quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os santos existem?

 
“Claro!” – dirão todos. “Basta entrar numa qualquer igreja, ermida ou santuário para vermos, deles cheios, nichos e altares!” Depois, há o 1 de Novembro, Dia de todos os Santos, logo seguido, em 2, do Dia de finados, dos mortos ou dos fiéis defuntos! E, mais do que comemorar os santos, os cemitérios enchem-se de crentes a chorar os entes queridos que se foram, cobrindo de flores as campas e as cruzes que as encimam, quando não acendendo velas em invocação do patrocínio do Além desconhecido para melhor se aguentarem nas agruras da vida.
Ora, os santos! Realmente, as igrejas católicas estão cheias de imagens deles, forjadas quase todas pela imaginação dos artesãos que as moldaram, geralmente, em pedra, madeira ou barro, desde a Virgem, sob inúmeros nomes, inúmeros rostos, passando pelos apóstolos, até ao mais humilde deles (pois, em santos, também há os mais importantes e os menos, aliás, como nos anjos com as suas hierarquias!...), talvez um S. Francisco de Assis ou um S. Pancrácio, cuja desbeleza de nome não cativará muitos devotos... E, pelo menos no "seu" dia, reza-se, nas igrejas, a “Litania Sanctorum”, ladainha de todos os santos: “Sancta Maria, ora pro nobis!”, invocando, no entanto, apenas os mais notáveis...
No Vaticano, dito “Santa Sé”, há a Congregação Para a Causa dos Santos, dirigida por um cardeal, congregação que deve ocupar inúmeros eclesiásticos porque há por aí muitos santos a descobrir, a beatificar, a canonizar, erigindo-lhe um altar com a sua imagem! Contra a Bíblia, claro: “Não prestareis culto a qualquer tipo de imagens mas só a mim, Javé, que sou um Deus ciumento.”(Ex 20,3-5)
Nem a diferença imposta pela Igreja de dulia (veneração dos anjos e santos), hiperdulia (veneração da Virgem) e latria (adoração a Deus), evita que os crentes confundam umas e outra. Em Portugal, veja-se o que se passa com Fátima: veneração ou adoração da Virgem?!
Se o processo de canonização de um santo é longo, tendo de passar pela fase de beatificação, a que acede com um ou dois milagres, para só depois, com mais outros tantos confirmar que, sem qualquer dúvida, está no Céu face a face com Deus, quanto “trabalho” não será necessário para descobrir tais “milagres”! Ora, toda a gente sabe - ou devia saber - que os milagres não existem: simplesmente a Ciência ainda não conseguiu explicação para muitos fenómenos, sobretudo os que se passam ao nível do cérebro humano, e a sua capacidade de influenciar mazelas que atormentem o corpo. De qualquer modo, uma coisa é certa: não há forma alguma de se provar que este ou aquele fenómeno aconteceu por intervenção divina. Tal intervenção só se tornaria credível se actuasse ao nível do físico e do palpável; por exemplo, aparecer uma perna a um coxo que rezasse ou um olho em órbita ocular vazia. Não sendo assim... Facilmente se conclui, pois, que nenhum dos milagres atribuídos aos santos para os canonizar tem fundamento! E, sem fundamento, os santos, "feitos" daquele modo, não podem existir, façam ou não parte do nosso imaginário...
Voltaremos mais vezes a este assunto, já que a não existência de milagres afecta irremediavelmente os fundamentos da Igreja.

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