais e inacreditáveis: “…e (creio) em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra e graça do Divino Espírito santo, no seio de Maria Virgem, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu ao Céu, onde está sentado à direita de Deus Pai…”

    Só nos perguntamos: “Como é possível acreditar e fazer acreditar em tantas invenções e fantasias”? É que tudo o que se afirma no Credo foi concebido pelos primeiros padres e bispos que estão na base do cristianismo, tendo a sua versão actual sido iniciada no Concílio de Niceia, em 325, e ultimada no Concílio Niceno-Constantinopolitano, em 381.

    2 – Celebrou-se, esta quinta-feira, o “Corpo de Deus”. Se há, do ponto de vista religioso, festas aberrantes, teologicamente falando, esta é uma delas. Deus, por sua essência divina, não tem, não pode ter corpo. Dizem-nos que, aqui, se referencia o Corpo de Cristo (Corpus Christi, como diz o sacerdote ao entregar a hóstia ao comungante); ora, como Cristo é Deus, pode falar-se em “Corpo de Deus”. Aceitemos a lógica. Mas como Jesus foi apenas um judeu com poderes carismáticos de convencer multidões com as suas mensagens e talvez alguns factos extraordinários, que não milagres, e nada mais… tudo fica no domínio da Fé. E, obviamente, cada um é livre de acreditar no que quiser. Valha-nos essa liberdade da civilização ocidental, de raiz judaico-cristã!

    ResponderEliminar
  2. Se Jesus fosse deste tempo, imagino a fama que teria..., milhões de seguidores ..., likes. Certamente também teria Tik Tok, onde poderíamos ver o milagre dos pães, ao vivo e a cores. Até vendas on line... Já pra não falar, no Meo Arena, que estaria super lotado..., talvez mais ainda que Fátima . Acreditemos, tenhamos fé em algo..., em alguém, num ser presente, mas nunca, jamais, castigador. Mas só isso ...
    Ps- Obrigada Francisco Domingues, pelo seu texto

    ResponderEliminar