sábado, 12 de maio de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 172/?


À procura da VERDADE no livro de DANIEL
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- Diz-se na Introdução. “O livro de Daniel é um escrito apocalíptico
Surge no século segundo a.C., quando a comunidade está a ser 
perseguida e em crise. Nesta luta sem esmorecimentos, há uma 
profunda convicção de fé: o único poder é o de Deus e só Ele é 
o dono da História. (…) E para aqueles que morrem nesta luta, 
sabendo escolher o caminho da justiça, descortina-se a esperança 
maior: a ressurreição (Dn 12,1-3)” (ibidem)
- Mais uma vez, o tema da ressurreição… Conta-se em 1Reis, 17.17-24, 
a ressurreição do filho da viúva; em 2Reis, 4.32-37, a ressurreição da 
mulher Sunamita; e, em 2Reis, 13.20-21, a ressurreição do homem que 
caiu na sepultura de Eliseu. Analisámos tais narrativas, ao abordarmos 
esses livros. Vamos, agora, analisar o que nos diz Daniel acerca deste 
assunto que será a força central da futura religião: o cristianismo, 
levando Paulo a dizer: “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa Fé.” 
Simples esperança ou… realidade?

- “Aos quatro jovens Deus concedeu o conhecimento e a compreensão 
de toda a literatura e também sabedoria. A Daniel, especialmente, deu 
dom de interpretar visões e sonhos.” (Dn 1,17)
- E foi assim que Daniel não só conseguiu adivinhar o sonho que 
Nabucodonosor teve, como dar-lhe satisfatória e lisonjeira 
interpretação: Nabucodonosor seria a cabeça de ouro da estátua e o 
rei actual, Antíoco IV, o barro.
A propósito, comenta-se: “É provável que este aparente recuo aos 
tempos do lendário soberano da Babilónia seja mensagem cifrada 
dirigida aos judeus que experimentam a opressão de Antíoco IV, 
no século II a.C.” (ibidem)
A invenção literária tanto do sonho como da sua interpretação é 
sem dúvida magistral para, cifradamente, chegar ao barro que era o rei 
Antíoco. Mas parece ter-se esquecido que foi Nabucodonosor que 
provocou o exílio do povo judeu na Babilónia, exílio que se prolongou 
por uns oitenta anos…
- “Então o rei Nabucodonosor deitou-se com o rosto por terra na 
frente de Daniel, mandando oferecer-lhe sacrifícios e queimar-lhe 
incenso.” (Dn 2,46)
- Não exagerou o autor ao elevar Daniel ao estatuto de divindade, 
perante a qual o rei se prostra?!
- “(…) Todos deveis prostrar-vos para adorar a estátua de ouro erguida 
pelo rei Nabucodonosor. Quem não se prostrar e não adorar será 
imediatamente lançado na fornalha ardente. (…) Alguns caldeus foram 
denunciar os judeus (…) Então amarraram-nos com as suas túnicas 
(…) e atiraram-nos à fornalha ardente. Como (…) o fogo da fornalha 
era extremamente forte, aconteceu que as labaredas de fogo mataram 
aqueles que nela lançaram Sidrac, Misac e Abdénago. (…) O Anjo do 
Senhor, porém, tinha descido à fornalha (…) Os três cantavam hinos:  
Bendito és Tu que sondas os abismos, sentado sobre os querubins (…) 
Anjos do senhor, bendizei o Senhor (…) Dai graças ao Senhor porque 
Ele é bom. Louvai e exaltai o Senhor para sempre. (…) Nabucodonosor 
disse então: Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que 
mandou o seu Anjo libertar os seus servos que nele confiaram.” (Dn 3)
- Voltam a aparecer o Anjo de Javé e os querubins que suportam o trono 
do Altíssimo, ambos, anjos e querubins, obviamente, invenções de 
fantasias celestiais, imitando, na perfeição, reis e príncipes da Terra nos 
seus palácios, rodeados de servos e servas…
- “O meu Deus mandou o seu Anjo para fechar a boca dos leões e eles 
não me incomodaram (…)” (Dn 6,23)
- A história de Daniel na cova dos leões é conhecida. Mas talvez seja 
mais uma fantasia do escritor não tendo havido nem Daniel, nem 
os seus companheiros, nem fornalha, nem cova de leões. E, a ser 
verdade, estaremos perante um milagre, mais um dos muitos que vêm 
narrados na Bíblia, sobretudo no NT. É pena que não tenha havido mais 
milagres desde esses tempos não muito distantes - 2 a 3 mil anos 
apenas! e que os crentes os tenham de aceitar como tal. Terão?! Logo 
a seguir, em Dn 7, Daniel desvenda outro sonho do rei da Babilónia,
não sabemos se por habilidade se por… inspiração divina. Ou será 
mais uma invenção do escritor com intuitos puramente literários, 
usando o religioso como leitmotif...



1 comentário:

  1. A propósito de ressurreição, é “de morte” este pensamento:

    Pensar na morte é extremamente relaxante, repousante. É que morrer é como se, jazendo num qualquer leito, anestesiados para não ter dores, adormecendo sem retorno, formos levados por braços possantes, sem qualquer medo de cair, e atirados pela janela fora…, desfazendo-nos, nesse preciso momento, nos átomos e moléculas que nos compõem e que serão levados pelo vento para se agregarem noutro qualquer ser ou elemento, animado ou inanimado, no eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso – esse diverso que um dia fomos! Simples, relaxante… real!

    É assim – e só assim! – que, nesses outros seres, seremos eternos, não já, obviamente, com a identidade ou individualidade que agora temos, e sem que haja lugar a qualquer possível ressurreição...

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