quinta-feira, 11 de junho de 2020

Festa do corpo de Deus


Então, Deus tem corpo?

A festa do Corpo de Deus é uma das festas mais nonsense da igreja cristã.
Claro que não se quer dizer que Deus, i. é, segundo a religião, a SSª Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – tenha um corpo ao modo dos humanos, pesem embora todas as representações dos pintores religiosos de um Pai, velho venerando de longas barbas, um Filho glorioso na sua ressurreição dos mortos e um Espírito Santo, feito pomba branca de bico inteligente. Em Trindade, o Filho nunca é pintado pregado na cruz…
Claro ainda que esta festa do Corpo de Deus é apenas – apenas! – mais um manifesto em favor da Eucaristia e da apregoada presença real do Corpo de Cristo, plasmado na hóstia consagrada pela força dos poderes – poderes incríveis! – do padre (que não passa de um homem ordenado padre por outro homem, chamado bispo…) ao proferir as palavras que Cristo utilizou na última Ceia com os apóstolos: “Isto é o meu corpo… Isto é o meu sangue…”
E porquê a Eucaristia, um total nonsense? – A resposta repousa em várias premissas:
1 – Como Deus, pela sua própria essência, não pode ter filhos, Jesus não foi/é Filho de Deus, como apregoa o Credo cristão. Aliás, apercebendo-se deste disparate ontológico, depois de várias lutas internas, a Igreja primitiva apressou-se a criar/inventar a SSª Trindade, imitando trilogias de deuses de outras religiões já existentes.
2 – Mesmo que Jesus fosse filho de Deus, deixar-se confinar a uma hóstia onde viria de cada vez que um padre dissesse as tais palavras, na missa (ou… quando lhe apetecesse?! ou… em outro qualquer acto religioso, tipo casamento, funeral, baptizado?!) não tem qualquer lógica nem tal crença é passível de credibilidade. Pior: fica permanentemente retido na hóstia, seja fechado num adornado sacrário, nas píxides, seja exposto em custódias ricamente trabalhadas em ouro e prata e pedras precisoas. E são as capelas do SSº Sacramento e são as procissões, o padre empunhando a custódia, pelas ruas da cidade e são as celebrações festivas…
3 – Mais: o Deus-Filho “imporia” ao Deus-Pai e ao Deus-Espírito Santo a sua expressão/manifestação/perpetuação física: um corpo. Alguém poderá compreender/aceitar tão confusa invenção?
4 – É um abuso, do ponto de vista intelectual e racional, metafórico ou literal, interpretar o “Fazei isto em memória de mim” do evangelho como o doar aos apóstolos o poder de, de cada vez que proferissem as palavras “Isto é o meu corpo…, Isto é o meu sangue…” sobre o pão e o vinho, aquele pão e aquele vinho se transformariam no Corpo e Sangue do Senhor Jesus. E os padres serem os herdeiros deste poder que se perpetua pelos séculos sem fim é de uma presunção sem limites…
5 – Pelo nonsense e irracionalidade deste poder, a Igreja determinou o seu uso só em situação de missa, a que chamou de celebração eucarística. Mas é uma determinação que também, aqui, não faz sentido. Embora se compreenda que haja poderes que não podem ser exercidos de qualquer maneira e por qualquer capricho do seu possuidor. Veja-se o poder de despoletar uma guerra atómica… Mas trata-se, neste contexto, de um poder espiritual, poder que não deixa de ser enorme, enormíssimo em termos de fé.
Conclusão:
Emotivamente, é gratificante para um crente comungar o corpo e sangue de Cristo. E a festa é sempre alegria! E missa sem eucaristia não seria missa! Mas que na hóstia que comunga não está mais que pão (ázimo) e que o vinho não será mais que vinho, antes ou depois das palavras do sacerdote, é a PURA VERDADE!


6 comentários:

  1. A sua dialéctica é típica dum não crente. Tudo bem. Mas já agora o que diz o sr sobre o chamado milagre eucarístico de Lanciano (para não falar noutros) e todo o envolvimento cientifico que existe sobre o mesmo? O que os cientistas declararam não vale nada?

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  2. Caro Cisfranco,
    Agradeço o seu repto. Fui à Wikipedia ver referências a tal milagre. E creio ter ficado informado. As controvérsias que tal relato supostamente científico de que a hóstia era realmente carne (do coração) e o vinho, sangue (AB) provoca, são para mim suficientes para continuar a acreditar que não há milagres. Há sim coincidências e sorte ou... manipulações. Eu já fui "vítima" de um milagre: saí ileso de um acidente em que tudo ficou destruído menos eu! Milagre? - Não! Sorte! Todos os milagres aceites pela Igreja cristã/católica não creio que haja algum que tenha credibilidade científica!
    Enfim, um crítico exige provas muito concretas e repetidas - método científico de certificação do que se afirma - para acreditar. A fé não lhe serve para nada. Mas também afirmo: se a fé faz bem aos crentes e os ajuda a terem uma vida melhor e mais feliz, então que não a percam mas, pelo contrário, alimentem-na!

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  3. Caro Cisfranco, em relação aos milagres, o mais importante é a premissa seguinte: Deus não pode andar a brincar com os Homens, acenando-lhes de vez em quando com alguns acontecimentos mais ou menos inexplicáveis ou ainda não explicáveis. Para enviar uma mensagem, Deus agiria de modo claro para que todos os Homens a compreendessem e aceitassem. É impróprio de uma inteligência normal, quanto mais divina, "falar" por subterfúgios ou enigmas. Os milagres de origem divina - explicáveis ou não - simplesmente não existem! São tudo invenções ou manipulações ou fruto do cérebro dos intervenientes neles. Esta é a pura VERDADE!

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  4. É o contrário: o sr está convencido que o que o sr explana é a pura verdade. Ilusão sua e presunção também...

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