quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Dezembro: mês da Imaculada Conceição, mês do Natal

 

1 – Da Imaculada Conceição de Maria

Todos sabemos que a Imaculada Conceição (concepção de Maria pelos seus pais, Ana e Joaquim, sem ser atingida pelo pecado original, pecado comum, segundo a teoria cristã, a todos os mortais…) foi um dogma proclamado pelo papa Pio IX, em 1854, arrogando-se daquilo a que os papas chamaram de infalibilidade pontifícia quando falam “Ex-catedra” (da cadeira do saber e poder pontifícios), sendo pecado mortal os crentes não acreditarem em tal proclamação/afirmação.

Ora, não só fora da Igreja, mas sobretudo dentro dela, e por teólogos conceituados e não fundamentalistas, a infalibilidade pontifícia afirma-se como não tendo qualquer base doutrinal e o pecado original simplesmente não existiu, tendo sido uma invenção medieval também fundamentalista. Logo, não houve – por não necessária – nenhuma concepção imaculada de Maria, nem o papa tem qualquer poder sobre as consciências dos fiéis para lhes impor tal nonsense... Este dogma é uma excelente prova da não infalibilidade pontifícia.

Mas… é mais uma festa! É mais um feriado nacional, tendo a Imaculada Conceição (nome pelo qual impropriamente se designa Maria) sido feita padroeira de Portugal, por D. João IV, após a restauração da independência.

E as festas são sempre bem-vindas. É que a VIDA – esta vida que é a única certa! – deve ser vivida em festa!...

 

2 – Do Natal

1.1  – O Natal propriamente dito:

Para nosso gáudio intelectual, lembremos algumas inverdades acerca do NATAL:

2.2.1 – Os evangelhos, (Lc 2.8-22) dizem-nos que havia pastores a pernoitar ao relento; ora, naquela região, isso só acontece a partir dos tempos de Primavera; logo, o nascimento de Jesus deve ter-se dado em Abril ou Maio e não em Dezembro.

2.2.2 – Os evangelhos também referem que José e Maria vinham de Nazaré para Belém (Lc. 2-7) cumprindo ordens de recenseamento do édito do imperador César Augusto. É mais que provável que tal recenseamento não tenha sido marcado para o pico do Inverno.

2.2.3 – Mais provável é que, devido à afluência de pessoas para o recenseamento, não tenha havido lugar nas estalagens e que, devido às dores do parto, tenham improvisado. Uma gruta acolhedora não teria sido má opção.

2.2.4– A data do nascimento de Jesus que marca o início da era cristã pela qual nos regemos hoje, estará errada em 5/6 anos, por erro de cálculo do monge Dionísio que a estabeleceu, no séc. VI, tendo como base a data da fundação de Roma: 753 AC. De acordo com dados evangélicos, Jesus terá nascido cerca de 6 anos antes do que se considera e, por conseguinte, terá morrido com uns 40 anos de idade.

2.2.5 – O Natal foi colocado pela Igreja, nos finais de Dezembro para contrapor às festas pagãs do solstício de Inverno, celebradas por toda a região, agradecendo aos deuses a nova Primavera, o novo ressurgimento da Natureza e da Vida. Jesus seria esse ressurgimento, essa ressurreição para uma vida nova e… a vida eterna!

2.2.6 – Na narrativa de Lucas dos acontecimentos, com anjos, pastores, reis magos, etc., tudo tem a ver com as narrativas conhecidas do nascimento de deuses solares da cultura pagã. Muito provavelmente, nada aconteceu como descrito, nem tão pouco Maria era virgem, nem teve a anunciação do anjo a dizer-lhe que ela seria fecundada pelo Espírito Santo. Muito bonito, claro, mas tudo fantasia, tudo fruto de fértil imaginação, neste caso de Lucas, para se divinizar um simples ser humano, Jesus, que veio a revelar-se carismático ao defender “O Amor ao próximo e a Fraternidade Universal”.

 2.2 – O Natal, festa da família

 Mas é Natal sempre que nasce um ser humano, em qualquer parte do Mundo. E, apesar das dores do parto suportadas pela mãe, é sempre um momento de ternura.

E ternura, amor, dádiva é o que festejamos em cada Natal, a maior parte da humanidade, mesmo se a dita crente esquece completamente de homenagear aquele menino judeu que a ele deu origem, Jesus, bem como sua mãe, Maria.

E fica-se mais solidário, mais fraternal, mais humano, mais generoso, mais tolerante. E isso é bom, muito bom mesmo!

E é festa! E há comidas e bebidas mais sofisticadas, mais gulosas, mais abundantes mesmo para quem passa mal a maior parte do ano.

E há troca de prendas! Numa sociedade de consumo, nada importando o problema da sustentabilidade e diversidade da vida no Planeta, o slogan é consumir. Então, não são uma ou duas prendinhas, mas muitas! E montes de lindos papéis para o lixo…

Enfim, um dia, a humanidade tomará juízo. Oxalá não seja tarde demais para o Homem. A Terra – faça o Homem o que fizer – seguirá o seu percurso até ao desaparecimento com a morte anunciada do Sol, daqui a uns 4,5 mil milhões de anos. Muito tempo, mas inexorável! Para nós também. Então, vivamos alegremente esta FESTA! Enquanto há vida!

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