segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

“Sou o homem mais religioso do mundo...” (2/3)

Três são as ordens de razões para se poder afirmar que a Religião baseada na Ciência e no Conhecimento satisfaz, simultaneamente, a espiritualidade e a racionalidade humanas:
– Primeiro, o Homem toma consciência da sua Verdade, da sua Realidade enquanto ser racional que não escapa à condição de ser vivente que afecta qualquer um: começar no tempo e acabar-se no tempo, vindo do Nada, pelo milagre da Vida, e reintegrando-se com a morte na matéria de onde veio para, transformado novamente em moléculas e átomos, fazer parte, quiçá, de outro ser vivo ou simplesmente ficando matéria inerte. E, aqui, é oportuno citar a Bíblia na célebre frase que a Igreja repete ao longo dos séculos, no início da Quaresma, quarta-feira de cinzas, não tirando depois as devidas ilações ao apregoar uma vida eterna num Inferno com o Diabo ou no Paraíso com Deus e os seus anjos: “Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris” (Lembra-te, ó homem, que és pó e para o pó voltarás.)
– Segundo, toma consciência da sua Verdade enquanto ser do Universo, pequeno elemento do Planeta Terra, Terra que é pequeno astro no Sistema Solar, sistema que é apenas um dos mais de duzentos mil milhões que compõem a nossa Galáxia, a Via Láctea, galáxia que é apenas uma entre milhões de outras perdidas no imenso, incomensurável – apesar de as distâncias se medirem em anos-luz – Universo cujos limites continuam a ser um total mistério para a Ciência.
– Terceiro, aceita que a sua característica principal, a racionalidade – mais um milagre da evolução da Vida! – deve ser utilizada para se realizar plenamente como indivíduo, sendo componente bem localizada, pela Ciência, no cérebro com os seus mais de cem mil milhões de neurónios, mas a que filósofos e religiosos insistem em chamar ALMA, deduzindo daí a imprescindível espiritualidade humana e a sua imortalidade pelo carácter metafísico que revela. No entanto, lendo, por exemplo, os livros de António Damásio, “O Erro de Descartes” e “O Sentimento de Si”, facilmente nos apercebemos da tremenda realidade: a alma com todas as suas prerrogativas e funções – capacidade de raciocinar, de se emocionar, de linguagem articulada e conceptual, etc. – não passa do resultado das conexões ou sinapses entre aqueles mais de cem mil milhões de neurónios que compõem o nosso cérebro. (Este é um dos mais fortes argumentos para se afirmar que a alma não pode ser imortal, pese-nos embora toda a pena do mundo. Ah, como gostaríamos de ser imortais! Como gostaríamos de viver para sempre em algum lugar!...).
Na próxima mensagem, retiraremos as conclusões destes dados da todo-poderosa Ciência.

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